O que a Folha de São Paulo falou sobre Marília?

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Nesta sexta-feira (5), Gustavo Alonso, colunista da Folha de São Paulo, publicou um texto intitulado ‘Marília Mendonça, rainha da sofrência, não conheceu o fracasso’, que está causando revolta nas redes sociais.

“Nunca foi uma excelente cantora. Seu visual também não era dos mais atraentes para o mercado da música sertaneja, então habituado com pouquíssimas mulheres de sucesso: Paula Fernandes, Cecília (da dupla com Rodolfo), Roberta Miranda, Irmãs Galvão, Inhana (da dupla com Cascatinha)”, afirma o historiador em um trecho.

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“Marília era gordinha e brigava com a balança. Mais recentemente, durante a quarentena, vinha fazendo um regime radical que tinha surpreendido a muitos. Tornava-se também bela para o mercado. Mas definitivamente não foi isso que o Brasil viu nela”, declara Gustavo em outro.

Na web, internautas passaram a criticar Alonso. “Que texto mais nojento e desrespeitoso este da Folha. Não respeita a mulher morta, seus familiares, fãs, outras milhões de mulheres”, disse um rapaz. “Isso é coisa pra se escrever? Que texto nojento. Falta de respeito. Falta de sensibilidade. Falta de caráter”, disparou outro.

Veja:

Isso é coisa pra se escrever?

Que texto nojento. Falta de respeito. Falta de sensibilidade. Falta de caráter.

Vai se fuder, Gustavo Alonso. https://t.co/cyuoSZse3a

— André Serret (@andre_serret) November 6, 2021

se eu tivesse que eleger uma única frase extremamente desnecessária para um obituário, “gordinha e brigava com a balança” entraria FORTE no páreo. e com direito a uma frase elogiosa sobre um “regime radical” ainda por cima! parabéns @folha 😍 pic.twitter.com/lH6vnuWhFd

— Flora Thomson-DeVeaux (@ruivanorio) November 6, 2021

Insensível, machista, gordofóbico e não entende m nenhuma ao dizer q Marília nunca foi uma excelente cantora. Q lixo de matéria é essa?

— Teresa Cristina (@TeresaCristina) November 6, 2021

@folha como vocês autorizam postar isso???? @GustavoAlonso vergonhoso o seu texto, mas mais vergonhosa ainda é a sua falta de sensibilidade, o machismo, a gordofobia e a sua falta de empatia pra falar de alguém que já não está entre nós. Um dia Deus cobrará tudo isso de você. https://t.co/zHKJvornDz

— Para você Ronalldo (@oisourodz) November 6, 2021

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Uma análise sobre a trajetória da cantora e compositora Marília Mendonça, que morreu ontem (5) num acidente aéreo em Minas Gerais, publicada na editoria 'Ilustrada' do diário conservador paulista Folha de S.Paulo provocou indignação em leitores de todo o país, que foram às redes sociais repudiar o texto assinado por Gustavo Alonso.

Ao falar sobre a meteórica e avassaladora carreira da Rainha da Sofrência, ainda que na maior parte do artigo de maneira elogiosa, o autor da coluna se expressa de forma machista e gordofóbica em determinados trechos da publicação.

"Nunca foi uma excelente cantora. Seu visual também não era dos mais atraentes para o mercado da música sertaneja, então habituado com pouquíssimas mulheres de sucesso – Paula Fernandes, Cecília (da dupla com Rodolfo), Roberta Miranda, Irmãs Galvão, Inhana (da dupla com Cascatinha)", escreve o articulista.

No parágrafo seguinte, o autor vai ainda mais longe em suas considerações sobre a forma física da jovem que tinha mais de 50 milhões de seguidores nas redes sociais e mais fãs que os Beatles no aplicativo de música Spotify.

"Marília Mendonça era gordinha e brigava com a balança. Mais recentemente, durante a quarentena, vinha fazendo um regime radical que tinha surpreendido a muitos. Ela se tornava também bela para o mercado. Mas definitivamente não foi isso que o Brasil viu nela", opinou.

A jornalista e roteirista de TV Mariliz Pereira Jorge respondeu na própria Folha ao texto publicado na seção Ilustrada, neste sábado (6), num artigo intitulado "Mulheres são julgadas pela aparência até quando morrem".

"As mulheres não deixam de ser julgadas por sua aparência nem quando morrem. Marília Mendonça não seria exceção. Fiquei pasma com o trecho da aná lise, publicada nesta Folha, sobre a trajetória da artista em que ela é retratada como "seu visual também não era dos mais atraentes para o mercado", "gordinha e brigava com a balança", "vinha fazendo regime radical". Não porque essas frases sejam o retrato da gordofobia e da misoginia que pautam a sociedade. O autor pode ter acreditado que apenas resumia uma impressão coletiva. Fiquei incomodada porque é uma visão preguiçosa sobre o que tem acontecido na sociedade, na qual Marília Mendonça se mostrou uma das maiores representantes de sua geração. Mas talvez o jornalismo não esteja preparado para isso", disparou Mariliz.

A roteirista exige um basta por parte da imprensa e dos meios de comunicação em relação a comportamentos desse tipo contra as mulheres.

"Marília nunca deixou de ser julgada. Quando não se enquadrava no padrão barbie do mundo artístico e, também, quando perdeu peso. A sociedade cobra respostas para tudo. Tanto faz suas motivações, se era por saúde ou por achar que se sentiria melhor com outra aparência. O julgamento sempre vem, sempre haverá alguém para dizer como cada um de nós deve se vestir, se parecer ou se pesar. O que não dá mais é que isso seja endossado pelos meios de comunicação", completou.

Até o perfil da Sleeping Giants Brasil, um coletivo virtual que luta na internet contra o financiamento de discursos de ódio e fake news, se posicionou contra o preconceituoso artigo publicado no jornalão paulista.

"Coluna da Folha descreve Marília Mendonça como "gordinha que brigava com a balança, visual não atraente e que nunca foi uma excelente cantora". Esse com toda certeza é um exemplo do que não a imprensa profissional jamais deve fazer, totalmente desrespeitoso e no pior momento!", postaram os ativistas.

Internautas, em diversas redes sociais, também repudiaram o teor da análise sobre a artista que faleceu de forma trágica.

"A coluna da Folha de SP sobre a morte da Marília Mendonça é deplorável! Quanta falta de sensibilidade e caráter do colunista. Puro machismo. Mais absurdo ainda é a Folha deixar aquilo ser publicado", escreveu um usuário de nome Matheus Coutinho.

"Gustavo Alonso foi muito infeliz e insensível na coluna da Folha, chega a ofender Marília Mendonça, por mais que no texto ele tente dizer que estava falando sob um hipotético ponto de vista "do mercado". O resultado é machista e gordofóbico e, publicado hj, chega a ser desumano", reclamou o perfil de Guilherme Cunha no Twitter.

"Que Coluna deprimente e desrespeitosa que a Folha lançou em relação a Marilia Mendonça. Nunca li uma coluna tão sórdida, quem a escreveu foi um incauto que se diz conhecedor da musica, mas é um imbecil na verdade. Esse texto devia ser apagado e o cara demitido", protestou um outro leitor, identificado como Bryan Muniz.

O ator e deputado federal Alexandre Frota (PSDB) foi mais um a engrossar o coro dia críticos do artigo machista e recheado de gordofobia.

"Isso não pode ser aceito por nós e por ninguém , isso é covardia. A Folha errou e muito. Alguém leu essa matéria da Folha, deprimente, foi ridículo, os ataques que a Marília Mendonça sofreu, inadmissível em 2021 esse ataque. Preconceito tem que deixar se existir nesse país", falou indignado o parlamentar.

Leia aqui, na íntegra, a coluna de Gustavo Alonso.

Por que disseram que Marília estava viva?

Segundo a assessoria, a informação de que ela estaria bem foi repassada a eles por "uma fonte confiável". Eles não explicam na nota qual foi esta fonte. "Em nenhum momento o equívoco foi intencional, sempre prezamos pela ética profissional e moral", diz a nota.

Como foi o sonho de Marília?

Em maio de 2020, Marília foi às redes logo pela manhã, às 7h57, compartilhar um sonho estranho que teve. "Gente, mas eu sonhei com água, queda-d'água, cachoeira e rio a noite todinha que Deus deu", escreveu. "E não mijei na cama", divertiu-se em seguida.

Quando foi que a Marília estourou?

Os números mostram que ela começou a estourar no Nordeste em dezembro de 2015, e que, a partir daí, suas músicas começaram a pipocar em outras regiões. O primeiro DVD que gravou como cantora, em agosto de 2015 em Itaituba (PA), teve público de 15 pessoas, entre as quais compositores e sua própria equipe.

Que ritmo Marília Mendonça cantava?

No momento, ela se recusou, pois acredite você, na época ela não gostava de cantar sertanejo. Marília Mendonça foi uma adolescente do pop rock e até do emo! Mas o destino fez o caminho dela se cruzar com uma grande produtora musical que viu um talento enorme na cantora para composição.