Mas o mesmo Jesus nos trouxe a salvação; agora, com Sua graça e Sua bênção, podemos vencer as nossas fraquezas. É uma luta sem tréguas, e que exige que nós busquemos, então, os auxílios deixados por Ele na Igreja: os sacramentos, a oração, a meditação de Sua Palavra e de bons livros; o propósito e o arrependimento cada vez que o pecado nos vencer, etc.
No entanto, também é preciso entender que a nossa santificação é mais um trabalho de Deus em nós, do que de nós em nós mesmos. Não temos força e poder de vencer sozinhos o mal que há em nós. Por isso, se faz necessário lutar com todos os recursos citados acima, mas sabendo que “é Deus quem, segundo o seu beneplácito, opera em nós, o querer e o fazer” (Fil 2,13).
Vamos fazer uma comparação para entender melhor isso. Jesus contou uma parábola sobre o Reino de Deus, comparando-o ao agricultor que lançou a semente na terra, e dormiu; levantou-se de dia e de noite, e a semente germina sem ele saber como. Porque a terra, por si mesma, produz primeiro o caule, depois a espiga, e depois o trigo maduro na espiga. Só então o homem mete a foice, porque chegou o tempo da colheita (cf. Mc 4,26-29).
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Nunca desanimar na luta contra o pecado: sempre é tempo de conversão!
Sim. Há um caminho mais inteligente e mais suave!
Não nos perturbemos com os nossos defeitos
Como manter acessa a chama da nossa fé?
Como vencer a nós mesmos?
O agricultor esforça-se para preparar bem o terreno, retirar as pedras, adubar o solo para a sementeira; mas, uma vez semeado o grão, já não pode fazer por ele mais nada, a não ser esperar com paciência, até o momento da ceifa. Ele espera a terra germinar a semente, espera a chuva do céu; e somente pode tirar as ervas daninhas. Ele não pode realizar o milagre de fazer a semente germinar; o grão se desenvolve por sua própria força interna. Ora, com esta comparação o Senhor mostra o vigor íntimo do crescimento do Reino de Deus no mundo e em nós também, até o dia da ceifa (cf Joel 3,16; Ap 14,15). Esse Reino de santidade.
Jesus quer mostrar que a pregação do Evangelho, que é a semente abundantemente espalhada, dará o seu fruto sem falta, não dependendo de quem semeia ou de quem a rega, mas de Deus, “que dá o crescimento” (1 Cor 3,5-9). Tudo se realiza sem que os homens se deem conta.
Ao mesmo tempo o Reino de Deus indica a operação da graça de Deus em nossas almas: Deus opera silenciosa e pacientemente em nós, respeitando nossa realidade, sem queimar etapas para não nos queimar. Assim Ele faz uma transformação em nós, enquanto dormimos ou enquanto velamos e trabalhamos, fazendo surgir no fundo de nossa alma resoluções de fidelidade, de entrega, de desejo de fazer Sua vontade…, até nos levar àquela idade perfeita, “o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo” (Ef 4,13); “conformados à imagem de Cristo” (Rom 8,29), como falava São Paulo.
O nosso esforço é indispensável para vencer a nós mesmos, o nosso egoísmo, apegos às coisas e criaturas, sensualidade, ira, inveja, preguiça, gula, etc., mas, em última análise é Deus quem atua, porque “os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rom 8,14), e Deus cuida deles. É o Espírito Santo que, com suas inspirações, vai dando um tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e atos.
Como Deus faz crescer em nós a paciência?
Fazendo-nos exercitar nela. É para isso que ele permite as tribulações, doenças, pessoas “chatas” ao nosso lado, gente que nos critica, condena, nos despreza… Tudo isso para treinar nossa paciência, senão ela não cresce e não se fortalece para enfrentar os combates da vida. O mesmo Santo Agostinho disse: “Ainda não alcançamos a Deus, mas temos o próximo perto de nós. Suporta aquele com o qual andas e alcançarás Aquele junto do qual queres permanecer eternamente”.Ninguém perde por esperar!
Prof. Felipe Aquino