O maior risco dos vómitos, que é mais exacerbado quanto mais pequeno é o bebé, é a desidratação pela perda de líquidos. Assim sendo, a grande prioridade é conseguir que o bebé pare de vomitar e tenha um maior aporte de líquidos.
Primeiro terá de fazer uma pausa alimentar, isto é, não dar nada que comer ou beber ao bebé. Passadas 1 a 2 horas se o bebé evidenciar sinais de fome e se ainda fizer leite materno pode oferecer-lhe a mama até ele querer, se fizer leite artificial prepare apenas metade da quantidade de leite que ele come habitualmente e se tolerar aumente gradualmente. Se ele não quiser não insista.
Em caso de crianças mais velhas e consoante a fase em que esta se encontra na introdução de novos alimentos, pode oferecer 1 colher de chá de 5 em 5 minutos de um destes preparados, sem insistir:
- Soro de reidratação oral que se vende nas farmácias e de vários sabores;
- Chá preto fresco e açucarado, mas diluído, ou seja, para uma parte de chá dilua em 3 partes de água. O chá preto evita o vómito e o frio tem um efeito repousante sobre as paredes do estômago;
- Água chalada com açúcar;
- Água de arroz ou soro caseiro (ver como preparar em “Qual a dieta do bebé com diarreia?”);
Se a criança se mantiver 6 horas sem vomitar e lhe apetecer, poderá começar a comer, sempre em pequenas quantidades:
- Bolachas “Maria” ou de água e sal;
- Tostas ou torradas secas;
- Sopa sem gordura;
- Fruta cozida;
- Alimentos cozidos ou grelhados.
Não dê:
- Leite de vaca.
- Fritos ou alimentos gordurosos;
- Alimentos condimentados;
- Muita quantidade de alimentos de cada vez, mesmo que a criança refira que ainda tem fome.
Por Susana Carvalho de Oliveira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Parteira de profissão e de coração desde 2011. Impulsionadora e diretora do projeto VouNascer. Desde 2006 que trabalha na área de obstetrícia, primeiramente no internamento de obstetrícia de um hospital privado, da área da grande Lisboa, e atualmente no bloco de partos e urgência obstétrica de um hospital público. É também conselheira em aleitamento materno reconhecida pela OMS/UNICEF, reflexologista na área da gravidez e parto, e co-autora do Método Nova-Génese. Empreendedora e dedicada de natureza. Tem 2 filhos rapazes que todos os dias lhe recordam as alegrias da maternidade.
Os vómitos são um sintoma bastante frequente em idade pediátrica constituindo um motivo habitual de preocupação por parte dos pais.
É normal que bebés e crianças vomitem ocasionalmente. A duração dos vómitos não costuma ser superior a 1-2 dias e geralmente não significam situações graves.
Na maioria dos casos, a criança pode ser tratada em casa, sendo o mais importante assegurar que continue a ingerir líquidos para evitar a desidratação. Se os vómitos forem persistentes ou se houver desidratação pode ser necessário tratamento em ambiente hospitalar, nomeadamente internamento.
Os vómitos podem acompanhar-se de dor de barriga, diarreia ou febre. Em algumas crianças podem surgir pontos vermelhos na face que se devem ao esforço feito para vomitar. Não são motivo para preocupação desde que não apareçam noutro local do corpo.
As causas dos vómitos
- Gastroenterite – infeção provocada por vírus ou bactéria que também pode originar diarreia
- Alergia alimentar: além do vómito a criança pode apresentar outros sintomas, tais como lesões de urticária, inchaço da face/lábios/língua, dificuldade respiratória
- Outras infeções: infeção urinária, otite, meningite, pneumonia
- Intoxicações/envenenamentos
- Intolerância/alergia ao leite de vaca
- Refluxo gastroesofágico
- Apendicite
- Tosse intensa
- Enjoos de movimento (viagens de carro/barco)
- Enxaqueca
- Traumatismo craniano
É caso para ir ao médico se…
A criança deve ser observada pelo médico assistente quando:
- Apresentar sonolência e/ou prostração extremas
- Não se mexer ou não conseguir estar de pé
- Vomitar persistentemente não conseguindo manter líquidos
- Mostrar sintomas de desidratação – boca e língua secas, choro sem lágrimas, diminuição da quantidade de urina
- O vómito é de cor castanha, verde ou tem sangue
- A dor de barriga é muito intensa
- Além dos vómitos tiver também dor de cabeça, manchas no corpo, alteração do estado de consciência
- Tiver idade inferior a três meses e vomitar duas ou mais vezes
- A criança vomita o tratamento prescrito pelo médico
- For criança com outros problemas de saúde: diabetes, traumatismo craniano ou abdominal, cancro, criança transplantada, criança com anemia de células falciformes
- A febre for elevada e resistente ao tratamento
- A criança aparentar estar muito doente
Tratamento dos vómitos
- Após vomitar não oferecer nada à criança durante 20-30 minutos
- Não parar a amamentação
- Para compensar as perdas de líquidos devido aos vómitos, iniciar lentamente hidratação oral (preferencialmente, solução de hidratação oral – à venda em qualquer farmácia). Se não voltar a vomitar em 3-4 horas pode aumentar gradualmente a quantidade de líquidos. O importante é evitar a desidratação
- Quando tolerar bem os líquidos oferecer gradualmente refeições pequenas e leves (bolachas, fruta cozida)
- Respeitando as preferências da criança, optar sobretudo por cozidos/grelhados evitando gorduras e açúcar em excesso
- Aumentar lentamente a quantidade de líquidos a oferecer entre as refeições
- Se a criança estiver sem vomitar há 24 horas pode voltar gradualmente à alimentação normal
- Na criança não está recomendada utilização de medicamentos antieméticos (contra os vómitos) fora do ambiente hospitalar
- Tentar que a criança durma durante algumas horas. O sono promove o esvaziamento do estômago contribuindo para o desaparecimento da necessidade de vomitar
Os vómitos são um sintoma bastante frequente na criança. A pausa alimentar e a hidratação oral fracionada geralmente levam à resolução da situação sem que haja necessidade de consultar o médico.
No entanto, é de extrema importância a vigilância dos sinais de alarme que fazem com que a observação médica seja praticamente obrigatória. Os pais devem evitar transmitir ansiedade à criança.
Publicado a 14/07/2014
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