Qual é o principal desafio socioeconômico que a África do Sul enfrenta na atualidade?

Pelo menos, dez pessoas morreram devido à violência xenófoba na África do Sul. A situação frágil da economia e os altos níveis de desemprego na população negra são apontados como as causas.

Pelo menos dez pessoas morreram e 423 foram detidas devido à violência xenófoba que atinge a África do Sul desde domingo (01.09), principalmente as cidades de Joanesburgo e Pretória. Os ataques, que visam sobretudo cidadãos estrangeiros, estão a chocar o país e a comunidade internacional.

Na quinta-feira, num discurso transmitido pela televisão, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, considerou os ataques injustificáveis.

Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa

"Nenhuma forma de raiva, frustração ou lamentação pode justificar estes atos de destruição e criminalidade arbitrária. Não pode haver desculpa para os ataques a residências e empresas de estrangeiros, assim como não pode haver desculpa para a xenofobia ou qualquer forma de intolerância”, afirmou o chefe de Estado sul-africano.

A população mostra-se preocupada. Nokuthula Ndlovu, uma jovem empresária a residir em Joanesburgo, conseguiu ver a violência a partir da janela de casa: "É uma total tragédia, é muito triste, especialmente os saques, homicídios, este caos… Não é bom para nós e vai assustar os investidores", lamentou.

Problemas económicos e diplomáticos

A economia da África do Sul está estagnada. Grande parte da população vive em situação de pobreza e há poucas perspetivas, especialmente para os jovens.

O desemprego no país está abaixo dos 30%, mas é muito maior entre os jovens negros sul-africanos - estima-se que a taxa de desemprego neste grupo esteja entre os 80 e 90%. Em 2018, o crescimento económico foi de apenas 0,5% e ficou assim bastante abaixo das expetativas, segundo Matthias Boddenberg, da Câmara de Comércio alemã.

"Não só não se cumprem as expectativas, como se está aquém das necessidades. É inaceitável que cada terceira pessoa aqui não tenha emprego. Sem uma economia que funcione e que cresça, não se pode combater o desemprego", explica Matthias Boddenberg.

Protestos e boicotes

Os ataques desta semana provocaram a ira de vários países africanos. A violência levou mesmo o Governo sul-africano a "encerrar temporariamente" as missões diplomáticas na Nigéria, na sequência de ameaças.

A segurança em torno das marcas sul-africanas naquele país foi também reforçada, depois de apelos ao boicote e à violência em resposta aos ataques na África do Sul. Na terça-feira (03.09), um grupo de pessoas tentou vandalizar dois supermercados da marca sul-africana Shoprite, em Lagos. A gigante de telecomunicações MTN encerrou temporariamente as suas agências na Nigéria. Também houve protestos contra a xenofobia sul-africana em países como a Zâmbia e República Democrática do Congo.

Por outro lado, o Governo em Abuja também decidiu boicotar o Fórum Económico Mundial de África, que começou na quarta-feira na Cidade do Cabo. Apesar dos recentes confrontos não estarem na agenda do programa, os participantes do encontro não se inibem de comentar a situação no país, já que o próprio fórum foi palco de protestos contra a violência xenófoba e de género.

"É a desigualdade. Eu acho que foi a desigualdade que, por sua vez, alimentou a raiva, o que levou a estes protestos. Mas a desigualdade também aumenta com o desemprego. Portanto, há um verdadeiro desafio no combate ao desemprego e desigualdade", afirmou Jackie Chimanzi, uma das participantes no Fórum Economico Mundial de África.

Bright Simons também esteve presente no encontro e considera que há um sentimento de injustiça na sociedade sul-africana: "Muitas pessoas sentem que as suas vidas não estão a ser cuidadas. Sentem que é uma questão de justiça. É por isso que trazem este assunto até aqui", diz.

"Pode ser que chegue o momento em que elas possam levar este assunto às estruturas da economia global. E as pessoas nesta sala, que são quem toma decisões, que estruturam o mundo, precisam de reconhecer isso", concluiu.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Cidade do Cabo, África do Sul - Khayelitsha

    O Global Media Forum (GMF) da DW é uma das maiores conferências de jornalismo na Alemanha. A edição de 2018 teve como lema "Desigualdades Globais". Um destaque foi a exposição "Unequal Scenes" ("Cenas Desiguais") de fotografias tiradas com drones pelo fotógrafo Johnny Miller, residente na Cidade do Cabo e fundador do projeto africanDRONE. Esta foto mostra o bairro pobre Kayelitsha à beira do mar.

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    Cidade do Cabo, África do Sul - Dunoon

    Dunoon é um bairro pobre (township) em Milnerton, Cidade do Cabo. Tem uma população de cerca de 31.000 pessoas, mas faltam infraestruturas como uma equadra da polícia. Já foi palco de protestos xenófobos. A imagem foi captada através de um drone (aparelho voador não-tripulado) do fotógrafo Johnny Miller.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Cidade do Cabo, África do Sul - Wolwerivier

    Wolwerivier é outro bairro da Cidade do Cabo. Neste caso, trata-se de um bairro temporário ("Temporary Relocation Area - TRA") administrada pelo município. Serve para albergar pessoas que tiveram que sair do centro por causa do aumento das rendas. Agora estão neste bairro isolado 25 kms do centro da cidade sem acesso a serviços como escolas, hospitais e empregos.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Johannesburgo, África do Sul - Makause

    No bairro informal de Makause residem cerca de 15.000 pessoas. Fica em Primrose, Germiston no East Rand (Ekurhuleni Metropolitan Municipality) na área metropolitana de Johanesburgo, maior cidade da África do Sul. A África do Sul é um dos países do mundo com maior fosso entre ricos e pobres, legado do regime segregacionista. Mais de 25 anos depois do fim do apartheid, ainda se vê a divisão do ar.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Durban, África do Sul - Papwa Sewgolum Golf Course

    O campo de golfe "Papwa Sewgolum Golf Course" está localizado nas margens verdes do Rio Umgeni em Durban, na África do Sul. Existe um bairro informal poucos metros do buraco número seis do campo de golf. Uma barreira de betão separa o relvado cuidadosamente cuidado do bairro de lata.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Nairobi, Quénia - Loresho/Kawangare

    Para além da África do Sul, outros países africanos mostram os mesmos sinais de separação em bairros ricos e bairros pobres como neste caso de Loresho e Kawangare, na periferia de Nairobi. Ambos ficam no nordeste da capital do Quénia.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Mumbai, Índia - Slums

    Na cidade indiana de Bombaim, oficalmente conhecida como Mumbai, o contraste entre os vários bairros até se vê pelas diferentes cores. A região metropolitana é a segunda maior do país, atrás de Grande Deli. Bombaim também é caraterizada pela convivência de ricos e pobres em espaços pequenos, já que a sua posição geográfica em ilhas limita a expansão urbana.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Cidade do México, México - Santa Fé

    A Cidade do México é considerada uma das maiores do mundo. Neste caso, o drone captou a imagem do bairro de Santa Fé, onde agentes imobiliários começaram a erguer um bairro exclusivo e próspero dentro de uma zona tradicionalmente pobre.

  • "Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones

    Detroit, EUA - Highland Park

    As desigualdades também são visíveis em países do norte, como neste caso de Detroit, nos Estados Unidos da América (EUA). Quem quiser ver mais imagens de drones do fotógrafo Johnny Miller, pode visitar o site: //www.unequalscenes.com/


Qual o principal desafio socioeconômico que a África do Sul enfrenta na atualidade?

Problemas económicos e diplomáticos A economia da África do Sul está estagnada. Grande parte da população vive em situação de pobreza e há poucas perspetivas, especialmente para os jovens.

Quais são os desafios que a África do Sul enfrenta atualmente?

Má governança, corrupção, desvio de verbas públicas, nepotismo étnico e ganância são, entre outras, características dos poderes dos dirigentes africanos que deterioram os termos de uma gestão democrática.

Qual é o país de maior economia na África Qual é o principal desafio socioeconômico que ele enfrenta na atualidade?

Nigéria é a maior economia da África, mas vive caos social - Jornal O Globo.

Qual é o principal setor econômico da África?

A principal atividade econômica praticada na África é o extrativismo mineral. Países como Angola, Nigéria, Mauritânia, Líbia, África do Sul, Republica Democrática do Congo (RPC) e Zâmbia têm nessa atividade mais da metade de suas exportações.

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