Canal jovem pan tv aberta

Jovem Pan está concretizando algo que já vinha ensaiando faz um tempo. Entrou no ar no dia 27 de outubro a Jovem Pan News, um canal só de notícias na TV fechada. A ideia é apostar em jornalismo com muita opinião e ter uma linguagem inspirada na Fox News dos Estados Unidos para disputar audiência com emissoras com a mesma proposta, como a CNN, Band News e Globo News. Por enquanto, o canal será pago, mas existem planos para entrar na TV aberta. Para falar desse marco na história da Jovem Pan, entrevistamos Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan, que está à frente dessa nova etapa da vitoriosa trajetória de 77 anos da rádio.

A entrada na televisão é uma coisa que vocês já estavam pensando há algum tempo?
Sim, é uma ideia que sempre tive na cabeça, até porque a minha família foi dona da Record e meu primeiro emprego foi na TV. Fiz câmera, áudio, locução… Trabalhei muito tempo na TV. Quando meu pai comprou a Jovem Pan, ainda fiquei na TV trabalhando com o Nilton Travesso no finalzinho da Família Trapo. Depois, a Record foi vendida e vim para Jovem Pan. Meu pai até tentou reaver a Record porque ele sempre foi de televisão. Tanto é que há uns 15 anos ele gravou os apresentadores dos programas e tentou fazer uma televisão que estou fazendo hoje com a Panflix, ou seja, ele tentou colocar imagem no rádio. Era uma coisa um tanto rústica, mas além do tempo.

Mas quando, efetivamente, nasceu a Jovem Pan News?
Eu posso dizer que foi em uma viagem que fiz para Nova York. Quando entrei em uma loja lá chamada BH, que tem todo tipo de equipamento eletrônico, vi umas câmeras robóticas, fiquei fascinado e resolvi arriscar e trazer na mala. Aí começamos a fazer alguns programas e colocar no YouTube. Para nossa surpresa, eles deram uma audiência significativa, então começamos a pensar seriamente em fazer TV.

Foi quando vocês montaram a Panflix, um canal de TV digital no YouTube?
Sim. Este foi o início do projeto da TV. Foi um sucesso tão grande que hoje o nosso canal no YouTube tem 35 milhões de unique visitors. O YouTube inteiro tem 100 milhões, ou seja, 35% das pessoas que assistem ao YouTube passam pela gente. E se você for classificar esses dados segundo a faixa etária de 25 a 55 anos, esse percentual é muito maior. Aí começamos a pensar seriamente em fazer televisão. A Panflix não vai deixar de existir. Nós vamos oferecer conteúdo nas diversas plataformas: rádio, YouTube e TV.

Vocês aproveitaram esse período de reclusão da pandemia para se estruturar?
A gente sempre se antecipou aos outros veículos. Nós fomos os primeiros a colocar imagem no rádio, a fazer os programas de rádio se transformarem em programas com vídeo. Acho muito bom as rádios seguirem os passos da Jovem Pan. Foi bom para o segmento do rádio. Hoje em dia todas as emissoras de rádio têm um canal no YouTube. Muitas vezes a gente ia visitar um cliente e ele falava que não podia anunciar porque no rádio não tinha imagem. Agora esse papo acabou. Eu fico orgulhoso de ter sido pioneiro e feliz porque o rádio está dando um passo adiante.

A Jovem Pan acabou de estrear em canal fechado. Vocês não conseguiram negociar um canal aberto?
Não. Tivemos umas negociações, mas não deu certo. Vamos começar com o canal fechado, porém disponível para todas as operadoras: Claro Net, Vivo, Sky… e até para parabólica aberta.

Nossa, isso é fantástico! Muitas casas no interior só usam parabólica.
Exatamente! E no ano que vem vai entrar o sistema K2, que é uma parabólica aberta muito mais potente do que hoje. Ou seja, o sinal e a recepção vão melhorar muito. Vão chegar cada vez melhor e mais longe.

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Foto Daniel Cancini

E como vai ser a programação?
Vai ter muito jornalismo e esporte e pouco entretenimento. É claro que vai ter o Pânico e o Morning Show, mas o resto vai ser jornalismo dividido em categorias: business, internacional, humor, saúde… Alguns programas vão bater com a rádio. Por exemplo: o Jornal da Manhã e o Morning Show passam ao mesmo tempo na TV e no rádio. Os programas de esporte passam separados na TV e no rádio, mas alguns deles vão passar ao mesmo tempo.

Você precisou contratar muitos profissionais?
Muitos! A gente tinha 250 funcionários, agora temos 500! A produção de conteúdo está muito forte porque na área de jornalismo e esporte a gente é muito bom. É muito difícil essas áreas não darem certo na Jovem Pan. Além disso, temos uma audiência enorme. 77 anos de trabalho não é para qualquer um. Ninguém dá errado por quase 80 anos.

Como enxerga a concorrência direta, como a CNN, por exemplo?
Eu vejo a concorrência com muito bons olhos. Vamos ser diferentes. Vamos ter um visual diferente, uma abordagem diferente. Não estou preocupado. Isso faz parte da vida. Depois que você faz uma coisa que dá certo, vem 40 concorrentes fazendo a mesma coisa logo em seguida. Dessa vez a única diferença é que nós estamos entrando depois. O que vai ser o nosso diferencial é que vamos basear nosso jornalismo em muita opinião. Eu gosto de colocar um comentarista de centro-esquerda com um outro de centro-direita e deixar o debate acontecer. O ouvinte, o espectador, é que tire as suas conclusões. A maioria dos nossos programas vai ser assim. Vamos ter convidados, correspondentes nos Estados Unidos e na Europa, helicóptero, drone, carros na rua… Enfim, dá para cobrir até eventos grandes, como Fórmula 1 e futebol, por exemplo. Montamos seis estúdios digitais. Para você ter uma ideia, nos últimos três anos já trocamos duas vezes todos os equipamentos. Tá muito profissional.

Está nos planos algum programa inovador, alguma coisa diferente que você possa adiantar?
Vai ter, mas eu não posso falar porque está em processo de contrato e de contratação de profissionais. Mas a gente não vai fugir da linha Jovem Pan, que é um grande sucesso no Brasil inteiro. Vai ser uma TV baseada em opinião. O que o pessoal está fazendo por aí está tendendo para um lado ou para o outro. Nós vamos tentar fazer uma coisa que fale de um lado e de outro e o público tome sua decisão. É claro que nós temos programas, como Os Pingos nos Is, que são mais de direita. Mas tudo irá seguir sempre a linha da Jovem Pan de compromisso com a verdade, com a opinião, com o respeito ao público. Não vamos brincar de casinha. Vai ser uma coisa séria, um compromisso com a verdade.

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Foto: Daniel Cancini | Tutinha com o irmão Marcelo Carvalho e o diretor Nilton Travesso

O que você diria para uma pessoa para convencê-la a assistir à TV Jovem Pan?
Esperem por uma TV que fala a verdade. O negócio está muito distorcido, muito tendencioso, muito polarizado. Os meios de comunicação estão com muitos interesses políticos. Nós não temos. Eu acho que o público gosta por causa disso. Se o cara faz bem, eu falo, e se o cara faz mal, eu também falo. É um tipo de jornalismo que a Jovem Pan foi pioneira e que tem dado certo até hoje. A opinião, a discussão, gera engajamento, gera audiência. Acho que a gente fez muito pelo Brasil ao fazer um rádio mais politizado. Mudou completamente. Hoje em dia você vê desde um moleque até um senhor de idade discutindo política, discutindo posições. O cara precisa pensar. Só um lado não dá! Um lado só o cara acaba acreditando naquilo, mas com os dois lados ele tira suas próprias conclusões.

Vocês fizeram uma transmissão-piloto?
Sim, a gente colocou no ar o Jornal da Manhã, no canal History Channel, e viramos Top Five no horário. Colocamos também algumas edições pequenas de notícias como teste. E tudo isso com ótimos resultados. A Jovem Pan não tem erro. Temos só que adequar o prime time da TV com o prime time do rádio. Na TV o horário forte é à noite e no rádio é de dia. Vamos precisar adequar as programações para os horários certos.

Vocês pensam também em transmitir jogos do Campeonato Brasileiro ou outras taças nacionais e internacionais, por exemplo?
Não por enquanto. Não temos bala para isso. Mas no futuro, obviamente, vamos estar nas paradas. Já fizemos um acordo com o Atlético Paranaense e transmitimos os 44 jogos do time este ano. Mas temos um longo caminho a ser percorrido. Primeiro vamos entrar no ar, depois migrar para TV aberta e vamos seguindo…

Quanto foi o investimento inicial para montar a TV?
Em torno de 70 milhões. Foram três anos montando estúdio, contratando pessoas, comprando equipamento e muitos softwares, que são caríssimos. Mas a minha expectativa é alta eu quero faturar.

A programação da TV Jovem Pan

Programas mais tradicionais de jornalismo da Jovem Pan, como Jornal da Manhã, 3 em 1 e Os Pingos nos Is, não vão sofrer alterações em seu formato e vão continuar indo ao ar na faixa em que são transmitidos. O mesmo acontecerá com o Direto ao Ponto, programa de entrevistas apresentado por Augusto Nunes. O Morning Show sofrerá uma mudança em seu horário para se adequar ao novo formato. O maior ajuste será no Pânico. O programa comandado por Emílio Surita vai continuar no rádio e na internet na tradicional faixa das 12 h. Mas, na TV, a exibição será às 23h. A ideia é que o programa concorra com o projeto CNN Soft e com a faixa especial de entrevistas da GloboNews. Os programas esportivos Camisa 10, jornal diário de esportes, O Mundo da Bola e Canelada, que já passam no Panflix, o canal da emissora no YouTube, também migrarão para a TV. O principal jornal diário da emissora será o Jornal Jovem Pan, comandado por Victor Brown. Mas haverá outros noticiários, como 60 minutos e Headline News, com reportagens ao vivo nas principais cidades do Brasil, e World News, que reúne correspondentes internacionais e analistas que falarão sobre os impactos das notícias no Brasil. Já o Documento Jovem Pan mostrará reportagens especiais com apresentação de Willian Travassos. Alguns programas inéditos também estão sendo produzidos, como o JP Poder, com José Maria Trindade, um dos jornalistas que fazem parte da bancada do Os Pingos nos Is, e outros de viés econômicos, como Mercado Financeiro, De Frente com o Touro e Business.

Canal jovem pan tv aberta

Foto: Adobe Stock

A Jovem Pan Newsjá está disponível nos canais 581 do Vivo Play, 576 da SKY e da Claro Net, no aplicativo de streaming Directv Go e na Oi Play. Também
será transmitida nas antenas parabólicas,canal 7.