Qual o método comumente utilizado para separação das partes do sangue?

A coleta de sangue é um dos procedimentos mais comuns em análises clínicas, utilizado para diagnóstico de diversos processos patológicos. Porém cada etapa pode afetar a qualidade da amostra, desde a condição do paciente, procedimentos para a tiragem de sangue, até tubos de coleta e produtos utilizados.

Reduzir os fatores de interferência é fundamental para evitar erros laboratoriais e garantir a integridade dos resultados.

A evolução dos tubos de coleta de sangue melhorou a qualidade da amostra e a eficiência do fluxo de trabalho, bem como a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde.

Esses tubos são divididos pelas suas funções, aditivos e também possuem um código de cores que facilitam a sua identificação.

Hemograma – A importância dos exames de sangue de rotina

Tubos de coleta de sangue, seus aditivos e usos laboratoriais

O sistema de tubo de coleta a vácuo é o mais utilizado no mundo todo, devido a sua facilidade e também segurança. Os tubos são projetados para realizar a coleta, transporte e processamento da amostra.

A maioria dos tubos de coleta de sangue contém um aditivo que acelera a coagulação do sangue (ativador de coágulos) ou evita a coagulação (anticoagulante). Isso preserva a amostra garantindo o processamento adequado para cada exame. Um tubo que contém um ativador de coágulo produzirá uma amostra de soro quando o sangue for separado por centrifugação, já um tubo que contenha um anticoagulante irá produzir uma amostra de plasma após centrifugação.

Alguns testes exigem o uso de soro, alguns requerem plasma e outros testes requerem sangue total.

Como cada tubo tem uma função pré-determinada, a padronização com a codificação por cores indica o seu conteúdo (aditivo) e tem aplicação universal.

O tubo de coleta a vácuo permite também coletar a quantidade exata de sangue necessária para aquela análise, assim quando o sangue para de fluir para dentro do tubo o volume correto para a quantidade de aditivo presente foi colhido.

Confira os tubos de coleta mais utilizados, a tabela de cores e sua aplicação:

Ativador de Coágulo (vermelho)

Possui ativador de coágulo (sílica) jateado na parede do tubo, fazendo com que o processo de coagulação da amostra seja acelerado. Utilizados para determinação em soro nas áreas de Bioquímica e Sorologia. Podem ser utilizados para tipagem ABO, RH, pesquisa de anticorpos, fenotipagem eritrocitária e teste de antiglobulina direta.

Ativador de Coágulo + Gel (amarelo)

Contém ativador de coágulo jateado na parede do tubo que faz com que o processo de coagulação seja acelerado e gel separador, para obtenção de um soro com melhor qualidade. Utilizados em rotinas de bioquímica, sorologia, imunologia, marcadores cardíacos e tumorais.

Citrato de Sódio (azul)

O Citrato de Sódio Tamponado é utilizado para prova de coagulação em amostras. Diferentes concentrações de Citrato de Sódio podem ter efeitos significativos nas análises terapias anti-trombóticas, Tempo de Protombina (TP) e Tempo de Tromboplastina ativada (TTPa).

EDTA (lilás/rosa)

Possui EDTA jateado na parede do tubo e são utilizados em bancos de sangue. O EDTA é o anticoagulante recomendado para rotinas de hematologia por ser o melhor anticoagulante para a preservação da morfologia celular.

Fluoreto de Sódio + EDTA (cinza)

Utilizados na dosagem de glicose, lactato e hemoglobina glicada no plasma. O Fluoreto de Sódio é utilizado como inibidor glicolítico e o EDTA como anticoagulante, preservando a morfologia celular.

Heparina de Lítio (verde)

Possuem Heparina de Lítio jateada na parede do tubo. São utilizados quando é necessário o uso de plasma para determinações Bioquímicas. Estes aditivos são anticoagulantes que ativam as enzimas antiplaquetárias, bloqueando a cascata de coagulação.

Sem Aditivo (branco)

O tubo Sem Aditivo é utilizado como tubo de transporte para amostras, inclusive para provas de líquido cefalorraquidiano (LCR).

Mitos e verdades sobre os exames laboratoriais

Tipos de amostra de sangue

Existem 3 tipos de espécimes de sangue: sangue total, plasma e soro. Elas são usadas de acordo com as necessidades do laboratório e o analito a ser estudado. A maioria dos ensaios clínicos utiliza soro ou plasma para realizar a análise. No entanto, existem algumas precauções com o uso de amostras de plasma anticoagulado que produz diferenças para alguns analitos em comparação com os demais.

As amostras podem sofrer algumas interferências que afetam significativamente os resultados dos testes. Isso pode levar a testes adicionais, diagnósticos incorretos e tratamentos potencialmente desfavoráveis para o paciente. As interferências observadas com maior frequência são amostras hemolizadas, lipêmicas e ictéricas.

Causas de variações pré-analítica em exames laboratoriais

De acordo com a SBPC/ML (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial) existem múltiplos fatores interferentes nos exames realizados em amostras de sangue, desde o momento da coleta até o procedimento analítico. As variáveis pré-analíticas têm grande impacto sobre a qualidade dos resultados de laboratório e estão agrupadas em variáveis fisiológicas, variáveis de coleta e fatores de interferência.

As variáveis fisiológicas estão ligadas à idade, sexo, raça, gestação, etc. Já as de coleta se referem ao tempo de garroteamento, sangue colhido em locais de acesso venoso com infusão de líquidos, em pacientes hospitalizados e outros. Vamos dar maior atenção aos fatores de interferência, que são substâncias presentes nas amostras.

As interferências são classificadas como endógenas ou exógenas.

A interferência exógena resulta de substâncias não encontradas naturalmente no espécime do paciente, incluindo medicamentos e outras drogas, componentes dos tubos, aditivos e demais processos que afetam a amostra como transporte e armazenamento.

A interferência endógena é originada por substâncias encontradas naturalmente na amostra do paciente. Podem ser substâncias naturais ou fatores relacionados à saúde: hemólise (hemoglobina e outras substâncias), bilirrubina, lipídios, proteínas, anticorpos, etc.

Hemólise

Amostras hemolizadas ocorrem devido à lise (ruptura) das hemácias (glóbulos vermelhos) com a liberação de hemoglobina e os componentes intracelulares no plasma. A liberação de hemoglobina faz com que o soro ou plasma apareça vermelho pálido até a cor vermelha cereja. Isso acontece por motivo de uma coleta inadequada, mistura excessiva da amostra de sangue, transporte e armazenamento incorretos.

A hemólise afeta substancialmente a dosagem de alguns elementos. Uma das recomendações para evitar que isso ocorra é deixar que os tubos permaneçam na posição vertical até a completa coagulação do sangue, quando poderá ser centrifugado.

Lipemia

Amostras lipêmicas acusam o excesso de lipídios ou gorduras na corrente sanguínea. Esse fenômeno faz com que o plasma ou soro apareça turvo ou leitoso, interferindo principalmente em testes que usam sistemas ópticos de leitura.

A ingestão de alimentos gordurosos pode provocar lipemia que, se moderada a intensa, interfere na contagem de leucócitos, plaquetas, eritrócitos e elevar muito a dosagem de hemoglobina.

Icterícia

A amostra ictérica está relacionada ao aumento dos níveis de bilirrubina. Ela é produzida pelo organismo quando os glóbulos vermelhos se desintegram. Quando a sua excreção não acontece de forma adequada, ocorre um aumento de sua concentração no sangue, acarretando o surgimento da icterícia. O soro ou plasma ganham a cor amarelo brilhante, indicando a presença elevada de bilirrubina. Essa coloração é característica de problemas hepáticos.

1° pessoa saudável, 2° hemólise, 3° icterícia e o 4° lipemia. Foto: Hidden Beauty: Exploring the Aesthetics of Medica

Produtos Kasvi para coleta de sangue

Referências:

  • Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. – Barueri, SP : Manole : Minha Editora, 2014
  • Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso – 2. ed. Barueri, SP : Minha Editora, 2010
  • Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: boas práticas em flebotomia
  • Dimeski G. Interference Testing. The Clinical Biochemist Reviews. 2008;29(Suppl 1):S43-S48.

Qual método comumente utilizado para separação das partes do sangue?

Centrifugação do Sangue Esse aparelho realiza um movimento rotativo bastante acelerado que faz com que as partes que compõem o sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma) se separem. Após essa separação, torna-se possível a análise de cada uma delas.

Como separar o plasma do sangue?

Na realização de exames de sangue, é necessário separar os elementos celulares do plasma. Por intermédio da centrifugação, é possível realizar essa separação e obter o soro. Durante esse processo, que é feito sem uso de anticoagulante, o fibrinogênio é consumido, formando um coágulo e separando a parte líquida (soro).

O que é o processo de centrifugação?

Realizar a centrifugação nada mais é do que acelerar o processo de decantação. Se o objetivo for separar rapidamente o sólido de um líquido, podemos submeter a mistura a uma centrífuga. Ela vai girando em alta velocidade e depositando no fundo as partículas sólidas, que são mais densas.

Como separar o soro do sangue sem centrífuga?

Após a retração do coágulo você pode separar o soro de duas maneiras: espontânea ou mecânica. 1- Aspire e transfira cuidadosamente o soro para um tubo limpo, previamente identificado. Use uma pipeta Pasteur ou automática. Cuidado: não toque o coágulo para que as células não se misturem com o soro.

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