Dia da Paz e reconciliação Moçambique

No dia em que Moçambique assinala o 30. aniversário do Acordo Geral de Paz, personalidades de todos os quadrantes sociais defenderam a perservação da paz e uma cultura cada vez mais arraigada de reconciliação.

A celebração central realizou-se nesta terça-feira, 4, na Praça dos Heróis, em Maputo, e começou com a habitual deposição de coroa de flores em homenagem aos heróis e a todos que lutaram pela paz e democracia em Moçambique.

Na sua intervenção o Presidente da República percorreu a história da guerra civil entre o Governo e a Renamo, que iniciou em 1976, sem esquecer o envolvimento dos então regimes do Zimbabwe e da África do Sul.

Filipe Nyusi destacou também os esforços dos sucessivos governos para acabar com os conflitos e reconciliar a família moçambicana.

“Ao longo desta nossa caminhada de 30 anos, a nossa paz conheceu algumas situações que tentaram prejudicar a acção pacífica e a convivência entre irmãos moçambicanos, afectando a zona centro, especificamente, nas províncias de Sofala e Manica”, destacou, salientando, no entanto, que “a única ilação que podemos tirar dos 30 anos do AGP é a de que vale a pena lutar pela paz; e os moçambicanos são, quanto a este aspecto, resolutos”.

Líder da oposição lamentar cultura de intolerância política

Nyusi falou da implementação do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos Homens da Renamo, que deverá terminar ainda este ano.

Até este momento, segundo o Presidente, mais de quatro mil foram integrados num total de 5.200 registados.

"Aqui devemos confessar que o clima que se vive nas aldeias e nas populações com os nossos irmãos da Renamo é satisfatório e gratificante", notou Nyusi, reafirmando o compromisso do Governo com a paz "efetiva e genuína" no país.

O Presidente tanbém destacou que “o terrorismo é, um grande desafio para o alcance da paz efectiva no país”.

Por seu lado, o líder da oposição, Renamo, antiga guerrilha lamentou a intolerância política em relação à oposição que, para Ossufo Momade, mancha os ganhos alcançados nos 30 anos do Acordo Geral de Paz.

Ao discursar na Praça da Paz para uma multidão, ele acrescentou que, apesar disso “temos uma Assembleia da República representativa, isto é o epicentro do debate político e ponto de convergência da nossa visão sobre que Moçambique pretendemos construir, independentemente das nossas diferenças políticas”, e disse esperar ver concluído o processo de desarmamento e integração dos antigos guerrilheiros ainda neste ano.

OssufoMomade destacou que já foram desmobilizados 4001 ex-guerrilheiros da Renamo dos 5.254 previstos, mas lamentou a lentidão na sua integração na polícia e a “demora na fixação das pensões e, sem margem de dúvidas, todos esses entraves ameaçam profundamente a reconciliação e a harmonia social”.

O que também preocupa o presidente da Renamo é o que chama de interferência política nos órgãos de administração eleitoral.

O Acordo Geral de Paz foi assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992, pelos então presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, e da Renamo, Afonso Dhlakama, e por representantes da Comunidade de Santo Egídio, da Itália, que serviu de mediadora.

Dia da Paz e reconciliação Moçambique

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, entrega discurso na cerimônia central do Dia da Paz e Reconciliação na Praça dos Heróis em Maputo, Moçambique, em 4 de outubro de 2022. (Foto por Israel Zefanias/Xinhua)

   Maputo, 4 out (Xinhua) -- Moçambique celebrou terça-feira o Dia da Paz e Reconciliação, que marca o 30º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz que encerrou 16 anos de guerra civil no país.

   Liderando a cerimônia central com a colocação de uma coroa de flores e uma marcha de guarda de honra na Praça dos Heróis em Maputo, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi. apelou a todos os cidadãos para que continuem a lutar pela paz nacional.

   Nyusi considerou os 30 anos como um longo caminho de avanços e retrocessos para alcançar a paz duradoura e disse que a grande mensagem para este dia é que os moçambicanos aprendem a viver juntos e respeitar as diferenças.

   O chefe de Estado disse que a implementação do desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros do movimento rebelde Renamo fez progressos notáveis, nos quais mais de 4.000 dos 5.221 soldados registrados já foram cobertos.

   "Esperamos que até o final deste ano possamos concluir o processo de DDR, o que significará um marco na implementação do acordo de paz e reconciliação nacional", disse ele.

   Em uma mensagem enviada na ocasião, o enviado pessoal do secretário-geral da ONU para Moçambique, Mirko Manzoni, e a Coordenadora Humanitária da ONU para Moçambique, Myrta Kaulard, elogiaram o governo e a Renamo pelo uso contínuo do diálogo para alcançar a paz e a reconciliação sustentáveis.

Dia da Paz e reconciliação Moçambique

O presidente moçambicano Filipe Nyusi coloca coroa de flores na cerimônia central do Dia da Paz e Reconciliação na Praça dos Heróis em Maputo, Moçambique, em 4 de outubro de 2022. (Foto por Israel Zefanias/Xinhua)