Resposta de bolsonaro a carta da cpi

Líderes da Comissão pediram que o presidente se manifestasse sobre as acusações de irregularidades na compra da Covaxin, que ele nega

Reprodução

Presidente Jair Bolsonaro disse que não vai responder à carta dos senadores da CPI

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante a live semanal desta quinta-feira, 8, que não vai responder à carta enviada ao Palácio do Planalto pelos líderes da CPI da Covid-19. “Ignorei vocês, não vai ter resposta”, disse. O mandatário criticou o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), o relator Renan Calheiros(MDB-AL) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pontuou que eles não estão preocupados com a verdade. “Que resposta posso ter para a CPI que não quer colaborar com nada, apenas desgastar o governo?”, questionou. “Renan Calheiros, deita aí para você esperar minha resposta. Eu não vou responder para gente sem qualificação como vocês”, completou. Bolsonaro também negou as acusações sobre irregularidades na compra da vacina Covaxin, alvo da CPI. “Me rotulam como corrupto onde não gastei um centavo com essa vacina e não recebi uma dose sequer”, defendeu.

Na carta enviada ao Planalto, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues pediram explicações sobre as suspeitas envolvendo as negociações da vacina e cobraram o governo sobre o silêncio diante das acusações. “Solicitamos, em caráter de urgência, frente à gravidade das imputações feitas a uma figura central da gestão, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luís Miranda. […] Somente V. Ex. ª pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros do deputado Ricardo Barros, o qual serve o governo em uma função proeminente”, diz um trecho do documento. Os senadores afirmam que decidiram enviar a carta a Bolsonaro porque, mesmo 13 dias após o depoimento, ele não se manifestou sobre as denúncias.

Assista a live completa no programa “Os Pingos Nos Is“, da Jovem Pan:

Usando palavra de baixo calão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (8) que não vai responder a uma carta do comando da CPI da Covid no Senado que provoca o mandatário a se manifestar sobre o depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) a respeito do caso Covaxin.

"Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada!", afirmou Bolsonaro em sua live semanal. A carta é assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).

O presidente voltou a atacar senadores independentes e de oposição e se referiu aos três da cúpula da CPI como "imbecil", "hipócrita" e "analfabeto". "Não vou responder nada para estes caras, não vou responder nada para este tipo de gente", disse Bolsonaro.

"Não me interessa falar sobre a CPI da mentira. Porque se eles tivessem algo concreto contra mim, não estariam querendo fazer pergunta para mim [sobre] o que aconteceu aqui, nesta sala, em março, quatro meses atrás", afirmou o presidente.

Bolsonaro voltou a usar a tese de que não houve corrupção porque o governo não pagou nada.

"Eu agora sou corrupto sem ter gasto R$ 0,01 com vacina."

m carta protocolada no fim da tarde na Presidência da República, os senadores afirmam: "Tomamos essa iniciativa de maneira formal, tendo em vista que no dia de hoje, após 13 dias, Vossa Excelência não emitiu qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas à Vossa Excelência, que recaem sobre o líder de seu governo".

À CPI Luis Miranda declarou que alertou Bolsonaro, em março, sobre as suspeitas em torno do caso Covaxin. Segundo ele, o presidente associou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), às supostas irregularidades —Barros nega ter participado da negociação para a compra da Covaxin.

Os parlamentares da CPI da Covid pedem que Bolsonaro confirme ou desminta a afirmação do deputado.

Na semana passada, a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de inquérito contra Bolsonaro para apurar se ele cometeu o crime de prevaricação ao ignorar denúncias de irregularidades acerca das negociações para compra da Covaxin.

A magistrada também autorizou que a Polícia Federal colha depoimento do chefe do Executivo. Rosa atendeu a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para investigar o caso. A solicitação da Procuradoria, porém, só foi feita após pressão da ministra.

Inicialmente a PGR havia pedido para aguardar o fim da CPI para se manifestar sobre a necessidade ou não de investigar a atuação do chefe do Executivo.

A ministra, que é relatora do caso, porém, rejeitou a solicitação e mandou a Procuradoria se manifestar novamente sobre o caso.

Em uma decisão com duras críticas à PGR, Rosa afirmou que a Constituição não prevê que o Ministério Público deve esperar os trabalhos de comissão parlamentar de inquérito para apurar eventuais delitos.

A Procuradoria da República no Distrito Federal identificou um descumprimento do contrato assinado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde, com quebra de cláusulas sobre o prazo de entrega da Covaxin. O Ministério Público Federal investiga a suspeita de favorecimento à Precisa.

Em depoimento mantido em sigilo pelo MPF, Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde e irmão do deputado Luis Miranda, afirmou ter sofrido pressão atípica para tentar garantir a importação da Covaxin, cujo contrato com a Precisa tinha prazos para fornecimento de doses já estourados naquele momento.

A Procuradoria aponta cláusulas benevolentes no contrato assinado entre a Precisa e a Saúde; quebra contratual, com o desrespeito dos prazos acertados; e suspeita de favorecimento à empresa, que faz a intermediação da vacina a mais cara —US$ 15 (R$ 80,70) por dose— dentre as adquiridas pela pasta.

Como revelou a Folha, o Ministério Público Federal enxergou indícios de crime e desmembrou a investigação. A parte relacionada à aquisição da vacina Covaxin foi enviada no último dia 16 para um ofício da Procuradoria que cuida de combate à corrupção.

No despacho que desmembrou o procedimento, a procuradora Luciana Loureiro citou a "temeridade do risco" assumido pelo Ministério da Saúde com a contratação relacionada à Covaxin, "a não ser para atender a interesses divorciados do interesse público".

Toplist

Última postagem

Tag