Quais elementos estão presentes na obra de Tarsila do Amaral Abaporu?

Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma das maiores pintoras brasileiras de todos os tempos.�

Com uma obra muito rica e variada, a artista paulista foi uma das grandes representantes do movimento modernista e � um nome fundamental da cultura do nosso pa�s.

1. Abaporu (1928) foi a obra mais importante pintada por Tarsila

O quadro mais importante pintado por Tarsila, reconhecido nacional e internacionalmente, � Abaporu, que foi criado em 1928.�

Quando pintou a tela, Tarsila era casada com o escritor Oswald de Andrade (1910-1962), e foi para ele que ela criou o quadro. Abaporu foi um presente de anivers�rio entregue no dia 11 de janeiro de 1928 que acabou se tornando p�blico e virou uma imagem que representa a cultura nacional.�

Na ocasi�o Tarsila tinha 42 anos e criou o quadro em segredo no seu ateli� durante meses antes do anivers�rio do marido. Oswald adorou o presente. Encantado com a tela, ele chegou a dizer para o amigo Raul Bopp, tamb�m escritor, que Abaporu era o melhor quadro que Tarsila havia criado.

Pintado inspirado nas cores de maior destaque da bandeira nacional, o quadro faz refer�ncia a cultura do nosso pa�s. Ele foi t�o importante que chegou a motivar a escrita do Manifesto Antropof�gico, de Oswald de Andrade.�

Na tela vemos um �nico personagem com propor��es completamente inesperadas e conectado com a terra. A cabe�a pequena e os membros enormes - o bra�o e o p� - falam sobre a desvaloriza��o do trabalho intelectual e a valoriza��o do trabalho que envolve a for�a f�sica.�

Na �poca em que Tarsila pintou o quadro, grande parte da m�o de obra no Brasil era composta por trabalhadores bra�ais. Historiadores da arte leem a cabe�a pequena do personagem - como a ponta de um alfinete - como sendo a forma de Tarsila dizer que existia no pa�s a falta de um pensamento cr�tico.

O cacto e a paisagem fazem refer�ncia a vegeta��o das regi�es mais secas, como o nordeste. O nome do quadro, Abaporu, foi dado por Tarsila depois de consultar um dicion�rio em tupi-guarani. A tradu��o para o portugu�s quer dizer homem que come carne humana.

O quadro ficou nas m�os de Oswald por pouco tempo. No ano a seguir, em 1929, o casal se separou e Tarsila ficou com o quadro para ela.�

A pintora exp�s a tela in�meras vezes, no Brasil e no exterior (em Paris e em Veneza).


2. A cuca (1924) tem refer�ncias da inf�ncia passada no interior de S�o Paulo

Tarsila nasceu no interior de S�o Paulo e passou os primeiros anos de vida na �rea rural. A inf�ncia foi vivida na Fazenda S�o Bernardo (em Capivari) e na Fazenda Sert�o (em Jundia�). Os seus pais, Jos� Estanislau do Amaral Filho e Lydia Dias de Aguiar do Amaral, eram de uma fam�lia tradicional, rica, e tiveram oito filhos.�

A mo�a, que foi criada nas terras da fam�lia, conheceu durante esse per�odo muito da cultura regional folcl�rica que ouvia contada na fazenda.

O quadro A cuca faz um elogio a essa cultura nacional e traz v�rios personagens, reais e imagin�rios, da fauna brasileira.

A cuca, protagonista da tela, faz refer�ncia a uma lenda importante que fez parte da inf�ncia da pintora. A cuca era chamada quando as crian�as n�o queriam dormir ou obedecer e era uma forma de incentivar os pequenos a se comportarem melhor. Ela e o personagem a meio do quadro�(no meio do mato), s�o seres do mundo da fantasia que dividem a tela com animais t�picos da fauna brasileira�como o sapo.

A vontade de se voltar para a inf�ncia, para os personagens caracter�sticos do nosso pa�s, surgiu depois que Tarsila levou o amigo su��o Blaise Cendrars, o poeta, no in�cio dos anos 20, para passear no interior de Minas Gerais. Quando retornou da viagem - e nos anos a seguir - Tarsila retratou muito desse imagin�rio brasileiro.


3. Oper�rios (1933) representa a fase comunista da pintora

Oper�rios, tela onde Tarsila representa uma s�rie de trabalhadores com o fundo das f�bricas de S�o Paulo, � o quadro mais famoso da fase Social da pintora.�

O quadro que fala sobre o processo de industrializa��o em S�o Paulo mostra uma s�rie de rostos muito juntos, com uma forma de pir�mide.�

� de destacar que os trabalhadores t�m tipos f�sicos muito diferentes: s�o negros, morenos, brancos, homens, mulheres, velhos, novos. Tarsila queria pintar mesmo um panorama com as v�rias faces da classe trabalhadora em S�o Paulo.�

As chamin�s das f�bricas cinza ao fundo - uma delas ativa, despejando fuma�a no c�u - mostram o momento de desenvolvimento industrial da cidade e, de uma forma geral, do pa�s.

Durante um per�odo da vida, a pintora se sentiu influenciada pela causa comunista e chegou mesmo a fazer uma exposi��o em Moscou.

Quem a levou para esse mundo pol�tico foi o ent�o namorado e futuro marido, o psiquiatra paraibano Os�rio C�sar (1895-1979), que era membro do Partido Comunista Brasileiro.

Foi com ele que Tarsila viajou para a Uni�o Sovi�tica (URSS) em 1931. Por causas dos seus ideais, Tarsila chegou a ser presa durante um m�s, em 1932, pelo governo de Get�lio Vargas.��

4. Antropofagia (1929) marcou o per�odo em que Tarsila precisou se sustentar sozinha

Uma tela bastante parecida com Abaporu foi Antropofagia, criada apenas um ano depois da sua grande obra-prima.�

Motivada a pintar com cores fortes e a elogiar a cultura nacional, Tarsila quis ressaltar durante esse per�odo como a nossa cultura brasileira era resultado da soma de v�rias culturas que ter�amos absorvido para criar algo �nico, nosso.

Em Antropofagia vemos dois personagens desproporcionais, com membros enormes e cabe�as pequenas como no quadro Abaporu. As duas telas s�o muito semelhantes, inclusive, e partilham um fundo parecido, com uma vegeta��o tipicamente brasileira.�

Do lado direito, em meio aos cactos, vemos o sol que � representado com o formato de meia laranja.

O ano em que pintou Antropofagia foi muito importante para a carreira de Tarsila, para o bem e para o mal. Em 1929 a pintora fez a sua primeira exposi��o individual no Brasil, inicialmente no Palace Hotel no Rio de Janeiro e depois em S�o Paulo.�

Nesse mesmo ano a sua vida passou por grandes mudan�as porque o pai de Tarsila, com a crise do caf� no Brasil (al�m da crise internacional) perdeu muito dinheiro e teve que hipotecar as fazendas que a fam�lia tinha.�

Pela primeira vez na vida, Tarsila precisou trabalhar para se sustentar. Ela chegou ser contratada pela Pinacoteca do Estado de S�o Paulo, onde se tornou diretora, mas com o fim do governo de J�lio Prestes perdeu o cargo.


5. Floresta (1929) foi pintado num ano triste de crise e div�rcio

Floresta faz parte da fase antropof�gica (1928-1930) e traz um mundo fant�stico com ovos cor de rosa e uma paisagem de floresta com poucos elementos pintada em tons fortes de verde.�

Ao fundo da paisagem vemos troncos sem folhas enquanto apenas a �rvore da frente, maior e cheia de vida, parece proteger os muitos ovos m�gicos que se destacam pela cor.

Quem v� as cores poderosas e as formas simples do quadro, pintado em 1929, n�o imagina o quanto esse ano foi dif�cil para Tarsila do Amaral.

Enquanto o mundo passava pela queda da bolsa de valores e o pai de Tarsila precisava hipotecar as fazendas que a fam�lia tinha no Brasil, a pintora ainda teve que lidar com um div�rcio inesperado.

Tarsila havia se casado com o escritor Oswald de Andrade h� relativamente pouco tempo, em 1926, e descobriu, em 1930, que o marido a tra�a com a jornalista, poeta e revolucion�ria Patr�cia Rehder Galv�o (1910-1962), conhecida como Pagu.�

Quando descobriu o caso, Tarsila pediu imediatamente o div�rcio.


6. A negra (1923) relembra os primeiros anos de vida da pintora

Tarsila foi uma inovadora em v�rios sentidos nas artes pl�sticas brasileira. Uma das suas atitudes de vanguarda foi ter pintado o quadro A negra, em 1923, dando protagonismo a uma mulher de pele escura.�

Esse quadro chamou bastante aten��o do pintor Fernand L�ger (1881-1955), o mestre cubista franc�s na �poca j� tinha grande fama e era professor de Tarsila.�

A pintora brasileira criou o quadro A negrainspirada nas mem�rias de inf�ncia. No per�odo em que havia escravatura no nosso pa�s, as escravas serviam como amas de leite e bab� das crian�as. Apesar de durante a inf�ncia de Tarsila j� n�o existir mais escravid�o no Brasil, ela ainda chegou a ser criada por mulheres negras (descendentes dos antigos escravos) que viviam nas fazendas e cuidavam os filhos dos patr�es.

O fundo do quadro, abstrato, d� ainda mais protagonismo para a mulher no centro da pintura. Na tela a mulher tem formas inesperadas: a boca, por exemplo, volumosa, destaca a sua origem racial.�

A personagem n�o nomeada tem contornos que chamam a aten��o para o seu corpo, especialmente um �nico seio em destaque, a mostra. Essa �nfase se explica se pensarmos que, muitas vezes, essas mulheres tinham como fun��o amamentarem as crian�as (suas e das fam�lias para as quais trabalhavam).

No ano em que criou A negra, a pintora voltou para a Europa e se estabeleceu no velho continente onde se aproximou de uma s�rie de artistas modernistas como Oswald de Andrade, que veio a se tornar seu namorado e, mais tarde, marido.

7. Sagrado Cora��o de Jesus (1904) foi a estreia de Tarsila na pintura

A c�pia da imagem religiosa foi o primeiro quadro importante que Tarsila pintou, em 1904. A mo�a tinha 16 anos quando criou a tela e vivia em Barcelona, onde estudava no Col�gio Sacre-Coeur de J�sus.�

Apesar de n�o ser uma obra original, o quadro � um trabalho importante porque marca o in�cio da carreira profissional de Tarsila.�

A pintora voltou de Barcelona, e ainda bastante jovem, em 1906, se casou com o fazendeiro Andr� Teixeira Pinto, primo da sua m�e. Foi com ele que Tarsila teve a sua �nica filha, Dulce. Os dois se divorciaram em 1913, uma escolha muito rara naquela �poca.

Tarsila, corajosa, se mudou para a capital paulista.

Depois do div�rcio, a pintora passou a se dedicar integralmente aos estudos art�sticos, tendo come�ado com as aulas de escultura (com Zadig e Mantovani) e depois passado para o desenho e a pintura (com Pedro Alexandrino).

8. Autorretrato ou Le Manteau Rouge (1923) marca o per�odo em que viveu em Paris

Em 1920,�Tarsila se mudou para Paris, onde estudou na Academie Julien. Ela embarcou para a Europa com a filha Dulce, que ficou estudando em um col�gio interno�na Inglaterra.

Quando vivia na capital francesa, Tarsila costumava oferecer para amigos no seu ateli� almo�os com feijoada e caipirinha para lembrar a casa. Muito vaidosa, nessas festas usava belos vestidos feitos pelos grandes estilistas da regi�o.

Num dos almo�os Tarsila usou um casaco vermelho e, gostou tanto da imagem que viu ao espelho, que resolveu criar o autorretrato que chamou de Le Manteau Rouge.�

O fundo da tela, azul, contrasta com a cor da roupa vermelha viva, elegante, a pele, extremamente branca, e o cabelo negro liso. Com o rosto fechado, Tarsila n�o sorri para a imagem e mant�m um ar fixo, focado. Na sua face o batom, vermelho como a roupa, destaca os seus l�bios.�

Durante esse per�odo Tarsila conheceu importantes pintores internacionais como Picasso e o casal Delaunay. Ela tamb�m conviveu com nata dos artistas brasileiros que estavam pela Europa como Di Cavalcanti e o compositor Villa Lobos.

9. E.F.C.B. (1924) foi pintado depois de uma viagem pelo interior de Minas Gerais

Um dos quadros mais importantes da obra de Tarsila, E.F.C.B. (que quer dizer Estrada de Ferro Central do Brasil) foi pintado depois do amigo su��o, o poeta Blaise Cendrars, visitar o Brasil.

Ao lado de outros amigos modernistas, o casal Tarsila e Oswald de Andrade ficou respons�vel por mostrar o pa�s ao amigo estrangeiro. Al�m de levar o poeta ao carnaval no Rio de Janeiro, o casal tamb�m foi com Blaise conhecer as cidades hist�ricas de Minas Gerais.�

Dessa viagem Tarsila voltou cheia de inspira��o, e come�ou a criar quadros que entraram para a fase Pau-Brasil.�

A tela E.F.C.B. foi exposta na Confer�ncia de Cendrars em S�o Paulo e foi resultado das imagens que recolheu durante essas viagens pelo interior. A obra ganhou o Pr�mio Aquisi��o em 1951, na I Bienal de S�o Paulo.�

Na imagem vemos uma paisagem com muito elementos: casas ao fundo, uma igreja, uma estrada de ferro a frente, com protagonismo, postes de eletricidade e at� �rvores compondo o cen�rio. A paisagem, desenhada com muitas linhas e cores, n�o tem pessoas.

Uma curiosidade: nesse mesmo ano de 1924 Tarsila ilustrou o livro de poemas Feuilles de Route - I. Le Formose, do amigo Cendrars.

10. O pescador (1925) exalta a cultura brasileira

O pescador faz parte da fase Pau-Brasil, que recebeu esse nome fazendo uma refer�ncia ao Manifesto Pau Brasil, onde Oswald de Andrade destacou o patriotismo t�pico dos artistas daquela �poca.

Tarsila e Oswald foram ficando cada vez mais pr�ximos virando de grandes amigos, logo depois namorados at� resolverem se casar em 1926.�

1926 foi um ano especialmente bom para Tarsila, fez que a sua primeira exposi��o individual em Paris, na Galerie Percier.

Durante a fase Pau-Brasil, Tarsila foi beber nas imagens da inf�ncia: ela relembrou as paisagens rurais, a cultura da fazenda, as hist�rias do folclore que estava acostumada a ouvir.�

No quadro O pescador vemos um �nico personagem principal no centro da tela com uma paisagem ao fundo constru�da a partir de tra�os simples e �rvores tropicais (repare nas palmeiras e no contorno das folhas). O pescador � flagrado por Tarsila no seu momento de sucesso, com um peixe na rede.


11. O mamoeiro (1925) celebra a cultura nacional

Em O mamoeiro vemos uma t�pica paisagem rural do Brasil, com muitos elementos da flora - com protagonismo para o mamoeiro, que d� nome ao quadro - pintados a partir de tra�os simples.��

O quadro traz muitos elementos da vida cotidiana: pe�as de roupa no varal, crian�as na rua, uma senhora na porta de casa. � como se Tarsila flagrasse um dia comum de uma pequena cidade.

Esse quadro, criado em 1925, era considerado pelo escritor M�rio de Andrade a melhor obra da pintora.��

Tarsila fez da sua arte uma interessante mistura contando com o estilo cubista e as cores tipicamente brasileiras. Segundo a artista:�

Encontrei em Minas as cores que adorava em crian�a. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opress�o, passando-as para as minhas delas: o azul pur�ssimo, rosa viol�ceo, amarelo vivo, verde cantante

12. Beatriz (1963) retrata a �nica neta de Tarsila, que faleceu ainda crian�a

O delicado retrato de Beatriz, pintado por Tarsila do Amaral em tons claros e past�is, tem uma triste hist�ria por tr�s. Pelas cores usadas no quadro temos a impress�o de que a menina se mistura com o fundo, causando um efeito como se ela fosse uma esp�cie de fantasma.

O quadro foi pintado em homenagem � Beatriz, a �nica neta de Tarsila, filha de Dulce, que faleceu em 1949, v�tima de um afogamento depois de tentar salvar uma amiga em um lago em Petr�polis (regi�o serrana do Rio de Janeiro). As duas jovens perderam a vida na ocasi�o.

Tarsila tamb�m viu a pr�pria filha Dulce falecer, j� adulta, devido � diabetes.�

Se voc� gostou de ler esse artigo sobre as obras da pintora experimente conhecer tamb�m a biografia completa de Tarsila do Amaral.

Quais elementos estão presentes na obra Abaporu?

Na pintura vemos um homem com grandes pés e mãos, e ainda o sol e um cacto. Estes elementos podem representar o trabalho físico que era o ofício da maior parte da população brasileira naquele período.

Quais elementos artísticos Nota

Sobre as cores na composição, a escolha foi por tons vibrantes que remetem à brasilidade, com destaque para o verde, amarelo e azul - cores da bandeira nacional. O cacto e o sol também fazem alusão direta à cultura brasileira, especialmente à região do Nordeste, que possui tal vegetação e sol o ano todo.

Quais os elementos presentes na obra de Tarsila do Amaral?

Na tela de Tarsila do Amaral (1886-1973) percebemos os seguintes elementos da natureza: - Plantas de grande e médio porte, plantas rasteiras e, utilizando as palavras da própria artista, "um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu e outro bicho inventado".

O que representa a obra de arte Abaporu?

Abaporu é uma clássica pintura do modernismo brasileiro, da artista Tarsila do Amaral. O nome da obra é de origem tupi-guarani que significa “homem que come gente” (canibal ou antropófago), uma junção dos termos aba (homem), pora (gente) e ú (comer).

Toplist

Última postagem

Tag