Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

A AIDS, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome), é uma doença do sistema imunológico humano resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana - da sigla em inglês).

A AIDS se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunológico do corpo, com o organismo mais vulnerável ao aparecimento de doenças oportunistas, que são doenças que normalmente o corpo humano controla, mas que na presença do HIV elas se manifestam com maior frequência. Entre elas estão tuberculose, toxoplasmose ou alguns tipos de câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado com a presença do vírus HIV no organismo.

O organismo humano reage diariamente aos ataques de bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema imunológico. Muito complexa, essa barreira é composta por milhões de células de diferentes tipos e com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e por manter o corpo funcionando livre de doenças.

Entre as células de defesa do organismo humano estão os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV. São esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante de bactérias, vírus e outros micróbios agressores que entram no corpo humano.

O vírus HIV, dentro do corpo humano, começa a atacar o sistema imunológico ligando-se a um componente da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa começa a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Antes, este momento marcava o início do tratamento com os medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução do vírus. Na atualidade (desde 2014) a indicação é de iniciar o tratamento imediatamente após o diagnóstico.

Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS, ou um resultado positivo para um exame de HIV, era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa. Os medicamentos atuais também garantem eficácia para quase todas as pessoas que desenvolveram AIDS.

Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos (isto é, pessoas que têm o HIV no seu corpo, mas sem apresentar sintomas) que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, pois seguem o tratamento adequadamente. Se não estiverem em tratamento eficaz, podem transmitir o vírus a outras pessoas, além de arriscar a saúde.

Durante a infecção inicial, uma pessoa pode passar por um breve período doente, com sintomas semelhantes aos da gripe. Normalmente isto é seguido por um período prolongado sem qualquer outro sintoma. À medida que a doença progride, ela interfere mais e mais no sistema imunológico, tornando a pessoa muito mais propensa a ter outros tipos de doenças oportunistas, que geralmente não afetam as pessoas com um sistema imunológico saudável.

Cabe ressaltar o conceito do termo indetectável = intransmissível para Pessoas Vivendo com HIV, no qual, aquelas pessoas que estejam com carga viral do HIV indetectável há pelo menos seis meses, não transmite o vírus por via sexual. O termo Indetectável = Intransmissível (I = I) já é utilizado por cientistas e instituições de referência sobre o HIV em abrangência mundial.

Co-infec��o por HIV e leishmaniose emerge como desafio � sa�de p�blica

  • :: Especial Aids
  • :: Cientistas buscam formas de controle da leishmaniose
  • :: Estudo pode ajudar a interromper ciclo da leishmaniose
  • :: Iniciado estudo cl�nico e epidemiol�gico da leishmaniose no RJ

A infec��o pelo v�rus da Aids, que atinge mais de 30 milh�es de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), traz um desafio ainda maior � sa�de p�blica com a ocorr�ncia de doen�as oportunistas, que se desenvolvem paralelamente � infec��o agravando o quadro do paciente. Entre elas, destacam-se pneumonia, tuberculose, citomegalov�rus e sarcoma de Kaposi. Recentemente, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) investigam a emerg�ncia da leishmaniose como uma importante infec��o oportunista ao v�rus HIV tipo 1 (HIV-1).

Causada por parasitos do g�nero Leishmania transmitidos ao homem por insetos flebotom�neos, a doen�a pode se manifestar de forma relativamente branda, provocando les�es na pele e mucosas (leishmaniose tegumentar americana), ou grave, atingindo v�sceras (leishmaniose visceral). De acordo com o Minist�rio da Sa�de, 90% dos casos de leishmaniose visceral resultam em �bito.

 Victor Barreto

 

Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

 A imagem exibe c�lula do sistema imunol�gico infectada por parasitos do gen�ro Leishmania (pontos menores). O impacto epidemiol�gico da co-infec��o � t�o significativo que a OMS cogita introduzir a leishmaniose visceral como doen�a indicadora da Aids.

Registrada em todos os Estados brasileiros e end�mica em alguns deles, a leishmaniose acumulou, nos �ltimos dez anos, cerca de 400 mil casos no pa�s, segundo dados do Minist�rio da Sa�de. A associa��o entre leishmaniose e Aids � recente e apresenta um n�mero crescente de casos no Brasil e no mundo – sobretudo na regi�o mediterr�nica da Europa, que compreende Espanha, Fran�a, It�lia e Portugal.

O universo da co-infec��o no Brasil � impreciso em fun��o da escassez de estudos epidemiol�gicos completos sobre o tema. A partir do primeiro registro, realizado em 1987 pelo tropicalista Jos� Rodrigues Coura, pesquisador do IOC, casos isolados passaram a ser identificados por diferentes institui��es em diversas regi�es do pa�s, estimulando discuss�es e pesquisas cient�ficas. Atualmente, os especialistas observam um fen�meno de sobreposi��o das infec��es, caracterizado pela ruraliza��o da Aids e pela urbaniza��o das leishmanioses, que indica a emerg�ncia da doen�a parasit�ria como uma importante infec��o oportunista ao HIV-1.

O impacto epidemiol�gico � t�o significativo que a OMS cogita introduzir a leishmaniose visceral como doen�a indicadora da Aids.

O IOC desenvolve um projeto multidisciplinar pioneiro para o estudo da co-infec��o. “Aprovado pelo Programa Nacional de Doen�as Sexualmente Transmiss�veis e Aids (PN-DST/Aids) do Minist�rio da Sa�de, o projeto integra diversas abordagens para o esclarecimento da co-infec��o e prev� a avalia��o cl�nica, epidemiol�gica, parasitol�gica e virol�gica da co-infec��o para que possam ser tra�ados par�metros para diagn�stico, preven��o e tratamento”, apresenta a coordenadora do projeto, Alda Maria da Cruz, pesquisadora do Laborat�rio de Imunoparasitologia do IOC.

Identifica��o do perfil imunol�gico de pacientes ajuda a entender a co-infec��o

A defini��o dos padr�es imunol�gicos presentes em pacientes infectados simultaneamente por HIV-1 e Leishmania pode auxiliar pesquisadores a desvendar os mecanismos envolvidos na evolu��o da co-infec��o e a identificar marcadores imunol�gicos de sua ocorr�ncia – o que poder� facilitar o controle sobre o desenvolvimento dos agravos. Seguindo esta estrat�gia, o Laborat�rio de Aids e Imunologia Molecular do IOC estuda os perfis imunol�gicos da co-infec��o, comparando-os aos padr�es encontrados em indiv�duos infectados somente pelo HIV-1, buscando encontrar altera��es imunol�gicas que possam sinalizar a associa��o das infec��es.

 Gutemberg Brito

 

Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

 Ao comparar perfis imunol�gicos de pacientes soropositivos e de indiv�duos co-infectados pelo HIV e por leishm�nias, os pesquisadores buscam identificar marcadores que sinalizem a associa��o das infec��es

“A partir de nossa experi�ncia em avalia��o da infec��o por HIV-1 e, mais especificamente, da avalia��o do repert�rio de c�lulas de defesa afetadas pelo v�rus, utilizamos a t�cnica de citometria de fluxo para investigar como o sistema imune se comporta durante a co-infec��o por HIV-1 e Leishmania”, apresenta a pesquisadora Carmem Gripp, coordenadora do estudo. “Assim como ocorre na infec��o pelo v�rus da Aids, as c�lulas do sistema imune parasitadas por leishm�nias tamb�m sofrem altera��es imunol�gicas importantes. N�s vamos estudar como esse repert�rio de c�lulas se comporta durante a co-infec��o, avaliando o impacto da terapia antirretroviral a que os pacientes infectados pelo HIV-1 s�o submetidos sobre a resposta imune � infec��o por Leishmania”, explica.

Com esse objetivo, o Laborat�rio realiza an�lises moleculares de v�rus e parasitos encontrados em amostras de sangue de pacientes para observar in vitro a produ��o de ant�genos que possam funcionar como marcadores imunol�gicos da co-infec��o. “Isso � importante porque mesmo que n�o apresentem mais os sintomas da leishmaniose, pacientes co-infectados submetidos � terapia antirretroviral podem reapresentar a leishmaniose, devido ao impacto do tratamento anti-HIV sobre as c�lulas de defesa, que tamb�m controlam a replica��o de leishm�nias. Da� a import�ncia de identificar marcadores que possam sinalizar a ocorr�ncia de co-infec��o”, Carmem esclarece.

Resultados preliminares indicam poss�vel marcador imunol�gico da co-infec��o

Na busca de um perfil imunol�gico que caracterize os pacientes infectados por HIV-1 e Leishmania, uma pesquisa desenvolvida no Programa de P�s-Gradua��o em Biologia Parasit�ria do IOC investiga um poss�vel marcador imunol�gico presente em c�lulas de defesa que possa sinalizar a ativa��o de uma resposta imune espec�fica para a co-infec��o. “A resposta imune para Leishmania � uma e para o HIV-1 � outra. Ambas dependem de um mecanismo espec�fico e quando os pat�genos s�o associados verificamos novos aspectos imunopatog�nicos decorrentes desta intera��o”, apresenta Joanna Reis Santos de Oliveira, que conduz o estudo sob orienta��o das pesquisadoras Alda Maria da Cruz, do Laborat�rio de Imunoparasitologia, e Carmem Gripp, do Laborat�rio de Aids e Imunologia Molecular.

Ainda em fase inicial, a pesquisa apresenta resultados preliminares animadores que apontam uma mol�cula de ativa��o presente em c�lulas de defesa como poss�vel marcador imunol�gico da co-infec��o. Os estudos indicam que esta mol�cula pode sinalizar a possibilidade de reativa��o da leishmaniose em pacientes assintom�ticos para a doen�a ou em indiv�duos que j� tenham sido tratados clinicamente. “Os pacientes co-infectados estudados apresentam express�o extremamente elevada desta mol�cula de ativa��o, envolvida na replica��o de leishm�nias. Entre eles, os que manifestam clinicamente a doen�a, isto �, os que apresentam multiplica��o do protozo�rio em c�lulas do sistema imune, registraram maior �ndice de express�o da mol�cula em rela��o aos indiv�duos clinicamente tratados, que tiveram o ciclo de multiplica��o de leishm�nias interrompido. Por isso acreditamos que o �ndice de ativa��o desta mol�cula possa ser um indicador do mecanismo de regula��o da replica��o de leishm�nias em c�lulas co-infectadas”, Joanna descreve.

 Gutemberg Brito

 

Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

 Resultados preliminares apontam ativa��o de m�lecula como poss�vel indicador da replica��o de leishm�nias em c�lulas co-infectadas

Para confirmar esta hip�tese, por�m, � preciso dar continuidade ao estudo e comparar os perfis imunol�gicos de indiv�duos co-infectados que produzem o quadro cl�nico da leishmaniose e daqueles que n�o manifestam a doen�a aos de um grupo de controle composto por pacientes que apresentem somente uma das infec��es. Assim, ser� poss�vel identificar o mecanismo imunol�gico regulador da multiplica��o de leishm�nias durante a co-infec��o e entender porque determinados indiv�duos co-infectados controlam a replica��o do parasito e outros n�o. Joanna apresentar� os resultados finais da pesquisa em 2008.

Pesquisas apontam prote�na ligada � replica��o de leishm�nias em c�lulas co-infectadas

A partir de outra abordagem, o Laborat�rio de Imunologia Cl�nica do IOC estuda como a infec��o por HIV-1 regula a replica��o de leishm�nias em macr�fagos co-infectados. Os resultados de uma pesquisa b�sica que observou in vitro a intera��o entre os pat�genos em c�lulas do sistema imune apontam a prote�na Tat do HIV-1, envolvida no processo de replica��o do v�rus, como importante mediadora da prolifera��o de leishm�nias em macr�fagos co-infectados.

 Instituto Pasteur

 

Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

 Estudo realizado in vitro aponta prote�na do HIV (acima) como importante mediadora da replica��o de leishm�nias em macr�fagos co-infectados.

Os pesquisadores observaram que a prote�na Tat do HIV-1, liberada por c�lulas infectadas pelo v�rus, induz a produ��o de subst�ncias moduladoras da replica��o de leishm�nias (TGF-β1 e PGE2), o que leva � inibi��o do efeito de uma subst�ncia produzida pelo sistema imune para o controle da prolifera��o do parasito (interferon-γ). “Essa din�mica indica um ciclo de potencializa��o dos agravos, uma vez que a replica��o exacerbada do HIV-1, induzida pela presen�a de leishm�nias, resulta na superprodu��o e na maior libera��o da prote�na Tat, que por sua vez potencializa a replica��o do parasito”, explica o estudante de doutorado Victor Barreto de Souza Brasil, que conduziu o estudo coordenado pelo imunologista Dumith Chequer Bou-Habib, do Laborat�rio de Imunologia Cl�nica do IOC, em parceria a pesquisadores do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A hip�tese � sustentada tamb�m pela constata��o de que a adi��o, em laborat�rio, da prote�na Tat a macr�fagos infectados por leishm�nias e tratados com interferon-γ resultou em uma total revers�o do efeito que o interferon-γ obteve no controle da replica��o do parasito. “Esses resultados indicam que a presen�a da prote�na do HIV-1 desencadeia a prolifera��o descontrolada de leishm�nias atrav�s da indu��o de mediadores favor�veis � multiplica��o do parasito e pode gerar, portanto, formas mais graves da doen�a. Al�m disso, esse mecanismo pode contribuir para a reemerg�ncia da leishmaniose em indiv�duos j� tratados e no aumento da carga viral de HIV-1”, Victor completa.

Agora, os pesquisadores investigam se a infec��o pelo HIV-1, ou a prote�na Tat do v�rus, seria capaz de desativar fun��es microbicidas de macr�fagos, permitindo o estabelecimento de infec��es que normalmente n�o ocorrem em indiv�duos n�o-infectados pelo HIV-1. “Acreditamos que a prote�na Tat, juntamente � imunossupress�o causada pela infec��o por HIV-1, seja capaz de gerar um ambiente permissivo para a replica��o de outros tripanossomat�deos, que podem levar � ocorr�ncia de doen�as oportunistas � Aids”, Victor conclui.

Bel Levy
08/01/2008

Permitida a reprodu��o desde que citada a fonte (Comunica��o / Instituto Oswaldo Cruz)

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Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

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Por que pacientes infectados com HIV que não controlam a multiplicação viral sofrem em geral infecções oportunistas?

Por que pacientes infectados com HIV e não trata dos sofrem em geral de infecções oportunistas?

Resposta: O vírus HIV infecta e destrói os linfócitos T CD-4, componentes importantes da imunidade. Essa grande redução nos indivíduos infectados com HIV permite o estabelecimento de infecções oportunistas.

Por que a infecção pelo HIV predispõe a infecções oportunistas?

Algumas pessoas perdem peso progressivamente e têm febre baixa e diarreia. Esses sintomas podem resultar de infecção por HIV ou de infecções oportunistas que surgem porque o HIV enfraqueceu o sistema imunológico.

O que ocorre após o processo de multiplicação viral do HIV?

Após a ligação entre o vírus e a célula, ocorre a ativação da proteína gp41 e a fusão entre o envoltório viral e a membrana celular, permitindo a penetração do vírus. No citoplasma celular, ocorre o afrouxamento do capsídeo viral e início da síntese do cDNA pela enzima transcriptase reversa.

Qual a infecção mais oportunistas no portador de HIV?

As principais infecções oportunistas são Pneumocistose, Histoplasmose e Tuberculose.