Tomar banho todos os dias, relaxar em redes, gostar de comidas à base de mandioca e milho. Como você provavelmente já sabe, nós, brasileiros, herdamos uma série de costumes dos índios. Isso sem mencionar os nomes de ruas, bairros, rios e objetos originários das línguas indígenas.
O Incrivel.club selecionou alguns que fazem parte do nosso cotidiano cujo consumo ou uso herdamos dessas extraordinárias culturas. Confira.
Mandioca
Um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros e em mais de 100 países foi descoberto justamente pelos índios. A ONU declarou que a mandioca é o alimento do século. Com ela, é possível fazer centenas de pratos diferentes, doces ou salgados.
Pipoca
Muito conhecida nas salas de cinema e em festas juninas, a palavra pipoca é derivada de duas palavras tupis: ’pi’ significa pele, e ’poka’ estourar, ou seja, ’estourando na pele’.
O hábito de tomar banho todos os dias
Quando aportaram por aqui, os portugueses não entenderam o motivo pelo qual os índios se banhavam todo os dias nos rios. Logo os europeus também aderiram, iniciando com a lavagem dos pés, e, aos poucos, de todo o corpo. O Brasil é um dos poucos países onde as pessoas tomam mais de um banho por dia.
Termos e palavras
Cidades, bairros, objetos e várias outras palavras do vocabulário indígena foi incorporada ao português. Uma delas é Butantã, da foto acima, bairro que fica na zona oeste da cidade de São Paulo.
Rede de dormir
As confortáveis redes que conhecemos hoje eram feitas de cipós pelos índios. Os descobridores do Brasil perceberam que o objeto tinha várias funções — usada como meio de transporte e até em velórios — e passaram a adotar outros tipos de materiais para a sua confecção.
E você, conhece algum outro hábito adotado pelos brasileiros que tiveram origem nos costumes indígenas? Conte para gente.
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Contribuição dos Indígenas para a Sociedade Brasileira, artigo de Valdir Lamim-Guedes
[Ecodebate] Antes da constituição federal de 1988, prevalecia uma visão integralista quanto aos povos indígenas, calcada na ideia de que estes grupos sociais estavam fadados a extinção, com a cultura e saberes destas pessoas contribuindo muito pouco para a construção da nação brasileira.
A carta de 1988, que estabelece a estrutura do estado brasileiro vigente atualmente, trouxe uma nova perspectiva a cerca dos grupos indígenas – valorizando a cultura e saberes destas pessoas – e o direito de terem uma cidadania diferenciada.
O “direito a diferença”, como esta cidadania diferenciada também é chamada, permitiu aos indígenas o direito de terem a sua própria cultura, mantendo seus costumes, e garantindo, entre outras coisas, que as crianças sejam educadas na língua falada pelo grupo social em que vive. Além deste direito, outros foram assegurados pela constituição federal, alguns destes são o direito a terra, a demarcação das reservas indígenas, ao uso dos recursos naturais dentro das reservas, acesso à saúde e a proteção dos índios e de seus bens pela União.
Estes direitos permitem que estas pessoas continuem contribuindo para o país. Esta contribuição dos povos indígenas refere-se à proteção de áreas naturais, ao uso sustentável dos recursos naturais (incluindo o patrimônio genético mantido nas roças e áreas florestadas dentro das terras indígenas) e ao conhecimento que detém sobre o meio ambiente (uso de plantas medicinais, citando apenas um exemplo). Além disto, os índios também contribuem para o país por causa das relações sociais e com o meio ambiente existentes nas comunidades indígenas podem servir como formas de interação social alternativas as nossas, contribuindo para a quebra de paradigmas e a constituição de novas relações socioambientais por nós.
Apesar do exposto até aqui sobre os avanços legais na questão indigenista, dois aspectos necessitam ser maximizados, por reestruturação administrativa ou a partir de novos aparatos legais, estes são: presença do poder público, possibilitando acesso a saúde, educação e acelerando a demarcação da reservas indígenas e etc.; e participação política, para a defesa dos interesses dos povos indígenas por representantes próprios.
Assim, os indígenas já contam com um certo aparato do estado para assegurar seus direitos, mas que pode ser melhorado, permitindo uma participação maior dos indígenas na sociedade brasileira.
Um efetivo reconhecimento dos povos indígenas e a valorização e preservação do modo como vivem é a base para que eles continuem exercendo o papel deles na sociedade brasileira.
Valdir Lamim-Guedes, Mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais, Universidade Federal de Ouro Preto, é colaborador e articulista do EcoDebate.
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