Nas células diferenciadas, o genoma sofre modificações importantes e permanentes

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A diferenciação celular consiste em um conjunto de processos que transformam e especializam as células embrionárias. Após estas transformações, sua morfologia e fisiologia são definidas, o que as tornam capazes de realizar determinada função.

Fecundação. Ilustração: Tatiana Shepeleva / Shutterstock.com

Após a fecundação, a vida do organismo inicia-se com apenas uma única célula. Nesse sentido, todas as demais células que dela se originarem pela divisão celular (mitose) terão as mesmas informações genéticas, no entanto, exercerão funções diferentes por conta da expressão gênica. Em outras palavras, cada diferente tipo de célula possui a inibição ou a ativação de determinados grupos de genes, responsáveis por definir a função de cada uma delas.

A expressão gênica controla quatro processos para que a célula inicial origine perfeitamente o embrião. São eles:

  • Proliferação celular, garantindo que muitas células sejam produzidas;
  • Especialização celular, permitindo que as células se expressem de forma diferenciada para exercerem suas funções;
  • Interação entre as células, promovendo a coordenação e comportamento das células em relação às células vizinhas;
  • Movimentação celular, possibilitando que as células se organizem próximas às células com características em comum para a formação dos tecidos e órgãos.

Após a fecundação, o zigoto, já com aproximadamente 100 células, atinge o estágio de blástula. Nesta fase ocorrerão as primeiras diferenciações: as células que compõem a massa externa da blástula darão origem aos anexos embrionários, enquanto as células da massa interna darão origem a todos os tecidos e órgãos do embrião. Às células da massa interna é dado o nome de células-tronco embrionárias e são classificadas como pluripotentes.

À medida que a especialização celular vai avançando, vão surgindo as primeiras células envolvidas com a formação de tecidos específicos: são as células-tronco multipotentes. Um tecido corresponde a um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, que realizam determinada função em um organismo.

Num organismo já formado, ocorrerão apenas dois tipos de células: as células tronco multipotentes e as células unipotentes. Estas últimas correspondem a células que já sofreram diferenciação completa, mas que não possuem a capacidade de originar outras células se não as delas. Algumas destas células possuem uma capacidade muito pequena de se dividir, como as células nervosas e os neurônios.

Leia também:

  • Desdiferenciação celular

Referências:

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia das Células 1. 4ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2015.

Fundação Cecierj. Expressão gênica e diferenciação celular. Disponível em: < //cejarj.cecierj.edu.br/pdf_mod2/Unidade05_Bio.pdf>.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/citologia/diferenciacao-celular/

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Na biologia do desenvolvimento, diferenciação é o processo no qual as células vivas se "especializam", gerando uma diversidade celular capaz de realizar determinadas funções.

Estas células diferenciadas podem atuar isoladamente - como os gametas e as células sexuais dos organismos menores, como as bactérias. Ou podem agrupar-se em tecidos diferenciados, como o tecido ósseo e o muscular. Apesar de diferenciadas, as células mantêm o mesmo código genético da primeira célula (zigoto). A diferença está na ativação e inibição de grupos específicos de genes que determinarão a função de cada célula.

Esta especialização acarreta não só alterações da função, mas também da estrutura das células.

Este "agrupamento" foi realizado ao longo do processo evolutivo. A seguir, os metazoários "agruparam" diversos tecidos para formar órgãos diferenciados como o estômago, os órgãos sexuais etc. Estes, por sua vez, podem estar agrupados em aparelhos ou sistemas que, em conjunto, realizam determinada função vital, como é o caso do sistema digestivo.

O processo inverso também pode ocorrer. Células já especializadas, por algum motivo, podem perder a sua função, assumindo um estado de crescimento exagerado. Esse processo é denominado desdiferenciação e é o que ocasiona o surgimento de neoplasias.

Estágios da Diferenciação Celular[editar | editar código-fonte]

As mudanças que ocorrem na célula não são imediatas, mas são precedidas pelo processo de compromisso celular, na qual a célula possui um destino determinado e passará por grandes alterações. Assim, mesmo que uma célula ou tecido não sejam diferentes fenotipicamente das outras células ou tecidos que estão em estado de não comprometimento, o seu destino de desenvolvimento já está restrito.

O processo de compromisso celular pode ser dividido em dois estágios (Harrison 1933; Slack 1991). O primeiro é uma fase instável chamado de especificação. O destino da célula ou tecido é considerado especificado quando este é capaz de se diferenciar autonomamente em ambiente neutro (o ambiente é neutro em relação à via de desenvolvimento), como uma placa de Petri ou um tubo de ensaio. E ainda nesse estágio, o compromisso pode ser revertido. O segundo estágio de compromisso é a determinação. Uma célula ou tecido pode ser chamada de determinada quando é capaz de se diferenciar autonomamente mesmo quando é colocado em outra região do embrião. Se for capaz de diferenciar de acordo com o destino original, mesmo sob essas circunstâncias, pode-se assumir que o compromisso é irreversível.[1]

Especificação autônoma[editar | editar código-fonte]

Três modos básicos de compromisso foram descritos. O primeiro é chamado de especificação autônoma. Neste caso, se um blastômero particular for removido de um embrião no início do desenvolvimento, esse blastômero isolado irá produzir os mesmos tipos celulares que ele produziria se ainda fosse parte do embrião. E mais ainda, o embrião de onde foi retirado o blastômero perderá essas células e somente essas células, que seriam produzidas pelo blastômero retirado. A especificação autônoma dá origem a um padrão na embriogênese chamado de mosaico do desenvolvimento, pois o embrião parece uma construção de mosaico de peças independentes, com partes capazes de se auto-diferenciar. Embriões de invertebrados (especialmente de moluscos, anelídeos, e tunicados), geralmente possuem especificação autônoma para determinar o destino de suas células. Nesses embriões, determinantes morfogenéticos (certas proteínas ou RNAs mensageiros) são postos em diferentes regiões do citoplasma do ovo e são divididos em diferentes células de acordo com a divisão do embrião, sendo que os determinantes morfogenéticos especificam o tipo celular.

Especificação sincicial[editar | editar código-fonte]

Em embriões iniciais de insetos, a divisão celular não está completa. O núcleo se divide dentro do citoplasma do ovo, criando um multinucleado dentro do ovo. Um citoplasma que contém vários núcleos é chamado de sincício. O ovo citoplasmático, no entanto, não é uniforme. Em vez disso, o citoplasma do ovo anterior é marcadamente diferente do posterior. Aqui, a interação da especificação sincicial ocorre entre as diferentes partes de uma mesma célula, mas não entre elas.

Embriologistas experimentais mostraram que cada núcleo de Drosophila tem uma informação posicional dado por proteínas chamadas de morfógenos (do grego “doador de forma”).

Especificação condicional[editar | editar código-fonte]

O terceiro modo de comprometimento envolve interações entre células vizinhas. Neste tipo de especificação, cada célula tem, originalmente, a habilidade de se tornar qualquer uma dentre tantos tipos celulares. Entretanto, as interações de uma célula com outras células restringem o destino de uma ou mais participantes. Esse modo de comprometimento é chamado de especificação condicional porque o destino da célula depende das condições em que se encontra.

Se um blastômero for removido de um embrião, no início do desenvolvimento, que utiliza a especificação condicional, as células embrionárias remanescentes alteram seus destinos de modo que as funções das células que faltam sejam retomadas. Essa habilidade que células embrionárias têm de modificar seus destinos para compensar as partes que faltam é chamada de regulação. O blastômero isolado pode também dar origem a uma grande variedade de células (até gerar tipos celulares que a célula não faria se ainda fosse parte do embrião). Assim, a especificação condicional gera um padrão chamado de desenvolvimento regulador. O desenvolvimento regulador é visto na maioria dos embriões de vertebrados, e é crítico no desenvolvimento de gêmeos idênticos. Na formação dos gêmeos, as células no estágio de clivagem de um único embrião se divide em dois grupos, e cada grupo de células produz um indivíduo totalmente desenvolvido.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Knisely, Karen; Gilbert, Scott F. (2009). Developmental Biology (8th ed.). Sunderland, Mass: Sinauer Associates. 
  2. Lodish, Harvey (2000) Mollecular Cell Biology (4th ed.).New York: W.H. Freeman.
  3. Becker, W.M. Kleinsmith, L.J. Hardin, J. & Bertoni,G.P. (2009) The World of the Cell (17th edition). Pearson Education, Inc.
  4. Guilak, Farshid; Cohen, Daniel M.; Estes, Bradley T.; Gimble, Jeffrey M.; Liedtke, Wolfgang; Chen, Christopher S. (2009-07-02). "Control of Stem Cell Fate by Physical Interactions with the Extracellular Matrix"
  5. Rabajante JF, Babierra AL (January 30, 2015)."Branching and oscillations in the epigenetic landscape of cell-fate determination".
  • Portal da biologia

Quais as principais modificações que ocorrem durante a diferenciação celular?

A diferenciação celular consiste em um conjunto de processos que transformam e especializam as células embrionárias. Após estas transformações, sua morfologia e fisiologia são definidas, o que as tornam capazes de realizar determinada função. Após a fecundação, a vida do organismo inicia-se com apenas uma única célula.

Quais são as células diferenciadas?

Os exemplos de células diferenciadas no corpo humano incluem os neurônios, as células que revestem o intestino e os macrófagos do sistema imunológico, que devoram as bactérias invasoras. Cada tipo de célula diferenciada tem um padrão de expressão gênica que ela mantém estável.

O que diferencia uma célula indiferenciada de uma célula diferenciada?

Indiferenciadas ou pouco diferenciadas: células que perderam suas características de especialização e pouco se parecem com as células normais do organismo. Moderadamente diferenciadas: células que mantém algum grau de especialização e que têm alguma similaridade com as células normais do organismo.

Como acontece a diferenciação celular?

As células de um mesmo organismo tornam-se diferentes umas dos outras porque sintetizam e acumulam moléculas de RNA e, consequentemente, de proteínas diferentes. É por isso que elas diferem tanto em suas estruturas e em suas funções.

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