O que quer dizer bem diz a minha alma ao Senhor?

Exposição em Salmo 103

Por Tiago Souza

Elucidação: O salmo 103 uma é pérola literária. É o tipo de salmo que poderia dar a Davi o prêmio Nobel de literatura. Este salmo poderia tomar pra si nossos hinários inteiros. Derek Kidner falando sobre a importância desse salmo e seu conteúdo de adoração ao Senhor, diz que na galáxia do saltério, esse salmo se apresenta como uma estrela de primeira grandeza.[1] Somente neste salmo, temas como o perdão dos pecados, os atributos de Deus, suas obras, sua aliança e seu governo dos céus, são expostos a nós como uma encantadora percepção da nossa vida para com e pessoa de Deus.

Me parece que que o salmo, pelo conteúdo carregado de riqueza teológica, deve ter sido escrito por Davi com sua cabeça coberta de cabelos brancos e sua face de rugas. Ao que parece, esse salmo foi escrito por um homem maduro, de larga experiência com a vida. A gratidão admiradora e contempladora brilha em cada verso deste salmo.

Perceba comigo que uma expressão de louvor se repete neste salmo: Bendiga o Senhor! Você sabe o que é isso? Em outras palavras, Davi está dizendo a sua própria alma: Fale bem do Senhor! Parece que o salmista tem inúmeras razões para bendizer, falar bem do Senhor, neste salmo. A expressão aparece 7 vezes: 3 vezes nos primeiros dois versos, e 4 vezes nos últimos 3 versos. O salmista inicia bendizendo o Senhor, e termina bendizendo o Senhor. Abre e fecha o salmo em adoração exuberante. Portanto, está muito claro que o salmista deseja adorar o Senhor com profunda gratidão. Ele não cansa de achar razões para falar bem do Senhor, e não tão somente isso, encoraja outros a se juntar a ele em profunda gratidão ao Senhor.

Portanto o salmista deseja bendizer o Senhor. Ele quer apreciar, admirar, prezar, estimar, contemplar o Senhor e suas obras! De que maneira ele faz isso? Onde ele encontra tantos motivos para se auto exortar dizendo “Bendiga o Senhor a minha alma”? Qual é a fonte de tamanha admiração? Onde ele busca tantos motivos para bendizer o Senhor? Segundo o texto o que podemos ver no texto, a salmista nos apresenta 8 fontes de admiração ao Senhor. São elas:

1° Eu posso bendizer o Senhor olhando para a minha salvação. Vs 1-5

O verso 1 e 2 diz: Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu Senhor! Bendiga o Senhor a minha alma! Não se esqueça nenhuma de suas bênçãos! A primeira verdade do salmo vem num tom muito pessoal. Diz ele: “bendize o Senhor a minha alma.” A contemplação do Senhor, a admiração e apreciação do Senhor cabe a cada um. É algo muito pessoal. Embora sejamos encorajados a ter nossas reuniões públicas, a nossa afeição ao Senhor não é algo coletiva. Alguns tem afeições menores, outros maiores. No caso do salmista, a adoração no salmo 103 sempre vem no singular. Devemos, portanto, expressar a nossa afeição ao Senhor individualmente. É a afeição da “minha alma”, do “meu ser” pelo Senhor que o salmista está encorajando. Obviamente é na adoração pública e coletiva que Deus se manifesta com poder e glória, é no culto coletivo que devemos estar domingo após domingo, porém a apreciação do Senhor é responsabilidade de cada um.

Perceba comigo também que o salmista não deseja esquecer de nenhuma das bênçãos do Senhor. Para Davi, o Senhor é tão abençoador para com os seus, que fica até mesmo difícil enumerar tantas bênçãos da parte de Deus. O Senhor é tão bom para com Davi que fica difícil ele lembrar de todas as bênçãos que o Senhor derramou sobre ele e seu ministério. É importante ressaltar também que Davi parece fazer uma conexão entre bendizer o Senhor com a lembrança dos feitos do Senhor. Parece que no verso 2b, lembrar dos feitos do Senhor trará grandes motivos de bendizer o Senhor. E o salmista Davi tem toda a razão.

Por isso, veja que ele está exultando em profunda gratidão e exortando a própria alma a bendizer o Senhor. Qual o primeiro motivo? A própria salvação!

No verso 3 Davi inicia propriamente dito o primeiro motivo de tamanha adoração: a salvação pela graça soberana! Perceba como inicia o verso 3: é ele que perdoa os pecados e cura todas as suas doenças. A ideia do salmista é a salvação e purificação dos pecados. Ele salva e cura. Regenera e purifica. Ele remove os pecados e lava alma. Deus salva e também cura o pecador de todo o seu pecado.

Por vezes, as escrituras retratam o pecado como uma doença física mortal. Veja o que Isaias 1:2-6: “Ouçam, ó céus! Escute, ó terra! Pois o Senhor falou: criei filhos e os fiz crescer, mas eles se revoltaram contra mim. O boi reconhece o seu dono, e o jumento conhece a manjedoura do seu proprietário, mas Israel não sabe, o meu povo não me compreende. Ah, nação pecadora, povo carregado de iniquidade! Raça de malfeitores, filhos dados à corrupção! Abandonaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel e o rejeitaram. Por que haveriam de continuar a ser castigados? Por que insistem na revolta? A cabeça toda está ferida, todo o coração está sofrendo. Da sola do pé ao alto da cabeça não há nada são; somente machucados, vergões e ferimentos abertos, que não foram limpos nem enfaixados nem tratados com azeite.”

Davi não tem dúvida. O pecado causa grandes estragos físicos e, principalmente espirituais. Quando ele pecou com Bate-Seba e encomendou o assassinato de Urias, tentou encobrir o seu pecado à sua maneira. Mais tarde, quando Davi foi confrontado com o seu pecado, se arrependeu profundamente e confessou: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou sequidão sem estio” (salmo 32:3-4).

Portanto Davi sabe o que o pecado causa. Como alguém que vai definhando, sendo consumido por conta de uma gangrena, assim é o pecado na alma humana.

Porém Davi reconhece uma solução. Um, antidoto, um remédio, uma cura. Segundo ele, é o Senhor que perdoa todos os pecados, e cura todas as doenças. A solução para o pecado de Davi, bem como para todo homem agraciado por Deus, vem dos céus. É ele que faz, é ele que produz, é ele que perdoa, é ele que cura, é ele.

Para Davi a morte era certa. Bem da verdade é que as palavras de Paulo em Romanos 6:23 fazem sentido aqui: O salário do pecado é a morte”. O salmista encontrava-se na sepultura (4), espiritualmente morto e sem esperança por conta da sua natureza pecaminosa. Todavia, o Senhor o ressuscitou! É Deus que concede vida ao homem morto em seu pecado. É Deus que concede graça ao pecador e o tira da sepultura do pecado. Espiritualmente falando Davi estava morto para Deus. Em seu tumulo poderia muito bem ter uma inscrição, dizendo: Aqui jaz um pecador merecedor da ira de Deus!

Mas, a graça do Senhor foi mais forte que a lápide de Davi e o resgatou do seu pecado. Ele quebra toda lápide, seja ela feita de concreto, mármore, ou qualquer outra coisa. Quando Deus chama alguém da sepultura espiritual ninguém pode resistir a sua voz! Ele resgata eficazmente!

Foi exatamente isso que aconteceu com Davi! A graça o resgatou da sepultura. Concedeu vida e ressuscitou este homem que outrora fugia de Deus por conta dos seus pecados e transgressões. Deus o perdoou e o curou, por isso ele pode dizer: “bendiga o Senhor a minha alma. Ele te corou, oh minh ‘alma, de bondade e compaixão”.

Mas não para por aí. O Senhor perdoa, cura, coroa de bondade e compaixão, e agora também revigora a alma: “…que enche de bens a sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia (vs 5). Como se não bastasse a salvação que Deus nos proporciona, ele também renova a nossa disposição em adorá-lo. Eu gostei muito da paráfrase do Eugene Peterson que diz: Ele renova as suas forças – você é sempre jovem na presença dele[2].

Não importa os anos da sua vida. Não importa se suas forças físicas estão indo embora. Quando se está na presença de Deus, todos nós somos recebidos tal como um jovem atleta, com vigor, força e saúde. Quando cantamos a Deus, bendizendo o seu santo nome, mesmo com a voz embargada pela fadiga dos muitos anos, tenhamos certeza de que na presença dele somos recebidos como um jovem.

Isaias 40:31 nos lembra: “Aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias, correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.” Desejas chamar motivos para bendizer o Senhor, olhe para a sua salvação. Veja o que Senhor fez em sua vida quando lhe arrancou da sepultura do pecado e lhe concedeu vida eterna!

2° Eu posso bendizer o Senhor olhando para a história. Vs. 6- 10

Agora o salmista olha para os retrovisores da história. Ele olha para trás e lembra os feitos do Senhor na vida do povo.

Ele diz que Deus faz justiça e defende a causa dos oprimidos. Exemplo disso? Ele lembra da história do seu próprio povo: Ele manifestou o seu caminho a Moisés, os seus feitos aos israelitas (vs7). Davi busca motivos de bendizer ao Senhor olhando para a redenção do seu povo. Ele traz a memória os feitos do Senhor quando este com mão poderosa tirou o povo hebreu do Egito e os guardou quando caminhavam no deserto. O Senhor manifestou o seu caminho a Moises e os seus feitos aos Israelitas. A coluna de fumaça durante o dia, a coluna de fogo durante a noite, o maná providencial que Deus ofereceu nos anos da peregrinação, o triunfo nas guerras e os livramentos dos povos inimigos; a abertura do mar vermelho; a serpente de bronze levantada por Moisés com poderes antiofídicos são exemplos de que o Senhor estava no meio do povo com compaixão, misericórdia, paciência e amor.

É importante notar que o verso 7 cita quase que ipsis litteris o texto de Êxodo 34:6 quando o Senhor passou diante de Moisés proclamando: “Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado.”

Deus manifestou os seus feitos ao povo e o seu caminho a Moisés. Não foi algo pontualmente, mas continuamente. O povo se rebelava contra Deus, e este se mostrava sempre compassivo, perdoador, muito paciente e misericordioso.

Ele não tratou o povo como ele mereciam ser tratado. Antes, se utilizou de sua graça. Não retribuiu conforme a iniquidade do povo. Mas, estendeu a sua misericórdia. Não ficou ressentido para sempre. Antes, nos alcançou com sua eterna paciência.

Davi desejou achar motivos para bendizer o Senhor. O que ele fez? Ele também olhou para a história e viu a redenção do Senhor na vida do povo.

3° Eu posso bendizer o Senhor olhando para os lados vs 11-12

O salmista agora nos leva observar algumas leis da física. Ele olha para o céu e entende a distância com a terra. Ele olha para o ocidente e vê que ele é muito distante do oriente. O lugar onde nasce é distante do lugar onde ele se põe. Os ângulos são extremamente opostos. Ela pega essa verdade da física e geometria e aplica no evangelho: Assim como o céu se ergue acima da terra, assim é o amor de Deus para os que o temes. Assim como é distante onde sol nasce, de onde ele se põe, assim é a distância da nossa vida da culpa de nossas transgressões. 

O salmista encoraja a olhar para os lados, ver as extremidades entre dois pontos e entender que, como uma reta separa um ponto do outro, a graça e o amor do Senhor nos separam da culpa e das consequências das nossas transgressões.

Deus removeu de uma vez por todas as nossas transgressões e as colocou infinitamente distante de nós. Parece que o verso 12 suscita a ilustração do bode expiatório de Levítico 16.

Arão deveria sacrificar um novilho pelo seu próprio pecado e um bode pelos pecados do povo. Porém, havia ainda um terceiro bode. Neste o sacerdote deveria colocar suas mãos sobre a cabeça deste bode confessando os pecados do povo. Logo depois, o bode deveria ser levado a um lugar distante e solitário para morrer no deserto. Ele deveria ser deixado lá para morrer no esquecimento completo. A ilustração é clara. O bode representaria as nossas iniquidades e pecados sendo levados para o total esquecimento. Da mesma forma Deus fez conosco. Removeu as nossas iniquidades e pecados e lançou infinitamente longe de nós. A separação e o divórcio entre nós e os nossos pecados foi decretado na cruz de Cristo.

Davi desejou motivos para bendizer o Senhor. Ele fez isso olhando para a sua salvação, para história, e agora observando as leis da física. Assim como o céu está acima da terra, assim também está o amor de Deus sobre nós. Da mesma forma que o oriente é distante do ocidente, assim estamos nós distantes da culpa do nosso pecado!

4° Eu posso bendizer o Senhor olhando para dentro do lar. Vs 13-14

O salmista nos fez olhar para salvação, para a história, para a física e agora ele nos leva para dentro de um lar piedoso. Ele deseja que entremos e observemos a conduta de um pai amoroso. Estamos do lado de fora, olhando para os lados e para cima, agora ele pega em nossa mão e nos leva para dentro de uma casa. É como se ele apontasse e dissesse: Veja essa família. Observe o pai compassivo que depois de uma longa jornada de trabalho chega em casa e brinca com as crianças. Veja como ele muitas vezes não vai castigar os seus filhos todas as vezes que eles fizerem travessuras. Por vezes o pai os alcança com misericórdia, amor e compaixão. Assim é o Senhor para aqueles que o temem. Eles os alcançam com graça e misericórdia. E por vezes não disciplina seus filhos com ira, mas com amor, compaixão e misericórdia.

Perceba que o salmista também diz que Deus sabe do que somos formados (vs 14). Sabe que somos frágeis, pequenos, tão minimalista como um pó. Basta soprar um vento forte que seremos então jogados de um lado para o outro.

Deus conhece as nossas fragilidades, nós devemos conhecer também. Deus conhece nossas mazelas, nós também devemos conhecer. Que possamos saber que o amor dele jamais se apartará de nós. Que possamos reconhecer que somos pó, que somos como crianças dependentes de compaixão e misericórdia. Que possamos saber, reconhecer e bendizer a Deus por tamanho amor, mesmo diante de tão pequena insignificância. O calvinismo nos expõe diante do evangelho que nos conforta, dizendo que seu amor por nós é incondicional. Não há nada em nós que possa chamar a atenção Dele. Ele decidiu nos amar de forma incondicional. Essa é uma das razões que o salmista está tão radiante e desejoso de demonstrar o seu amor e sua adoração pelo Senhor.

5° Eu posso bendizer o Senhor olhando para a aliança. Vs 15-18

Do verso 15-18 o salmista nos leva para fora da casa. Se antes estávamos dentro vendo a comunhão do pai com seu filho, agora estamos do lado de fora, observando os campos. A tese do salmista é simples: o homem não vive muito. Nós podemos ter uma vida maravilhosa na terra, mas bem da verdade é que a nossa vida será muito curta.

Alguns nem alcançam os 60 anos. Os que tem sorte chegam aos 90 anos. Porém, observando a relva do campo, as flores silvestres, podemos tirar uma lição importante. O vento da morte pode nos levar embora. Deixamos de existir nesse corpo terreno. Porém, o nosso legado permanece! Como? Na aliança!  Nós morremos, porém deixamos os nossos herdeiros, aqueles que herdaram nosso legado. Perceba que o salmista fala da brevidade da vida, aponta para os nossos filhos e nos deixa esperançosos: “Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno, está com os que o temem, e a sua justiça com os filhos dos seus filhos, com os que guardam a sua aliança e se lembram de obedecer aos seus preceitos (vs 17 e 18)”

Quer motivos para bendizer o Senhor? Olhe para a aliança! Deus prometeu honrar as suas promessas com aqueles que o temem. Se permanecermos firmes, e guardar a nossa aliança com o Senhor ele alcançara os nossos filhos. Ele vai perpetuar a nossa fé em nossos descendentes. Nossos filhos, nossos netos, nossos bisnetos e tataranetos serão alcançados pela aliança. Como tenho certeza disso? Nós somos crentes e herdamos a promessa que o Senhor Deus deu a o nosso pai Abraão:  “Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes” (Gn. 17:7). Da mesma forma, Pedro garantiu tal promessa para nós e nossos filhos em Atos 2:39 “Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos que estão longe, para todos os que o Senhor, o nosso Deus, chamar”.

Descanse em Deus, e o louve pela promessa, pela aliança. Deus prometeu estender a promessa para os seus filhos. Guarde a aliança e descanse em Deus. Os nossos filhos, antes de ser nossos filhos, já eram dele mesmo antes da fundação do mundo!

Jonathan Edwards e Max Jukes

Al Sanders em sua obra “Crisis in Morality” catalogou 567 descendentes de Max Jukes um ateu contemporâneo de Jonathan Edwards (Teólogo, Pastor e pai do segundo grande despertamento). Fez o mesmo com 1394 descendentes de Jonathan Edwards. As diferenças são impressionantes: Max Jukes, o ateu, viveu uma vida ímpia e casou-se com uma moça igualmente ímpia. E dentre as pessoas que resultaram dessa união 310 morreram como indigentes, 150 foram criminosos, 7 se tornaram assassinos, 100 foram alcoólatras e mais da metade das mulheres eram prostitutas. Esses seus 567 descendentes custaram aos cofres públicos dos Estados Unidos U$ 1.250.000,00. Jonathan Edwards, viveu na mesma época de Max Jukes, mas se casou com uma moça crente, Sara Edwards. Foi feita uma investigação de 1394 descendentes conhecidos de Jonathan Edwards: 15 se tornaram diretores de faculdades, 65 foram professores de nível superior,03 foram senadores dos Estados Unidos, 30 foram juízes, 100 foram advogados, 60 foram médicos, 75 foram oficiais do exército e da marinha americana, 100 foram missionários e pregadores, 60 foram autores de renome, 01 foi vicepresidente dos Estados unidos, 80 se tornaram funcionários públicos, 295 se formaram em universidades, muitos foram governadores de estados americanos e outros foram diplomatas. Seus descendentes não custaram nenhum centavo ao estado. Provérbios 10: 7: A memória deixada pelos justos será uma bênção, mas o nome dos ímpios apodrecerá.

Deseja achar motivos para bendizer o Senhor: Olhe para a sua salvação; olhe para a história; olhe para as leis da física; olhe para dentro de um lar piedoso; e também olhe para aliança!

6° Eu posso bendizer o Senhor olhando para os céus. Vs 19-22

Do verso 19-22 Davi termina o salmo fitando os seus olhos nos céus. Ele não vê com os olhos da carne o trono de Deus, porém ele vê com os olhos da fé. Ele sabe e tem plena convicção que Deus, dos alto céus, governa sobre tudo. Nada foge do seu controle. Ele domina sobre tudo o que existe. Do macro universo ao micro universo. Dos astros gigantescos como a estrela à menos partícula encontrada, Deus reina sobre tudo. Em tudo o que acontece, em tudo o que vem a existência, em tudo o que foi criado, Deus deixa a sua marca registrada. Ele finca sua bandeira sobre a existência é brada: a minha! Tudo o que existe é meu! Meu trono se ergue sobre os céus e domina sobre toda a minha criação!

Qual a reação do salmista? Bendizer o Senhor! Porém, quando ele olha para a soberania de Deus, ele convida os seres angelicais para bendizer com junto. Ele deseja maximizar sua adoração. Ele deve ter pensado: “Deus é muito maior do que a minha adoração pode dar. Não posso fazer isso sozinho, preciso chamar os anjos para me ajudar”! Temos que fazer um concerto para Deus. Um tributo pelos seus atributos. Ele merece um espetáculo de adoração

E aqui, permita-me chamar a sua atenção para a razão do salmista ter chamado os anjos: 1) A adoração deles é acompanhada pela obediência de toda palavra do Senhor. Os anjos adoram o Senhor de forma excelente. Exercem o seu ofício obedecendo todo preceito de Deus. Deus dá uma ordem, e eles a cumprem. Eles ouvem e obedecem toda palavra do Senhor, 2) a adoração dos anjos é acompanhada pelo cumprimento da sua vontade. Os anjos não somente adoram a Deus pela obediência da Palavra de Deus, mas também pelo cumprimento de sua vontade. Davi deseja imitar a excelência da adoração que há nos céus. Ele deseja trazer os céus na terra, juntar a sua voz com a voz dos anjos e render louvores bendizentes a Deus.

O convite dado aos anjos, também se estende a toda a criação. Diz Davi no verso 22b: “bendigam o Senhor todas as suas obras em todos os lugares do seu domínio”. O salmista, os anjos,  e agora toda a criação agora estão bendizendo o Senhor. Ele reina do mundo físico ao metafísico, do material ao espiritual. Deus reina sobre tudo.

De que forma Davi fecha encerra este salmo? Pessoalmente! Ele abre com tom pessoal e fecha com tom pessoal: “Bendiga o Senhor a minha alma”. Do começa ao fim, ele está bendizendo. Os motivos não faltam. Você tem motivos para falar bem do Senhor? Você consegue enxergar em sua própria existência inúmeras razões para bendizer o Senhor?

Aplicações:

1)Ensine sua alma a bendizer o Senhor.

Creio que todos nós entendemos que devemos bendizer o Senhor. Não falta motivos para isso. Constantemente ele tem nos convencido de que não importa o que façamos ou deixamos de fazer: Ele nos ama! Todos nós sabemos que não nos falta motivos para bendizer ao Senhor. Sabemos que ele merece ser adorado e bendizido, que nossas afeições precisam ser todas direcionadas ao Senhor. Porém, desejo fazer uma pergunta: Temos preparado a nossa alma para bendizer o Senhor? Sabemos que precisamos bendizer o Senhor, porém estamos preparando-nos, disciplinando-nos a nossa alma para isso? Temos munido a nossa alma com convicções que a levam a bendizer o Senhor? Entre saber e fazer há uma grande diferença. O mais importante não é saber que devemos bendizer o Senhor, o importante é bendizer.

Perceba que Davi inicia e termina o salmo pregando para a sua própria alma: bendiga ao Senhor, Minh ‘alma! Por isso pergunto: Temos ensinado a nossa alma a bendizer o Senhor? Temos deixado ela preparada para adorar a Deus independente das circunstâncias?

Davi havia criado um método de bendizer o Senhor em qualquer momento.

Quando jovem: “Desde a minha juventude, ó Deus, tens me ensinado, e até hoje eu anuncio as tuas maravilhas”. Salmos 71:17; Quando rei: “Como é agradável o lugar da tua habitação, Senhor dos Exércitos! A minha alma anela, e até desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo. Até o pardal achou um lar, e a andorinha um ninho para si, para abrigar os seus filhotes, um lugar perto do teu altar, ó Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus. Como são felizes os que habitam em tua casa; louvam-te sem cessar! Salmos 84:1-4; Quando foi denunciado em seu pecado: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito. Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer”. Salmos 51:10-12; Quando estava fugindo do seu filho Absalão: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão. Salmos 63:1-3

Davi criou uma espécie de blindagem espiritual que os levava a olhar para todas as coisas e bendizer o Senhor. Prepare a sua alma para isso. Treine-a para louvar os melhores louvores. Discipline-a para adorar da melhor forma.

[1] Derek Kidner. Salmos 73-150 – Introdução e comentário, pg. 383

[2] Eugene Peterson. A Mensagem – Salmo103