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Pré-visualização | Página 8 de 30o número já importante das palavras que possuíam duas vogais em hiato. Estes “encontros vocálicos” resultam da queda de várias consoantes: queda de -g- em maestre, meestre (< magister), em leer (< legere) e suas diversas formas — leerei, leeria, etc.; queda de -d- em seer (< sedere), em creer (< credere), em traedor, treedor (< traditore). A queda do -l- intervocálico, da qual se tratou no capítulo anterior, explica um forte contingente desses encontros; por exemplo: mao (< malu-), maa (< mala-), soo (< solu-), coor (< colore-), coorar (< coborare), coobra (< *colŏbra), diaboo (diabolu-), etc. Os encontros vocálicos que resultam das desnasalizações descritas no parágrafo anterior só fizeram, então, aumentar a amplitude de um fenômeno já considerável. O galego-português passou a ter, assim, um número muito maior de palavras que comportavam vogais em hiato. Por vezes as duas vogais são diferentes (ex.: moesteiro), mas, não raro, colidem também duas vogais idênticas (ex.: maa, seer, viir, soo, nuu). Estes grupos vocálicos podem incluir o acento tônico (é o caso dos cinco exemplos precedentes), mas podem também achar-se em posição pretônica (moesteiro, coorar) ou postônica (diaboo). Nos textos dos Cancioneiros, a escansão dos versos, repetimo-lo, garante que nesses grupos as duas vogais em contato se encontram em sílabas diferentes. Dizia-se então te-er; so-o, so-idade, co-oral; vi-ir, etc., do que resultava, por exemplo, que acha-ar, “estender no chão”, derivado de chã-o (< planu-) não se confundia com achar, “encontrar”. Documentam-se também nos Cancioneiros casos em que as duas vogais em contato devem ser contadas numa só sílaba. Por vezes a própria grafia sugere a crase; ex.: seredes por seeredes (futuro de seer). Inversamente, encontram-se grafias como ataa por atá (“até”), que só podem representar a vogal tônica singela, ou seja, uma pro núncia dissilábica da palavra: a-tá. Vemos, pois, que já na época do galego-português se iniciam as evoluções que, ulteriormente, terão como efeito eliminar em português a maioria dos encontros vocálicos. Digital Source | 27 Morfologia e sintaxe Selecionaremos aqui apenas alguns pontos que apresentam um interesse particular, seja porque distinguem o galego-português do conjunto hispânico, seja porque caracterizam um estado de língua diferente do português moderno. 1 — Morfologia do nome e do adjetivo — A queda do -l- e do -n- intervocálicos tivera conseqüências importantes nos paradigmas: a) Plural dos nomes e adjetivos terminados por -l-. O -l- mantém-se no singular mas cai no plural. Temos, por exemplo: Singular Plural sinal sinaes (isto é, sina-es) cruel cruees (isto é, crue-es) b) Morfologia dos nomes e adjetivos em -ão, -an e -on. Aqui é a queda do -n- intervocálico que explica as formas galego-português. Os nomes provindos do latim -anus (ex.: manus, “mão”), -anis (ex.: canis, “cão”) e -o, -onis (ex.: leo, leonis, “leão”) tinham dado, a partir do acusativo, as formas esperadas: Singular Plural manu- > mano > mão *manos > mãos cane- > can(e) > can canes > cães leone- > leon(e) > leon leones > leões Advirta-se que, no singular, cane e leone perderam cedo o -e final. Quando os -n- intervocálicos caíram, havia muito tempo que se dizia can e leon: o -n- não era mais intervocálico, mas final, razão por que não caiu. No singular mano e nos três plurais, ao contrário, o -n- era intervocálico: caiu, então, depois de ter nasalizado a vogal anterior. Em galego-português os grupos ão, ãe e õe que daí resultaram foram primeiro bissilábicos. Dizia-se, pois, mã-o, mã-os, cã-es, leõ-es. Da mesma maneira, os adjetivos que em latim terminavam em -anus (ex.: sanus) apresentam as seguintes formas: Digital Source | 28 Singular Plural masculino: sanu- > sano > são sanos > sãos feminino: sana > sãa sanas > sãas (pronunciar sã-o, sã-os, sã-a, sã-as) 2 — Possessivos — Existia para o feminino de meu, teu, seu uma forma átona distinta da forma tônica: Masculino Feminino Tônica Átona meu mia, mĩa, minha mia, mha, ma teu tua ta seu sua sa 3 — Dêiticos — Os dêiticos (demonstrativos e advérbios de lugar) organizavam-se de acordo com o seguinte sistema14. este esse Demonstrativos aqueste aquel(e) aqui ali acá alá Advérbios de lugar acó aló O sistema ternário do português moderno já estava, portanto, constituído para os demonstrativos: este (1ª pessoa), esse (2ª pessoa) e aquel(e) (3ª pessoa), com uma forma aqueste, “reforçada” de este. Já no que se refere aos advérbios de lugar só havia oposições binárias entre morfemas em -i, em -á e em -o, sendo de notar que acó-aló eram de emprego mais raro que aqui-ali e acá-alá. 4 — Os anafóricos (h)i e ende-en — Estas palavras tinham a mesma origem, o mesmo sentido e os mesmos empregos que y e en do francês em Digital Source | 29 enunciados do tipo “j’y suis”, “j’y pense”, “j’en viens”, “j’en veux”. Ex.: “A Santa Maria das Leiras / irei, velida, se i ven meu amigo15” — de uma cantiga d’amigo; “ca de tal guisa se foi a perder / que non podemos en novas aver”16 — de uma cantiga d’escarnho e mal dizer. Estes anafóricos (h)i e ende-en encontram-se a cada instante nos textos em galego-português medieval. 5 — Morfologia do verbo — O sistema dos modos e tempos já é o do português moderno. Contém um mais-que-perfeito simples, diretamente herdado do latim; ex.: amara (< amaram < amaueram), empregado no sentido de temporal (“tinha amado”) ou modal (“amaria”), e um futuro do subjuntivo (amar, fezer). Notaremos em particular os pontos seguintes: a) O infinitivo flexionado ou “pessoal” — Trata-se de um infinitivo que possui as desinências pessoais (teer, teeres, teer, teermos, teerdes, teeren). Este tempo, atesta do já nos textos mais antigos, é um traço específico do galego e do português, sendo desconhecido do leonês e do castelhano. Ex.: “Guardade-vos de seerdes escatimoso ponteiro”17 — poema satírico de Afonso X. b) Formas arcaicas da primeira pessoa do singular de alguns verbos — Citem-se, por exemplo, senço (hoje sinto), menço (hoje minto), arço (hoje ardo), perço (hoje perco), moiro (hoje morro), paresco (hoje pareço), etc. c) Na segunda pessoa do plural, as formas etimológicas com -d- são todas conservadas; ex.: amades, vendedes, partídes, seeredes (futuro), leixedes (subjuntivo), etc. d) Nos perfeitos fortes encontram-se lado a lado, na terceira pessoa, fizo e fez (de fazer), disso-dixo e disse (de dizer), poso e pôs (de põer), etc. e) Os verbos da segunda conjugação (-er) formam geralmente o seu particípio passado em -udo; ex.: avudo (aver), creúdo (creer), conhoçudo (conhocer), perdudo (perder), sabudo (saber), vençudo (vencer), apareçudo (aparecer), etc. f) O “tratamento” — As duas únicas maneiras de diri gir-se a um interlocutor (tratamento) são o tuteamento familiar (tu) e o voseamento deferente (vós). Desconhecem-se ainda as fórmulas de tratamento que levam o verbo à terceira pessoa. O vocabulário 1 — Empréstimos do francês e do provençal — A in fluência da língua d’oïl e da língua d’oc é muito forte durante o período do galego-português, e explica-se por uma série de causas convergentes: presença da dinastia de Borgonha, implantação das Ordens de Cluny e de Cister, chegada a Portugal de numerosos franceses do Norte e do Sul, influência direta da literatura provençal, etc. Daí os numerosos empréstimos vocabulares, de que damos alguns exemplos: Digital Source | 30 a) Empréstimos do francês — Dama (< dame), daian (< francês antigo deiien, hoje “doyen”), preste (< francês antigo prestre), sage, maison, etc. b) Empréstimos do provençal — Assaz (< assatz), Porque as palavras são hiato?Porque é uma conjunção subordinativa causal ou explicativa, unindo duas orações que dependem uma da outra para ter sentido completo. Quando usar por que? Por que (separado e sem acento) pode ser usado para introduzir uma pergunta ou para estabelecer uma relação com um termo anterior da oração.
O que é um hiato exemplo?Encontro de duas vogais em sílabas opostas
De acordo com a linguística, é o encontro de duas vogais na palavra, mas na separação silábica elas ficam separadas. De acordo com a reforma ortográfica não se acentua mais o hiato oo(s) no final das palavras. Exemplo: voo(s), perdoo, abençoo.
Como saber se a palavra é um hiato?Hiato é o encontro de duas vogais numa palavra, cada uma pertencendo a uma sílaba diferente, por exemplo: saúde (sa-ú-de), moeda (mo-e-da), saída (sa-í-da), coelho (co-e-lho).
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