Como as pessoas descobrem o câncer?

  • 15 de junho de 2021
  • Saúde

Como as pessoas descobrem o câncer?


O tempo varia conforme as características da célula cancerosa. Por isso, é importante realizar exames de rotina

O desenvolvimento do câncer acontece quando, durante a multiplicação das células, ocorre uma mutação genética e ela faz com que as células passem a se reproduzir descontroladamente. Entretanto, para que uma neoplasia se forme, é preciso que o DNA sofra mais de uma alteração e que alguns mecanismos de controle celular falhem. Todo esse processo pode levar semanas, meses ou até mesmo anos.

No ciclo de vida de uma célula saudável, ela “nasce”, desempenha sua função e depois de ficar “velha”, sofre a morte celular programada, chamada de apoptose. Se, em algum momento desse processo, a célula passar por eventos genéticos e moleculares que afetem a sua proliferação e diferenciação, ela pode vir a se transformar em uma célula cancerosa.

“Apenas uma mutação não é suficiente para gerar um tumor. Isto é, é preciso uma sucessão de eventos e de alterações cronologicamente sequenciadas que, com o tempo, se acumulam e vão passando de uma etapa para outra na carcinogênese (formação do câncer)”, explica o Dr. Marcos André Costa, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

Como as pessoas descobrem o câncer?

Como acontece o desenvolvimento do câncer?

Há dois grupos de genes envolvidos no processo de desenvolvimento do câncer: os proto-oncogenes, que se transformam em oncogenes, e os genes supressores de tumor. Além disso, o surgimento da doença também está relacionado com falhas dos mecanismos de compensação celular e do sistema imune.

Como as pessoas descobrem o câncer?

Os proto-oncogenes estão presentes em todas as pessoas, eles são responsáveis por dar início ao processo de multiplicação celular. Quando sofrem uma mutação e passam a ser considerados como genes “ruins”, recebem o nome de oncogenes. São eles que causam a produção excessiva e descontrolada das células doentes.

O terceiro grupo, os genes supressores de tumor, como o próprio nome indica, “bloqueiam” o surgimento do câncer. Isso acontece porque eles produzem fatores (proteínas) que dificultam o processo de multiplicação das células. A inativação ou mutação desses genes pode interferir na fabricação das proteínas, possibilitando o crescimento descontrolado das células, o que leva a um maior risco da pessoa desenvolver um câncer.

O Dr. Costa conta que, caso a célula de uma pessoa sofra uma mutação genética, ela pode ser contida por meio de mecanismos de compensação intracelular. Se eles não conseguirem corrigir a mutação, o corpo inicia um processo para levar a célula à morte. Essa morte programada, geralmente, depende de uma molécula chamada TP53 (anormalidades nessa célula foram encontradas em mais da metade dos cânceres humanos). Caso esse procedimento falhe, o sistema imune, que tem potencial e poder para destruir as células anormais, entra em ação.

“Se sobreviver à destruição pelo sistema imune, aí sim a célula começa a crescer e multiplicar. Mas, também não é garantia de que ela vai vingar”, pontua o médico. 

Para vingar, ela precisa sobreviver ao microambiente hostil no qual ela está inserida, isto é, às condições do local onde ela está. Por exemplo, conseguir suprimento energético.

Como as pessoas descobrem o câncer?

Em quanto tempo um câncer se desenvolve?

O tempo varia de acordo com a agressividade do tumor. No caso das doenças mais agressivas, pode levar poucas semanas, nas mais indolentes pode demorar muitos meses. Isso vale para os cânceres sólidos, bem como para os hematológicos. 

Como as pessoas descobrem o câncer?

“Existem tumores que são considerados muito lentos na sua formação, os chamados indolentes, e existem tumores que são bastante agressivos. Como os linfomas indolentes, nos quais os pacientes apresentam, na história da doença, sinais ou exames laboratoriais que indicam que o tumor estava presente há vários meses, ou até anos. Por outro lado está, por exemplo, uma leucemia mieloide aguda, que se desenvolve em poucas semanas ou dias, algumas vezes de uma forma muito agressiva”, exemplifica o Dr. José Orlando Bordin, onco-hematologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Atualmente, se o tumor é muito precoce, os métodos de imagem não conseguem identificá-lo.

“A gente consegue detectar, no máximo, lesões entre três e cinco milímetros. Aí elas conseguem aparecer nas imagens”, pontua o Dr. Costa. Ele relata que, por isso, é comum, no caso de cânceres mais agressivos, que em um exame de rotina não tenha nada e, dois/três meses depois, a doença apareça.

 “O que está surgindo é a biópsia líquida. Ela nos permite detectar fragmentos do DNA no sangue e esses fragmentos podem detectar uma assinatura aberrante. Aí, sim, é possível identificar um câncer muito precoce. Essa é uma área de intensa investigação, talvez seja uma coisa para cinco ou mais anos”, finaliza o Dr. Marcos André Costa.  


Como a pessoa descobre o câncer?

Na maioria dos casos, a confirmação do diagnóstico é feito através da combinação de vários exames, como observação do paciente, exame de sangue, ressonância magnética e biopsia, por exemplo.

Tem como ter câncer e não sentir nada?

Existem alguns primeiros sintomas de câncer que podem ser fundamentais para conseguir uma detecção precoce. Estes podem fazer com que a doença não prossiga mais e seja diagnosticada a tempo. Cerca de 90% das pessoas costumam ignorar estes sintomas, por isso é bom levá-los em consideração.

O que um paciente com câncer sente?

Pacientes com câncer sentem dor e não falam com seu médico E o pior: ela é subdiagnosticada e muitas vezes ignorada até pelo próprio paciente, que tem receio de tomar medicamentos (como a morfina) com medo de “viciar” ou considera automaticamente que a dor é inevitável neste processo.

Como saber se tenho chance de ter câncer?

O mapeamento genético consiste em um exame simples, realizado a partir da amostra de sangue ou saliva com material genético do paciente, para realizar o sequenciamento do DNA e identificar mutações genéticas que podem predispor o paciente a desenvolver câncer futuramente.