Por que Portugal escolheu o açúcar como produto a ser produzido no Brasil colonial?

A ECONOMIA COLONIAL
Para dar início à exploração da América portuguesa, o rei de Portugal escolheu o açúcar de cana. Havia três boas razões para essa escolha: 1ª o solo, o clima do litoral nordestino e a existência de floresta para obtenção de madeira (lenha) favoreciam o cultivo e o beneficiamento da cana; 2ª os portugueses já tinham produzido açúcar nas ilhas da Madeira e Cabo Verde; 3ª o açúcar alcançava bons preços na Europa, gerando recursos para a monarquia portuguesa. Inicialmente, os capitais investidos nos primeiros engenhos foram emprestados por holandeses, italianos e portugueses. Mas algum tempo depois os senhores de engenho já produziam açúcar com capitais próprios.

Quanto à mão de obra, a monarquia portuguesa autorizou o governo-geral a promover “guerras justas” contra os indígenas a fim de escravizá-los. Isso explica por que os três primeiros governadores-gerais fizeram guerras aos nativos, destruíram aldeias e obtiveram terras e escravos para os engenhos. Basta ver que, em 1572, no engenho Sergipe do Conde, um dos maiores da Bahia, mais de 90% dos trabalhadores eram indígenas.

Agricultura diversificada
No Brasil colonial, além do açúcar, eram produzidos muitos outros gêneros, como fumo, algodão, cacau, castanha- -do-pará, guaraná, couro e alimentos como mandioca, feijão, milho, frutas e legumes.
O fumo, planta conhecida dos indígenas, começou a ser cultivado a partir do século XVII, no interior da Bahia, incluindo Sergipe, então comarca baiana, e no litoral de Pernambuco. Há notícias de sua produção também no Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. Por ser mais simples e mais barata do que o cultivo de cana-de-açúcar, a lavoura fumageira cresceu rapidamente. Ao lado da cachaça, era um produto muito consumido, tanto no território colonial quanto no exterior. O tabaco não se destinava somente à Europa, mas circulava por todo o império português. Nas Índias, era trocado por tecidos e na África, por escravos.
O algodão, um produto nativo da América, também era conhecido dos indígenas, que o utilizavam, entre outras coisas, para tecer suas redes. Na colônia portuguesa, o cultivo de algodão ganhou importância no século XVIII, quando a região dos atuais estados do Maranhão, Pernambuco, Ceará e Pará se destacou como grande exportadora de fibras para as fábricas da Inglaterra.
A pecuária teve, desde cedo, importante papel nos engenhos coloniais, onde fazia girar a moenda, transportava a cana e servia como alimento. Os carros de boi eram usados também para transportar pessoas e artigos que circulavam pela colônia. A pecuária era, portanto, um setor decisivo para o funcionamento da economia colonial como um todo. No século XVII, já havia uma pecuária diversificada que incluía bovinos, ovinos, equinos e muares, além de aves. Os currais atendiam tanto à população do engenho quanto à das vilas e cidades.

Produção de alimentos
Havia uma grande quantidade de chácaras nas proximidades dos engenhos e ao redor de vilas e cidades. Essas chácaras cultivavam:

  1. mandioca, da qual se fazia farinha, era bastante cultivada na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro;
  2. feijão, milho e legumes;
  3. frutas, com destaque para o limão, a laranja e a banana.

Essa produção de alimentos abastecia os produtores e suas famílias, a população dos engenhos, as vilas e as cidades coloniais. Essas lavouras todas, portanto, produziam para o mercado interno.
A SOCIEDADE COLONIAL
Novos estudos lançam um novo olhar sobre a sociedade colonial. Primeiramente, é preciso dizer que na América portuguesa havia várias regiões econômicas e diversas “sociedades”.
A seguir, estudaremos alguns aspectos importantes da sociedade colonial açucareira. Além dos senhores de engenho, havia nela comerciantes, lavradores de cana, roceiros, vaqueiros, trabalhadores assalariados e escravizados. Os senhores de engenho eram livres e brancos; os que trabalhavam nos canaviais geralmente eram negros, em boa parte africanos. Mas havia também técnicos e artesãos livres, escravos, brancos, mestiços ou negros.

A nobreza da terra
O grupo social de maior prestígio na sociedade açucareira era o dos senhores de engenho. Eram eles os donos das terras, do maquinário e dos escravizados.
Muitos senhores de engenho descendiam dos primeiros colonizadores portugueses e se consideravam a nobreza da terra. Os laços de sangue, reforçados por casamentos entre pessoas dessa nobreza, ajudavam a preservar o prestígio e o poder desse grupo social.                  
A nobreza da terra expandia seu poder para além do mundo rural, ocupando cargos importantes nas Câmaras Municipais das vilas e cidades coloniais.
Nas proximidades dos grandes engenhos viviam também homens livres, conhecidos como “lavradores de cana”, assim chamados porque possuíam terras onde cultivavam cana-de-açúcar, mas dependiam do senhor para moê-la. Em troca, pagavam com uma parte do açúcar obtido.  A moradia do senhor de engenho era a casa-grande, assim descrita pelo escritor Gilberto Freyre: 
[...] possuía paredes grossas de pedra e cal cobertas de telha, alpendre na frente e dos lados, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais, [...] várias salas, quartos, corredores, duas cozinhas, despensa, capela.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. São Paulo: Global, 2006. p. 10.
Os comerciantes
As maiores fortunas no Brasil colonial estavam nas mãos dos comerciantes de escravos, de produtos europeus e indianos (tecidos, ferramentas, entre outros) e de produtos locais (animais e alimentos). Muitos comerciantes usavam o dinheiro conseguido pelo comércio para se tornarem senhores de engenho. Houve também comerciantes que se casavam com as filhas dos senhores de engenho e, com isso, conseguiam chegar ao topo da hierarquia social.
Os trabalhadores assalariados
Muitos engenhos empregavam assalariados. No quadro a seguir, você vai conhecer algumas das ocupações desses trabalhadores em um engenho nordestino da segunda metade do século XVII.

Ofício O que fazia o trabalhador
Feitor-mor administrava o engenho
Mestre de açúcar controlava o trabalho de beneficiamento do açúcar
Purgador trabalhava na purificação do açúcar
Caldeireiro trabalhava nas caldeiras
Oficial de açúcar auxiliava o mestre de açúcar
Feitor de campo vigiava e castigava os escravos

Fonte de pesquisa: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial (1550-1835). São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 265-276.
Entre os trabalhadores assalariados dos grandes engenhos, havia também artesãos (carpinteiros, pedreiros, ferreiros etc.) que recebiam por dia ou por tarefa. Entre eles, o feitor-mor e os especialistas na produção do açúcar (mestres de açúcar, purgadores e caldeireiros) recebiam os salários mais altos. O salário desses profissionais era anual. O mestre de açúcar – responsável pela qualidade do produto – era geralmente o mais bem pago do engenho.
Os escravizados
Grande parte da população colonial era formada por africanos escravizados e seus descendentes. Do trabalho deles dependia o funcionamento da economia colonial: a lavoura, a pecuária, a coleta, a pesca, o transporte de mercadorias etc.
Os que trabalhavam carpindo, plantando, colhendo e pescando eram chamados escravos de campo e constituíam 80% dos escravizados dos maiores engenhos. Os que trabalhavam na fabricação de açúcar formavam 10% do total. Os domésticos (cozinheira, faxineira, arrumadeira etc.) e os artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro etc.), juntos, compunham os outros 10%.
*Oleiro: aquele que faz peças de barro ou cerâmica.
O local de moradia dos escravizados chamava-se senzala, uma palavra de origem banta quer dizer “povoado” ou “comunidade”. Portanto, provavelmente, foram os próprios africanos que deram esse nome às suas moradias. As senzalas eram habitações feitas geralmente de pau a pique e cobertas de sapé.
Estudos recentes sobre registros de batismo, casamento e morte de escravos vêm mostrando que as famílias escravas tinham práticas, visões e valores próprios. E mais: reagiam à imposição de seus senhores, tomavam iniciativas e buscavam viver do seu jeito.

Porquê Portugal escolheu a produção de açúcar?

A primeira razão se deve ao fato de os portugueses já dominarem as técnicas de plantio da cana-de-açúcar. Esse tipo de atividade era realizado nas ilhas atlânticas de Madeira e Açores, que também eram colonizadas por Portugal. Além disso, o açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e oferecia grande lucro.

Qual era a intenção de Portugal em produzir açúcar aqui no Brasil?

Em conformidade com sua ação exploratória, Portugal viu na produção do açúcar uma grande possibilidade de ganho comercial. A ausência de metais preciosos e o anterior desenvolvimento de técnicas de plantio nas Ilhas do Atlântico ofereciam condições propícias para a adoção dessa atividade.

Quais as razões levaram o rei de Portugal a escolher o açúcar de cana para dar início a exploração da América portuguesa?

Havia três boas razões para essa escolha: a) o solo, o clima do litoral nordestino e a existência de floresta para obtenção de madeira (lenha) favoreciam o cultivo e o beneficiamento da cana; b) os portugueses já tinham produzido açúcar nas ilhas da Madeira e Cabo Verde; c) o açúcar alcançava bons preços na Europa, ...

Por que o Portugal decidiu instalar a economia açucareira no Brasil?

A escolha pelo açúcar deveu-se muito à sua lucratividade na Europa. Além disso, o alto lucro do negócio fazia com que muitos portugueses dedicassem todas as suas terras para cultivar o máximo de cana-de-açúcar possível, mesmo com as recomendações da Coroa de que fossem produzidos itens de subsistência.