Para comemorar o bicentenário da chegada da corte lusitana, o Centro Cultural Banco do Brasil armou a exposição Lusa: A Matriz Portuguesa, em cartaz até o dia 7 de setembro em São Paulo. A mostra reúne 107 peças, entre esculturas de ouro, cerâmica e mármore, além de quadros, gravuras, mapas e achados arqueológicos.
Maquete da caravela usada na viagem da Família Real
Os objetos, reunidos de mais de 28 museus portugueses, mostram a produção cultural de um longo período histórico: vai da pré-história, passa pelo domínio romano às influências das presenças árabe, judaica e cristã, e culmina na passagem do século XV para o XVI, quando Portugal dominava os mares e, então, descobre o Brasil.
Mas como a monarquia portuguesa não investiu o dinheiro vindo de suas colônias em cultura, ciência e em exército, o país, em 1807, sentiu-se ameaçado por Napoleão Bonaparte que organizava uma invasão a Portugal. Por isso, D.João 6º decidiu mudar a sede de seu reinado para manter-se no poder.
Motivo da fuga
O exército de Napoleão Bonaparte, que até 1807 já havia destronado algumas monarquias, entre elas a francesa e a espanhola, se aproximava de Portugal com o mesmo objetivo. Dessa forma, o príncipe regente D. João 6º reuniu, além de suas jóias, livros, móveis, obras de arte e a corte portuguesa para embarcar para a sua mais rica e exótica colônia: o Brasil.
Apoio inglês
D. João e sua família só conseguiram atravessar o Atlântico, numa viagem de 52 dias que terminou em 22 de janeiro de 1808, com a ajuda oferecida pela marinha britânica – responsável pela logística e escolta de toda a tripulação de aproximadamente 15 mil pessoas divididas em 14 navios. O governo inglês, claro, estava interessado em estreitar sua relação com Portugal. Não à toa, uma das primeiras medidas de D. João ao desembarcar no Brasil foi abrir os portos da colônia para outros países, entre eles a Inglaterra.
Benefícios para o Brasil
A transferência da sede do Reino de Portugal trouxe mudanças significativas ao Rio de
Janeiro, que em 1808 tinha cerca de 60 mil habitantes.
* As ruas do centro da cidade foram pavimentadas;
* Criação do Banco do Brasil, em 12 de outubro de 1808;
* Início da atividade da Imprensa Régia, em 1810;
* Abertura da Academia Real Militar, em 1810;
* Inauguração da primeira biblioteca em solo nacional, a Real Bibliotheca (atual Biblioteca Nacional), em 1811.
Em novembro de 1807, a Família Real embarcou rumo ao Brasil, pois Portugal estava prestes a ser invadido pelas tropas de Napoleão Bonaparte. A vinda da Família Real
para o Brasil teve como finalidade assegurar a independência de Portugal e contou com o apoio dos ingleses. Em 22 de janeiro de 1808, a Corte Portuguesa chega ao Brasil. 📚 Você vai prestar o Enem? Estude de graça com o Plano de Estudo Enem De Boa 📚 No início do século XIX, a França e a Inglaterra eram países capitalistas industriais, já Portugal, ainda era um país mercantilista. Sendo assim, Portugal era dependente da Inglaterra econômica e politicamente. Essa dependência é caracterizada pelo Tratado de Methuen (Panos e Vinhos), assinado em 1703, o qual consistia no
consumo de têxteis pelos portugueses e no consumo de vinho pelos britânicos. Nesse período, a França era governada por Napoleão Bonaparte, o qual defendia os interesses da burguesia francesa. Deste modo, Napoleão desejava derrubar a Inglaterra. Os dois países entram em conflito e a Inglaterra vence. Sendo assim, a França reage. Foram 14 anos de disputas. A França dominava a terra e a Inglaterra dominava os mares, isso foi evidenciado pela Batalha
de Trafalgar, em 1805 (disputa naval travada entre a França - juntamente com a Espanha - contra o Reino Unido). Percebe-se, então, que Napoleão possuía hegemonia sobre todo o continente, com exceção da Grã-Bretanha. Dessa forma, Napoleão decreta o Bloqueio Continental (proibição de contato comercial com o Reino Unido pelos países dominados por
Napoleão) em 1806 em Berlim, a fim de estrangular a economia britânica. Aqueles países que não respeitassem o Bloqueio Continental eram invadidos pelas tropas francesas. 🎓 Você ainda não sabe qual curso fazer? Tire suas dúvidas com o Teste Vocacional Grátis do Quero Bolsa 🎓 Como Portugal dependia da Inglaterra econômica e politicamente, o país não respeitou o Bloqueio Continental. Dessa forma, Lord Strangford (embaixador inglês) sugeriu a transferência do governo português para o Brasil, já que Portugal seria invadido pelas tropas napoleônicas. O Príncipe-Regente, D. João,
aceitou a proposta dada por Lord Strangford. Essa estratégia visava assegurar a independência de Portugal. Esse acordo fornecia escolta inglesa à Corte Portuguesa e garantia a legitimidade do governo português. Em contrapartida, fornecia a Ilha da Madeira à Inglaterra durante o conflito com a França, além da liberdade de comércio com portos brasileiros. Para invadir Portugal, a França fez
um tratado com a Espanha, chamado Tratado de Fontainebleau. Este acordo permitia a passagem das tropas francesas pelo território espanhol e, em troca, os espanhóis poderiam ficar com parte do território português. Em novembro de 1807, a Família Real embarca rumo ao Brasil antes da invasão de Portugal pelas tropas francesas. 🎯 Simulador de Notas de Corte Enem: Descubra em quais faculdades você pode entrar pelo Sisu, Prouni ou Fies 🎯 Devido a uma forte tempestade, em 22 de janeiro de 1808 uma parte da Corte Portuguesa (incluindo D. João) chega em
Salvador (Brasil). Também em janeiro de 1808, outra parte chega no Rio de Janeiro. Vale ressaltar que, além da Família Real, vieram diversas pessoas associadas à Corte. Logo após a chegada da Família Real no Brasil, o Príncipe-Regente, D. João, estabelece, no dia 28, através de uma Carta Régia, a Abertura dos Portos às Nações Amigas. Esse fato marcou o rompimento do
Pacto Colonial, pois extinguia a exclusividade de comércio com Portugal. A Abertura dos Portos às Nações Amigas favoreceu a Inglaterra, pois aumentava o seu mercado consumidor (a Inglaterra defendia o livre-cambismo). Em março de 1808, a Corte Portuguesa foi instalada no Rio de Janeiro. Índice
Introdução
Contexto histórico
Como se deu a vinda da Família Real para o Brasil
Chegada da Corte Portuguesa no Brasil e sua estadia
Em 1º de abril de 1808, D. João estabeleceu o Alvará de Liberdade Industrial, que permitia o estabelecimento de manufaturas e indústrias no Brasil. No entanto, essa tentativa de instalar manufaturas e indústrias não funcionou, pois não havia mecanismos de proteção da produção brasileira e havia uma forte economia agroexportadora escravista.
Durante a estadia da Família Real no Brasil, diversos brasileiros foram despejados para abrigar a Corte, o que gerou insatisfação popular. Além disso, a Corte Portuguesa trouxe diversos livros, obras de arte, documentos, riquezas, entre outros artigos.
Medidas culturais tomadas por D. João
A vinda da Família Real para o Brasil trouxe diversas medidas culturais, as quais foram tomadas por D. João durante o Período Joanino. Dentre elas:
- A criação do Museu Nacional;
- A criação da Biblioteca Real;
- A criação da Escola Real de Artes;
- A criação do Teatro Real de São João;
- A criação do Observatório Astronômico;
- A criação do Jardim Botânico;
- A criação de cursos; e
- A Missão Artística Francesa, que incentivou o desenvolvimento das artes.
Tratados de 1810
Por conta do Bloqueio Continental, a Inglaterra utilizava o Brasil para escoar suas mercadorias armazenadas. Essas mercadorias eram completamente desnecessárias para o Brasil, como roupas inviáveis para os trópicos, espartilhos, candelabros e, até mesmo, patins de gelo.
Em junho de 1808, as taxas sobre as mercadorias foram reajustadas: 16% de taxa para as mercadorias portuguesas e 24% de taxa para as mercadorias das Nações Amigas. Essa medida foi tomada para corrigir a diferença que desfavorecia Portugal.
Após essa medida, os ingleses reivindicaram por seus benefícios. Dessa forma, os ingleses e portugueses estabeleceram os Tratados de 1810 (o Tratado de Comércio e Navegação, o Tratado de Amizade e Aliança e o Tratado dos Paquetes). Esses Tratados têm como principais características:
- O direito de extraterritorialidade: ingleses que cometessem crimes em territórios portugueses seriam julgados conforme a lei inglesa;
- A liberdade religiosa para os ingleses, além da garantia de que a Inquisição não seria estabelecida no Brasil;
- 15% de taxa para as mercadorias inglesas;
- Abolição do tráfico de negros.
Os Tratados de 1810 têm como principais consequências:
- A aniquilação da burguesia portuguesa mercantil em relação ao comércio com o Brasil;
- O atraso no desenvolvimento industrial brasileiro;
- O domínio britânico sobre Portugal.
Brasil elevado a Reino Unido
Em 1814, os membros do Congresso de Viena estavam redefinindo o mapa que foi muito modificado pela expansão de Napoleão e pela Revolução Francesa. Dessa forma, recomendavam o retorno da Família Real a Portugal para que o governo fosse legítimo. No entanto, Talleyrand, membro do Congresso, sugeriu a elevação do Brasil a Reino Unido para que a Corte permanecesse em território brasileiro e seu governo fosse legítimo. Em 16 de dezembro de 1815, D. João criou, por meio de uma Carta Régia, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Retorno a Portugal
Após alguns meses da invasão de Portugal pelas tropas francesas, os ingleses derrotaram e expulsaram os franceses do território português.
Em 1821, D. João VI (D. João se tornou D. João VI, pois ele se tornou rei após a morte de sua mãe, D. Maria I) retornou à Portugal devido à Revolução Liberal do Porto que ocorreu em 1820. O filho de D. João VI, D. Pedro, permaneceu no Brasil como Príncipe-Regente. Durante a regência de seu filho ocorre o processo de Independência do Brasil.
Consequências da Vinda da Família Real para o Brasil
A principal consequência da vinda da Família Real para o Brasil foi a antecipação do processo de Independência do Brasil.
Exercício de fixação
ENEM-2014
A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808. (NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997).
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem
A incentivado o clamor popular por liberdade.
B enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
C motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
D obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
E provocado os movimentos separatistas das províncias.