A cidade basta-se a si mesma mas nenhum de seus habitantes pode ser autossuficiente

Abstract

In the first book of the Nicomachean Ethics, Aristotle describes the Good as perfect (teleion) and self-sufficient (autarkes). He adds that the notion of self-sufficiency (autarkeia) must be considered not from the point of view of the single man, but of the community. This argument seems incoherent: is self-sufficiency to be attributed to the Good or to the community? In order to answer this question, we can ask initially if it is the same to say that the Good or the community is self-sufficient. Secondly, if the individual is not self-sufficient, how could he search by himself the self-sufficient Good, without having to follow what is determined by the community? Aristotle, in his ethical treatises and in Politics, is concerned with the relation between self-sufficiency (autarkeia), and community (koinonia). But the philosopher tries to show, in his Ethics, that there can be an ideal of self-sufficiency for each human being, independently or in spite of his life in the polis. The aim of this paper is to discuss the meaning and relevance of the reference to autarkeia, in the first book of Nicomachean Ethics, to the Aristotelian view on the practical Good.

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Published by the Department of Philosophy of the Faculdade de Filosofia de Braga at the Catholic University of Portugal, the Revista Portuguesa de Filosofia is a periodic publication appearing four times a year with Portuguese as its official language. It is, however, open to the possibility of publishing original texts in other European languages (e.g., English, French, German, Spanish, Italian, Galician, or Catalan), having as a policy that at least 50% of its texts be in Portuguese. Although identified with the Christian tradition, the Revista Portuguesa de Filosofia welcomes in its pages a plurality of philosophical perspectives, its only requirement being that the work to be published be of superior quality, reveal scholarly integrity, and observe the recommended methodological guidelines for the formal and scientific presentation of texts.

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The Revista Portuguesa de Filosofia (RPF) was founded in 1945 by Domingos Maurício, SJ; Cassiano Abranches, SJ; Severiano Tavares, SJ and Diamantino Martins, SJ. it is a quarterly publication of Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia. The RPF, in the tradition of Christian humanism, has as its mission the publishing of original articles in the domain of philosophy and of recognised merit. The RPF is committed to respect the wide range of perpectives that indeed constitute philosophical thinking throughout the centuries. The articles published by RPF may be written in the prominent European languages (Portuguese, English, French, German, Spanish and Italian). All articles are peer reviewed by an anonymous evaluation system (double-blind). A Revista Portuguesa de Filosofia (RPF) foi fundada em 1945 por Domingos Maurício, SJ; Cassiano Abranches, SJ; Severiano Tavares, SJ e Diamantino Martins, SJ. É uma publicação trimestral da Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia. A RPF, sendo de inspiração cristã, tem por missão a publicação de artigos inéditos de reconhecido mérito, aceitando textos de qualquer horizonte de pensamento, em qualquer área de filosofia, escritos nas principais línguas europeias (português, inglês, francês, alemão, espanhol e italiano). Todos os artigos são revistos inter pares (peers review), mediante o sistema de avaliação anónima (double-blind).

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Questão 1

É, portanto, evidente que toda Cidade está na natureza e que o homem é naturalmente feito para a sociedade política. Aquele que – por sua natureza, e não por obra do acaso – existisse sem nenhuma pátria seria um indivíduo detestável. Assim, o homem é um animal cívico.

Ao discorrer sobre a formação das primeiras Cidades, Aristóteles apresenta como fundamento a

identificação cultural entre pessoas que viviam em determinadas regiões.

atração entre seres humanos de sexos opostos.

necessidade de sobrevivência diante dos perigos da natureza.

possibilidade de produzir mais riquezas por meio do acúmulo de forças.

inclinação natural do homem para a vida social.

Questão 2

“Toda polis é uma forma de comunidade. […] O homem é, por natureza, um ser vivo político (zoon politikon). […] Além disso, a polis é anterior à família e a cada um de nós, individualmente considerado; é que o todo é, necessariamente, anterior à parte. […] É evidente que a polis é, por natureza, anterior ao indivíduo; como um indivíduo separado não é autossuficiente, ele permanece em relação à cidade como uma parte em relação ao todo. Quem for incapaz de ser em comunidade ou que não sente essa necessidade por causa de sua autossuficiência será um bicho ou um deus; e não faz parte de qualquer polis”.

ARISTÓTELES. Política, 1252a1; 1253a5-30 – Texto adaptado.

Com base na citação acima, é correto afirmar que, para Aristóteles,

a satisfação dos interesses individuais e familiares constituem o fundamento e a finalidade da polis.

a vida comum é o fundamento da vida individual e familiar e só ela pode ser autossuficiente.

a comunidade política tem como fim último impedir a autossuficiência dos indivíduos e das famílias.

embora seja um ser vivo político, o homem pode viver sozinho como os deuses e os bichos.

Questão 3

“O bem do indivíduo é da mesma natureza que o bem da Cidade, mas este é mais belo e mais divino porque se amplia da dimensão do privado para a dimensão do social, para a qual o homem grego era particularmente sensível, porquanto concebia o indivíduo em função da Cidade e não a Cidade em função do indivíduo”.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia – v. 1. 3.ed. São Paulo: Paulus, 2003, p. 221.

Em Aristóteles, a primazia da Cidade, apresentada no excerto, reflete-se na ideia de ser humano como animal político. Nesse sentido, Aristóteles entende como sendo cidadãos

homens e mulheres, detentores de riqueza suficiente para pagar os impostos necessários à manutenção da administração da coisa pública, o que inclui os que governam, os que legislam e os que administram a justiça.

todos os que vivem em uma cidade, o que inclui homens e mulheres, escravos e livres, nativos e estrangeiros.

apenas os homens livres, residentes na Cidade, e colonos que habitam a região rural.

todos os indivíduos nascidos na Cidade, homens e mulheres, aos quais se facultava o direito de escolher os seus governantes, legisladores e juízes.

os que participam da administração da coisa pública, ou seja, que fazem parte das assembleias que legislam, governam e administram a justiça na cidade.

Questão 4

“O homem é um animal cívico [político], mais social do que as abelhas e outros animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que não podemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a expressão de nossas sensações agradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este único efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente dado o órgão da fala. Esse comércio da palavra é o laço de toda sociedade doméstica e civil [política]”.

Fonte: ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 4.

Para Aristóteles, no processo de conhecimento e de aplicabilidade da racionalidade, é de extrema importância a estrutura da linguagem, e não apenas as palavras, conforme Gallo (2013, p. 84). No entanto, toda construção linguística demanda, a priori, a palavra como condição de expressão e de manifestação. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:

Pela palavra o homem compartilha a vida em comunidades.

Para Aristóteles, as palavras não necessitam de regras lógicas na constituição de um discurso, pois são meramente convencionais e relativas.

A palavra diferencia o homem de outras espécies de animais.

A palavra garante ao homem uma vida social, já que o faz ser político e sujeito pensante.

Questão 5

Considere o texto a seguir para a questão.
Pelo que foi exposto, torna-se evidente que a cidade pertence às coisas que são por natureza e que o homem, por natureza, é um animal político. Também o que por natureza ou por acaso não tem a sua cidade-estado é inferior ou superior ao homem, como aquele que Homero injuriou: “Sem família, sem lei e sem morada”.
“Com efeito, o que por natureza é isto também deseja a guerra, como peça desgarrada no jogo. É evidente por que razão o homem é animal político mais do que toda a abelha ou mais do que todo o animal gregário. Com efeito, como dizemos, a natureza não faz nada em vão.
E dos animais somente o homem tem a palavra.[…] Com efeito, como o homem, depois de ter alcançado o pleno desenvolvimento, é o melhor dos animais, do mesmo modo, separado da lei e da justiça, será o pior. Com efeito, a injustiça com armas é a pior. O homem, para cultivar a ponderação e a virtude, naturalmente se desenvolve possuindo armas, das quais é possível se servir com vistas a fins contrários àquelas virtudes. Por isso o homem sem virtude é o mais sacrílego e selvagem, e o mais servil aos prazeres do sexo e da gula. O senso de justiça é próprio da cidade-estado. A justiça é a ordem da comunidade dos cidadãos, e o sentido de justiça a capacidade de julgar o que é justo.

(ARISTÓTELES, Política, 1252a-1253b. Tradução de José Veríssimo Teixeira da Mata. In: MARÇAL, Jairo (Org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p., 73-4)Considere o texto a seguir para a questão.

Com base na passagem e em seus conhecimentos sobre a filosofia política de Aristóteles, é possível afirmar:
I. O homem é um animal político, pois a natureza deu ao homem a palavra capaz de expressar a virtude e a justiça.
II. Fora da cidade-estado, o homem está fora do âmbito da lei e da justiça.
III. Como o homem é, por natureza, um animal político, então, por natureza, o homem é o melhor dos animais.

Assinale a alternativa correta

apenas III.

apenas II.

apenas I e II.

apenas I e III.

apenas II e III.

Questão 6

Sobre o problema político-social, leia o texto a seguir:
O filósofo grego Aristóteles afirmava que o homem é por natureza um ser social, pois, para sobreviver, não pode ficar completamente isolado de seus semelhantes. Constituída por um impulso natural do homem, a sociedade deve ser organizada conforme essa mesma natureza humana.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia, 2002, p. 2

Com relação ao problema político-social presente nesse texto, analise os seguintes itens:
I. A política pretende subjugar a violência por meio do debate, do pacto, da busca de uma vontade comum mediante caminhos legais.
II. Quando uma comunidade se organiza para a consecução de fins coletivos, torna-se uma sociedade política. Tal organização denomina-se hoje Estado.
III. Com relação ao problema político-social, o conceito de política se deve à separação entre o público e o privado.
IV. Há, no homem, o que se pode denominar um instinto social, como verdadeira tendência inscrita em sua natureza, que o inclina necessariamente ao convívio com o seu semelhante.

Estão CORRETOS

III e IV.

I, III e IV.

I, II e IV.

II e III

I, II, III e IV.