O clima do politicamente correto em que nos mergulharam impede o raciocínio

Regulamenta��o publicada nesta segunda-feira, no Di�rio Oficial do Munic�pio do Rio, determina que as crian�as e adolescentes apreendidos nas chamadas cracol�ndias fiquem internados para tratamento m�dico, mesmo contra a vontade deles ou dos familiares. Os jovens, segundo a Secretaria Municipal de Assist�ncia Social (Smas), s� receber�o alta quando estiverem livres do v�cio. A “interna��o compuls�ria” vale somente para aqueles que, na avalia��o de um especialista, estiverem com depend�ncia qu�mica. Ainda de acordo com a resolu��o, todas as crian�as e adolescentes que forem acolhidos � noite, “independente de estarem ou n�o sob a influ�ncia do uso de drogas”, n�o poder�o sair do abrigo at� o dia seguinte.

(www.estadao.com.br, 30.05.2012. Adaptado.)

As justificativas apresentadas neste texto para legitimar a “interna��o compuls�ria” de usu�rios de drogas s�o norteadas por:

a)

princ�pios filos�ficos baseados no livre-arb�trio e na autonomia individual.

b)

valores de natureza religiosa fundamentados na preserva��o da vida.

c)

valores �ticos associados ao direito absoluto � liberdade da pessoa humana.

d)

realiza��o pr�via de consultas p�blicas sobre a interna��o obrigat�ria.

e)

crit�rios m�dicos relacionados � distin��o entre sa�de e patologia.

O clima do “politicamente correto” em que nos mergulharam impede o racioc�nio. Este novo senso comum diz que todos os preconceitos s�o errados. Ao que um amigo observou: “Ent�o voc�s t�m preconceito contra os preconceitos”. Ele demonstrava que � imposs�vel n�o ter preconceitos, que vivemos com eles, e que grande quantidade deles nos � �til. Mas, afinal, quais preconceitos s�o pr�-julgamentos danosos? S�o aqueles que carregam um ju�zo de valor depreciativo e hostil. Lembre-se do seu tempo de col�gio. Quem era alvo dos bullies? Os diferentes. As crian�as parecem repetir a hist�ria da humanidade: nascem trogloditas, violentas, cru�is com quem n�o � da tribo, e v�o se civilizando aos poucos. Alguns, nem tanto. Ser�o os que v�o conservar esses r�tulos p�treos, imut�veis, muitas vezes carregados de �dio contra os “diferentes”, e dif�ceis (se n�o imposs�veis) de mudar.

(Francisco Daudt. Folha de S.Paulo, 07.02.2012. Adaptado.)

O artigo citado aborda a rela��o entre as tend�ncias culturais politicamente corretas e os preconceitos. Com base no texto, pode-se afirmar que a supera��o dos preconceitos que induzem comportamentos agressivos depende

a)

da capacidade racional de discriminar entre pr�-julgamentos socialmente �teis e preconceitos disseminadores de hostilidade.

b)

de uma assimila��o integral dos crit�rios “politicamente corretos” para representar e julgar objetivamente a realidade.

c)

da constru��o de valores coletivos que permitam que cada pessoa diferencie os amigos e os inimigos de sua comunidade.

d)

de medidas de natureza jur�dica que criminalizem a express�o oral de ju�zos preconceituosos contra integrantes de minorias.

e)

do fortalecimento de valores de natureza religiosa e espiritual, garantidores do amor ao pr�ximo e da conviv�ncia pac�fica.

Se um governo quer reduzir o �ndice de abortos e o risco para as mulheres em idade reprodutiva, n�o deveria proibi-los, nem restringir demais os casos em que � permitido. Um estudo publicado em “The Lancet” revela que o �ndice de abortos � menor nos pa�ses com leis mais permissivas, e � maior onde a interven��o � ilegal ou muito limitada. “Aprovar leis restritivas n�o reduz o �ndice de abortos”, afirma Gilda Sedgh (Instituto Guttmacher, Nova York), l�der do estudo, “mas sim aumenta a morte de mulheres”. “Condenar, estigmatizar e criminalizar o aborto s�o estrat�gias cru�is e falidas”, afirma Richard Horton, diretor de “The Lancet”. “� preciso investir mais em planejamento familiar”, pediu a pesquisadora, que assina o estudo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Os seis autores concluem que “as leis restritivas n�o est�o associadas a taxas menores de abortos”. Por exemplo, o sul da �frica, onde a �frica do Sul, que o legalizou em 1997, � dominante, tem a taxa mais baixa do continente.

(http://noticias.uol.com.br, 22.01.2012. Adaptado.)

Na reportagem, o tema do aborto � tratado sob um ponto de vista

a)

fundamentalista-religioso, defendendo a validade de sua proibi��o por motivos morais.

b)

pol�tico-ideol�gico, assumindo um vi�s ateu e materialista sobre essa quest�o.

c)

econ�mico, considerando as despesas estatais na �rea da sa�de p�blica em todo o mundo.

d)

filos�fico-feminista, defendendo a autonomia da mulher na rela��o com o pr�prio corpo.

e)

estat�stico, analisando a inefic�cia das restri��es legais que pro�bem o aborto.

A convite da Confedera��o Nacional de Seguros, institui��o privada, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justi�a) e do TST (Tribunal Superior do Trabalho) participaram de semin�rio em hotel de luxo no Guaruj� (SP), no in�cio de outubro. O evento, que aconteceu num hotel cinco estrelas, come�ou numa quinta-feira e prolongou-se at� domingo. No per�odo, as di�rias variavam de R$ 688,00 a R$ 8.668,00. Al�m dos ministros, desembargadores e ju�zes de tribunais estaduais participaram do semin�rio. Foram discutidos assuntos de interesse dos anfitri�es, como o julgamento de processos sobre previd�ncia complementar e a boa-f� nos contratos de seguros.

(Folha de S.Paulo, 14.11.2011. Adaptado.)

A relev�ncia jornal�stica do fato retratado pode ser relacionada a quest�es

a)

t�cnicas, associadas aos processos jur�dicos em quest�o.

b)

�ticas, associadas ao comprometimento da neutralidade jur�dica.

c)

pol�ticas, que envolvem a escolha da cidade do Guaruj�.

d)

econ�micas, derivadas da diferen�a de pre�o entre as di�rias.

e)

burocr�ticas, na rela��o entre o estado e o capital privado.

Cada cultura tem suas virtudes, seus v�cios, seus conhecimentos, seus modos de vida, seus erros, suas ilus�es. Na nossa atual era planet�ria, o mais importante � cada na��o aspirar a integrar aquilo que as outras t�m de melhor, e a buscar a simbiose do melhor de todas as culturas. A Fran�a deve ser considerada em sua hist�ria n�o somente segundo os ideais de Liberdade-Igualdade-Fraternidade promulgados por sua Revolu��o, mas tamb�m segundo o comportamento de uma pot�ncia que, como seus vizinhos europeus, praticou durante s�culos a escravid�o em massa, e em sua coloniza��o oprimiu povos e negou suas aspira��es � emancipa��o. H� uma barb�rie europeia cuja cultura produziu o colonialismo e os totalitarismos fascistas, nazistas, comunistas. Devemos considerar uma cultura n�o somente segundo seus nobres ideais, mas tamb�m segundo sua maneira de camuflar sua barb�rie sob esses ideais.

(Edgard Morin. Le Monde, 08.02.2012. Adaptado.)

No texto citado, o pensador contempor�neo Edgard Morin desenvolve

a)

reflex�es elogiosas acerca das consequ�ncias do etnocentrismo ocidental sobre outras culturas.

b)

um ponto de vista idealista sobre a expans�o dos ideais da Revolu��o Francesa na hist�ria.

c)

argumentos que defendem o isolamento como forma de prote��o dos valores culturais.

d)

uma reflex�o cr�tica acerca do contato entre a cultura ocidental e outras culturas na hist�ria.

e)

uma defesa do car�ter absoluto dos valores culturais da Revolu��o Francesa.

O psic�logo Drew Westen mostrou que, na pol�tica, emo��es falam mais alto que a l�gica. Ele monitorou os c�rebros de militantes partid�rios enquanto viam seus candidatos favoritos caindo em contradi��o. Como previsto, eles n�o tiveram dificuldade para perceber a incongru�ncia do “inimigo”, mas foram bem menos cr�ticos em rela��o ao “aliado”. Segundo Westen, quando confrontados com informa��es amea�adoras �s nossas convic��es pol�ticas, redes de neur�nios associadas ao estresse s�o ativadas. O c�rebro percebe o conflito e tenta desligar a emo��o negativa. Circuitos encarregados de regular emo��es recrutam, ent�o, cren�as capazes de eliminar o estresse. A contradi��o � apenas fracamente percebida.

(H�lio Schwartsman. Folha de S.Paulo, 07.02.2012.)

A tese exposta no texto exp�e uma dificuldade em compreender a contradi��o entre convic��es pessoais e fatos objetivos. De acordo com o texto, essa contradi��o est� relacionada

a)

� capacidade da raz�o de prevalecer sobre interfer�ncias de natureza emocional.

b)

�s fortes tend�ncias de manipula��o do notici�rio pol�tico pelos meios de comunica��o.

c)

a estados patol�gicos que dificultam a tarefa de compreens�o racional da realidade.

d)

a mecanismos neurol�gicos de prote��o contra ideias e emo��es amea�adoras.

e)

� defasagem entre valores �ticos e interesses pessoais no campo pol�tico e partid�rio.

Finalizar essa prova?

Ap�s finalizar voc� n�o poder� mudar as respostas.

Criar prova?

Essa prova � de outro usu�rio. Crie uma para voc�.