O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil argumentos

Mestre em Ensino na Educação Básica (UFG, 2021)
Licenciada em Geografia (UFG, 2003)

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O Brasil foi regionalizado em diversas situações no decorrer de sua história e com distintas finalidades. No entanto, convencionamos para fins de estudos e atuação de políticas públicas, privilegiar a utilização da divisão proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que classifica o Brasil em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul.

O Brasil, em razão de sua formação territorial e histórica, é um país de grandes desigualdades, sejam elas de etnia, cor, gênero, religião, sociais ou econômicas. Essas disparidades podem também ser notadas quando comparamos os dados referentes às regiões brasileiras.

Desenvolvimento desigual

A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica o Brasil entre os dez países mais desiguais do mundo, no que diz respeito às condições socioeconômicas. Ao mesmo tempo em que o país possui cidades e regiões bastante desenvolvidas como é o caso das regiões Sul e Sudeste, é possível encontrar outras que têm índices de desenvolvimento bem menores, como as regiões Norte e Nordeste.

Essas desigualdades vão muito além da renda das pessoas e passa por questões de acesso a saúde, saneamento básico, transporte e infraestrutura. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a qualidade de vida da população, demonstra que no Brasil, a Região Sudeste conta com a as melhores condições de vida, seguidas pela Região Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste. Esta última concentra os piores indicadores relacionados à educação, saúde e renda.

Alguns fatores históricos e geográficos contribuíram para concretização dessa realidade:

  • Ocupação do Território: a ocupação do Brasil se deu a partir do litoral, transformando essa parte do país de forma mais intensa e tornando-a mais densamente povoada.
  • Industrialização: por ser a região mais ocupada, a zona litorânea do Sul e Sudeste apresentaram maior concentração industrial o que impacta na qualidade de vida dessa população.
  • Mão de obra e matéria-prima: O desenvolvimento do Brasil é fruto de ciclos econômicos de produção de café, cana-de-açúcar e, posteriormente, a atividade mineradora, e essas atividades se concentravam também nas regiões Sul e Sudeste.

A partir desses fatores, as regiões que possuem estados nas porções oeste e norte do Brasil tiveram uma ocupação e industrialização bem mais tardias.Essas características impactaram negativamente no desenvolvimento dos estados, dessa porção do país.

Os vários “Brasis”: desigualdades sociais e econômicas

As desigualdades regionais se espacializam de diferentes formas, e isso pode ser percebido observando diferentes referenciais. Se observarmos a taxa de analfabetismo, por exemplo, veremos que a Região Sul conta com os menores índices: 3,6% de sua população é analfabeta, em seguida, a Região Sudeste quase empata com 3,8%, já a Região Centro-oeste tem 5,7 % de analfabetos, a Região Norte com 8 % e por fim, a Região Nordeste conta com 14,5 % de analfabetos. Um percentual altíssimo, que reflete na qualidade do trabalho e na obtenção de renda.

Em relação à renda per capita (média da renda por habitante em um ano), é nítida a disparidade entre as regiões brasileiras:

  • Região Sudeste – 15.534,00 dólares por ano
  • Região Centro-oeste 15.249,00 dólares por ano
  • Região Sul – 13.360,00 dólares por ano
  • Região Norte – 7.610,00 dólares por ano
  • Região Nordeste – 5.687,00 dólares por ano

O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil argumentos

Políticas públicas com a finalidade de melhorar a distribuição de renda no Brasil passaram a ser a principal, nos últimos anos, alvo de investimentos expressivos a fim de reverter as desigualdades regionais. Em relatório do Banco Mundial (BM), entre 1990 e 2009 cerca de 60% das pessoas saíram do limiar da linha da pobreza, totalizando 25 milhões de pessoas. Já entre 2001 e 2013 o percentual de pessoas vivendo na extrema pobreza baixou de 10% para cerca de 4%.

Nos últimos anos, o Brasil apresenta um retrocesso no combate à pobreza. Segundo o Banco Mundial, entre 2014 e 2017 o número de pessoas na pobreza aumentou em 7,3 milhões, para 43,5 milhões de pessoas (21% da população brasileira). As desigualdades no Brasil não foram solucionadas e esse processo está distante de uma solução.

Fontes:

Banco Mundial - https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/04/05/banco-mundial-alerta-para-aumento-da-pobreza-no-brasil.ghtml

Desigualdades de renda - https://nacoesunidas.org/relatorio-banco-mundial-afirma-que-brasil-conseguiu-praticamente-erradicar-extrema-pobreza/

Participação no PIB - https://www.hojeemdia.com.br/primeiro-plano/desigualdade-regional-cai-no-brasil-mas-ainda-%C3%A9-desafio-a-desenvolvimento-1.292677

Programas sociais - https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/pacto-federativo/partilha-dos-tributos/desigualdades-ainda-resistem-as-mudancas

Poder de compra - http://mercadopopular.org/economia/desigualdade-regional-brasil/

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/desigualdades-regionais-do-brasil/

O que falar sobre o desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil?

Nesse viés, a redução das desigualdades regionais, no Brasil, representa ainda enormes desafios. Pode-se dizer, então, que a inércia estatal e o individualismo do empresariado são os principais responsáveis pelo quadro. Primeiramente, ressalta-se a inoperância governamental para combater o desajuste fiscal.

Como reduzir a desigualdade nas regiões do Brasil?

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O que causa as desigualdades entre as regiões do Brasil?

Desigualdade regional Devido aos fatores históricos, é comum acontecer que pessoas de uma determinada localidade tenham mais privilégios do que em outra região. No Brasil, podemos ver essa diferença entre as condições da população do Nordeste em relação à população das regiões Sul ou Sudeste.

Qual é o desafio de reduzir as desigualdades sociais?

Para enfrentar a concentração de renda, a principal estratégia adotada com sucesso em países desenvolvidos é a efetivação de um sistema tributário progressivo, modelo que escalona a arrecadação de impostos, taxando mais os contribuintes com maior renda e patrimônio.