Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

Uma cidade que era um grande porto, com gente de todas as colônias e feitorias portuguesas na África e na Ásia. O Rio era uma cidade quase oriental em 1808. As mulheres se sentavam no chão, com as pernas cruzadas. À mesa, os homens usavam a mesma faca que traziam presa à cintura, para se defender de um inimigo, para descascar frutas ou partir a carne. Nas ruas o dinheiro corria no maior entreposto de escravos da colônia. Corriam também dejetos nas ruas e valas. Negros escravos ou libertos eram dois terços da população e se vestiam ainda de acordo com sua nação de origem. Não só pelo tipo físico bem diferente, como pelas roupas, era possível saber quem vinha do Congo, de Angola ou do Mali; quem era muçulmano, quem vinha da nobreza africana.


Nesta cidade que já era plural, mas não tinha infra-estrutura, onde havia assaltos e comércio ilegal nas ruas, chegou um aviso em janeiro de 1808. A corte estava em pleno mar, escapara de Napoleão e estava a caminho do Brasil.


O vice-rei começou a fazer os preparativos e saiu desalojando os maiores comerciantes locais de suas casas, para cedê-las aos novos moradores. Por causa das iniciais PR que eram pintadas nas portas das casas requisitadas para a Corte. “PR”, de Príncipe Regente, virou “prédio roubado” ou “ponha-se na rua”. Era o jeito que herdamos do sangue lusitano de rir de nossas próprias mazelas.

  Antes do Rio, Salvador

Quando as naus com a família real chegaram por aqui, em março de 1808, já havia passado pela Bahia e permanecido por um mês em Salvador.

 
Aqui a festa foi imensa e o relato mais divertido e detalhado é o do Padre Luis Gonçalves dos Santos, o padre Perereca. O padre que vivia no Brasil era um admirador incondicional da monarquia, dos ritos da corte, da etiqueta. Quando descobre que a Corte está chegando, fica assanhadíssimo porque vai ver de perto “Sua Alteza Real D. João Nosso Senhor, como chamava o regente”.

 
É ele quem conta que a chegada dos Bragança por aqui foi acompanhada de luzes, fogos, de artifício, badalar de sinos, aplausos e cânticos. Perereca diz que parecia que o sol não havia se posto, tamanha a quantidade de tochas e velas que iluminavam as casas, o largo do Paço e as ruas do centro.

 
O Rio tinha 46 ruas naquela época. D João se dirigiu à Sé – provisoriamente instalada na Igreja do Rosário dos Homens Pretos, porque a Igreja do Carmo, a Sé oficial estava em obras. Houve uma determinação de que os homens pretos e também os mestiços não deveriam comparecer à cerimônia, na Igreja deles, porque o Príncipe poderia ficar assustado com a quantidade de negros na cidade. Eles se esconderam numa esquina e quando o cortejo chegou à Igreja, entraram batucando e cantando e todos de misturaram. Assim era o Rio. Assim era o Brasil. Uma nova etapa na vida da família Bragança.

Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

O Rio, uma das cidades mais diversificadas do mundo, também possui uma história muito rica! Você sabia que o Rio  de Janeiro foi a capital do Brasil por quase 200 anos? Ou que a família real portuguesa se mudou pro Rio fazendo da cidade a primeira capital da Europa fora do continente? Leia aqui sobre a história do Rio de Janeiro e entenda tudo sobre a cidade maravilhosa!   Quer voltar ao passado e viver a história ao invés de apenas ler? Escolha um Free Walking Tour Rio de Janeiro que te agrade mais.

Rio pre-colonial – História do Rio de Janeiro

A história do Rio de Janeiro começa dois anos após a primeira chegada dos Portugueses no Brasil (em 1500). Em janeiro de 1502, um velejador chamado Gaspar de Lemos velejou através do Pão de Açúcar, e entrou na Bahia de Guanabara. Foi aí que o local que hoje chamamos de Rio de Janeiro foi “descoberto”.

Claro que precisamos sempre ser cuidadosos quando usamos o termo “descobrir” ao falar das excursões colonialistas. Na realidade, eles não encontraram nada novo, o continente já existia, e pessoas habitando ele!

Existem muitas dúvidas a respeito da data exata que o primeiro homem chegou as Américas, pois novas descobertas arqueológicas são feitas o tempo todo! Mas é certo que há 12 mil anos já existiam coletores-caçadores no Brasil. Porém uma arqueologista brasileira chamada Niède Guidon encontrou provas no Nordeste do Brasil que mostram que já existia vida humana há pelo menos 35.000 anos atrás!!

A tribo que habitava a região do Rio de Janeiro era a Tupinambá. Eles já estavam aqui por aproximadamente 2000 ou 3000 anos antes da chegada dos Portugueses! Antes da chegada dos portugueses em 1500, de acordo com alguns historiadores, o Brasil possuía entre 2 e 4 milhões de índios! Hoje o número é aproximadamente 900.000. Os índios do Brasil não deixaram nada para nós escrito, então os estudos sobre eles confia nas histórias dos colonialistas portugueses.

Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

Rio de Janeiro Colonial

O Rio de Janeiro ganhou o seu nome por causa de um mal entendido. Os portugueses confundiram a Baía de Guanabara com um rio e o mês da descoberta foi janeiro. Então, com sua grande criatividade, eles decidiram chamar o novo local de “Rio de Janeiro”.

Porém os portugueses não foram os únicos Europeus que tinham interesse no Rio de Janeiro. Os franceses também tinham invadiram a cidade até 1567, quando os portugueses foram bem sucedidos ao expulsar os franceses, e o Rio de Janeiro foi fundado oficialmente.

Capital da Colônia

A cidade em si começou a crescer entre quatro montanhas principais, que mais tarde foram destruídas para criar um espaço para urbanização da cidade. Até o final do século XVII, o Rio era uma cidade pequena que não tinha muito a oferecer. Era praticamente um local para o cultivo de cana de açúcar, e um porto para os escravos africanos desembarcarem na América do Sul.

Além disso, durante o século XVII, muitas igrejas foram construídas.   Mas algo significante aconteceu no final do século XVII, e mudou o rumo da história do Brasil e do Rio: os portugueses descobriram ouro em Minas Gerais. Você pode imaginar. Depois disso a população do Rio começou a crescer muito rápido e em 1763 a cidade se tornou a capital da colônia, e assim foi por quase de 200 anos, quando a capital migrou para Brasília em 1960!

A principal razão para a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro foi o ouro. O ouro precisava ser transportado para Europa, mas Salvador (Bahia) estava muito longe das minas de ouro. Então seria mais fácil trazer a capital e o porto mais próximos ao ouro, e então transportar para Europa.

Além do ouro, o Porto do Rio de Janeiro foi um dos principais a receber navios negreiros. Aproximadamente entre 3 e 4 milhões de africanos passaram pelos portos do Rio de Janeiro. A população da cidade estava crescendo, mas ainda, era uma cidade sem muita construção. Não existiam universidades, segurança nacional, e não muita cultura. Tudo isso mudou em 1808!

Rio de Janeiro Imperial

Para falar da história do Rio, é necessário que a gente aborde também sobre a história do Brasil-Império, já que aqui foi a capital do nosso país durante esse período.   Napoleão estava no poder na Europa no início do século XIX, e começou a invadir e conquistar diversos países vizinhos. Um dos únicos países que Napoleão não conseguiu invadir foi a Inglaterra. Ele decidiu então impor um bloqueio comercial a Inglaterra: ninguém podia comprar ou vender nada dos ingleses.

Porém a economia dos portugueses era totalmente dependente das trocas comerciais com os ingleses, e acabar com elas significaria uma grande recessão econômica. Pressionados pelos ingleses, os lusitanos continuaram com o comércio até que Napoleão os intimou e decidiu que entraria em Portugal e mataria a Família Real se tudo não acabasse imediatamente. Isso significaria praticamente afundar a economia portuguesa. O que você faria se fosse um membro da família real portuguesa nessa situação?

Capital de um país europeu, fora da Europa

A família Real Portuguesa decidiu nada mais nada menos do que escapar. Eles saíram da Europa, e embarcaram de Lisboa em direção ao Rio de Janeiro em Novembro de 1807. Navios cheios de livros, artes e arquivos importantes da sociedade portuguesa. Acredita-se que entre 10.000 e 15.000 membros da alta sociedade portuguesa desembarcaram no Rio no início de 1808.  Esse foi um dos  momentos de maior desenvolvimento econômico da história do Rio de Janeiro.

O Príncipe Regente, Dom João VI era a pessoa responsável por Portugal naquela época. Sua mãe, Maria I era considerada mentalmente louca, então ela não podia fazer esse tipo de planos para o país. Para escapar o obvio era um plano secreto. A Inglaterra ajudou na fulga de D João VI, mas com um pequeno preço eles não contariam nada a Napoleão. O preço era abrir o comércio Brasileiro para Inglaterra também.

Antes de 1808, nenhum outro país Europeu poderia fazer comércio no Brasil. Isso mudou em 1808 após a chegada da Família Real.   Todo o governo de Portugal estava aqui no Rio de Janeiro, isso significava basicamente que Portugal era governado daqui. Você pode imaginar como isso funcionava mais do que 200 anos atrás? Por exemplo, comunicação entre Brasil e Portugal era bem devagar. Uma carta levaria 2 anos para chegar até lá!   Os Portugueses fundaram aqui o Jardim Botânico, Banco do Brasil e a Escola de Belas Artes.

Independência do Brasil e reflexos no Rio de Janeiro

O Príncipe Dom João VI ficou no Brasil por 13 longos anos, antes de retornar a Portugal em 1821. Os principais motivos para ele retornar era a grande pressão da população portuguesa, que foi praticamente abandonada em 1808. Portugal era um país com grandes problemas, cheios de revoluções e movimentos separatistas. Dom João retornou a Europa e deixou seu filho, Pedro I no Brasil.

Pedro I veio ao Rio com 9 anos em 1807. Ele era um homem português, que passou grande parte da sua vida no Rio de Janeiro. Ele era apaixonado pelo Brasil. Um ano mais tarde, em janeiro de 1822 Dom João chamou Dom Pedro para voltar a Lisboa. A ideia era voltar a governar o Brasil de Portugal. Mas, D Pedro I realmente amava o Brasil. Ele negou todos os convites e decidiu ficar o Rio. Esse dia, 9 de Janeiro é o famoso dia do Fico, uma das datas mais importantes da nossa história. Sete meses após esse dia o D Pedro I proclamou a nossa independência.

Se compararmos a independência do Brasil com os países vizinhos da América Latina percebemos que aqui no Brasil foi um pouco diferente. Nós praticamente não tivemos guerras ou revoluções. Também não foi um movimento que a população estava lutando. A independência era um sonho de parte da elite.   No momento da independência, a população do Brasil era de aproximadamente 4,6 milhões. Acredita-se que de 15% ou até 1/3 da população da época era escrava.

Emperadores do Brasil

Quando D Pedro I declarou independência, Brasil se tornou um império. Uma grande diferença se comparado as colônias espanholas, que se tornaram uma república.   Dom Pedro, nosso primeiro imperador, era conhecido por suas opiniões fortes e desrespeito com mulheres. A população do Brasil não estava muito feliz durante o seu governo. Ele ficou no Rio até 1831 antes de se mudar de volta pra Portugal.

Pedro I deixou o seu filho Pedro II para ser o segundo imperador do país.   D Pedro II era uma criança de 5 anos de idade em 1831. Como essa criança pode ser um imperador? Claro que é impossível, então nos próximos 10 anos o Brasil espero Pedro II crescer, e passou pelo período da regência, no qual diferentes políticos estiveram no poder. Quando Pedro II fez 15 anos, ele se tornou Imperador do Brasil.

Uma grande diferença entre ele e o pai dele era que D Pedro II era brasileiro de verdade.   D Pedro II viajou muito e fez as relações internacionais do Brasil crescerem muito. Até hoje, D Pedro II é considerado um dos políticos mais importantes da história do Brasil. Até 15 de novembro de 1889, quando a república foi proclamada.

Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

A República e o Rio de Janeiro

Dois dias após a proclamação da república, a família imperial deixou o Brasil e viajou pra Europa. E aí mais um momento muito importante da nossa história aconteceu: o Brasil ganhou o seu primeiro presidente, um militar chamado Deodoro da Fonseca. O Brasil se tornar uma república foi a causa de um forte movimento militar. A escravidão foi abolida apenas um ano antes, em 1888 e grande parte dos ex-escravos se uniram ao exercito.

Ninguém acreditava realmente no império. Quase todos os países vizinhos já eram uma república por mais de meio século.   Desde 1889, até hoje o Brasil teve 40 presidentes, uma mulher e 39 homens. Até 1960 os presidentes eram localizados aqui no Rio, depois que a capital se mudou pra Brasília.

A cidade maravilhosa mudou muito durante a república. No início da república o Brasil tinha acabado de abolir a escravidão. Todos esses ex-escravos não tinham necessariamente nenhum lugar para viver. Muitos acabaram morando nas ruas ou em grande comunidades que eram lotadas com várias pessoas. A cidade estava sofrendo com falta de higiene e sistema sanitário não existia. O Rio era uma cidade que cheirava muito mal.

No início do século XX o Rio tinha um prefeito chamado Pereira Passos. Ele era um homem que queria organizar e limpar a cidade. Todos esses ex-escravos estavam morando em cortiços, tiveram que se mudar e abrir espaço para novos locais de construção. Esses escravos foram morar em favelas, e foi aí que elas cresceram bastante!

Pereira Passos queria trazer Paris para o Rio, construindo parques, quadras e a área cultura da Cinelândia. Por exemplo o Theatro Municipal, Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes são todos desse período!

Rio de Janeiro Contemporâneo

Hoje o Rio é conhecido por praias, Cristo Redentor, carnaval, sol forte e pessoas alegres! Mas por trás de tudo isso, existe uma história longa e rica história que explica perfeitamente a cidade e seus habitantes.

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Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?
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Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou?

Como era a cidade do Rio de Janeiro quando a corte portuguesa chegou ao Brasil?

O Rio era uma cidade de casas térreas simples, de ruas estreitas, boa parte delas carecendo de calçamento, ocupadas por escravos, libertos, brancos pobres, comerciantes, artesãos e uma pequena presença de senhoras brancas.

Como ficou a cidade do Rio de Janeiro após a chegada da corte?

Duas décadas após o retorno de D. João VI a Portugal em 1821 e o rompimento com a corte portuguesa em 1822, o contexto social e urbano do Rio de Janeiro era de grande crescimento demográfico. Esse incremento da população urbana não foi, no entanto, acompanhado de proporcional melhoria nas condições de higiene.

Qual era a estrutura do Rio de Janeiro para receber a corte portuguesa?

A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808 trouxe consigo novas intenções e planos para o Brasil e para a cidade do Rio de Janeiro. A carente colônia necessitava de um governo orga- nizado e instituições administrativas, de escolas, estradas, bancos, fábricas.

O que aconteceu com a cidade do Rio de Janeiro com a chegada da família real portuguesa?

A vinda da família real para o Brasil mudou, também, a fisionomia do Rio de Janeiro. A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e malcheirosa começou a se expandir e cuidar de sua aparência, abrindo-se às modas européias.