Doenças que podem ser confundidas com esclerose lateral amiotrófica

Índice

  1. O que é Esclerose Lateral Amiotrófica?
  2. Causas da esclerose
  3. Sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica
  4. Tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica
  5. Conclusão

No dia 21 de junho é celebrado o Dia Nacional de Luta Contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa em que os indivíduos afetados perdem progressivamente a habilidade da movimentação muscular voluntária.

Quer conhecer mais sobre a ELA, suas formas de manifestação, quais são os sintomas e como é feito o manejo clínico de pessoas com a doença? Acompanhe!

Também conhecida como “doença do neurônio motor” ou “doença de Lou Gehrig”, a ELA é uma doença neurodegenerativa, na qual a destruição de neurônios motores leva à perda progressiva da capacidade de controle da musculatura esquelética.

Esta doença é chamada assim pois a degeneração dos neurônios motores gera atrofia muscular (amiotrófica), inicialmente de maneira unilateral, e com enrijecimento (esclerose) da musculatura esquelética.

FIGURA 1: Representação gráfica dos efeitos da ELA no nervo muscular

A incidência global da ELA é de 1 a 2.6 casos a cada cem mil pessoas anualmente, enquanto sua prevalência anual é de, aproximadamente, 6 casos a cada 100 mil pessoas. Em média, seus sintomas aparecem entre os 58 e 60 anos de idade.

Embora a expectativa média de sobrevida seja de 2 a 4 anos após o início dos sintomas, algumas pessoas podem viver muito mais que isso. O astrofísico britânico Stephen Hawking é um exemplo de rara sobrevida a ELA. 

Considerado por muitos como o físico teórico mais importante de sua geração, Hawking sobreviveu a mais de cinquenta anos após o início dos sintomas da doença, continuando a desenvolver seus trabalhos mesmo após a perda total de sua habilidade de fala.

Leia também: Esclerose Múltipla: principal doença desmielinizante

Causas da esclerose

A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença idiopática. Isso é, uma doença cujas causas (etiologia) são ainda desconhecidas, embora alguns mecanismos moleculares de neurodegeneração já tenham sido descritos.

Acredita-se que a união de fatores genéticos e ambientais sejam a resposta para a etiologia desta condição.

A ELA também pode ser categorizada de acordo com o histórico familiar do indivíduo. Quando são identificados indícios de herança genética, ela é chamada de “familiar”; quando outros casos na família não são conhecidos, de “esporádica”.

Para a manifestação familiar da doença, mais de 20 genes já foram descritos como relacionados ao desenvolvimento da ELA. Além disso, embora a forma familiar represente a minoria dos casos (~5%), mutações nestes genes também podem estar presentes em indivíduos com Esclerose Lateral Amiotrófica esporádica.

Qual o principal gene associado a ELA?

 
O gene cujas mutações estão mais comumente (~40%) associadas à ELA é conhecido como C9ORF72. Hipóteses envolvendo mecanismos moleculares sugerem que o estresse oxidativo e a excitotoxicidade mediada por glutamato possuem importante papel na destruição do neurônio motor. 

Sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica

A Esclerose Lateral Amiotrófica pode se manifestar de maneiras distintas em diferentes indivíduos. De modo geral, a doença causa o enfraquecimento (paresia) e a perda da capacidade de movimentação do músculo esquelético, devido à degeneração dos neurônios motores do indivíduo.

Inicialmente, os sintomas podem ser brandos, mas a fraqueza muscular, inicialmente unilateral, é o principal sintoma e também um dos primeiros a se manifestar. Outros sintomas iniciais incluem dificuldade de deglutição (disfagia) e de respiração.

A progressão da doença resulta na atrofia muscular e, ultimamente, na perda completa da habilidade da movimentação muscular voluntária. Alguns indivíduos (~10%) podem apresentar problemas cognitivos e comportamentais.

A  severidade da doença, bem como sua progressão, é avaliada por médicos através de uma Escala Funcional da ELA, que inclui perguntas sobre as habilidade de fala, salivação, deglutição, de escrita, de respiração e também sobre a capacidade funcional de Atividades da Vida Diária.

Incluem-se também como sintomas:

  • Mioclonia (espasmos rápidos);
  • Cãibras;
  • Dor neuropática;
  • Espasticidade (rigidez muscular);
  • Anasalamento vocal;
  • Dispnéia (dificuldade de respiração).

Quais exames podem detectar a ELA?

Não há um único exame capaz de diagnosticar, isoladamente, a Esclerose Lateral Amiotrófica. O diagnóstico é predominantemente clínico, cabendo ao médico realizar a anamnese e a investigação da História Natural da Doença. 

Outros exames podem ser solicitados pelo médico, como os de imagem e de atividade muscular, por exemplo.

Dessa forma, o diagnóstico requer muita cooperação entre o paciente, seus familiares e o médico responsável que, juntos, podem investigar o início da manifestação da doença e para onde ela se encaminha.

Doenças que podem ser confundidas com ELA

Por se tratar de um transtorno neurológico, a Esclerose Lateral Amiotrófica pode ser confundida com outros deste tipo de transtorno, que também se manifestam sob a forma de Doenças dos Neurônios Motores.

Algumas condições se apresentam de maneira muito similar, sendo que algumas delas, como a  Esclerose Lateral Primária (ELP) e a Atrofia Muscular Progressiva podem ser consideradas formas distintas da ELA. Além disso, o diagnóstico diferencial pode incluir outras doenças relacionadas com a perda do movimento muscular, como a Miastenia Gravis.

Tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica

Não há cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica, entretanto, cuidados paliativos são necessários para a manutenção da qualidade de vida do paciente. O trabalho das equipes multiprofissionais podem diminuir as taxas de hospitalização e aumentar o tempo de sobrevida do indivíduo.

Além dos medicamentos utilizados para o tratamento de sintomas e condições decorrentes da ELA, como a dor física e a depressão, pacientes com esta doença muitas vezes são submetidos à ventilação não invasiva, em função da perda progressiva dos movimentos do diafragma e dos músculos intercostais.

A fisioterapia é uma das formas mais importantes de intervenção em casos de ELA, diminuindo a intensidade e a velocidade com que os danos decorrentes da doença surgem no indivíduo.

Além disso, a fisioterapia também ajuda a limitar a dor e a melhorar a deglutição e a respiração, prolongando a vida do pessoa afetada pela doença.

Conclusão

A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença rara, progressiva e neurodegenerativa, na qual a destruição dos neurônios motores gera a fraqueza e a atrofia da musculatura esquelética. Suas causas ainda são objeto de profunda dedicação por parte de cientistas, mas acredita-se que elas envolvam causas genéticas e ambientais.

A ELA pode ser familiar ou genética e seus sintomas incluem a rigidez dos músculos, diminuindo sua capacidade de movimentação, dor neuropática, dificuldade de deglutição e respiração.

Cuidados clínicos como os de Fisioterapia desempenham um papel fundamental no manejo clínico de pacientes com ELA, permitindo a manutenção da qualidade de vida, do tempo de sobrevida e também da velocidade com que alguns sintomas se manifestam.

Referências

Brotman RG, Moreno-Escobar MC, Joseph J, et al. Amyotrophic Lateral Sclerosis. [Updated 2022 May 9]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: //www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK556151/

Talbott EO, Malek AM, Lacomis D. The epidemiology of amyotrophic lateral sclerosis. Handb Clin Neurol. 2016;138:225-38. doi: 10.1016/B978-0-12-802973-2.00013-6. PMID: 27637961.

Cosmo, C. S. A., Lucena, R. de C. S. de, & Sena, E. P. de. (2012). Aspectos clínicos determinantes da capacidade funcional na Esclerose Lateral Amiotrófica. Revista De Ciências Médicas E Biológicas, 11(2), 134–139. //doi.org/10.9771/cmbio.v11i2.6673

National Institute of Health. Amyotrophic Lateral Sclerosis. Available from: //www.ninds.nih.gov/sites/default/files/migrate-documents/ALS_FactSheet-E_508C.pdf. 2017

Quais doenças podem ser confundidas com ELA?

As doenças dos neurônios motores se manifestam de várias formas, como:.
Esclerose lateral amiotrófica. Como resultado, os músculos estimulados por esses nervos se... ... .
Esclerose lateral primária. ... .
Paralisia pseudobulbar progressiva. ... .
Atrofia muscular progressiva. ... .
Paralisia bulbar progressiva. ... .
Síndrome de pós-poliomielite..

Qual a diferença entre esclerose múltipla é fibromialgia?

A esclerose múltipla é uma doença progressiva e que ocorre por acometimento nervoso ( desmielinização dos nervos) já a fibromialgia é uma doença sem lesão evidente com provável hiperativação das vias de dores sem achados por exames que justifiquem as dores referidas.

Quais doenças podem ser confundidas com esclerose múltipla?

Um dos principais motivos de a esclerose múltipla e a miastenia gravis serem facilmente confundidas, é o fato de ambas as doenças possuírem sinais e sintomas gerais semelhantes. Entretanto, as doenças possuem diferenças marcantes nas suas causas, sinais e sintomas específicos e formas de tratamento.

Quem tem a doença ELA sente dor?

A esclerose lateral amiotrófica surge apenas nos neurônios motores, e, por isso, a pessoa não sente dor, ou sente muito pouca, havendo apenas limitação das funções motoras.

Postagens relacionadas

Toplist

Última postagem

Tag