Quais as influências iluministas na Declaração de Independência dos EUA e na Constituição americana de 1787?

Quando adentramos o processo de constituição dos governos liberais e a crise do absolutismo, costumamos compreender que a participação francesa na emancipação das Treze Colônias teve grande importância na deflagração da Revolução Francesa de 1789. Geralmente, o elo entre as duas experiências históricas se explica pelo fato da França participar das Guerras de Independência dos Estados Unidos com o envio de tropas que lutaram em defesa dos colonos norte-americanos.

No entanto, seria satisfatório dizer que os soldados franceses teriam carregado de volta à sua terra natal o sentimento de autonomia que inspirou as Treze Colônias a lutarem contra a opressão inglesa? Apesar de não ser falsa, essa premissa não contempla o fato de que o século XVIII assistia a disseminação do ideário iluminista, que motivou a luta de várias nações contra a ação de regimes monárquicos ou contrários ao mecanismo de representação política.

Para que a proximidade ideológica entre as duas experiências históricas seja melhor desenvolvida, sugerimos a exposição de dois documentos que podem assinalar, de maneira bem clara, como o projeto político francês e o norte-americano se assemelhavam. Como sugestão, recomendamos o trabalho com a “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América” (1776) e a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” (1789).

No primeiro documento, temos a seguinte assertiva sobre o ideal de igualdade e o funcionamento das instituições políticas:

“São verdades incontestáveis para nós; todos os homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se constituíram homens-governo cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la”

Em contrapartida, o documento francês aborda a relação do indivíduo com o Estado da seguinte forma:

“A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos.”

Por meio desses dois trechos, a semelhança ideológica desses processos históricos fica mais clara. A ideia de que as instituições políticas têm origem humana e devem ser moldadas de acordo com o interesse daqueles que são controlados por elas fica evidenciada. Além disso, o imprescindível respeito à vontade dos governados também convive com o ideal de que um governo só poderia ser legítimo no momento em que garantia a felicidade daqueles que representava.

Dessa forma, a visão simplista de que os soldados franceses apenas transferiram o projeto político norte-americano para sua terra natal acaba sendo resolvido. Ao mesmo tempo, podemos conferir, por meio da própria leitura da documentação histórica existente, como se delineava as visões políticas dos participantes de cada uma dessas experiências históricas do século XVIII.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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Independência dos Estados Unidos da América (Resumo)

  • O que foi a independência dos Estados Unidos?
  • Colonização dos Estados Unidos
  • Guerra dos Sete Anos
  • Causas da Independência dos Estados Unidos
  • Declaração de Independência dos Estados Unidos
  • Iluminismo e Independência dos Estados Unidos
  • Consequências da Independência dos Estados Unidos

Das treze colônias à Independência

A independência dos Estados Unidos (4 de julho de 1776) foi a primeira grande derrota de uma potência colonial na história.

Além de ser a fundação de uma futura potência econômica (os próprios Estados Unidos), ainda influenciou dezenas de outros movimentos de libertação pelo continente americano.

Mas, tenhamos calma, afinal, se você está aqui é porque quer conhecer esta história em detalhes, certo? Então, neste artigo, vamos passar por várias questões sobre a independência dos Estados Unidos, seguindo estes tópicos:

  • Como foi a Independência dos Estados Unidos;
  • Colonização dos Estados Unidos;
  • Guerra dos sete anos;
  • Causas da Independência dos Estados Unidos;
  • Declaração de Independência dos Estados Unidos.
  • Iluminismo e Independência dos Estados Unidos;
  • Consequências da Independência dos Estados Unidos.

Parece bastante coisa? Fique tranquilo, não é tão complicado quanto parece.

O que foi a independência dos Estados Unidos?

A Independência dos EUA foi o movimento de libertação do país contra a metrópole colonial, a Inglaterra.

Os conflitos iniciaram em 1774 e se estenderam até 1776, quando começou oficialmente uma guerra entre Inglaterra e Estados Unidos, vencida pelos americanos em 1783.

Esta explicação é apenas uma introdução para que você tenha um panorama sobre o tema. Para entender o que realmente aconteceu, é preciso voltar um pouco no tempo.

Colonização dos Estados Unidos

A colonização e Independência dos Estados Unidos estão intimamente ligadas, por isso é preciso entender que o país teve uma espécie de dupla colonização, iniciado por sua chegada no continente americano até sua expansão territorial.

Para começar, os Estados Unidos daquela época era composto por treze colônias, todas localizadas na costa leste (repare na primeira imagem deste texto como até hoje a maior ocupação do território ainda está no leste do país).

Além disso, havia uma diferença fundamental entre norte e sul da costa leste:

  • Norte: colonizado por muitos refugiados de perseguições religiosas na Europa. Economia baseada na pequena propriedade, com produção manufatureira voltada para o mercado interno.
  • Sul: colonizado a partir do modelo de produção agrícola em latifúndios (monocultura), baseados na mão de obra escrava, com produção voltada para o mercado externo (Inglaterra).

Esta divisão interna tem impacto na sociedade americana até hoje, mas naquela época significava que o sul era mais dependente economicamente da metrópole, enquanto o norte tinha suas próprias reivindicações.

Falaremos sobre isso em breve. Mas antes, vamos entender o que motivou o contexto histórico da Independência dos Estados Unidos.

Guerra dos Sete Anos

Entre 1756 e 1763, Inglaterra e França travaram uma guerra pela posse das colônias americanas, a chamada Guerra dos Sete Anos.

O que importa saber é que a Inglaterra derrotou a França, mas só conseguiu este feito, graças ao apoio das milícias coloniais, ou seja, dos colonos americanos.

Quando a guerra terminou, estes colonos acreditavam que seriam recompensados pela ajuda, mas os ingleses tinham seus próprios problemas e adotaram uma série de medidas muito impopulares, entre elas:

  • Aumento dos impostos sobre as colônias como forma de pagar os custos da guerra;
  • Criação do monopólio do comércio do chá para uma companhia inglesa (Lei do Chá);
  • Criação de um imposto sobre circulação de mercadorias da colônia (Lei do Selo);
  • Criação do monopólio do açúcar para as Antilhas Inglesas (Lei do Açúcar).

Resumindo, a Inglaterra criou uma série de medidas que tornavam a vida econômica na colônia mais difícil, sobretudo para os pequenos produtores do norte, que atendiam o mercado interno.

E assim, desta insatisfação, surgiu a revolta que daria origem a Independência dos Estados Unidos.

Vamos ver esta última etapa em detalhes.

A Independência dos Estados Unidos tem causas diretas e indiretas. Vamos começar pelas mais diretas, decorrentes da insatisfação com a política de impostos da metrópole (Inglaterra).

Entre o fim da Guerra dos Sete Anos e 1774, os ingleses continuaram sua política de controle sobre a economia colonial, criando monopólios e impostos contra a vontade dos colonos.

Assim, a insatisfação com a metrópole se converteu em um movimento organizado, com dois momentos mais importantes:

  • 1774: os colonos organizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia. Tratava-se de uma série de solicitações para que a Inglaterra desse mais liberdade econômica e política para a colônia. A Inglaterra não apenas recusou, como seguiu criando novos controles e aumentando os já existentes.
  • 1776: diante da recusa inglesa em negociar, após o Segundo Congresso da Filadélfia, é redigida e reprovada a Declaração de Independência dos Estados Unidos, dando início a guerra contra a Inglaterra pela libertação do país.

Resumindo, podemos dizer que as principais causas da Independência foram:

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  • O desejo por maior liberdade econômica e política das treze colônias;
  • A recusa da metrópole em negociar, seguindo uma política de controle rígido.

Dito isso, vamos continuar nossa história da Independência dos Estados Unidos com o desenrolar da guerra a partir de 1776, para depois falarmos mais  sobre as causas indiretas da Independência.

Declaração de Independência dos Estados Unidos

A declaração de Independência, assinada em 4 de julho de 1776, era uma carta de intenção, ou seja, uma declaração de que surgiria um novo país, livre da Inglaterra.

A guerra que se seguiu foi intensa e durou até 1783, sendo que os americanos venceram, em grande parte, porque contaram com apoio francês e espanhol.

Portanto, apesar da data de 4 de julho de 1776 ficar marcada como o dia da Independência, foi apenas após 1783 que o país teve condições de se organizar, sendo que sua Constituição só ficou pronta em 1787.

Este é um detalhe importante, sobre o qual precisamos falar separadamente, retomando a ideia das causas indiretas da Independência.

Iluminismo e Independência dos Estados Unidos

O século XVIII (anos 1700), foi marcado por movimentos burgueses de vários tipos. Todos eles influenciados pelo Iluminismo, uma corrente de pensamento filosófico cujo centro era a França.

Algumas das principais características do Iluminismo eram:

  • A liberdade individual;
  • Ordenação burguesa da sociedade;
  • Garantia do direito à propriedade privada;
  • Separação entre igreja e Estado.

Mas, você pode estar se perguntando como as ideias iluministas influenciaram a Independência dos Estados Unidos, se tinham origem na França?

Ocorre que o pensamento filosófico iluminista tinha na sua essência os mesmos ideais de liberdade e igualdade que os colonos americanos pretendiam pôr em prática.

Ou seja, o iluminismo era a base intelectual do movimento de revolta contra a metrópole e libertação da colônia, portanto, uma causa indireta da Independência.

Consequências da Independência dos Estados Unidos

Para encerrar, precisamos apenas delinear algumas das principais consequências da Independência dos Estados Unidos:

  • A Independência americana teve influência direta sobre as demais lutas no continente americano, pela libertação colonial, sendo que até o início do século XIX (anos 1800), vários movimentos semelhantes ocorreram na região.
  • Como consequência, a Independência americana também foi responsável por dar o empurrão que acabaria com o sistema colonial nas Américas.
  • Por outro lado, a Independência trouxe à tona a divisão interna dos Estados Unidos, entre norte e sul, com interesses econômicos e políticos distintos. Essa divisão foi responsável por provocar uma Guerra Civil décadas depois (entre 1861 e 1865).

Agora que entendeu tudo sobre a Independência dos Estados Unidos, compatilhe com um amigo e leia também os artigos abaixo:

7 de setembro: dia da Independência do Brasil

O que foi o Iluminismo: características, principais pensadores e tudo que você precisa saber sobre esse assunto!

História no Enem: Conheça os assuntos que mais caem no exame!

Como o Iluminismo influenciou a Constituição Norte

Os pensadores iluministas influenciaram na organização do Estado e da economia dos Estados Unidos. Entre as principais ideias adotadas, está a separação de poderes legislativo, executivo e judiciário para equilibrar o controle do governo, defendida por Montesquieu em seu livro O Espírito das Leis.

Quais são as influências iluministas na Declaração de Independência dos EUA?

Alguns dos líderes da Revolução Americana foram influenciados pelas idéias iluministas que são a liberdade de expressão, a igualdade, a liberdade de imprensa e a tolerância religiosa. Os colonos americanos não tinham esses direitos, em consequência, eles se rebelaram contra a Inglaterra pela independência.

Que princípios do Iluminismo e do liberalismo está presente na Declaração de Independência dos Estados Unidos?

Os princípios do iluminismo e liberalismo presentes na declaração de independência dos Estados Unidos consistem no racionalismo, naturalismo, liberdade e igualdade.

É possível relacionar a independência dos Estados Unidos ao Iluminismo?

A Revolução Americana ou popularmente conhecida como independência dos Estados Unidos está relacionado ao iluminismo devido as influências de ideias desta corrente de pensamentos. O Iluminismo foi um movimento filosófico que surgiu na França, no século XVIII.

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