Por que o faraó era sempre o maior dentre as figuras representadas numa pintura?

Por que o faraó era sempre o maior dentre as figuras representadas numa pintura?
DETALHE - Pintura em Deir el-Bahari, complexo de sepulturas e templos mortuários (Luxor, Egito). Foto: PRILL / Shutterstock.com

Para entendermos completamente sobre a arte egípcia, precisamos realizar uma contextualização do momento histórico em que ela se desenvolveu.

A civilização egípcia foi extremamente importante no decorrer do processo histórico da antiguidade. Ela proporcionou grandes avanços nas letras, medicina, e ciências matemáticas, que geraram e consolidaram um grande desenvolvimento no território, na organização social e em realizações culturais durante milênios.

Apresentaremos as características e exemplificações de suas artes, que mantiveram um padrão ao longo de toda a sua existência, demonstrando a pouca influência de culturas externas em suas produções. Em contrapartida, a grandiosidade dessa civilização junto a seus costumes e construções, influenciaram os etíopes, gregos, romanos, e diversos outros povos.


Conceito de Arte egípcia

Toda arte e produção material egípcia possuía uma finalidade prática.

  • Uma estátua continha o espírito de um deus;
  • a pintura na tumba retratava cenas da própria vida na Terra para que o espírito pudesse se lembrar dela;
  • encantos e amuletos protegiam o indivíduo de danos;
  • cerâmicas eram feitas para beber, comer e guardar objetos.

Até onde sabemos, os antigos egípcios não tinham palavras que correspondessem exatamente ao nosso uso abstrato da palavra “arte”. Eles tinham palavras para tipos individuais de monumentos que hoje consideramos exemplos de arte egípcia — “estátua”, “estela”, “tumba” —, mas não há razão para acreditar que essas palavras necessariamente incluíssem uma dimensão artística em seu significado.

É preciso entender que eles não faziam arte prioritariamente para ser contemplada esteticamente, como fazemos hoje. Isso fez com que os autores dessas pinturas ficassem anônimos até hoje.

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Religiosidade

Esse elemento está presente em toda a produção artística da civilização egípcia. Obras arquitetônicas, pinturas, esculturas, todas apresentam o caráter religioso e ritualístico.

A religião servia como suporte para interpretar o universo, justificar a organização social e política, o que acabava por orientar, também, toda a produção artística desse povo.

Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e pensavam que a vida vivida após a morte seria mais importante que a do tempo presente. Com isso, temos que o fundamento ideológico dessa arte está na glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários e túmulos grandiosos.

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Mumificação do corpo.
Acreditava-se que se o corpo fosse lesionado, a alma do mesmo seria penalizada durante a eternidade

Simetria

O equilíbrio nessa arte está fortemente ligado ao valor cultural do ma’at (harmonia), que foi central para a civilização. Ma’at não era apenas uma ordem universal e social, mas o próprio tecido da criação que surgiu quando os deuses transformaram o universo ordenado em um caos indiferenciado. O conceito de unidade, era esse “caos”, introduzido a partir de dualidades: noite e dia, feminino e masculino, escuridão e luz.

É por esta razão que os templos, palácios, casas e jardins egípcios, estátuas e pinturas, anéis de sinete e amuletos foram todos criados com o equilíbrio em mente e todos refletem o valor da simetria. Os egípcios acreditavam que suas terras haviam sido feitas à imagem do mundo dos deuses e, quando alguém morria, eles iam para um paraíso que achavam bastante familiar.

Quando um obelisco era feito, ele sempre possuía um gêmeo idêntico. Ambos eram pensados ​​para ter reflexões divinas, feitas ao mesmo tempo, na terra dos deuses. Os pátios dos templos foram propositalmente dispostos para refletir a criação, ma’at, heka (magia) e a vida após a morte com a mesma perfeita simetria que os deuses haviam a iniciado.

A Paleta de Narmer é uma placa cerimonial de dois lados, de siltito, esculpida com cenas da unificação do Alto e Baixo Egito pelo Faraó Narmer. A importância da simetria é evidente na composição que apresenta as cabeças de quatro touros (um símbolo de poder) no topo de cada lado e representação equilibrada das figuras que contam a história.

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A Paleta de Narmer (c. 3150 a.C.)

Quem era retratado

Os túmulos, pinturas, inscrições, até mesmo a maior parte da literatura, estão relacionados com as vidas da classe dominante. A arte egípcia representa a história da elite. De tabela, ao retratar a vida dos superiores na hierarquia da sociedade, as classes mais baixas também apareciam. Isso permitiu que, mesmo sob uma construção parcial e enviesada, a história dessa civilização fosse conhecida e entendida posteriormente.


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Pintura

Além de seu caráter religioso e ritualístico, as pinturas seguiram um padrão por milênios. Como podemos observar em todas as imagens, as figuras não são tridimensionais; parte do corpo é representado de frente e o restante, de perfil.

Além da falta de tridimensionalidade, não observamos também a presença de perspectiva. A prioridade, ao retratar as imagens, era sempre representar a estrutura hierárquica da sociedade, onde, a figura mais importante aparece em tamanho maior em relação as demais. A grandeza, assim, dava-se na seguinte sequência decrescente: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo.

As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto as masculinas, em vermelho. Observamos, por fim, a presença de hieroglifos nessas representações junto das imagens.

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Escultura

Assim como toda sua arte de caráter funcional, essas estátuas tinham a intenção de dar vida eterna aos governantes além de servir como formas físicas de adoração e admiração.

As masculinas eram mais escuras que as femininas; nas estátuas sentadas, as mãos tinham de ser colocadas de joelhos e regras específicas regiam a aparência de todo deus egípcio. Por exemplo, o deus do céu (Hórus) era essencialmente para ser representado com uma cabeça de falcão, o deus dos ritos fúnebres (Anúbis) deveria ser sempre mostrado com a cabeça de um chacal.

Mais uma vez podemos observar uma padronização na elaboração desse tipo de arte. As formas são sempre estáticas e ausentes de expressividade; quanto à posição, estão sempre ou em pé, ou sentados.

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Arquitetura

As pirâmides do deserto são as obras arquitetônicas mais famosas e dessa civilização, que serviam como local de armazenamento onde ficariam o faraó e seus pertences. As Esfinges representando o corpo de um leão (força) e a cabeça humana (sabedoria), eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos. Obeliscos eram colocados à frente dos templos para materializar a luz solar.

Todas essas obras demonstravam um caráter robusto, impenetrável e glorificante, refletindo as características de seus deuses e governantes terrenos.

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Veja a seguir


Fontes

  • ancient.eu
  • crystalinks/egyptart

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Porque o faraó era sempre representado maior do que o restante?

As pinturas deixam claro a devoção do povo pelos faraós, que era visto como um deus na terra, por isso, nas pinturas, ele é sempre a maior das figuras.

Como era representado o faraó das pinturas?

A lei da frontalidade é a característica mais marcante na pintura egípcia. Essa regra determinava que o tronco das pessoas deveria ser representado de frente, enquanto a cabeça, pernas e pés exibidos de perfil. Os olhos também são retratados de frente.

Qual a importância da figura do faraó?

O faraó era um governante com amplos poderes dentro do território egípcio. Graças aos poderes a ele investidos, poderia colocar a maioria da população sob o seu comando por meio do eficiente sistema de trabalho servil que organizava tal sociedade.

Porque as esculturas egipcias eram uma representação mais real dos seres e coisas?

A escultura egípcia foi antes de tudo animista, encontrando sua razão de ser na eternização do homem após a morte. Foi uma estatuária principalmente religiosa. A representação de um faraó ou um nobre era o substituto físico da morte, sua cópia em caso de decomposição do corpo mumificado.