Por que o Nordeste se tornou uma região atrativa para grandes empreendimentos industriais no final do século XX?

Estes exercícios sobre espaço industrial brasileiro abordam as configurações socioespaciais e a história da industrialização do país. Publicado por: Rodolfo F. Alves Pena

“A implementação da política 'desenvolvimentista' da administração Kubitschek marca a utilização, pela primeira vez, de uma política deliberada de industrialização. Essa política consistia essencialmente de uma tarifa aduaneira efetivamente protecionista (…). Ao mesmo tempo, e complementarmente, a política fiscal era francamente expansionista e iniciou, no fim da década, a concessão de incentivos fiscais para o desenvolvimento industrial”.

SUZIGAN, W. Industrialização e política econômica: uma interpretação em perspectiva histórica. Pesquisa e Planejamento Econômico, nº5 (2). Rio de Janeiro: Ipea, dez. 1975. p.451-452.

O modelo industrial adotado no espaço geográfico brasileiro no período analisado pelo texto tinha como referência:

a) o caráter puramente nacionalista

b) a ampliação das exportações

c) o desenvolvimento agroindustrial

d) a construção de indústrias de base

e) a substituição de importações

O espaço industrial brasileiro contemporâneo vem sendo assistido por um processo de dispersão fabril, isto é, o deslocamento dos empreendimentos do setor secundário para o interior do país, tanto para as metrópoles regionais quanto para as cidades médias e regiões rurais. Mesmo assim, as regiões historicamente predominantes na industrialização brasileira do século XX ainda concentram a maior parte desse capital gerado.

As áreas pioneiras referenciadas pelo texto são:

a) centro-sul e nordeste

b) sudeste e meio norte

c) nordeste e sul

d) zona litoral e região norte

e) centro-oeste e sul

Além do direcionamento de infraestruturas, a realização de investimentos públicos e adoção de políticas orçamentárias, um dos fatores responsáveis pelo processo de desconcentração industrial do Brasil é:

a) a dispersão demográfica do país

b) a “guerra fiscal” entre os estados

c) a urbanização das capitais regionais

d) o crescimento das cidades médias

e) a mão de obra barata no interior do território

(Enem 2012)

A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do desdobramento da divisão territorial do trabalho no Brasil. A produção industrial torna-se mais complexa, estendendo-se, sobretudo, para novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte.

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).

Um fator geográfico que contribui para o tipo de alteração da configuração territorial descrito no texto é:

a) Obsolescência dos portos.

b) Estatização de empresas.

c) Eliminação de incentivos fiscais.

d) Ampliação de políticas protecionistas.

e) Desenvolvimento dos meios de comunicação.

respostas

Durante o governo Kubitschek, além da atração de empresas estrangeiras – sobretudo do mercado automobilístico –, optou-se por uma política desenvolvimentista calcada no modelo de substituição de importações.

Alternativa correta: letra E

Voltar a questão

As áreas regionais do Brasil que concentraram a industrialização do século XX, em virtude da maior presença de infraestrutura e investimentos públicos, abarcam o centro-sul brasileiro (como destaque para o sudeste) e algumas áreas litorâneas da região nordeste. Essas áreas abrigaram tanto as indústrias mais avançadas quanto as indústrias de base e o meio agroindustrial.

Alternativa correta: letra A

Voltar a questão

Um dos principais fatores responsáveis pela relativa desconcentração industrial do Brasil nos tempos atuais é a chamada “Guerra Fiscal”. Nela, os estados e cidades oferecem um maior volume de incentivos fiscais (isenção de impostos) para atrair fábricas antes situadas em outras localidades.

Alternativa correta: letra B

Voltar a questão

A migração das indústrias acontece pelos incentivos governamentais, mas também depende de uma mínima infraestrutura para se concretizar, o que perpassa, entre outros fatores, pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e pela integração desse sistema em todo o território nacional.

Alternativa correta: letra E

Voltar a questão

Por que o Nordeste se tornou uma região atrativa para grandes empreendimentos industriais no final do século XX?

Leia o artigo relacionado a este exercício e esclareça suas dúvidas

O Espaço Industrial Brasileiro, assim como em todos os lugares, seguiu as características gerais do processo de industrialização das sociedades a partir do modo de produção capitalista. O processo de criação e instalação de indústrias em um território literalmente produz o espaço, transformando-o e conferindo a ele novas lógicas e novos significados. A industrialização contribui, principalmente, para a intensa e rápida urbanização do território, bem como para as concentrações econômica, populacional, de infraestrutura e de investimentos financeiros.

No Brasil, o processo de industrialização iniciou-se enquanto política de Estado a partir da década de 1930, quando a dependência econômica nas exportações de matérias-primas, com destaque para o café, levou a economia do país a ruir diante da Crise de 1929. Tal proposição intensificou-se com o chamado Plano de Metas, na década de 1950, e acarretou para uma ampliação da produção industrial brasileira.

No entanto, essa concentração ocorreu, sobretudo, na região Sudeste do Brasil, com o predomínio da cidade de São Paulo, em função de sua posição geográfica estratégica e da herança econômica ofertada pela produção cafeeira, que conferiram a essa cidade uma ligação com o Oeste e com o Porto de Santos através das ferrovias.

Além disso, a partir da década de 1950, a indústria automobilística consolidou-se nessa região, o que foi fundamental para a concentração do parque industrial brasileiro na capital paulista e em sua região metropolitana. Tais processos provocaram uma rápida e precária urbanização, bem como a explosão de movimentos migratórios advindos das diferentes regiões do Brasil.

O resultado foi o grande surto populacional da região Sudeste. Em 1872, São Paulo contava com cerca de 32 mil habitantes e era a décima maior cidade brasileira; ao final do século XX, já se tornara a maior metrópole do país e a quarta maior do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes, contando a cidade e sua região metropolitana, e 11 milhões, contando apenas a capital.

Na década de 1970, a produção industrial da capital paulista e de seu entorno representava quase a metade de toda a produção industrial nacional.

Todavia, a partir da década de 1980 em diante, houve esforços governamentais que se preocuparam em proporcionar uma desconcentração industrial do país, fato que só se efetivou claramente a partir da década de 1990. Apesar disso, São Paulo continuou na liderança nacional industrial, muito em virtude de sua modernização e ampliação de seu aparato tecnológico e industrial.

Por que o Nordeste se tornou uma região atrativa para grandes empreendimentos industriais no final do século XX?

Observe o crescimento demográfico da cidade de São Paulo no século XX e como ele diminuiu a partir do século XXI. ¹

Desconcentração industrial e Desmetropolização

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, as Unidades Federativas brasileiras ganharam maior autonomia no que diz respeito à política de implantação de impostos e de gerência de seu território.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O resultado disso foi a instauração de um fenômeno chamado de “Guerra Fiscal”, em que os estados passaram a brigar pela presença das indústrias em seus espaços. Tal preocupação dava-se no fato de que a instalação de indústrias em um dado local ampliava a geração de empregos, elevava o consumo e angariava investimentos para obras de infraestrutura.

O problema é que esse processo de desconcentração industrial do território brasileiro não foi acompanhado de uma política de gerência urbana do espaço, acarretando para a difusão de problemas socioambientais no espaço das grandes cidades, com o crescimento dos índices de violência e a precarização das escolas, que não possuíam capacidade para atender a todo o quantitativo populacional. Além disso, observou-se também a ocorrência da favelização das cidades, segregação urbana, crescimento desordenado e precarização do trabalho assalariado, o que reduzia o poder de consumo da população. Viver nas cidades, sobretudo a partir do final do século XX, tornou-se um grande desafio.

Diante disso, observa-se atualmente o crescimento dos polos industriais e farmoquímicos, bem como sua dispersão pelo país, o que vem resultando no processo de Desmetropolização das grandes cidades, que mesmo registrando crescimentos populacionais, não vêm atraindo mais a mesma quantidade de pessoas de outras regiões como anteriormente.

Em contrapartida, observou-se o crescimento das chamadas cidades médias, que se caracterizam por ter uma população fixada entre 200 e 500 mil habitantes e por não se encontrarem em regiões metropolitanas. Tais cidades vêm se tornando verdadeiros atrativos para indústrias que buscam menos prejuízos financeiros com transporte (em razão dos congestionamentos das grandes cidades), além de impostos menores, terrenos mais baratos e força sindical menos articulada, o que favorece a diminuição de custos com salários.

Outro fato que contribui para esse processo de desmetropolização é a consolidação da malha rodoviária do Brasil, diferentemente do que havia nos tempos de instalação das indústrias brasileiras. Atualmente é mais fácil – também em função da Revolução Técnico-Científica – a dispersão de produtos e serviços para dentro e para fora do território, de forma que a estratégia de localização da indústria no espaço diminuiu em importância.

Essa dinâmica vem favorecendo o crescimento das médias cidades que, no entanto, só oferecem boas condições de subsistência para trabalhadores que possuem qualificações ou experiência em ramos industriais cada vez mais avançados tecnologicamente.

Apesar disso, é importante frisar que não é possível dizer que as metrópoles tendem a reduzir suas populações nos próximos anos, até porque as cidades médias e pequenas já demonstraram não ser capazes de absorver toda a mão de obra presente nas grandes cidades. A tendência que vem se revelando é que elas também passem a apresentar problemas urbanos, sociais, ambientais e de mobilidade.

________________________________

¹ Informações com base nos dados da Prefeitura de São Paulo

Por que as indústrias foram atraídas para a região nordeste?

A migração de empresas para a região se deve principalmente pelo fato do Nordeste possuir abundante mão-de-obra e de baixo custo, sem contar que muitos Estados oferecem incentivos fiscais para as empresas interessadas.

Por que a região nordeste apresenta um grande potencial de crescimento principalmente nos últimos anos?

Entre os setores que mais impulsionaram o crescimento econômico do Nordeste nas últimas décadas, estão a agricultura e a tecnologia. Falando sobre esse último, um artigo do portal UOL mostrou alguns estados nordestinos que investiram no setor.

Por que se pode afirmar que o Nordeste é a região de ocupação mais antiga do território brasileiro?

O Nordeste brasileiro representa a primeira zona de povoamento criada pelos conquistadores portugueses, que iniciaram a colonização a partir do litoral nordestino, que favorecia a ocupação em razão da presença de melhores condições naturais, como uma porção litorânea vastamente recortada, ideal para a navegação de ...

Qual o motivo que levou a região nordeste ser caracterizada como área de produção e organização mais antiga do Brasil?

A região nordeste foi o berço da colonização do Brasil, pois ali se deu o descobrimento do Brasil e se consolidou a colônia de exploração, que consistia, em suma, na exploração do pau-brasil (ou pau-de-pernambuco), cuja tinta de madeira era usada para tingir as roupas da nobreza do Velho Mundo.