Qual é o certo eu é você ou você é eu?

1. Tu X Você

Com a evolução da língua, o pronome de tratamento Vossa Mercê passou por modificações: “vossemecê”, “vosmecê”, até chegar a “você”. De forma bastante natural, esse pomposo pronome foi se popularizando e hoje é preferencialmente usado em detrimento do pronome pessoal “tu”. Tudo bem! A língua tem dessas dinamicidades mesmo. Hoje o pronome “você” é usado como se fosse um nono pronome pessoal do caso reto (além de eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas). O problema decorre quando as pessoas misturam os elementos que acompanham os pronomes pessoais do caso reto, como os pronomes pessoais do caso oblíquo e os pronomes possessivos. Observe esse exemplo abaixo:

                Ó minha fofura, você não sabe que eu te amo mais que a tudo no mundo?

É necessário manter a homogeneidade de concordância entre o sujeito e os termos ligados a ele (verbo, pronomes, etc.). Se você iniciar a frase com você, todos os outros elementos devem concordar com você. O verbo tem que ficar na terceira pessoa, os pronomes oblíquos devem ser “o”, “a”, “se” ou “lhe”, os pronomes possessivos têm de ser “seu”, “sua”, “seus” ou “suas”. Se o sujeito for “tu”, o verbo tem que concordar com a segunda pessoa, o pronome oblíquo será “te”, e os pronomes possessivos devem ser “teu”, “tua”, “teus” ou “tuas”. Não misture as bolas!

             Você sabe que eu sempre vou te amar. (errado: você = 3ª p., te = 2ª p.)

             Tu sabes que eu sempre vou te amar. (correto: tu e te concordam entre si)

             Vem pra Caixa você também. (errado: vem concorda com tu, não com você)

             Venha pra Caixa você também. (correto: venha concorda com você)

             Vem pra Caixa tu também. (correto: vem concorda com tu)

             Telefone quando precisar, que eu vou ao teu encontro. (errado: telefone concorda com você, que é 3ª pessoa do singular; teu concorda com a 2ª pessoa do singular)

Se alguém lhe disser: Você sabia que eu te amo?, duvide; se já começou errado com o Português, é possível que a sinceridade das palavras também esteja comprometida. Corrigindo o exemplo inicial:

                Ó minha fofura, tu não sabes que eu te amo mais que a tudo no mundo?

ou           Ó minha fofura, você não sabe que eu a amo mais que a tudo no mundo?

2. Para eu X Para mim

Assunto obrigatório na maioria das apostilas de cursos preparatórios para concursos e vestibulares, já vi muitos autores defenderem que NUNCA se usa “para mim” antes de verbo no infinitivo, porque, alegam eles, “mim” nunca pratica ação alguma. O buraco é mais embaixo!!!! Nem sempre quando o pronome “mim” antecede um verbo no infinitivo, ele exerce função de sujeito. Observe o exemplo abaixo em que vemos uma construção errada quanto ao uso de “para eu” X “para mim”.

                Será complicado para eu rescindir o contrato dos novos inquilinos.

Não vamos aqui fazer análises sintáticas que nos levem à conclusão de que o verbo “rescindir” é impessoal. Existe uma maneira muito simples de você acabar com a dúvida do “para eu” X “para mim”: PARA MIM (ou PARA TI) pode ser retirado da frase sem comprometer o sentido da mensagem. PARA EU não pode sair da frase.

Portanto, se houver dúvida na hora de usar PARA EU ou PARA MIM, retire essa expressão da frase. Se o resultado fizer sentido, o certo é para mim. Caso contrário, para eu.

Ex. 1:      Foi muito difícil para eu/para mim colar os cacos do jarro.

Retirando a expressão, temos: Foi muito difícil colar os cacos do jarro, construção corretíssima, o que nos leva a concluir que o certo é para mim:

                Foi muito difícil PARA MIM colar os cacos do jarro.

Ex. 2:      Ontem não deu para eu/para mimcorrigir as provas.

Com a expressão fora da frase, temos o seguinte resultado: Ontem não deu corrigir as provas, mensagem truncada, indicando que a expressão não pode ser omitida, logo concluímos que o certo é para eu:

                Ontem não deu PARA EU corrigir as provas.

Ex. 3:      Para eu/para mimtraduzir este texto, precisarei de um dicionário de termos técnicos.

Obtemos a seguinte frase ao retirar a expressão: Traduzir este texto, precisarei de um dicionário de termos técnicos, texto incompreensível, o que nos leva a concluir que a expressão deve permanecer, portanto o correto é para eu:

                PARA EU traduzir este texto, precisarei de um dicionário de termos técnicos.

Ex. 4:      É impossível para eu/para mim fazer o relatório em apenas um dia.

Retirando a expressão, teremos: É impossível fazer o relatório em apenas um dia, estrutura perfeita, portanto a expressão correta é para mim:

                É impossível PARA MIM fazer o relatório em apenas um dia.

Analisando o exemplo inicial, percebemos que a expressão pode ser retirada da frase, por isso o correto é usar para mim. Corrigindo:

                Será complicado para mim rescindir o contrato dos novos inquilinos.

Observe que a expressão "para mim" pode "passear" na frase. No exemplo acima, podemos ter as seguintes construções:

                Para mim será complicado rescindir o contrato dos novos inquilinos.

                Será complicado rescindir o contrato dos novos inquilinos para mim.

                Será para mim complicado rescindir o contrato dos novos inquilinos.

Envie críticas e sugestões para esta coluna pelo e-mail .

Quer ver uma iniciativa bacana do seu curso divulgada na página oficial da UFMA? Envie informações à Ascom por WhatsApp (98) 98408-8434.
Siga a UFMA nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e RadioTube

Revisão: Jáder Cavalcante

Texto: JADER CAVALCANTE DE ARAUJO
Última alteração em: 26/11/2019 09:27

Qual é o certo você é eu ou eu e você?

Entre eu e você está errado. Após a preposição entre não pode ser utilizado o pronome pessoal reto eu, porque os pronomes pessoais retos assumem a função de sujeito. Está correto o uso do pronome pessoal oblíquo tônico mim porque os pronomes pessoais do caso oblíquo assumem a função de objeto indireto.

Qual é o correto eu e Maria ou Maria e eu?

Ambas as possibilidades estão corretas. A escolha de uma ou outra posição está dependente de regras de cortesia ou de outra natureza. A colocação do pronome eu em último lugar pode ficar a dever-se a uma regra de cortesia, que procura evitar uma atitude de imodéstia: (1) «A Maria, a Rita e eu fizemos este trabalho.»

O que vem primeiro eu ou você?

Quando associado a outros, em frases neutras, o pronome “eu” deverá ser o primeiro, pois ele vai condicionar a pessoa do verbo. A primeira pessoa (eu), associada a outras pessoas (tu, ele, etc.) vai exigir que o verbo vá para a primeira pessoa do plural (nós).

Qual é o certo eu e ela ou ela e eu?

Agora por uma questão de delicadeza: quem pronunciar em primeiro lugar o pronome eu, põe mais em evidência a sua própria pessoa; quem proferir em primeiro lugar ela, põe mais em evidência a outra pessoa. Pode surgir determinada situação em que, por cavalheirismo, seja conveniente falar deste modo: «Ela e eu…».

Toplist

Última postagem

Tag