Qual a importância da alfabetização e do letramento na Educação Infantil?

A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Luciana Pereira BRAGA

RESUMO: A proposta desse trabalho é apresentar entendimentos referentes às práticas de alfabetização e letramento dentro do desenvolvimento infantil. Buscando pelos conceitos que norteiam essa prática educativa, abordando os modelos de ensino junto com o aprendizado infantil. Enfatizando práticas de leitura e escrita que conduzem as experiências sociais adquiridas nos contextos escolares e familiares. Demonstrando com isso que a aprendizagem é adquirida a todo o momento dentro e fora da escola, e que a família tem um grande significado para o descobrimento do conhecimento perante aquele que aprende.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização; Letramento; Educação Infantil.

1 Introdução:

A busca pelo entendimento da alfabetização e letramento se faz quando conseguimos diferenciá-los. Por isso é necessário esclarecer a importância que cada uma assume nos processos de aprendizagem. Porém o trabalho mesmo sendo diferente precisa ser em conjunto para que juntos consigam desenvolver as capacidades daqueles que aprendam. Somente com esse trabalho poderão alcançar sucesso desde início no desenvolvimento da leitura e da escrita para as crianças que já estão em busca do conhecimento.

A proposta do desenvolvimento desse trabalho está em demarcar a precisão e a necessidade dos professores trabalharem com crianças em idades escolares ainda bem pequenas. Buscando uma proposta lúdica, que envolva leitura e escrita, oferecendo apoio de confiança para as grandes descobertas que juntos realizaram ao longo do período escolar. Preza-se muito pelas necessidades do professor em estimular essas crianças para que o desenvolvimento aconteça de maneira harmoniosa e prazerosa. Não podemos esquecer o papel fundamental que a família carrega para o desenvolvimento produtivo dessa criança. O meio social que a criança primeiramente descobre são seus laços familiares. No aconchego da família a criança percebe sua primeira visão de mundo, e suas primeiras descobertas acontecem. Refletindo que a criança não caminha sozinha nesse novo mundo de conhecimento a escola e as famílias são partes conjuntas nessa caminhada.

A metodologia apresentada está respaldada em dados bibliográficos, para um maior aprofundamento do tema proposto. Justifica-se a escolha do devido tema para demonstrar o quanto as crianças vivem hoje num mundo de muitas estimulações. Percebemos que muitas das estimulações se dão num primeiro momento visualmente, como livros infantis, desenhos entre outros. Alguns estímulos acontecem pela parte sonora como as músicas e há diversas maneiras de ensino que acompanham constantemente a aprendizagem dos nossos pequenos desde cedo.

De tal modo que a aprendizagem deve ser desenvolvida com estímulos e dinamismo, compete ao professor buscar por metodologias diversificadas para atender essas crianças que estão no início de suas vidas estudantis. Pois através dessa mistura de saber e prazeres às crianças começam adquirir seu conhecimento e construir suas primeiras relações afetivas com seus grupos de colegas em sala de aula. Ao lado da escola juntamente com a participação da família, a criança começa estabelecer seu desenvolvimento cognitivo, suas relações sociais, seus desejos e também seus medos. A escola juntamente com a família interagindo e desfrutando com a criança seus interesses oferece uma bagagem cultural de tamanha significância.

Portanto diante de muitos fatores favoráveis para o desenvolvimento da criança, tanto nas questões cognitivas, afetivas e sociais. Podemos enfatizar o amadurecimento dos processos de linguagem da alfabetização e do letramento que se encontram constantes nas suas primeiras habilidades escolares e também sociais. Sendo através de todo um cenário adequado as habilidades para leitura e escrita permaneceram em constante interação entre o prazer de se aprender e a necessidade de se realizar determinada tarefa.

2 Desenvolvimento

2.1Origem e Conceitos de Alfabetização

No artigo A Importância do Letramento na Alfabetização começa-se entender como se inicia todos os processos que deram origem a alfabetização e a escrita. Por meio desse estudo é possível compreender melhor os motivos e as necessidades do desenvolvimento da comunicação no dia a dia da nossa sociedade.

Estudando a origem da alfabetização é possível constatar que devido às necessidades da comunicação do dia a dia da humanidade é que surgiu a escrita e a leitura, e que ao inventar a escrita, o homem também fez surgir à necessidade de que ela continuasse a ser usada e passada para as novas gerações. Devido a essa necessidade surgiu à alfabetização, ou seja, processo inicial de transmissão de leitura e escrita. (MARTINS & SPECHELA, 2012, p.3).

Pensar na alfabetização é atentar para os processos que norteia essa prática, iniciam-se quando o indivíduo consegue ler e escrever reconhecendo as letras do nosso alfabeto. O processo de alfabetização traz coerência quando conseguimos adquirir o domínio pela linguagem sendo possível através desse momento adquirir habilidades para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Podemos assim enfatizar que quando a criança possuiu o domínio das diversas competências e técnicas que norteiam a alfabetização, a mesma se encontra envolvida nos arranjos da leitura e da escrita. (SOARES, 2002).

Podemos acrescentar com precisão os relatos da autora Soares (2003, p.15), quando a mesma expõe as seguintes informações:

Designe tanto o processo de aquisição da língua escrita quanto o do seu desenvolvimento, ou seja, ensinar o código da língua escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever, na configuração das habilidades básicas de leitura e escrita, na definição da competência em alfabetizar. (SOARES, 2003, p. 15).

Portanto buscar pela alfabetização é entender e compreender como se manifesta seus significados. Seguindo sempre o objetivo da comunicação com a interação verbal pela procura da realidade no qual estamos inseridos. Através das necessidades, das dificuldades que a criança adquire no seu dia a dia e a participação da escola e da família é que os processos relacionados à fala e a escrita irão se concretizar no processo de aprendizagem.

2.2 Origem e Conceitos de Letramento

A palavra letramento ainda é uma palavra nova, sua origem se deu com o lançamento do Dicionário Hoauaiss da Língua Portuguesa em 2001. Teria se concretizado no mundo da educação através da autora Mary Kato em seu livro No mundo da escrita: Uma Perspectiva Psicolingüística. Brito (2005, p.27).

Segundo o autor Brito (2005, p.31), o conceito da palavra letramento se define através de práticas sociais por meio da leitura e da escrita. Em razão deste conceito demarca os modos de participar e produzir em nossa sociedade uma cultura escrita que prevalece tanto em ambientes escolares como em outros ambientes sociais nos quais estamos em constante interação.

Quando refletido sobre a chamada norma padrão ou norma culta, o autor Kato (1986, p.7), estabelece essas normas como conseqüência do letramento. O mesmo defende que é papel da escola disfarçadamente desenvolver nos alunos o domínio por uma fala ainda institucionalizada. Linguagem essa falada institucionalmente aceita por todos que persistem na cultura da língua. O autor expõe que letramento nesse contexto refere-se à conquista pela escrita. Agora se enfatiza letramento como um método contínuo e não mais em aprendizagem por instruções. E apontar que indiretamente ou disfarçadamente é uma função da escola é dizer que esse processo não se constrói sozinho. Ou seja, a sociedade e a família fazem parte dessa caminhada conjunta com a criança. Pois antes de chegar até a escola, a criança tem toda uma vida social. Antes de iniciar seus primeiros contatos com o mundo da alfabetização a criança já foi apresentada a nossa sociedade. Os pais já conduziram essa criança para a socialização, quando escolheram seu nome, apresentaram sua família e introduziram no seu dia a dia hábitos que adquirimos socialmente.

A palavra letramento tem a seguinte origem:

O termo letramento surgiu porque apareceu um fato novo para o qual precisávamos de um nome, um fenômeno que não existia antes, a palavra inglesa literacy que por sua vez, vem do latim littera, que significa letra. Encontramos aqui a origem etimológica do termo, ou seja, adicionado o sufixo cy, que significa qualidade, condição, estado, fato de ser, cujo sentido passa a ser estado ou condição que aquela assume que domina a leitura e a escrita. (SOARES, 2002. p.17).

Letramento tem a seguinte explicação:

Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado das praticas da leitura e da escrita socialmente. (SOARES, 2002, p.18).

O surgimento do letramento se deu perante a seguinte reflexão:

O termo letramento apareceu devido à mudança na maneira de considerar o significado do acesso à leitura e à escrita em nosso país da mera aquisição da “tecnologia” do ler e escrever à inserção nas práticas sociais de leitura e escrita. (SOARES, 2002, p.21).

O letramento se constitui perante a aquisição de várias habilidades entre elas capacidade de conhecimentos que devem ser desenvolvidos perante o meio social da criança. Interagindo-se juntamente com vários gêneros e funções textuais que possuem tanto a leitura como a escrita.

2.3 Processos de Desenvolvimento da Alfabetização e do Letramento na Educação Infantil.

Quando a criança inicia seu processo de alfabetização e letramento é importante uma interação entre os processos de leitura e escrita. Começa um envolvimento muito significativo na relação da criança com o mundo. Suas primeiras descobertas passam a ter sentido e o que antes não podia ser compreendido agora faz relevância no seu dia a dia. Com o tempo as crianças têm a certeza que o conhecimento é o grande provocador de tudo que estão vivendo dentro do ambiente escolar e também em casa com os familiares.

É o início de um momento para conscientizar essas crianças dos vários papéis que representamos na nossa sociedade, entre eles o de leitor e escritor com toda bagagem cultural que a mesma traz consigo. Bagagem essa que foi se moldando a longos anos com a participação da sua família juntamente com seu meio social. Micottiet al. (2009).

A própria ação da criança em relação à escrita e a leitura no contexto social que a mesma vive, colabora para que seu desenvolvimento ocorra de maneira promissora. Para isso é preciso oferecer a criança possibilidades para o aprendizado. Como manusear livros, ter contato com letras alfabéticas, as cores, os formatos de objetos diferentes, músicas entre outros. Necessita-se oferecer estímulos que desperte a imaginação e a aprendizagem para essa criança. Torna-se muito significativa a linguagem oral e escrita nesse momento vivido pela criança, contos de histórias infantis são de grande relevância nesse período. Nesse momento o senso de interpretação da criança começa a se tornar mais pertinente, oferecendo a ela significados daquilo que está ao seu redor.

Com os processos de ensino e aprendizagem iniciados em sala de aula, passa a ser papel do professor, buscar por muitos estímulos significativos para alcançar as capacidades cognitivas dessas crianças. No momento que a leitura e a escrita se interage com a criança, deve-se refletir sobre os métodos e técnicas utilizadas. Buscando sempre melhores condições de aprendizado para que seu crescimento permaneça contínuo.

Para isso a autora Soares (2003, p.27), demonstra sua preocupação em relação ao ensino com crianças:

O ensino referente ao desenvolvimento de conhecimentos sobre a escrita não pode se reduzir à memorização de técnicas de decifração, mas, deve proporcionar situações desafiadoras em que o aluno tenha de racionar. Ao elaborar suas idéias, e seus modos de agir, a criança aperfeiçoa seus instrumentos cognitivos que possibilitarão o acesso a saberes cada vez mais complexo.

Pela proposta do ensino, o desenvolvimento da criança juntamente com o aprendizado da alfabetização ocorre quando há uma participação efetiva nas atividades sugeridas pela escola, ou seja, a criança se interage dinamicamente durante o período escolar. A vivência e a interação da leitura e da escrita nesse período confirmam a necessidade de sempre colocar essa criança em contato com a comunicação. Podemos dizer de situações reais no seu dia a dia. Isso torna responsabilidade do professor que têm como compromisso oferecer a criança desafios e ajudas, respeitando sempre seu nível de conhecimento e aprendizagem.

Deste modo um ambiente estimulador de escrita e leitura para a criança deve se atentar as seguintes provocações:

Antes de entrar para a escola, a criança já está em contato com um importante meio alfabetizador: o ambiente que o cerca, com mil formas, cores e imagens. Contudo, para que esse ambiente se torne efetivamente um instrumento alfabetizador, ela precisa estar preparada para percebê-lo, e seu senso de observação e sua curiosidade precisam ser despertados. A criança precisa perceber que o valor social da escrita e leitura é a comunicação. Para isto acontecer, o professor tem que preparar a sala de aula servindo para despertar os sentidos do aluno, transformando-se em um local propício à aprendizagem da alfabetização e letramento. O alfabeto é um material imprescindível na sala de aula, podendo ser exposto, fixado na sala e também o alfabeto móvel disponível para o aluno consultar e manusear para formar palavras. A grafia das letras e a seqüência são elementos de percepção, comparação e elaboração de idéias, interrogações e hipóteses. Gradativamente os alunos vão fazendo relações entre letras e sons, entre letras do alfabeto e do seu próprio nome, entre as letras e de outras palavras significativas, com o nome dos colegas e do professor, desde que o alfabeto seja retomado constantemente em atividades e situações que favoreçam essas comparações. (RUSSO, 2012, p.19)

A variedade de maneiras para o desenvolvimento da aprendizagem é múltipla. Hoje é possível encontrar habilidades diferenciadas para trabalhar com as crianças e conseguir alcançar muitas áreas da cognição de modo criativo e estimulante. O acesso a linguagem, a leitura e a escrita é constante, nossa própria sociedade estimula constantemente o uso da fala e da escrita. Desde muito pequenos somos convidados há entrar num mundo totalmente letrado e identificado. Tudo possui nome e características distintas, a todo o momento apresentamos esse mundo social, com uma cultura própria para as nossas crianças. Estamos sempre em um processo contínuo de estimulação pela fala e pela escrita.

Na sala de aula, compreende-se um dos papéis mais significativos para a vida escolar das crianças. Nesse ambiente de muita estimulação, as crianças envolvidas com tantas novidades, estão propiciais para a aprendizagem. É um momento de muita motivação para o início da alfabetização e do letramento escolar. Juntamente com diversas atividades e materiais didáticos que farão partes desse período. A intervenção da professora é essencial, pois a todo o momento ela confirma para a criança sua capacidade de conseguir aprender mais e mais. Através da professora a criança realiza suas atividades de maneira lúdicas e prazerosas. Transformando muitas às vezes os desinteresses de algumas crianças em motivação para outras. O grupo escolar passa se conhecer, se interagir e aos poucos começa também a descobrir suas afinidades. Os laços sociais e afetivos começam se constituir contribuindo grandemente para mudanças e melhoras de comportamento. RUSSO (2012).

Existem muitas atividades para o desenvolvimento da criança podemos destacar os desenhos infantis, os rabiscos, jogos e muitas brincadeiras que contribuem grandemente para que as crianças desenvolvam. Além de uma estimulação que se une com brincadeiras, nesse momento a criança começa a distinguir os sons das letras. Nesse processo de brincar e aprender os sons revela a fala com as letras. Durante esse período a criança vai familiarizando e descobrindo cada dia mais palavras para seu vocabulário. Sendo a criança alfabetizada num momento de criação e muita intervenção por parte do professor. Esses arranjos iniciais de letras e sons darão conceitos que mais tarde reunirão a escrita como parte de uma representação, incentivadas por maneiras lúdicas que contribuirá para uma evolução no nível alfabético da criança. SOARES (2009).

É importante durante esse momento de aprendizado e amadurecimento do conhecimento a criança consiga manipular vários tipos de objetos que estão diante do seu meio social. O material escrito é essencial para aguçar esse momento de muitas descobertas. A partir do momento que a criança convive com o material escrito, consegue entender e interpretá-lo a mesma extrai desses materiais informações relevantes para sua alfabetização. Será fundamental observar o meio social dessa criança, pois as estimulações para o conhecimento desenvolverá a partir da relação da criança com sua vida cotidiana.

Podemos situar algumas das diversas atividades que leva a criança para um desenvolvimento cognitivo de suas potencialidades:

Escrita espontânea, observação da escrita do adulto, familiarização com as letras do alfabeto, contato visual freqüente com a escrita de palavras conhecidas, sempre em um ambiente no qual estejam rodeadas de escrita com diferentes funções: calendário, lista de chamada, rotina do dia, rótulos de caixas de material didático, etc. (SOARES, 2009, p.1).

Quando se fala da escrita espontânea podemos enfatizar a necessidade de ser realizada não somente a partir da fala de adultos ou outros contatos que envolvam familiares e professores. Mas, através do desenho juntamente com o seu conhecimento adquirido durante esse processo com o auxílio dos sons que produzem. Somente prezando por essas intervenções a criança conseguirá chegar até o completo entendimento da escrita, ocorrendo através dos níveis de aprendizagem que a mesma se encontra.

Com isso podemos refletir sobre os vários níveis de aprendizagem da criança, com ênfase nas práticas sociais de leitura e escrita que descrevemos:

Uma criança pode não saber ler, mas se ela interessa em ouvir uma leitura de jornais feita por outra pessoa que já sabe ler, se recebe cartas que outros lêem para ela, se dita cartas para que outra pessoa escreva ou se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar fazem parte do processo de alfabetização e letramento para a criança desde pequena e podendo ser antes de freqüentarem a escola. (SOARES, 2002).

Deste modo, podemos dizer que a criança se encontra no meio letrado antes mesmo da sua alfabetização escolar. No seu cotidiano, no meio social no qual a mesma está constantemente, ela consegue se inserir nas letras e seus significantes. Antes de a criança ser letrada não se necessita que ela seja alfabetizada, isto é saber ler e escrever que são os casos dos alunos que se encontram no período da Educação Infantil. Porque aquelas crianças que desde pequenas se interessam em folhear livros, jornais, revistas, brincar com a escrita, de escolinha, ouvir contos e histórias diversas, permanece rodeado de material que preze pela escrita. Porque será durante esse processo de descoberta que a criança conseguirá perceber e fazer uso de todas as funções que envolvem sua alfabetização.

Para a autora Soares (2004, p.14), a aprendizagem da criança envolve a alfabetização e o letramento conjuntamente conforme enfatiza:

Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização.

Afirmando a necessidade da alfabetização e do letramento caminhar juntamente destacamos:

A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento que se refere à etapa inicial da aprendizagem da escrita, como a participação em eventos variados de leitura e de escrita, e o conseqüente desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes positivas em relação a essas práticas. (SOARES, 2004, p.18).

Pensar na alfabetização e no letramento é pensar na necessidade da criança chegar até a leitura e a escrita com maneiras próprias para atingir seu maior nível de habilidades cognitivas. Soares (2002, p.38) aponta que a aprendizagem da leitura e da escrita leva o indivíduo a uma transformação, proporcionando mudanças, seja no seu comportamento, nos aspectos sociais, culturais e cognitivos. Trazendo com grande significância a evolução dos processos lingüísticos.

Definir a importância dos processos de aprendizagem é ligar as práticas de letramento em conjunto com o trabalho lúdico. Diversos recursos didáticos são utilizados, nos quais apresentamos:

Letramento é prazer, é lazer, é ler em diferentes lugares e sobre diferentes condições, não só na escola, em atividades de aprendizagem, é informar-se através da leitura e lazer nos jornais, é interagir com a imprensa diária, fazer uso dela, selecionando o que desperta, interessa, divertindo-se com as tiras de quadrinhos e as histórias infantis que nos levam a lugares desconhecidos, através da imaginação, emocionando-se e fazendo dos personagens os seus amigos. Enfim este processo de aprendizagem principalmente no período infantil da criança está em utilizar a escrita para se orientar nas ruas, no mundo em que vive, enfim é usar para não ficar perdido. É ainda, descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender-se, lendo ou escrevendo através de alternativas e possibilidades buscando e conhecendo os seus desejos e objetivos percorrendo caminhos diversificados para o seu crescimento e formação enquanto cidadão. (SOARES, 2002).

Para que o desenvolvimento da criança seja contínuo, pois a mesma convive com os processos de letramento durante sua vida, há a necessidade de estimular e direcionar essa criança. Sendo com esse exercício constante de estimulação e direção a aprendizagem e o conhecimento não se percam.

Podemos agora buscar o momento que a criança chegará até a escola para a alfabetização ser desenvolvida no ambiente escolar:

Ela já domina um determinado dialeto da língua oral; esse dialeto pode estar mais próximo ou mais distante da língua convencional, que se baseia numa norma padrão que, na verdade, não é usada, na língua oral, por falante nenhum, mesmo em situações mais formais. A natureza do processo de alfabetização de crianças das classes favorecidas, que convivem com falantes de um dialeto oral mais próximo da língua escrita (a chamada “norma padrão culta”) e que tem oportunidade de contato escrito (por intermédio, por exemplo, de leituras que lhes são feitas por adultos), é muito diferente da natureza do processo de alfabetização de crianças das classes populares, que dominam um dialeto em geral distante da língua escrita e tem pouco ou nenhum acesso ao material escrito. (SOARES, 2003, p.20).

A linguagem se altera a partir do momento que as diferenças entre o contexto social e a comunicação da criança aprofundada irá se desenvolver e marcar atitudes e valores para o meio social em que a criança esteja inserida. Podemos assim pensar e refletir que os processos da alfabetização envolvem o psicológico, o psicolingüístico, o sociolingüístico e o lingüístico. Buscando também os valores sociais, socioeconômicos, socioculturais sempre na procura de um significado que tenha como objetivo levar a criança a aprender.

O autor Ferreiro e Teberosky, (1885, apud RUSSO, 2012) com significância traz em sua obra Psicogênese da língua escrita, que procurar pelas influencias sociais e metodológicas juntamente com a abertura para um reinventar da própria escrita não são diferentes para as crianças. Independentemente da classe social da criança o caminho é o mesmo para todas. Compete ao professor trabalhar de modo significativo intervindo de maneira concisa de acordo com as necessidades cognitivas de cada criança, que agora já se faz como aluno.

Para isso, os processos de leitura e escrita compreendem graus diferenciados de conhecimentos e aprendizagens, como podemos notar quando referimos ao grau 1, que se dá pelo momento da hipótese pré-silábica. Quando referimos à hipótese pré-silábica nós deparamos que o alfabetizado não estabelece nenhuma conexão entre fala e escrita. A escrita é nesse momento outra maneira de percebe - lá, podemos nota-lá nos desenhos e nos rabiscos com a intenção de escrever. Para o grau 2, nos deparamos num momento intermediário, agora o aluno já consegue entender que existe uma relação entre a pronuncia daquilo que se fala e a sua escrita. O aluno começa a ter conhecimento de nomes, às vezes sons das letras do seu nome e especialmente das iniciais. Com relação ao grau 3, no qual destaca-se a hipótese silábica, o aluno entende que o momento da fala tem participação com a escrita. Agora é estabelecida uma influência mútua entre fala e escrita. Nesse período pode a criança ter adquirido uma concepção do valor sonoro das letras. Começa a se desenvolver a leitura atribuindo valor dos sons a cada uma das letras que fazem parte do momento da escrita. No grau 4, no qual temos a hipótese silábico-alfabética, agora compreende-se totalmente que a escrita representa o som da fala. O aluno consegue compreender e descrever que cada letra é usada para escrever uma sílaba. Para finalizarmos temos o grau 5, que traz a hipótese alfabética, nesse momento a criança consegue chegar no seu maior nível de desenvolvimento, suas potencialidades e habilidades se fazem notórias. A criança se encontra e consegue compreender que a escrita tem seu significado na função social, ou seja, a sua comunicação. Consegue compreender a maneira de construção do código da escrita, reconhece e conhece o valor sonoro das letras, produz leitura e escrita alfabética do seu próprio nome.

Para isso o autor Russo demonstra em seus relatos a significância do trabalho bem desenvolvido nesse momento de aprendizagem:

.

Ou seja, para definir a didática mais adequada, o professor precisa, antes de tudo, detectar o nível em que se encontram cada aluno, para então intervir coerentemente em seu processo de aprendizagem. Deve procurar atingir os alunos de todos os níveis, desafiando-os para provocar o avanço. As atividades podem motivar diferentes níveis e em cada criança implicarão uma mudança, ou adequação, da hipótese própria do nível em que ela se encontra. Portanto, todos os alunos, de todos os níveis, precisam de estímulos para adequar às hipóteses pelas quais estão passando e, por isso, as atividades devem ser desafiantes, e não desestimulantes. (RUSSO, 2012, p.41).

Na reflexão proposta pelo autor percebemos a importância em relação às maneiras das práticas educativas dos professores. Ao professor compete a responsabilidade de reconhecer a verdadeira necessidade do seu aluno. Buscando entender em qual grau de aprendizagem seu aluno se encontra para poder entender seus problemas. Quando o professor conhece as realidades dos seus alunos, suas demandas de dificuldades, que muito altera seu processo de conhecimento o mesmo deverá proporcionar atividades diversificadas tentando sanar dúvidas e momentos de angústias perante o desenvolvimento infantil. Com isso, a busca se tornará incansável perante a confiança que ambas as partes conseguiram estabelecer entre si. Professor e aluno agora se colaboram para uma aprendizagem significativa que torne a criança detentora de seu próprio conhecimento. Oferecendo assim possibilidades iguais para que o desenvolvimento esteja presente desde os anos iniciais de maneira sólida e concisa que a própria criança consegue perceber a verdadeira importância em se pensar e fazer pelo seu crescimento cognitivo, emocional e social.

2.4 Sociedade e Família, oferecendo um espaço de Leitura e Escrita para a Criança

Há muito pouco tempo que a nossa sociedade passou a ter consciência da necessidade de preocupar com a educação das crianças desde muito pequenas. A leitura e a escrita não eram consideradas significantes durante esse período, muito se perdia em conseqüência do descaso da nossa sociedade em relação a esse momento vivido.

Somente durante pouco tempo que a sociedade conseguiu enfrentar a realidade que há muito tempo nos envolvemos. Podemos perceber que agora não basta apenas aprender a ler e escrever é preciso fazer uso dessas capacidades. Buscando entender e responder as exigências da leitura e da escrita no qual nossa sociedade atualmente demanda. Para que os futuros alunos consigam responder as exigências da leitura e da escrita que o meio social exige. Para isso é preciso que exista uma interação entre as pessoas prezando para o desempenho de muitas conquistas, com uma interação social para que juntamente com a criança ocorra o desenvolvimento afetivo social, que é parte integrante do seu processo de aprendizagem. SOARES (2002).

Na leitura a criança consegue desenvolver habilidades para apreender significados. Nesse momento de leitura, a criança consegue ter capacidade de interpretar seqüência de idéias, comparações dentre as linguagens, e aos poucos conseguir realizar desenvolturas para previsões iniciais de qualquer texto. A criança passa a desenvolver e construir o significado das idéias já conhecidas e estabelecidas como as informações de um texto e começa a dar significação sobre o que foi lido. Conseguindo com isso realizar conclusões e julgamentos sobre os conteúdos adquiridos com a leitura. SOARES (2002).

A escrita consegue desenvolver as capacidades para o desenvolvimento dos sons, ou seja, o sentido para aquele que lê. Na escrita será o momento para desenvolver o processo de relacionar sons com letras. SOARES (2002).

Sendo assim, deve-se enfatizar que os processos de leitura e escrita complementam-se, pois todos os dois processos trazem idéias e organizam o pensamento escrito e literário da criança que se encontra em desenvolvimento. Pois será esse aprendizado mediado pelo meio social, que tornará a criança capaz para conviver em sociedade.

Portanto se torna responsabilidade também da família, uma contribuição significativa para os processos de aprendizagem da criança. Sendo através de estímulos oferecidos pelo meio social, familiar e escolar que a criança conseguirá romper qualquer barreira frente ao seu conhecimento. A partir do momento que a aprendizagem se torna prazerosa e entusiasma a criança, o conhecimento e o seu crescimento cognitivo irão conquistar valores morais, afetivos, sociais e culturais. Sendo assim, contribuirá de maneira expressiva para um desenvolvimento e uma formação humana que ocorrerá tanto no ambiente escolar, quanto no ambiente social no qual a criança esteja.

3 Conclusão

Refletindo os processos de alfabetização e letramento é necessário que nossa sociedade volte seu olhar para a grande importância que preze pelo desenvolvimento dessas habilidades em nossas crianças. Pois a cada dia que passa o aumento das áreas tecnológicas se fazem mais presente no nosso cotidiano. A leitura e a escrita não deve ser desenvolvida apenas para práticas de uso habitual, devemos levar as crianças a adquirir hábitos de leitura e escrita cotidianamente. Envolvendo os pequenos para o desenvolvimento social e cognitivo que os cercam.

Os desenvolvimentos da leitura e da escrita nas crianças se tornaram relevantes somente se elas estiverem em um ambiente favorável para a alfabetização e o letramento. Ambiente este que proporcione a presença e a participação da criança no seu processo de adquirir suas habilidades para sua própria formação humana. Será no ambiente escolar, social e familiar que a criança desenvolve e aprende ao mesmo tempo. Por isso a sociedade tem uma grande responsabilidade de proporcionar com incentivo as crianças que ainda vivem em condições sociais precárias referentes à leitura e escrita objetivos de relevância que demonstre a necessidade do aprendizado de maneira lúdica e significativa.

O devido trabalho se concretiza com a certeza que o conhecimento adquire-se em função de uma interação entre o aprender e o desenvolver. É preciso levar a aprendizagem até nossas crianças e oferecer suportes sólidos para que o desenvolvimento das habilidades cresça e amadureça durante os anos iniciais que serão determinantes para um futuro de muitas decisões.

As instituições de ensino têm responsabilidades para desenvolver com as crianças, programas de ações com sujeitos ativos que se desenvolvem de acordo com sua realidade e sua necessidade. Com uma busca constante a favor de habilidade e atitudes que envolva o cognitivo, o psicológico, o lingüístico e o cultural. Tal proposta traz uma construção em relação a pensamentos e sentimentos que contribuem para uma formação socialmente relevante para as crianças.

Portanto, para finalizar devemos meditar na grande contribuição que cada um oferece para o desenvolvimento de uma criança nos seus processos iniciais de alfabetização e letramento. É dever social e cultural proporcionar as crianças uma contribuição de crescimento, que preze pela desenvoltura de suas habilidades. Levar a criança a reconhecer o prazer pela aprendizagem, firmando os processos de leitura e escrita que se encontra em todos os lugares por onde elas perpassam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRITTO, Luiz Percival Leme. Letramento no Brasil.1. Ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2005.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

KATO, Aizawa Mary. No Mundo da Escrita: Uma perspectiva Psicolingüística. São Paulo: São Paulo: Ática, 1986.

LETRADO. In: Dicionário Houaiss: da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

MARTINS, Edson; SPECHELA, Luana Cristine. A Importância do Letramento na Alfabetização. Ensaios Pedagógicos. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia, p.1-11, jul. 2012. Disponível: //www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n3/6%20ARTIGO%20LUANA.pdf. Acesso em: 10.outubro.2016.

MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira; et al. Leitura e Escrita:Como aprender com Êxito da Pedagogia por Projetos. São Paulo: contexto, 2009.

RUSSO, Maria de Fátima. Alfabetização: Um processo em Construção. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

SOARES, Magda Becker. Letramento: Um tema em três Gêneros. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

SOARES, Magda Becker. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2003.

SOARES, Magda Becker. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, n. 25. Jan./abr. 2004. Disponível em: //www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf. Acesso em: 05. outubro. 2016.

SOARES, Magda Becker. Oralidade, Alfabetização e Letramento. Revista Pátio Educação Infantil, ano VII, n.20. julh/out. 2009.

Qual o objetivo da alfabetização e letramento na Educação Infantil?

O objetivo da alfabetização é ensinar a ler e escrever e o letramento diz respeito a aquisição da habilidade de fazer uso da leitura e da escrita nos espaços sociais. Os processos de alfabetização e letramento são interdependentes e, quando bem articulados, levam a uma aprendizagem mais significativa.

Qual é a importância do letramento na Educação Infantil?

Concluindo, o letramento na Educação Infantil é muito importante, pois estimula a participação ativa no processo educacional e contribui para a futura formação leitora da criança, além de auxiliá-la na alfabetização e visão do mundo.

Qual é a importância da alfabetização e letramento?

A alfabetização é a base para uma educação construtiva, o qual ajuda as pessoas a desenvolver a leitura, a escrita, a comunicação, as ideias e os pensamentos, o letramento utiliza a escrita para resolver problemas do dia a dia, facilitando assim suas práticas sociais podendo produzir gêneros textuais.

Como a alfabetização e o letramento devem ser trabalhados na Educação Infantil?

Uma ideia é ensinar uma cantiga e, depois, escrever sua letra, no quadro, junto com as crianças. Com isso, elas associarão o som das palavras a sua escrita. Para prender, ainda mais, a atenção aos sons, procure por letras de cantigas com rimas ou que iniciem, cada estrofe, com palavras semelhantes.

Toplist

Última postagem

Tag