Qual a diferença de uma cerveja puro malte

Que a cerveja puro malte é bem diferente da comum e muitos a consideram muito melhor, é algo que nem precisamos discutir!

Copo de cerveja puro malte (Crédito: Monica di Loxley/Unsplash)

Conforme temos visto ultimamente, diversas marcas já têm investido no mercado de cervejas puro malte aqui no Brasil, algumas até mesmo criando cervejas com mais de um tipo de malte.

O grande diferencial para quem procura entender o porque essa cerveja é tão gostosa, é que ela possui 100% de malte de cevada, diferente das outras que possuem até 45% de adjuntos!

Mas o que é o malte? O malte é o resultado da cevada submergido em água, germinado e depois é interrompida essa germinação. O grão é tostado dessa forma, criando o malte.

Entretanto, dependendo da forma que é feito, outros tipos de malte podem surgir, tendo grãos mais ácidos, com mais cor, aroma diferente e até mesmo teor alcoólico mais alto.

Principais diferenças

Algo que muitos erram no momento que vão falar da cerveja puro malte é que a mesma sempre deve ser Pilsen, o que não é verdade.

Em sua grande maioria, as cervejas puro malte, são sim Pilsen, mas isso não é uma regra. A única regra utilizada para essa cerveja, é que ela deve ser feita de 100% de malte.

Algo que você não deve levar como regra para as cervejas puro malte é que elas nem sempre vão ser melhores do que as outras cervejas.

Isso porque o que confere a uma cerveja qualidade não é apenas o malte, mas também todos os outros ingredientes, além de todo o processo de fabricação da cerveja!

Cada marca de cerveja possui a sua diferença com relação a linha de cervejas puro malte. Mas algo que podemos destacar no Brasil é a estratégia de vendas.

Muitos não percebem isso, mas uma das grandes diferenças é com relação ao marketing. Os brasileiros veem com olhos muito melhores a cerveja puro malte.

Em alguns casos, até mesmo encarando essa com mais qualidade, o que não é verdade. As cervejas comuns também possuem grande qualidade, podendo ser ainda melhor.

O que são adjuntos?

Se você chegou até aqui, com certeza se perguntou o que é adjunto. Esse tipo de ingrediente está presente em praticamente todas as outras cervejas que não sejam puro malte.

Diversas fábricas de cervejas ao redor do mundo utilizam outros cereais para deixar as suas cervejas mais baratas para os consumidores. Entre os principais cereais podemos encontrar:

  • Milho
  • Arroz
  • Aveia
  • Centeio

Mas não se engane achando que a única função desse tipo de cereal na cerveja é deixar ainda mais barata. A verdade é que muitas fábricas utilizam esses ingredientes para equilibrar o sabor da cerveja.

Cada cereal traz um sabor diferente para a cerveja. Assim, temos uma grande diversidade de sabores ao redor de todo o mundo!

Crédito: Lutz Wernitz/Unsplash

Puro malte ou pilsen?

A verdade é que tudo depende do paladar. Não podemos dizer que uma é mais saborosa que a outra! Cada cerveja possui sua particularidade diferente, seu teor alcoólico diferente, sua cor mais encorpada, chegando, assim, em tantas variedades.

Veja também:

  • Ale ou Lager? Conheça os estilos de cerveja e qual a melhor para cada ocasião
  • Tudo sobre a cerveja Lambic: história, fabricação e degustação

Sabe qual é a boa de hoje? Botar os copos na mesa e discutir se a cerveja puro malte é sempre melhor que uma cerveja com adjuntos. Eu posso apostar que metade das pessoas que vão ler este post vão dizer “óbvio que sim” e a outra metade vai dizer “óbvio que não”.

E, pra botar lenha na fogueira, vou adiantando que, na minha opinião, nenhum dos dois grupos está correto.

E você pode me perguntar: Como assim? Qual delas é melhor então?

Ao longo do post, você vai conhecer meu ponto de vista sobre o assunto. Para embasar meus argumentos, vou relembrar lições das primeiras páginas da cartilha cervejeira: as definições de cerveja, de adjuntos e de cerveja puro malte. Depois vou falar sobre a origem da associação entre puro malte e cerveja de primeira linha e os motivos que levam muitas pessoas a relacionar o uso de adjuntos à perda de qualidade. Finalizando, vou mostrar a verdadeira vocação dos adjuntos. Fique ligado!

O que é cerveja? 

Eu tenho certeza que você sabe de cor o que diz o artigo 36 do Decreto 6.871, de 2009, que regulamenta a Lei n° 8.918, de 1994. Ficou esquisito? É só porque você não está associando o nome à “coisa”. Vou refrescar sua memória.

Art. 36.  Cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo.

Se você não tiver essa lição na ponta da língua, tem que voltar para estudar mais sobre cerveja.

Brincadeiras à parte, o que quero destacar aqui é o parágrafo quarto desse artigo, que diz o seguinte:

§ 4o  Parte do malte de cevada poderá ser substituído por adjuntos cervejeiros, cujo emprego não poderá ser superior a quarenta e cinco por cento em relação ao extrato primitivo.

Ou seja, a nossa legislação permite o uso de até 45% de adjuntos para substituir o malte nas cervejas ditas “comuns”. E as cervejarias que produzem cerveja “de massa” (famosas cervejas mainstream) não deixam pra menos e usam em suas receitas o limite máximo permitido de adjuntos.

O que é adjunto?

Adjunto cervejeiro é qualquer ingrediente usado na cerveja que não seja o malte de cevada, lúpulo, água e fermento.

Nas grandes cervejarias, ele é mais comumente utilizado como fonte complementar de carboidratos, para diminuir os custos de produção da cerveja. Para essa aplicação, ele é encontrado tanto na forma sólida (em geral cereais não maltados como o arroz e o milho), quanto na forma líquida (açúcares de cana, xaropes de malte e xaropes caramelizados, por exemplo).

No Brasil, o adjunto mais usado na indústria cervejeira é a High Maltose (ou xarope de alta maltose), que é o extrato de malte feito a partir do milho.

Outra emprego dos adjuntos, menos conhecido e muito interessante, é para dar um “tempero” especial à cerveja. Alguns dos ingredientes comumente usados como adjuntos cervejeiros buscando temperar a cerveja são, além das frutas, coentro, cascas de canela, gengibre, pimenta e fava de baunilha.

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O que é cerveja puro malte? 

Puro malte é a cerveja que tem como fonte exclusiva de açúcares o malte de cevada e que não usa qualquer tipo de adjunto.

Esse diferencial é a base da estratégia de marketing montada por grandes marcas do Brasil e do exterior, que, por sinal, foram muito bem-sucedidas ao associar qualidade a ausência de adjuntos. Basta ver a grande aceitação das cervejas como puro malte no Brasil.

Mas você pode estar se perguntando: E essas cervejas são boas? Eu respondo: Podem ser sim!

Mas será que uma cerveja é melhor que outra só porque é puro malte, ou há outras variáveis envolvidas nesse processo? 

Se você acha que toda cerveja que traz no rótulo a inscrição “puro malte” é necessariamente melhor,  abra o olho, para entender o que é lenda e o que é verdade no maravilhoso mundo cervejeiro.

Origem da associação entre puro malte e cerveja de primeira linha 

A ideia de que a puro malte é melhor que uma cerveja com adjuntos tem relação com a Lei de Pureza alemã (Reinheitsgebot), de 1516.

A lei, até hoje exaltada por muitos cervejeiros, determinava, entre outras coisas, que a cerveja só poderia ser produzida com água pura, malte de cevada e lúpulo. Embora ela tenha sido posteriormente alterada, fazendo algumas “concessões” e, naturalmente, incluindo o fermento entre os ingredientes básicos, sua versão original permaneceu como um símbolo da perfeição cervejeira.

O que interessa destacar da Reinheitsgebot, pelo menos neste post, é o que estava por trás da motivação de estabelecer padrões de qualidade para a cerveja, como está muito bem explicado neste texto.

Uma das ideias principais era poupar centeio e, principalmente, o então valioso trigo para a fabricação de pães e do líquido mais apreciado pela nobreza: a cerveja de trigo!

Resumindo: não podia faltar pão para as pessoas em geral, e nem a sagrada cerveja de trigo para a nobreza.

De qualquer forma, a escola alemã fez história, também e indiscutivelmente pela qualidade das suas cervejas, mas adicionalmente por causa de uma propaganda muito bem planejada e executada. Tanto assim que até hoje muita gente repete, que cerveja que cerveja de verdade só leva malte de cevada, água, lúpulo e fermento.

Se você é um desses, eu pergunto: Você já experimentou algumas das principais cervejas da escola belga?

Por que algumas cervejas com adjunto ficam piores que as puro malte? 

Existe uma série de motivos para uma cerveja com adjuntos não ficar tão boa quanto uma puro malte.

Lamentavelmente, algumas práticas adotadas na grandes produtoras das cervejas mainstream podem levar leigos ou cervejeiros com menos experiência a pensar que o problema está no uso de adjuntos.

Mas a verdadeira causa da perda de valor de algumas cervejas pode ser resumida em algum dos seguintes erros fatais:

  • os adjuntos (especialmente o milho) são usados em proporção excessiva, apenas para diminuir custos e sem preocupação com a qualidade. A ideia em geral é produzir uma cerveja mais barata e que de quebra, tem baixo teor alcóolico, é leve e fácil de beber;
  • os adjuntos usados podem ser de má qualidade;
  • as vezes pode ocorrer a necessidade de acelerar a linha de produção, que leva os produtores a encurtar o tempo de fermentação e de maturação necessários para produzir a cerveja. Assim, em muitas das cervejas de massa, o que a gente acha ruim e bota na conta dos adjuntos são, na verdade, off flavors decorrentes do processo de produção. Para você ter ideia, uma cerveja que é colocada em uma semana no mercado deveria levar 30, 40, 50 dias para ficar decente.

A verdadeira vocação dos adjuntos: um desagravo a esses injustiçados

Ao contrário do que dizem alguns (talvez por conservadorismo ou desinformação), o adjunto pode ser um grande aliado na produção de uma cerveja excelente. Para isso, ele deve ser usado na proporção certa (geralmente em níveis moderados) e deve ser escolhido levando em consideração o estilo da cerveja, e não apenas para diminuir custos.

Só um resumo do que eles podem fazer pela sua produção:

  • melhorar a retenção de espuma e dar mais “corpo” à cerveja (usados na medida certa, o centeio e a aveia servem muito bem a esse propósito);
  • trazer sabores e aromas únicos, como as frutas nas Fruit Lambics;
  • ajudar a fazer cervejas mais leves (o milho e o arroz são ótimos pra isso – só que é preciso usar, mas não abusar, do recurso a esses ingredientes);
  • contribuir para a elevação do teor alcóolico sem aumento do corpo da cerveja (muitos estilos belgas são bem alcóolicos, mas com não tanto corpo. E como conseguir isso? Adicionando adjuntos gloriosos como  candy sugar, calda de açúcar, melado etc.).

Então, meu amigo, não saia por ai dizendo que cerveja boa é só a puro malte. Existem cervejas puro malte excelentes, assim como existem cervejas com adjuntos fantásticas.

Por isso é que eu disse lá no início do post que nem os “puro-malteiros radicais”, nem os “adjunteiros inflexíveis” estavam inteiramente corretos.

CONCLUSÃO:  CERVEJA PURO MALTE NÃO NECESSARIAMENTE  É MELHOR QUE AS CERVEJAS COM ADJUNTOS

Fiz esse post pra te ajudar a entender o que é lenda e o que é verdade nas comparações entre puro malte e cerveja com adjuntos.

Voltei lá nas primeiras páginas da cartilha cervejeira para tirar a definição de cerveja: “bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo”. 

Acrescentei que a legislação brasileira permite o uso de até 45% de adjuntos cervejeiros (cereais não maltados, como milho ou arroz) para substituir o malte como fonte de açúcar. Disse que algumas grandes cervejarias que produzem cerveja “de massa” abusam do direito de usar adjuntos, fazendo isso sem discernimento.

Mostrei que adjuntos não são só os substitutos do malte de cevada, mas também “temperos”, como coentro, cascas de canela, gengibre, pimenta e fava de baunilha, além das frutas.

Em seguida, falei sobre a puro malte, cerveja que tem como fonte exclusiva de açúcares o malte de cevada. Disse que, em grande medida, a ideia de que a puro malte é melhor que uma cerveja com adjuntos tem relação com a Lei de Pureza alemã (Reinheitsgebot), de 1516, que determinava, entre outras coisas, que a cerveja só poderia ser produzida com água pura, malte de cevada e lúpulo. Esclareci que essa lei tinha outras motivações. Uma das ideias principais era poupar o então valioso trigo para a fabricação de pães e do líquido mais apreciado pela nobreza: a cerveja de trigo!

Mostrei que, na realidade, há outras variáveis envolvidas no processo de produção cervejeira que determinam a qualidade do produto final, e que a associação entre uso de adjuntos e perda de qualidade se deve, em resumo, aos seguintes motivos:

  • os adjuntos (especialmente o milho) são usados em proporção excessiva, apenas para diminuir custos e sem preocupação com a qualidade.
  • os adjuntos usados são muitas vezes de má qualidade;
  • existe uma pressa desesperada na linha de produção, visando ao aumento de lucros, o que leva a colocar em uma semana no mercado cervejas que precisariam ficar 30, 40 ou 50 dias fermentando e maturando. Assim, em muitas das cervejas de massa o que se acha ruim e bota na conta dos adjuntos são, na verdade, off flavors decorrentes do processo de produção.

Encerrando, fiz um desagravo aos injustiçados adjuntos, mostrando que, usados com propósito e moderação, eles podem ser grandes aliados na produção de cervejas excelentes.

Resumindo o que eles podem fazer pelo seu produto:

  • melhorar a retenção de espuma e dar mais “corpo” à cerveja (usados na medida certa, o centeio e a aveia servem muito bem a essa finalidade);
  • trazer sabores e aromas únicos, como as frutas nas Fruit Lambics;
  • ajudar a fazer cervejas mais leves (o arroz e o milho, usados sem exagero, são ótimos para isso);
  • contribuir para a elevação do teor alcóolico sem aumento do corpo da cerveja (bons exemplos disso são adjuntos como candy sugar, calda de açúcar e melado, usados em muitos estilos belgas).

E aí, vai de cerveja puro malte ou aceita uma cerveja com adjuntos?

Agora que você já sabe que a suposta superioridade das puro malte sobre as cervejas com adjunto não é uma verdade absoluta, que tal compartilhar este post no Facebook? Assim você vai fornecer argumentos para reflexão daqueles seus amigos que defendem latinhas de puro malte como as melhores cervejas e também para aqueles que dizem que o bom mesmo é beber cervejas com adjuntos. 

Qual a diferença entre puro malte e 100% malte?

O texto define que cerveja puro malte seria aquela em que o malte é 100% de cevada. Ou seja, no seu processo de malteação, não foi adicionado nenhum outro cereal, a não ser a cevada. Algumas cervejas mais populares utilizam ingredientes adjuntos, como milho ou arroz, para compor os açúcares liberados pelo malte.

O que significa 100% puro malte?

Em resumo, a cerveja puro malte é produzida com 100% de malte e não pode levar cereais não maltados na sua receita. O que acontece é que a legislação brasileira permite que até 45% dos cereais da cerveja possam ser não maltados, o que chama mais atenção para os rótulos que se dizem “puro malte”.

Porque a cerveja puro malte não engorda?

Em sua produção, as cervejas puro malte não utilizam os derivados do trigo, logo, não possuem os carboidratos derivados desse ingrediente. Também apresentam uma quantidade menor de glúten. Assim, a cerveja puro malte é uma boa opção para quem não quer engordar.

Quais são os benefícios da cerveja puro malte?

Outro detalhe é que o malte é muito rico em vitaminas e minerais, trazendo diversos benefícios para a saúde como a regulação da pressão arterial. Ele tem potássio, uma substância importante para relaxar os vasos sanguíneos, mantendo a saúde dos músculos, além de prevenir anemia, por ser rico em ácido fólico e ferro.

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