Onde investir com a alta da selic

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A economia brasileira passa pelo maior aperto monetário desde 2003. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu elevar a taxa de juros para 13,25%, fazendo a Selic atingir o seu maior patamar desde 2016.

Esse cenário de alta dos juros favorece os investimentos em renda fixa que apresentam retornos cada vez mais atrativos e chamam a atenção dos brasileiros, em especial dos investidores conservadores.

Se você está interessado em saber quais aplicações financeiras se beneficiam desse movimento de alta dos juros, continue conosco neste material e confira.

Confira o que veremos neste artigo:
Relembre o que é a Taxa Selic e o seu comportamento nos últimos anos
O que muda com a alta da Selic?
Qual é a influência da alta da Selic nos investimentos de renda fixa?
Como investir com a alta da Selic?
Como fica a poupança com a alta da Selic?
E as aplicações na renda variável?
Considerações sobre os investimentos que valorizaram com a alta da Selic

Ao término desta leitura, aproveite para reavaliar sua carteira de investimentos e não deixe de lucrar com a alta da Selic.

Relembre o que é a Taxa Selic e o seu comportamento nos últimos anos

A Taxa Selic equivale a taxa básica de juros do Brasil e serve como referência em diversas operações no mercado financeiro, como empréstimos, financiamentos e investimentos.

Seu nome foi inspirado no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), local em que são registrados os empréstimos diários entre instituições financeiras que utilizam os títulos do tesouro como garantia.

Em outubro de 2016, a taxa Selic era cotada a 14,25% ao ano. Desde então o país passou por um cenário de juros baixos, chegando a atingir a sua mínima histórica em agosto de 2021, uma taxa de 2,0% ao ano.

Agora, o Brasil está diante de um forte ciclo de aperto monetário, no qual o aumento dos juros se faz necessário para conter a inflação e a depreciação do câmbio.

A taxa Selic é uma ferramenta de política monetária utilizada para conter a inflação e corresponde à taxa curta da curva de juros. Ela é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, o COPOM.

Em períodos de alta da Selic, as demais taxas praticadas no mercado financeiro seguem o mesmo movimento, tornando-se mais caras. Isso faz com que o volume de dinheiro circulando seja menor, reduzindo o consumo e os níveis de inflação.

Onde investir com a alta da selic
Fonte: Banco Central

Qual a influência da alta da Selic nos investimentos de renda fixa?

As aplicações em renda fixa normalmente têm o seu desempenho atrelado ao CDI, que por sua vez é influenciado pela Taxa Selic. Isso explica porque essa modalidade de investimento é sensível às variações da taxa de juros.

Basicamente, os ativos de renda fixa se diferenciam pela forma de remuneração, sendo classificados como:

  • Títulos Prefixados, cuja taxa de retorno é definida no momento da aplicação;
  • Títulos Pós-fixados, atrelados a um índice de referência, como a Selic, e com rendimentos conhecidos apenas no vencimento do papel;
  • Títulos Híbridos, que mesclam as duas formas de remuneração.

Assim, quando a Selic sobe, os títulos prefixados tornam-se menos interessantes. Já aqueles com remuneração pós-fixada conseguem acompanhar e se beneficiar dos movimentos de alta Selic.

Onde investir com a alta da selic
Fonte: Banco Central

Para lucrar com esse cenário de elevação dos juros, confira abaixo algumas possibilidades disponíveis no mercado acessíveis a todos os perfis de investidores:

1.    Tesouro Direto

Os títulos públicos pós-fixados são os mais recomendados em cenários de estímulo monetário. Isso porque o governo pode emitir papéis com taxas de retorno mais atrativas no curtíssimo prazo, podendo impactar a rentabilidade daqueles que já existem.

Por este motivo, o Tesouro Selic é uma excelente alternativa para aqueles que querem surfar a alta dos juros brasileiros.

Esse título público pós-fixado captura os movimentos da Selic, sendo uma ótima opção para aqueles com objetivos de curto prazo e que buscam a preservação de capital, dada sua baixa volatilidade e alta liquidez.

Já o Tesouro IPCA pode ser utilizado para proteger o patrimônio. Ele é um título híbrido com desempenho atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acrescido de uma parcela “pré”, que assegura um rendimento acima da inflação.

Mas atenção: como parte da sua remuneração é prefixada, é possível que ele sofra com a marcação a mercado e tenha alta volatilidade.

De qualquer forma, se o seu objetivo for permanecer com esses títulos de inflação até o vencimento, não há necessidade de preocupação com a taxa de juros.

2.    CDB

O Certificado de Depósito Bancário, ou CDB, é um título de renda fixa emitido por bancos para captar recursos para suas operações de crédito.

Eles possuem diferentes formas de remuneração e podem ser utilizados tanto como reserva de curto prazo ou para horizontes mais longos.

Assim como a poupança, o CDB conta com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura uma cobertura de até R$250 mil por CPF e instituição ou conglomerado financeiro, em caso de insolvência do emissor do título.

3.    CRA e CRI

Os Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA) e Imobiliários (CRI) são títulos emitidos por securitizadoras para financiar os setores do agronegócio e imobiliário.

Esses ativos, quando pós-fixados, beneficiam-se da alta dos juros. Normalmente, eles são mais expostos ao risco de crédito, por isso costumam oferecer maior rentabilidade e podem ser destinados apenas a investidores qualificados.

Vale lembrar que os CRAs e CRIs não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos, porém são isentos de imposto de renda para pessoa física.

4.    LCI e LCA

AsLetras de Crédito Imobiliárias e Letras de Crédito do Agronegócio são títulos bancários emitidos para captação de recursos destinados a financiar o mercado imobiliário e o agronegócio, respectivamente.

Em geral, as LCIs e LCAs com taxa de retorno pós-fixada apresentam melhor performance nos momentos em que os juros brasileiros estão em alta.

Esses títulos contam com a isenção fiscal para investidores pessoa física e garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Um ponto de atenção dessa classe de investimentos está na baixa liquidez, visto que além do prazo de vencimento do título, há a carência de 90 dias corridos determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

5.    Debêntures

As debêntures são títulos de dívida privada a fim de captar recursos para investir ou pagar dívidas. Em alguns casos, elas podem ser incentivadas, ou seja, livres de imposto de renda.

Esses ativos costumam ter vencimentos longos sendo destinados a investidores que buscam retorno no médio a longo prazo.

As debêntures são uma opção para aqueles que aceitam mais risco em troca de maior retorno.

6.    Fundos de investimento

Os fundos de investimento representam uma forma coletiva de aplicar os recursos, conduzida por um time de gestão especializado. Eles se diferenciam conforme a composição do seu portfólio e da estratégia utilizada.

Durante o ciclo de queda dos juros, os fundos de renda fixa, por exemplo, tiveram a sua atratividade reduzida.

O baixo desempenho do CDI somado aos custos operacionais necessários para manter a estrutura dos fundos refletiu na rentabilidade e reduziu a atratividade desta classe de ativos.

Agora, com os juros em alta e o prêmio de risco mais interessante, esses ativos tendem a se beneficiar e estão cada vez mais presentes na carteira dos investidores.

Os fundos de crédito privado são excelentes opções para diversificação das carteiras. No entanto, é importante ficar atento à qualidade do crédito dos ativos utilizados.

7.    Fundos Imobiliários

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) são aqueles focados no mercado imobiliário, podendo atuar em diferentes segmentos, como o de logística, shopping center, hospitalar, agências bancárias, lajes corporativas, entre outros.

Entre os Fundos Imobiliários disponíveis no mercado, os FIIs que investem em títulos de renda fixa, mais conhecidos como Fundos de papel, são os que mais costumam se beneficiar da alta da Selic.

Uma preocupação bastante comum entre os investidores é o impacto da alta dos juros no desempenho dos fundos imobiliários. No entanto, é importante reforçar que a selic influencia, porém não determina a valorização ou não dos FIIs.

As variações nas cotas dos fundos imobiliários são definidas pelas taxas de juros longas, que representam a economia, os níveis de inflação e o risco fiscal do país.

A poupança é outra modalidade de investimento cuja rentabilidade é influenciada pela taxa Selic. Em cenários de juros acima de 8,5% ao ano, seu rendimento é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Do contrário, o retorno é de 70% da Selic mais TR.

Essa regra entrou em vigor em maio de 2012, quando o governo mudou as regras de cálculo de juros da poupança. Antes, o rendimento da poupança era corrigido em 0,5% ao mês acrescido da TR.

Assim, os cenários de alta de juros são favoráveis para o desempenho da caderneta de poupança. Contudo, seu ganho real ainda está negativo, visto que os rendimentos não superam a inflação.

Em outras palavras, ao investir na poupança você não está acumulando ganhos de capital, tampouco preservando o poder de compra do dinheiro.

E as aplicações na renda variável?

Embora o cenário econômico seja de alta dos juros brasileiros, isso não significa que os investimentos na bolsa de valores,a B3, deixaram de ser interessantes.

Na verdade, o mercado de ações oferece inúmeras possibilidades, sobretudo para aqueles com perfil de risco arrojado e que buscam retorno no longo prazo. Sem falar que este pode ser um momento oportuno para identificar boas oportunidades.

Vale mencionar que para aplicar em renda variável, os investidores também podem recorrer aos fundos de ações e contar com a gestão de profissionais qualificados.

Considerações sobre os investimentos que valorizam com a alta da Selic

O cenário brasileiro exige cuidado! Além da alta da inflação, existem questões políticas e fiscais que impactam a economia.

Ainda que o Banco Central tenha reduzido o ritmo dos estímulos monetários, o ciclo de alta de juros ainda não chegou ao fim.

Portanto, o ideal é prezar por uma carteira de investimentos diversificada, capaz de se beneficiar de diferentes cenários da economia brasileira.

Na dúvida, procure um assessor de investimentos da Guide para auxiliá-lo no processo de escolha dos ativos adequados ao seu perfil de investidor, objetivos e necessidades.

Na Guide, você encontra os melhores investimentos, seja na renda fixa ou variável, para lucrar com a alta da Selic e ainda diversificar o seu portfólio.

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Qual melhor investimento com a alta da Selic?

As melhores opções da renda fixa Desde que a Selic voltou para os dois dígitos no início de 2022, a renda fixa recuperou o posto de queridinha dos investidores. Essa foi a única classe de ativos que conseguiu entregar rentabilidade positiva no primeiro semestre do ano; relembre.

Onde investir com a Selic?

Os únicos títulos de renda fixa que dão rendimento positivo independentemente da data de resgate são os atrelados à Selic, no Tesouro Direto, ou ao CDI, como CDBs, LCIs e LCAs, emitidos por bancos. É por isso que eles são aconselhados para formar a reserva de emergência ou para realizar objetivos de curto prazo.