Quais as atividades econômicas foram responsáveis pela construção dos primeiros espaços geográficos?

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O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”).

Um conceito bastante presente na geografia em geral, o espaço geográfico apresenta definição bastante complexa e abrangente. Outros conceitos também relacionados ao espaço geográfico, ou antes, que estão contidos nele são: lugar, que é um conceito ligado a um local que nos é familiar ou que faz parte de nossa vida, e paisagem que é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da percepção.

A primeira definição de “espaço” foi feita pelo filósofo Aristóteles para o qual este era inexistência do vazio e lugar como posição de um corpo entre outros corpos. Aristóteles ignorava o homem como constituinte do espaço, contudo, ele já considerava um aspecto importante da estrutura do espaço geográfico, a localização.

Mais adiante, no século XVIII, Immanuel Kant define o espaço como sendo algo não passível de percepção, porém, o que permite haver a percepção. Ou seja, Kant introduziu a idéia de que o espaço é algo separado dos demais elementos espaciais. Entretanto, suas idéias não permitem concebê-lo como algo constituído de significado ou estrutura própria.

Mais tarde, outros filósofos inserem o homem como um componente essencial para a compreensão do espaço, com ser que cria e modifica espaços de acordo com suas culturas e objetivos. Por último, seguiu-se a concepção filosófica de espaço proposta por Maurice Merleau-Ponty: “O espaço não é o meio (real ou lógico) onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível.”. Todas estas são concepções filosóficas do espaço que, entretanto, diferem um pouco da concepção geográfica.

A concepção geográfica de espaço que predominou de 1870 a meados de 1950, embora este ainda não fosse considerado como objeto de estudo, foi a introduzida por Ratzel e Hartshorne para os quais a concepção de “espaço vital” se confundia com a de território a medida em que era atrelado à ele uma relação de poder. Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados.

A partir de 1950 o espaço passa a ser associado à noção de “planície isotrópica” (superfície plana com as mesmas propriedades físicas em todas as direções, homogênea) sob a ação de mecanismos unicamente econômicos (uso da terra, relações centro – periferia, etc.).

Em 1970 surge uma nova concepção atrelada à geografia crítica, que tem com base os pensamentos marxistas e para a qual o espaço é definido como o locus da reprodução das relações sociais de produção. Nesta concepção espaço e sociedade estão intimamente ligados.

Mais tarde surge uma nova concepção epistemológica para geografia que passa a encarar o espaço como fenômeno materializado. Ou, nas palavras de ALVES (1999), o espaço “é produto das relações entre homens e dos homens com a natureza, e ao mesmo tempo é fator que interfere nas mesmas relações que o constituíram. O espaço é, então, a materialização das relações existentes entre os homens na sociedade.”.

Fontes
//www.ub.es

//www.ig.ufu.br

ALVES, Glória da Anunciação. Cidade, Cotidiano e TV. In: CARLOS, A. F.(org.) A geografia na sala de aula. In: DUARTE, M. de B. (et all) Reflexões sobre o espaço geográfico a partir da fenomenologia. Revista eletrônica: Caminhos de Geografia 17 (16) 190-196. UFU, 2005.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/

O espaço geográfico corresponde ao espaço construído pelas atividades humanas e pelas sociedades, sendo por elas explorado e correntemente transformado. Ele difere-se do meio natural por ser o local onde imediatamente se observa a atuação do ser humano sobre o meio, com a geração de seus respectivos impactos. Trata-se, contudo, de um conceito que possui várias definições e abordagens.

De maneira geral, é correto dizer que há uma produção do espaço geográfico, ou seja, ele é resultante das atividades sociais nas esferas econômica, cultural, educacional e outras. Por esse motivo, compreendê-lo é também uma forma de entender o próprio ser humano e a estrutura das sociedades.

Há que se dizer que, além de produzido, o espaço geográfico é propriamente concebido. Isso que dizer que, além de resultado das práticas e intervenções humanas sobre o meio, ele é fruto da forma com que as pessoas enxergam a realidade. Nesse sentido, o espaço também interfere nas diferentes maneiras com que podemos apreender a realidade e a ela dar significado, ganhando, nesse sentido, uma substância, em termos de conteúdo, que lhe dá uma dinâmica própria.

É nesse sentido que surge o conceito de lugar, que nada mais é do que o espaço percebido e também aqueles locais sobre os quais os sujeitos adquirem afeição e familiaridade. Aquele ponto turístico preferido, a rua da sua casa ou até a fazenda para onde uma pessoa qualquer costuma viajar são exemplos de lugar, que ganha, portanto, um aspecto subjetivo e individual. Nesse contexto, a Geografia também é a ciência dos lugares.

Desde os primórdios da humanidade, antes mesmo da invenção da escrita, os seres humanos atuam no processo de modificação da natureza. Com o tempo, essa prática foi se tornando cada vez mais comum e culminou no desenvolvimento das civilizações, todas elas dotadas de seus espaços, sem os quais não seria possível ter referências sobre elas. Assim sendo, esse espaço é parte constituinte da sociedade que o constrói e, de certa forma, reflexo dela, sendo o produto de suas visões de mundo, práticas sociais, religiões, culturas e, claro, de seu poder. Atualmente, podemos dizer que o nosso espaço atual é fruto não só da sociedade contemporânea, mas também um produto de seu passado.

O espaço geográfico, pois, carrega consigo elementos do passado e do presente, sendo o testemunho mais explícito das diferenças de valores culturais, arquitetônicos e morais dos diferentes períodos da história. Quando observamos um prédio antigo ou andamos por ruas centenárias, somos capazes de perceber, ao menos em partes, os valores de épocas anteriores.

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É nesse sentido que podemos notar a dinâmica da paisagem, outro importante conceito atrelado à ideia de espaço geográfico. Ela não é só a aparência do meio em que vivemos, mas também um reflexo e um condicionante de suas formas e conteúdos. Por definição, podemos compreender a paisagem como tudo aquilo que podemos apreender por meio de nossos sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição), embora também existam as chamadas “paisagens ocultas”, aquelas que se escondem ou são ofuscadas pelas práticas sociais, seja por questões econômicas, seja por visões de preconceito, entre outros.

Além das paisagens, para melhor compreender o espaço geográfico, muitas vezes é preciso compreendê-lo em seus aspectos regionais. Para definir o que seria uma região, outro importante conceito, é necessária a adoção de um critério (natural, cultural, econômico, político, etc.) para estabelecer aquilo que chamamos de regionalização. Portanto, região é a porção do espaço dividida e observada a partir de um critério específico, elaborado conforme os nossos interesses e convicções, havendo, dessa forma, tantas regiões quanto critérios diferentes utilizados para elaborá-las.

Mas é importante também conceber que o espaço geográfico possui diferentes dinâmicas e relações, carregando consigo os valores morais da sociedade. Em muitos casos, relações de poder são estabelecidas e o espaço passa a ser apropriado, ou seja, controlado. Essa apropriação pode receber limites e fronteiras (a exemplo do território nacional), mas em outros casos não (como os territórios dos traficantes nas favelas, quando os limites não são muito precisos). Por isso, torna-se importante a compreensão do território, que é o espaço delimitado a partir das relações de poder, podendo se apresentar em várias escalas (do local ao global) e também em múltiplas formas (contínuo, em rede, etc.).

Portanto, podemos notar que o espaço é um elemento bastante complexo da realidade, tanto é que ele possui uma ciência específica que se preocupa em estudá-lo: a Geografia. Ela analisa-o como um fenômeno social, mas também se preocupa em estudar e compreender as paisagens naturais, haja vista que o seu substrato é de imediato interesse para a sociedade e suas atividades.


Por Me. Rodolfo Alves Pena

Quais as atividades econômicas foram responsáveis pela construção dos primeiros espaços geográficos do Brasil?

Ciclo do Pau-Brasil Essa foi a primeira atividade de exploração do território brasileiro realizada pelos portugueses, que chegaram no novo território em busca de metais preciosos. O pau-brasil era uma árvore abundante no território brasileiro.

Quais atividades econômicas são responsáveis pela transformação do espaço geográfico?

As relações socioeconômicas são responsáveis pelas modificações no espaço geográfico, estruturando determinados lugares de acordo com a atividade econômica desenvolvida, alterando o meio, produzindo novos ambientes, criando espaços privilegiados, influenciando os fluxos migratórios, interferindo na geopolítica mundial, ...

Qual o principal fator responsável pela transformação do espaço geográfico?

O espaço está em constante transformação, sendo o homem um dos principais responsáveis por esse processo. As relações socioeconômicas estabelecidas em um determinado local configuram o espaço geográfico, alterando de forma significativa os elementos da natureza e, consequentemente, a paisagem.

Como a economia espacial influenciou a construção da Geografia Econômica?

Os processos econômicos impuseram à Ciência Geográfica uma nova direção, uma nova visão dos aspectos espaciais. Para a Geografia, essa nova categoria de análise espacial, provocou uma reação nos objetivos da Geografia, impondo, portanto, uma organização espacial focalizada no desenvolvimento econômico.

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