A cronica de luis fernando verissimo bom mesmo

Bom mesmo

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Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de …

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Homenageado da Pauliceia Literária, o escritor gaúcho abre o jogo sobre o gênero mais popular do Brasil.

Meio devagar, frágil, Luis Fernando Verísismo subiu as escadas do auditório da Associação de Advogados de São Paulo, que promove, de 15 a 17 de setembro, o III Festival Internacional de Literatura de São Paulo — a Pauliceia Literária. Com esta terceira edição — a última aconteceu no ano passado. O evento pretende ganhar fôlego e permanecer carimbado na agenda cultural da cidade, além de agitar o centro da capital paulista.

Na manhã de hoje (15), Humberto Werneck, cronista, e Manoel da Costa Pinto, jornalista e curador do evento ao lado de Manoela Leão, receberam o escritor Luis Fernando Veríssimo. Ele revisitou sua trajetória profissional, o processo e as circunstâncias da escrita, além de tocar um pouco na sua relação com o pai, também escritor, Érico Veríssimo. A aposta dos curadores na crônica teve fundamento na “marginalização do gênero”, especialmente em alguns concursos literários que a coloca no mesmo universo dos contos.

A crônica faz parte do cotidiano do brasileiro. Embora não haja uma clara definição de suas características, está sempre associada à simplicidade de sua estrutura, à temática cotidiana e ao tom bem humorado. “Quando perguntaram ao Rubem Braga como reconhecer uma crônica ele brincou: ‘Se não for aguda é crônica’”, lembrou Werneck, durante a conversa com Veríssimo.

Vida, carreira, família e política

Veríssimo é gaúcho. Segundo ele, um “gaúcho desnaturado”, pois nunca tomou chimarrão. Inicialmente, não teve interesse em ser escritor, mas o destino quis assim. Trabalhava como copydesk no Jornal Zero Hora, em Porto Alegre, até que surgiu uma vaga para cronista. Ele ocupou a vaga e desde então descobriu seu talento. Filho de Érico Veríssimo, sentiu-se um pouco inibido com o fato de seu pai ser um grande escritor. “Talvez esse tenha sido um lado negativo, a inibição, mas, por outro lado, sempre fomos uma família ligada aos livros e isso de certa forma foi um estímulo”, explicou Veríssimo.

Seu pai não era muito de falar. Na verdade, os dois. Luis Fernando contou de uma viagem de trem que fez com o pai, partindo de Porto Alegre. Logo após deixarem a estação, seu pai disse: “Que dia bonito, hein?” Quando chegaram, oito horas depois, o filho respondeu: “Sim, tá bonito mesmo”. A plateia se derreteu em risos com a história. Do pai, herdou também a concepção política: “Sou de esquerda. Sou um Socialista Democrático”.

Inspiração, confusões e influências

Ao ser questionado sobre como surgia uma crônica, Veríssimo respondeu: “De qualquer coisa. Um dia desses mesmo, uma jornalista fez uma entrevista comigo. Demorou um bom tempo fazendo perguntas e fez esse mesmo questionamento. No final, eu estava autografando e ela me deu um livro. Já tinha algo escrito nele. Pensei: ‘Recebi um autógrafo?’. Na verdade, ela tinha deixado uma mensagem: ‘Sua braguilha está aberta’. Falei para ela: ‘Olha aí, isso já dá uma crônica’”.

A sua popularidade, aliada à força da internet já rendeu poucas e boas. “Em Goiânia, sou persona non grata por causa de uma crônica que atribuíram a mim. O título era Diga não às drogas, mas as drogas eram o sertanejo. Não tenho nada contra o sertanejo. A internet tem dessas”, contou Veríssimo.

Influenciado por escritores de língua inglesa como Ernest Hemingway, Veríssimo não esquece das referências brasileiras; Rubem Braga, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos estão entre os citados. Fez questão de lembrar e reverenciar o “pouco lembrado” Antonio Maria. Quando um dos integrantes da mesa tocou no assunto poesia — campo que Veríssimo explorou timidamente — ele fez questão de frisar com bom humor: “Minha poesia não deve ser levada a sério”.

Aparentemente a crônica não é um gênero complicado. A simplicidade dá uma sensação de segurança para a criatividade. E por se tratar de temas do cotidiano, o processo pode fluir bem. “Qualquer escritor pode fazer uma crônica, é uma questão de redução”, disse Veríssimo. Mesmo assim, é importante levar jeito para coisa. Nem todos os grandes escritores que se arriscaram como cronistas foram bem sucedidos. O próprio Veríssimo deu um exemplo: “Clarice Lispector não foi boa de crônica. Era boa nos contos. O conto ‘A melhor mulher do mundo’ é, para mim, o melhor de todos os tempos na Literatura Brasileira, mas acho que na crônica ela não emplacou”.

Hobbies, novidades e os 80 anos

E falando em jeito… Veríssimo também disse que não levava jeito para desenhar, mas a falta de tempo o fez começar a criar as tirinhas das “Cobras”, coluna que manteve por muito tempo. “Quando ficava sem tempo para escrever, eu desenhava as cobras porque eram fáceis de rabiscar, mas a gente fica velho e vai ficando ridículo desenhar cobrinhas”, disse ao som dos risos do auditório. Ele também se dedicou à música. Saxofonista, uma de suas apresentações lhe rendeu um joelho quebrado, ao cair do palco, durante uma apresentação em Brasília. “Por isso não gosto de Brasília, além das outras razões”, brincou.

Luis Fernando Veríssimo está prestes a lançar mais um livro: Veríssimas, reunindo o que sabe fazer de melhor: crônicas. O lançamento coincide com a época em que ele está perto de fechar oito décadas de vida. “A gente se distrai e de repente está com oitenta anos, é a vida”.

A Pauliceia continua até o dia 17. Veja a programação do evento e se inscreva.

Quais as principais características das crônicas de Luis Fernando Verissimo?

Luís Fernando coloca em suas crônicas personagens que representam a realidade brasileira, usando essas criações como forma de ironizar questões sociais e políticas. Dessa maneira, faz uma crítica velada e carregada de humor.

Qual é o tema da crônica de Luis Fernando Verissimo?

Normalmente se utilizando do humor, seus textos curtos trazem histórias que versam sobre o cotidiano e as relações humanas. Sobre a crônica como linguagem, o próprio autor define: A crônica é um gênero literário indefinido, em que cabe tudo, do universo ao nosso umbigo, e a gente aproveita essa liberdade.

O que é uma crônica engraçada?

A crônica humorística utiliza a ironia, o humor e o sarcasmo para tratar assuntos que impactam a sociedade, como por exemplo, política e economia. O uso da ironia, de comparações inusitadas ou a utilização de temas cômicos são algumas das técnicas usadas pelos cronistas.

Qual é o título da crônica de Luís Fernando?

No livro "O Nariz", de Luis Fernando Veríssimo, há uma crônica intitulada "Ela". Peça que os alunos anotem individualmente suas ideias a respeito deste título.

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