A etica pressupoe as mesmas praticas para qualquer ambiente social

Introdu��o

    Educadores de todas as esferas da educa��o enfrentam o grande desafio para lidar com a indisciplina no contexto escolar, tanto em escolas p�blicas quanto nas particulares. A tem�tica � ampla e requer o engajamento de todos para o desenvolvimento de a��es que possibilitem minimizar ou sanar o problema.

    A vida em sociedade pressup�e a cria��o de regras e valores que norteie as rela��es sociais, bem como favore�a o di�logo, a coopera��o e a multiplica��o dos valores apreendidos, que ser�o compartilhados por um mesmo grupo social. A escola por sua vez, necessita de normas e regras como par�metros que facilitem a conviv�ncia entre grupos heterog�neos. Sob essa �tica as regras deixam de ser vistas como prescri��es aniquiladoras, mas sim como necess�rias para o bom conv�vio social.

    Quando estabelecidas regras de conviv�ncias comuns para um mesmo grupo, seu descumprimento configura a indisciplina.

    Em virtude dos fatos acima mencionados, acreditamos que seja fundamental que a �tica permeie as atitudes sociais, sejam elas onde estiverem inseridas: na escola, em casa, na igreja, no mercado ou em qualquer outro ambiente.

    Hoje, a falta de �tica na sociedade � um dos grandes entraves para que as rela��es profissionais e pessoais fluam dentro de uma perspectiva �civilizada� e aceit�vel, por este motivo, sugerimos com este trabalho, a inclus�o da �tica no dia -a- dia da escola, a fim de conscientizar as crian�as, desde tenra idade, que todo indiv�duo tem plena liberdade de decis�o e de a��o, desde que estas n�o interfiram nos direitos de outras pessoas. Acreditamos que assim, a mentalidade social possa ser mudada de forma a garantir, em um futuro pr�ximo, uma sociedade formada por cidad�os letrados e pautada por um verdadeiro c�digo de �tica.

A import�ncia do estudo da �tica no ambiente escolar

    Trabalhar a �tica � adentrar na discuss�o e indagar: o que s�o, de onde v�m e o que valem os costumes?

    A �tica � a parte da filosofia que discute os sistemas pessoais e culturais de valores. Ela se preocupa em encontrar um fim leg�timo para as motiva��es e atitudes humanas, procurando discernir no��es de certo e errado, bom e mau. Ela � a investiga��o geral sobre aquilo que � bom, e tem por objetivo facilitar a realiza��o das pessoas. Que o ser humano chegue a realiza-se a si mesmo como tal, isto �, como pessoa.

    Chau� (2002), em seu livro �Convite � Filosofia� salienta que toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto �, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido.

    Ainda segundo Chau� (2002), a �tica nasce da compreens�o do car�ter de cada pessoa, ou seja, do senso da consci�ncia moral pr�prio de cada indiv�duo. Por�m, faz coro com S�crates ao defender que nosso sentimento, nossa conduta, nossas a��es e nossos comportamentos s�o modulados pelas condi��es que vivemos (fam�lia, classe e grupo social, escola etc.), ou seja, afirma que somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos valores propostos por ela como bons, logo, como obriga��es e deveres.

    Para os PCNs a �tica permeia as rela��es humanas, orientando como devemos agir para com os outros, favorecendo os valores de igualdade. E, sobretudo que est� presente em todas as rela��es estabelecidas no �mbito escolar.

    Ainda segundo os PCNs, a �tica nos propicia reflex�es sobre a conduta humana, ao nos questionarmos como devemos nos portar ou agir perante o outro, a amplitude da pergunta, resulta em uma resposta complexa, por�m com tomada de decis�o valorativa.

    La Taille (2006), salienta que princ�pios �ticas n�o est�o inseridos no DNA dos indiv�duos, todavia, as rela��es sociais s�o determinantes para a forma��o �tica e moral destes.

    Davis (1994) chama aten��o para o papel da escola enquanto moduladora de comportamento e destaca a import�ncia de se oportunizar aos alunos a apreens�o de normas de condutas. Defende que ao cri�-las em parceria coma institui��o, o aluno apropria-se do ocorrido e internaliza com maior efic�cia a necessidade de regras de conduta.

    Segundo os PCNs, a escola deve favorecer o desenvolvimento de trabalhos voltados para a forma��o do cidad�o, com o intuito de que seja desenvolvida a autonomia pautada em valores morais, e estes por sua vez levem � reflex�o �tica.

    Davis (1994) diz tamb�m que valores adquiridos pelo indiv�duo, s�o determinantes no comportamento do mesmo, ou seja, ajudam a orientar a a��o individual no meio cultural, influenciando a forma de perceber e significar as experi�ncias que vive.

    Busquetes et al. (1999) em �Base para uma forma��o integral�, alerta a escola quanto a utopia em que esta se insere quando alega estar protegida contra toda esp�cie de discrimina��o alardeando que n�o discrimina nem tampouco abarca discrimina��o. Ele chama aten��o para o fato de a escola sentir-se protegida por uma esp�cie de muro de arrimo, cujo objetivo � n�o deixar penetrar as dificuldades que reinam no exterior. A verdade, segundo ela, � que a escola est� recheada de situa��es constrangedoras que cabe a ela solucionar.

    Para Chau� (2002), o campo de valores e obriga��es morais parte da consci�ncia do agente moral, ou seja, � sujeito �tico ou moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua a��o, o significado de suas inten��es e de suas atitudes e a ess�ncia dos valores morais; da� o importante papel da escola em instigar o aluno a pensar e repensar suas a��es sociais cotidianas.

    Davis (1994) ressalta que o professor deve reconhecer que, desde muito pequenos, os alunos, seguem algumas regras, explorando algumas e inventando e reinventando outras, construindo com isso no��es de certo e errado. O importante � que o professor perceba que, nem sempre o sistema que rege a conduta infantil coincide com o desej�vel, por este motivo, deve o educador ajudar o aluno a elaborar seus sistemas de valores, combin�-los com outros, refletirem sobre sua pr�pria conduta e, a partir dessa reflex�o, criar novos par�metros para suas novas regras de conviv�ncia. Agindo dessa forma, o professor trabalha mecanismos de autocontrole e comportamento, al�m de estimular a cogni��o e a afetividade.

    Busquetes et al. (1999), vai al�m e diz que a escola precisa capacitar os alunos para interpretar adequadamente as mudan�as de modelos culturais, como h�bitos e pautas de condutas, em seu ambiente. Deve, a escola, promover uma educa��o de igualdade em que toda representa��o social integre a pluralidade de saberes sem que se estabele�am hierarquias.

    Pereira (2006) afirma que a crian�a desenvolve sua autonomia moral gradativamente e � necess�rio um ambiente democr�tico que favore�a as trocas sociais, com liberdade de express�o, de pensamentos e desejos, assim como para as tomadas de decis�es e aquisi��o de pequenas responsabilidades.

    Segundo La Taille (2006), a crian�a segue o modelo �tico das pessoas com as quais convive, percebendo contradi��es de fala e atitudes. Mas � por volta dos 9 anos de idade que ela ter� autonomia, e passar� a usar crit�rios racionais, preferindo fontes prestigiosas como pais e irm�os para decidir o que � certo e errado.

    Os PCNs ressaltam que a principal quest�o do campo da �tica, � promover a justi�a, fundamentada em valores de igualdade e equidade. E que na escola o tema �tica � essencial, pois permeia todos os tipos de rela��es existentes dentro da institui��o escolar.

    La Taille (2004) salienta que crian�as necessitam seguir regras e estas por sua vez, incutem valores e formas de conduta, e que apenas pais e professores podem transmiti-las.

    Pereira diz que a autonomia moral se d� por meio do desenvolvimento de rela��es cooperativas, fundamentadas pelo respeito m�tuo.

    DeVries e Zan (2007) afirmam que no �mbito escolar as regras s�o criadas por educadores e perpassadas �s crian�as, mas, que alguns professores j� optam por permitir que as crian�as participem ativamente do desenvolvimento das regras que ser�o adotadas, pois tr�s benef�cios para elas.

    Para que a apreens�o de regras de valores ocorram de forma significativa � essencial que as crian�as acreditem nas mesmas e n�o apenas as sigam por meio de imposi��es dos adultos, pois somente assim elas ir�o se apropriar destas, que passar�o a nortear as rela��es em todos os �mbitos.

    Segundo os PCNs, a escola � respons�vel pela forma��o de cidad�os politizados, conhecedores de seus direitos e deveres, seja no �mbito social, pol�tico ou civil, pois apenas assim teremos rela��es permeadas pelo pensamento coletivo, com o desenvolvimento de atitudes de solidariedade e contr�rias �s injusti�as.

    Ao trabalharmos nossa tem�tica em sala de aula estamos ampliando esse conhecimento para al�m dos muros da escola.

    Teberosky e Gallart (2004), em �Contexto de alfabetiza��o�, afirmam que a crian�a interage nas aulas e fora dela e efetiva a aprendizagem indiferente do contexto cultural em que ela est� inserida, de forma que a apropria��o dos conte�dos ministrados em sala se estender� para o seio familiar, grupos de amigos e tantos ambientes que frequente a crian�a.

    Para Devries e Zan (2007), ressaltam que o ambiente s�cio � moral da sala de aula � fundamentado implicitamente pelo curr�culo, ainda que os professores n�o se atentem a tal situa��o. Ao orientar as crian�as a respeito do que devem ou n�o fazer, estas por sua vez, apenas se baseiam sobre o que � bom e mau, certo e errado.

    Ao longo do processo de aquisi��o da conduta social, a crian�a interage com o meio externo e gera normas de a��o que marcar�o o in�cio da conscientiza��o e do comportamento moral maduro.

    Para os PCNs, ao adquirir valores �ticos o indiv�duo torna-se respons�vel, e em distintas situa��es far� uso do di�logo para a solu��o de conflitos, e as tomadas de decis�es ser�o pautadas pelo coletivo.

    DeVries e Zan (2007) apud Piaget (1965), afirmam que a moral adv�m de um sistema de regras e do respeito que o indiv�duo tem pelas mesmas. Salienta ainda, que o jogo de regras, regulam as normas, pois estas podem ser modificadas a partir de um consenso pr�-estabelecidos entre os jogadores, por�m o respeito as mesmas, tem um car�ter moral, uma vez que favorece a exist�ncia de valores como justi�a e honestidade, entre outros.

    Ainda segundo DeVries e Zan (2007) apud Piaget (1965), nas pesquisas e na teoria de Piaget, encontramos a orienta��o mais �til para pensar sobre relacionamento adulto- crian�a. Piaget descreveu duas esp�cies de moralidade correspondendo a dois tipos de relacionamentos adultos- crian�as: um que promove o desenvolvimento infantil e outro que o retarda.

    DeVries e Zan (2007) apud Piaget (1965), dizem tamb�m que o primeiro tipo de moralidade � uma moralidade de obedi�ncia. Piaget chamou-a de moralidade �heter�noma�. A palavra heter�noma vem de ra�zes que significam �seguir regras feitas por outros�. Portanto, o indiv�duo heteronimicamente moral segue regras morais feitas por outros para a obedi�ncia a uma autoridade com poder coercivo. A moralidade heter�noma � a conformidade a regras externas que s�o simplesmente aceitas e seguidas sem questionamento.

    DeVries e Zan (2007) apud Piaget (1965), continuam, dizendo que o segundo tipo de moralidade � a aut�noma. A palavra aut�noma vem de ra�zes significando �auto- regula��o�. Por autonomia, Piaget n�o pretendia dizer a simples �independ�ncia� para fazer coisas para si mesmo sem aux�lio. Ao contr�rio disso, o indiv�duo automaticamente moral segue regras morais pr�prias. Essas regras s�o princ�pios constru�dos pela pr�pria pessoa e auto- reguladores. Elas t�m um car�ter de necessidade interna para o indiv�duo.

    Provavelmente, nenhum educador apoiaria a moralidade heter�noma das crian�as como um objetivo. Por�m, todos concordamos em querer que as crian�as acreditem com convic��o pessoal em valores morais b�sicos, tais como o respeito ao outro. Sem uma cren�a que surge da convic��o pessoal, as crian�as tendem a n�o seguir regras morais. Contudo, os educadores geralmente lidam com as crian�as de forma que promovam a moralidade heter�noma, ao inv�s da aut�noma.

    DeVries e Zan (2007) apud Piaget (1965), afirma que � por meio dos deveres estabelecidos pelos adultos que a crian�a ingressa no universo moral.

    Freire (1996) salienta a import�ncia do ser humano ter �tica em suas a��es cotidianas.Por isso, d� extrema import�ncia ao ato de educar eticamente, ou seja, educar respeitando a natureza do ser humano, a natureza do educando. Respeitar o conte�do que traz o discente ao iniciar o ano letivo, respeitar a diversidade cultural presente em sala de aula, e s� assim a escola ser� capaz de educar cidad�os �ticos em suas atitudes.

    La Taille (2006), defende que a escola em seu papel de formadora de cidad�os, deve oportunizar que os conflitos existentes no �mbito escolar sejam discutidos coletivamente, considerando-se princ�pios comuns a um mesmo grupo social.

    DeVries e Zan (2007) ressaltam que quando as crian�as se preocupam com algum problema existente em sala de aula e participam da discuss�o para tomadas de decis�es para sua solu��o, elas tendem a considerar justas as regras resultantes.

    Promover o letramento nas salas de aulas � possibilitar ao aluno, mais do que se alfabetizar, � possibilitar que este se insira no contexto das pr�ticas sociais de leitura e da escrita, ou seja, responda adequadamente �s demandas sociais da cultura letrada.

    Segundo os PCNs, viver em sociedade demanda a exist�ncia de respeito ao pluralismo cultural existente no meio social, e que cabe � escola promover a supera��o de toda e qualquer forma de preconceito e discrimina��o existente.

    O letramento focaliza aspectos s�cio-hist�ricos da aquisi��o de um sistema escrito por uma sociedade, h� um car�ter social na escrita e na leitura, h� contextualiza��o e �tica na utiliza��o dos signos para o aprendizado.

    Devries e Zan (2007) salientam que o ambiente s�cio- moral � estabelecido pelo professor, quando organiza a sala de aula de maneira que favore�a a aprendizagem de cada aluno considerando sua subjetividade, assim como a intera��o entre o grupo.

    Teberosky e Gallart (2004), afirmam que o processo de alfabetiza��o depende, cada vez mais, da coordena��o das aprendizagens que as crian�as desenvolvam em suas rela��es sociais, isso porque, a alfabetiza��o e a apropria��o da leitura e da escrita se d�o, tamb�m, fora da sala de aula. Por este motivo, deve a escola, estabelecer entre si, rela��es humanas orientadas pedagogicamente pelo respeito ao outro, o pluralismo de falar e escutar ideias diferentes e a valoriza��o da presen�a do outro no ambiente comum, a fim de promover o letramento sem, no entanto, esquecer-se da educa��o moral.

    Para que a crian�a de fato apreenda conceitos e valores, e ainda aproprie-se do conte�do lingu�stico de um texto, � necess�rio que este tenha sentido para ela, ou seja, � preciso que ela tenha ci�ncia da finalidade da atividade proposta.

    Sol� (1998, p.42) refor�a essa ideia ao dizer que �para poder atribuir sentido na realiza��o de uma tarefa, � preciso que a crian�a saiba o que sedeve fazer e o que se pretende com ela�. Continua o pensamento alertando que, ao propor uma atividade de leitura, indiferente de sua tem�tica, o professor deve selecionar a linguagem utilizada no mesmo, pois a crian�a deve sentir-se capaz de ler o texto.

    Teberosky e Gallart (2004) fortalecem essa ideia quando dizem que o cuidado na elabora��o de uma atividade, por parte do educador, � fundamental para o sucesso desta, ou seja, afirmam que o professor deve levar em conta, durante o preparo de suas atividades, os diferentes contextos culturais em que est�o inseridos os alunos, afinal, isso � �tica, � respeitar as individualidades dos mesmos.

    Sol� (1998) acredita que leituras em grupo, onde um a um os alunos leem o texto em voz alta enquanto os demais acompanham no livro ou na proje��o, � um m�todo muito rico e que deve ser trabalhado com as crian�as, isso porque, al�m de possibilitar a pr�tica da leitura, essa atividade oportuniza que aprendam a ouvir o pr�ximo, a respeit�-lo em seu momento e at� mesmo ajud�-lo quando este engasga em alguma palavra.

    Segundo Curto et al. (2000), a educa��o escolar � grupal, e isso por si s�, requer �tica para que essa educa��o aconte�a. Trabalhar o letramento � trabalhar com �tica, pois ao mesmo tempo em que as crian�as ouvem o professor s�o ouvidas por ele, ao trabalhar com colegas, discutindo pontos de vista, ditando, escrevendo, relendo, corrigindo, ensinando e aprendendo, h� a aprendizagem de uma constru��o social, h� uma aprendizagem �tica.

    Ainda segundo Curto (2000), � preciso que a escola trabalhe a diversidade de forma a garantir que todos produzam e aprendam a partir de suas pr�prias possibilidades. .

    Freire (1996) salienta a necessidade de o educador ter �tica em todas suas a��es cotidianas, tratar com respeito o fazer docente, que � o meio pelo qual podemos mudar pessoas, que por vez, podem mudar o mundo, e ir al�m, refazer o mundo, Defende a pr�tica educativa que, com muita �tica, prop�e mudan�a de pensamentos e comportamentos nos discentes, e mais do que alfabetizar, efetiva o letramento.

    DeVries e Zan (2007) destacam que muito embora adultos e crian�as sejam muito diferentes, quando o adulto respeita a crian�a dando lhe o direito de exercer sua vontade, estabelece-se entre ambos uma igualdade psicol�gica que favorece a autonomia.

    Pereira (2006) diz que o universo moral da crian�a � rudimentar, destacando que apenas com o tempo a moral infantil se desenvolver� e sofisticar�. Pois a crian�a entra em contato com as regras por meio do estabelecimento das regras sociais, repassadas com a rotina estabelecida com os cuidados com a higiene desde a mais tenra idade.

A �tica na pr�tica dentro do contexto da sala de aula

    Para o desenvolvimento de um trabalho que promova a apreens�o de regras de valores, ou ainda mudan�as comportamentais que possam garantir o estabelecimento de rela��es permeadas pela fundamenta��o �tica, � importante que o educador desenvolva um projeto com metas e prazos pr�-estabelecidos, por�m com flexibilidade para rever ou reajustar de acordo com as necessidades que forem surgindo.

    A inten��o � a de que o professor possa por meio de distintos portadores, abordar a tem�tica em quest�o, a fim de promover discuss�es que levem o aluno a repensar suas atitudes cotidianas e assim reverter sua postura diante do outro ou de uma determinada situa��o.

    Todavia, isso n�o significa que o educador tenha que se desdobrar e criar uma nova proposta a cada hora para a obten��o de seus objetivos.

    Algumas atitudes s�o imprescind�veis:

  • Respeitar a diversidade existente em sala de aula;

  • Motivar a aprendizagem;

  • Inovar para que as aulas sejam sempre criativas;

  • Tratar os alunos de forma �tica sem privilegiar ou rotular;

  • Dar o exemplo a ser seguido;

  • Ter uma postura �tica ao falar com os alunos;

  • Estabelecer regras e combinados, conjuntamente com os alunos, cobrando-os sempre que descumpri-las;

  • Saber ser firme, por�m procurando mostrar o motivo e n�o simplesmente impor;

  • Em conjunto com os alunos, procurar ser justo diante de uma situa��o;

  • Favorecer para que tudo o que foi prometido seja cumprido;

  • Promover o di�logo como forma de se alcan�ar de modo harm�nico um consenso entre todos;

  • Incentivar os alunos para que conversem e cheguem a uma conclus�o a respeito de um impasse.

    Trabalhar �tica em sala de aula pressup�e, que por meio do letramento, de forma interdisciplinar o tema seja abordado, visando garantir o respeito �s diferen�as e o combate ao preconceito e a discrimina��o seja racial, social, religiosa, moral, intelectual, entre outras.

    A crian�a deve ser orientada quanto � necessidade de respeitar o pr�ximo e as diferen�as. Oportunizando que estas percebam a necessidade da �tica para uma vida satisfat�ria em sociedade.

    Levar a crian�a a avaliar e repensar suas a��es cotidianas, propor mudan�as de atitudes preconcebidas, al�m de estimular o letramento.

    No contexto escolar o educador poder� fazer uso de situa��es cotidianas para discutir o tema ��tica� com os alunos.

    Os relatos que seguem na sequ�ncia, s�o sugest�es de algumas experi�ncias vivenciadas por mim no �mbito escolar. A bibliografia sugerida pode ser modificada de acordo com as necessidades ou possibilidades daqueles que intencionam trabalhar a �tica com seus alunos.

    Com as crian�as sentadas em circunfer�ncia, a professora iniciar� a aula conversando sobre o valor do respeito ao pr�ximo e �s diferen�as existentes no �mbito social. Destacar� a �regra de ouro�, salientando que devemos tratar o outro da mesma forma como gostar�amos de ser tratados por ele. Ou ainda refor�ar que n�o devemos fazer para o pr�ximo aquilo que n�o gostar�amos que ele fizesse conosco. Na sequ�ncia, algumas das muitas culturas existentes no Brasil (como a africana, a ind�gena e a europeia) ser�o enfocadas, resultando na miscigena��o cultural e racial existente no Brasil. Ao final da conversa, a professora pedir� para que os alunos recortem de revistas, figuras de pessoas para a montagem de um painel, para que se possa observar a miscigena��o do povo brasileiro.

    Com o intuito de anular a exist�ncia de preconceito quanto ao tamanho, cor de pele, costumes e tradi��es, al�m de explicar que boas a��es, como o amor, generosidade e toler�ncia, aliados � intelig�ncia s�o capazes de nos fazer superar as dificuldades e diferen�as. Ou seja, fazer com que a crian�a aprenda a pensar e reproduzir suas ideias.

    As crian�as assistir�o ao filme Kiriku e a Feiticeira juntamente com a professora. Ap�s o t�rmino deste, uma conversa sobre o filme ser� iniciada para que as crian�as contem o que entenderam sobre ele. Durante essa conversa quest�es como tamanho, cor de pele e costumes �tnicos, ser�o abordados. Ao final da discuss�o, as crian�as juntamente com a professora far�o um cartaz com as regras e combinados e de como devemos nos portar em rela��o ao outro.

    Visando a conscientiza��o quanto � import�ncia do respeito em sala de aula, no �mbito escolar e social. O aluno ser� levado a tomada de consci�ncia quanto a poss�veis m�s condutas, e ainda faz�-lo perceber que zombaria � desrespeitosa e agressiva.

    A professora relembrar� as conversas tidas anteriormente a fim de recapitular o conceito �tica com as crian�as. Em seguida ir� ler o texto �El�... o qu�?� e juntamente com as crian�as, conversar� sobre este. Depois, todas as crian�as ter�o a oportunidade de responder a perguntas referentes ao tema e a professora atuar� como escriba registrando as respostas na lousa, para posteriormente ler para os alunos, levando-os a refletir sobre o que responderam.

    Fazer com que as crian�as se atentem da import�ncia de respeitar as individualidades de cada pessoa sob todos os aspectos, al�m de explicar os valores humanos de uni�o, fraternidade, amizade, companheirismo, respeito e amor. Al�m de favorecer que as crian�as desenvolvam a capacidade de se relacionar com as diversidades de forma respeitosa.

    A professora iniciar� a aula conversando sobre o valor das v�rias etnias, inseridas em um pa�s, para a hist�ria deste. Resgatar� a hist�ria da inf�ncia africana e seus costumes que foram trazidos para o Brasil por seus pais, falar� um pouco sobre a inf�ncia na cultura ind�gena e abordar� a cultura europeia na vida infante. Uma discuss�o sobre essa mistura de culturas presentes no Brasil ser� levantada, e os resultados dessa miscigena��o cultural, explicitado. Durante a conversa a professora falar� sobre brincadeiras antigas, que s�o resultado da mistura cultural existentes no Brasil, e desafiar� as crian�as a brincarem juntamente com ela, das seguintes brincadeiras: pula-corda, amarelinha, corre cotia, vivo- morto e barra manteiga.

    O intuito � fazer com que as crian�as apreendam as regras necess�rias para participar das brincadeiras, aprendam a esperar a sua vez, respeitem a vez do colega e ainda desenvolvam o trabalho coletivo e cooperativo.

    A professora far� a leitura do livro �Um Porco Vem Morar Aqui�, na sequ�ncia abordar� com os alunos como os personagens do livro se comportaram ao julgar o porco, e se foi correto a postura dos mesmos. Feito isso, ser� levantado como os alunos acreditam que o porco tenha se sentido ao perceber como os outros personagens do livro pensavam a seu respeito.

    A inten��o � possibilitar que aos alunos perceberem que n�o devemos ter preconceitos em rela��o ao pr�ximo, nem t�o pouco julg�-lo fundamentados em conceitos equivocadamente difundidos no contexto social.

    Ser� feita, pela a professora a leitura do livro �Os tr�s lobinhos e o porco mau�, depois, questionar� quanto �s atitudes do porco. Em seguida levantar� quest�es relacionadas � postura dos lobinhos, dando �nfase ao fato de que os mesmos, em momento algum revidaram aos ataques sofridos e ainda assim resolveram o conflito existente.

    O objetivo � levar os alunos � reflex�o de que h� outras maneiras para resolver conflitos, que n�o seja a for�a f�sica.

    Para finalizar a professora na companhia dos alunos, assistir� ao filme �O Pequeno Narigudo�, depois ser� levantada a opini�o dos alunos em rela��o ao filme, e situa��es que chamaram a aten��o.

    O intuito � favorecer com que os alunos percebam que devemos respeitar nossos semelhantes da mesma forma que gostar�amos de ser respeitados.

Texto sugerido

    EL�.. O QU�?

    N�o! Hoje foi demais! � muita humilha��o. Tudo por culpa do meu pai, ou do meu av�. Ou dos dois. ELEUT�RIO. Olha se isso � nome: Eleut�rio. Quem ser� que teve e bendita ideia de colocar esse nome no meu av�? E meu pai, para homenagear o pai dele, me coloca este nome.

    Todo dia � a mesma coisa: na hora da chamada, quando a professora diz meu nome, sempre vem uma risadinha imbecil a seguir. Ser� que esses meninos n�o se acostumam nunca?...

    ...Nossa professora foi ganhar nen�m e mandou substituta. Ela chegou e foi logo dizendo: �Gostaria que voc�s me dissessem o nome�. Rezei para que algo acontecesse antes de chegar a minha vez. Pensei num avi�o. Bem que podia cair no p�tio. Ou ent�o uma chuva forte. Ou mesmo um rato. Um ratinho me salvaria... Qual nada! Chegou a minha vez. Ela olhou para mim: �Seu nome...� Tentei fingir que n�o era comigo. Mas senti meu rosto afoguear. Devo ter ficado vermelho igual um piment�o.

    Respondi baixinho: �Eleut�rio�. �N�o entendi. Fale mais alto�. �Eleut�rio� (saiu mais baixo ainda). A� os meninos come�aram a rir. Ela insistiu: El�...o qu�? �Eleut�rio, professora�, gritou um l� de tr�s.

    Mais risos. A� come�ou a bagun�a. A professora mandou fazer sil�ncio. E prosseguiu.

    O riso dos meninos est� at� agora nos meus ouvidos. Pestes! Me pagam. V�o se arrepender mil vezes...

    (Norma Sofia Coelho de Lima- El�...o qu�?- Editora L�.)

Sugest�es de livros e v�deo que podem ser utilizados

  • TRIVIZAS, E. Os tr�s lobinhos e o porco mau. S�o Paulo: Brinque-book, 1996.

  • FRIES, C. Um porco vem morar aqui. S�o Paulo: Brinque-Book, 2000.

Figura 1. Capa do filme O pequeno narigudo

Quadro 1. Ficha t�cnica do filme O Pequeno Narigudo

Sinopse do filme

    Uma bruxa planeja conquistar o mundo, mas para tanto precisa da ajuda do garoto Jacob. Ele, filho de um humilde sapateiro, se recusa a ajudar a bruxa, que est� disfar�ada como uma bela senhora. Irritada, a bruxa lan�a uma maldi��o ao garoto, que o transforma em um an�o feio e com um enorme nariz, al�m de deix�-lo preso no castelo por 7 anos. Quando finalmente consegue sair de sua pris�o, Jacob retorna � sua casa, mas descobre que a vida que tinha mudou drasticamente. Seu pai morrera de tristeza e sua m�e n�o mais o reconhecia. Por�m, quando Jacob salva um ganso, descobre que ele � na verdade uma princesa, que tamb�m foi enfeiti�ada pela bruxa. Eles ent�o se unem para desfazer os feiti�os que os afligem.

Considera��es finais

    Vivemos em uma sociedade dentro do modo capitalista, onde disputamos ou compartilhamos quase tudo e a forma��o de cidad�os pautados por valores �ticos e morais � fundamental para o bom conv�vio social.

    Ao longo dos �ltimos anos mudan�as ocorridas na sociedade e a inser��o da mulher no mercado de trabalho, fizeram com que muitas atribui��es que seriam de responsabilidade da fam�lia, se tornassem de responsabilidade da escola, pois muitos pais ainda que inconscientemente acabam delegando � escola a responsabilidade de educar seus filhos.

    Por outro lado, a escola tem como fun��o n�o apenas transmitir os conte�dos disciplinares condizentes para cada faixa�et�ria, mas tamb�m conte�dos voltados para a forma��o �tica e moral dos alunos.

    A transmiss�o desses valores � indiscutivelmente importante uma vez que a forma��o de cidad�os tolerantes � heterogeneidade cultural existente no meio social e, sobretudo livres de todo e qualquer tipo de preconceito e discrimina��o � fundamental.

    Na institui��o escolar n�o se adquire somente conhecimentos, aprende-se ainda uma s�rie de valores e normas comportamentais. E � essa institui��o que deve se deslocar para formar cidad�os que saibam defender seus direitos e tamb�m cumprir seus deveres.

    Dessa forma, cabe � escola como agente de transforma��o social, chamar aten��o de seus alunos para este assunto, precocemente, a fim de promover a conscientiza��o sobre a import�ncia do respeito e valoriza��o das diferen�as, sejam quais forem, bem como a forma��o de cidad�os politizados.

    Todavia � importante que a escola aborde, em sala de aula, o tema �tica, com o intuito de que sejam desenvolvidas atividades que possibilitem a apreens�o de valores �ticos desde a mais tenra idade. Pois � responsabilidade da escola juntamente com a fam�lia, educar e contribuir para que jovens e crian�as se tornem cidad�os de bem e possam construir um de paz, harmonia e esperan�a.

    � importante que se diga que muitos desses valores apreendidos, nortear�o as rela��es de muitos indiv�duos dando lhes limites sobre o que se pode ou n�o fazer, e regrando suas atitudes no �mbito social.

    A cada dia os pais enfrentam mais dificuldades para impor limites para seus filhos, e muitas vezes essa conduta permissiva torna-se um entrave no processo ensino aprendizagem, fazendo com que muitos indiv�duos necessitem de acompanhamento psicopedag�gico para tratar dificuldades de aprendizagens inexistentes, quando na verdade o que � necess�rio � que o indiv�duo tenha par�metros de conduta.

Refer�ncias bibliogr�ficas

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