É possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental?

Em livro, Gesner Oliveira e Artur Villela Ferreira dizem que Brasil poderia ser neutro em carbono já na década de 2030


Gesner Oliveira e Artur Villela Ferreira (abaixo) dizem que Brasil tem a capacidade de se tornar um país neutro em carbono em um espaço relativamente curto de tempo — Foto: Silvia Zamboni/Valor

O historiador inglês Paul Johnson denunciou, em uma conferência em 1978, o que chamou de “pânico ecológico”. “A última grande fog em Londres ocorreu em 1952. O Tâmisa é hoje mais limpo e tem mais peixes do que em nenhum outro momento desde antes dos tempos de Spenser ou Shakespeare. É um exemplo do que se pode alcançar com políticas antipoluição sensatas, desapaixonadas e técnicas”, afirmou Johnson. “Mas quando a ecologia se transformou em uma causa bonita, da moda, no fim dos anos 1960, a razão, a lógica e a proporção foram atiradas pela janela. A ecologia virou uma campanha não apenas contra a poluição, mas contra o crescimento - e especialmente contra o crescimento empresarial.”

É possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental?

Para o professor Luciano Nakabashi, o crescimento econômico deve levar em consideração o ambiente que deixaremos para as gerações futuras

 23/09/2020 - Publicado há 2 anos

É possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental?

É possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental?

A relação entre desenvolvimento econômico sustentável e preservação ambiental é o tema da coluna Reflexão Econômica desta semana, com o professor Luciano Nakabashi. O colunista afirma que desenvolvimento econômico significa um país, ao mesmo tempo, crescendo e beneficiando as várias camadas da sociedade, desde os que estão bem economicamente, responsáveis por esse desenvolvimento, até aqueles menos favorecidos. O crescimento econômico sustentável traz aumento de renda, melhoras na sua distribuição e a sociedade toda se beneficia do processo. “Mas esse processo vai muito além, ele diz respeito às gerações atuais e também a gerações futuras”, enfatiza.

Para o professor, o crescimento econômico deve garantir a melhora do padrão de vida, com acesso à saúde, à educação e transporte, por exemplo, mas também que as próximas gerações consigam viver  com qualidade de vida. Por isso, lembra o professor, não devemos utilizar nossos recursos naturais indiscriminadamente. “Quando pensamos nesse processo de desenvolvimento sustentável, devemos pensar nas próximas gerações.”

Sobre as queimadas que acontecem atualmente, sobretudo no Pantanal e na Amazônia, o professor fala dos elementos climáticos como responsáveis, com a grande seca que acontece no Pantanal e em outras regiões do País, mas destaca a necessidade de uma política de preservação ambiental, fator fundamental para a preservação da fauna e flora, sobretudo na Amazônia, um dos lugares do mundo com maior diversidade nesse sentido (fauna e flora), o que ele considera uma questão de sustentabilidade, mas, sobretudo, de respeito à vida na sua forma mais ampla.

O professor aponta que vários estudos já indicaram a importância da Amazônia na preservação do meio ambiente e nas grandes alterações climáticas, como a emissão de CO2 e o aumento das queimadas. “Esse descaso não é de hoje, vem de há muitos anos. O Brasil ainda não se conscientizou da importância da preservação, sobretudo da Amazônia e do Pantanal, o que pode provocar perdas para o mundo inteiro, pois estamos todos num mesmo planeta.” O professor lembrou que o descaso com que tratam essa questão vai contra um desenvolvimento de fato sustentável e que depende de políticas públicas, tanto do governo federal como dos governos estaduais, especialmente os que estão nessas regiões. “Não temos desenvolvimento há algum tempo, muito menos sustentável”, finaliza.

Ouça no player acima a coluna Reflexão Econômica na íntegra.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar toda quarta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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É possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental?

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É possível conciliar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental de que forma?

É possível e desejável termos simultaneamente crescimento econômico e preservação ambiental, como sugeriu o Presidente em Davos. Isso, aliás, é a essência da Economia, pois seu papel é equacionar nossas necessidades ilimitadas com a finitude dos recursos.

É possível conciliar crescimento econômico com desenvolvimento sustentável?

O Brasil tem de estimular uma agricultura sustentável, o incremento de ferrovias e hidrovias e o uso de energias alternativas como a eólica e a biocombustível. Além dessas medidas, é importante investir em saneamento básico, já que o esgoto sem tratamento é considerado um problema ambiental grave.

É possível desenvolver a economia com sustentabilidade ambiental como?

Algumas estratégias envolvem, por exemplo, a economia de recursos, a redução da emissão de carbono, a utilização da assinatura eletrônica e a digitalização para reduzir o consumo de papéis, matérias-primas recicláveis, entre outros.

É possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental justifique?

O mesmo ocorre com a Lei 6.938/81, que dispõe no inciso I do artigo 4º que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.