Porque a família real veio para o Rio de Janeiro?

A independência do Brasil comemora 200 anos nesta semana. E você sabe qual o motivo que fez os portugueses fugirem para nossas terras em 1808?

Para entender isso precisa compreender um pouco sobre a relação entre Portugal e França no século 19. Afinal, foi o bloqueio continental, imposto por Napoleão Bonaparte à Europa, que fez a corte portuguesa mudar-se ao Brasil no início do século 19.

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Dependente do comércio britânico, Portugal se viu num enorme impasse: atender à França significava perder sua principal colônia na época, o Brasil, pois a marinha inglesa dominava os mares e poderia invadi-lo. Não atender às exigências napoleônicas significava ter seu próprio território invadido pelas tropas francesas.

Sabiamente, o príncipe regente dom João - que governava no lugar da mãe, dona Maria 1ª, que enlouquecera - decidiu ficar ao lado dos ingleses e a solução encontrada para não se submeter a Napoleão foi transferir a Corte portuguesa para o Brasil. Embora o território português fosse invadido, o Reino de Portugal sobreviveu do outro lado do Atlântico.

Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em 14 navios: a família real, a nobreza e o alto funcionalismo civil e militar da Corte. Traziam consigo todas as suas riquezas. Os soldados franceses, quando chegaram a Lisboa, encontraram um reino pobre e abandonado.

A viagem da elite portuguesa não foi nada fácil, em especial devido a uma tempestade que dispersou os navios. Enquanto parte deles veio dar no sudeste, o que conduzia dom João aportou na Bahia, em janeiro de 1808. Em março, o príncipe regente preferiu transferir-se para o Rio de Janeiro, então pouco mais que uma vila.

De uma hora para outra, o Rio se viu obrigado a alojar uma multidão de nobres autoridades. Para os donos do poder, porém, não havia problemas. Dom João requisitou as melhores residências, simplesmente despejando seus moradores. Dali, agora, o Império português seria governado.

Apesar dos transtornos, as consequências da vinda da família real portuguesa para o Brasil foram positivas e culminaram com o processo de Independência do país. Para começar, ainda na Bahia, dom João pôs fim ao monopólio comercial da colônia, decretando a abertura dos portos às nações amigas.

Todas as atividades no país se dinamizaram com a fixação da Corte no Rio de Janeiro. A necessidade de melhoramentos resultou em medidas que trouxeram rápido progresso. Por exemplo, revogou-se a lei que proibia as indústrias em nosso território e promoveu-se a melhoria de portos e a construção de estradas.

A administração foi reorganizada pelo príncipe regente, com a criação de três ministérios (Guerra e Estrangeiros; Marinha; Fazenda e Interior), a fundação do Banco do Brasil, a instalação da Junta Geral do Comércio e da Casa de Suplicação, esta última o Supremo Tribunal da época.

Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de reino, de modo que todas as terras portuguesas passaram a chamar-se Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves. Com isso, o país deixava de ser colônia e ganhava um novo status político.

Nos três anos seguintes, com a morte da rainha dona Maria 1a (1816), o príncipe regente seria aclamado e coroado rei, como dom João 6º (1818). A partir de 1821, as capitanias passaram a ser chamadas de províncias e a divisão territorial do Brasil se aproximou da atual. A administração ficou centralizada nas mãos do rei e dos governadores das províncias a ele subordinados.

A família real veio para o Brasil como uma manobra para garantir que Portugal continuasse independente, já que ele estava sendo ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte.

A vinda da família real para o Brasil ocorreu no dia 29 de novembro de 1807. Sendo que a comitiva aportou em Salvador (BA), no dia 22 de janeiro de 1808.

Em síntese, o refúgio da família real no Brasil foi uma manobra do príncipe regente, D. João. Isso porque, Portugal foi ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte.

Desse modo, para garantir que Portugal continuasse independente, a família real fugiu para o Brasil. Sendo assim, o reino de Portugal teve apoio da Inglaterra, que também ajudou na expulsão das tropas napoleônicas.

Com a vinda da família real, várias coisas mudaram no Brasil. Por exemplo, houve a abertura dos portos e todas as nações amigas de Portugal passaram a comercializar com o Brasil.

Além disso, nessa época foram criadas instituições como a Real Academia Militar, o Jardim Botânico e o Banco do Brasil.

Por que a família real veio para o Brasil?

A família real veio para o Brasil como uma manobra para garantir que Portugal continuasse independente, já que ele estava sendo ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte.

Em resumo, em 1806 Napoleão Bonaparte decretou o bloqueio continental. Desse modo, ele determinou que os países europeus fechassem os portos para os navios da Inglaterra.

Além disso, Bonaparte negociou secretamente o Tratado de Fontainebleau (1807) com os espanhóis. Esse tratado  permitiria que os franceses atravessassem a Espanha para invadir Portugal.

Sendo assim, o reino espanhol poderia se apoderar de um pedaço do território português.

No entanto, Portugal não aderiu ao bloqueio continental por causa da sua aliança política e comercial com os ingleses.

Dessa forma, Napoleão ordenou a invasão de Portugal, que ocorreu em novembro de 1807.

Contudo, pouco antes disso, no dia 22 de outubro de 1807, o príncipe regente D. João e o rei da Inglaterra Jorge III (1738-1820) assinaram uma convenção secreta.

Essa convenção transferia a sede monárquica de Portugal para o Brasil. Além disso, no documento constava que as tropas britânicas se instalariam na Ilha da Madeira temporariamente.

Por outro lado, o governo português se comprometeu em assinar um tratado comercial com a Inglaterra depois de se fixar no Brasil.

Portanto, o príncipe regente, Dom João, estabeleceu que toda a família real seria transferida para o Brasil. Além disso, também viriam os ministros e funcionários.

No fim das contas, vieram 15,7 mil pessoas, que representavam 2% da população portuguesa. Contudo, hoje em dia esses números estão sendo revistos, já que muitos historiadores consideram a cifra exagerada.

Como e quando foi o embarque da família real?

Para a vinda da família real para o Brasil, foram usados oito naus, três fragatas, três brigues e duas escunas para o transporte.

Além disso, outros 4 navios da esquadra britânica acompanhavam a corte. Além das pessoas, também embarcaram móveis, documentos, dinheiro, obras de arte e a real biblioteca. 

Sendo que as pessoas que ficaram foram aconselhadas a receber de forma pacífica os invasores para evitar derramamento de sangue.

O comandante da invasão a Portugal foi o general Junot (1771-1813), que ficou em Lisboa até agosto de 1808 quando foi derrotado pelos ingleses.

Depois disso, Portugal passou a ser governado pelo Conselho de Regência, integrados por fidalgos do reino.

Como foi o trajeto de Portugal ao Brasil

A viagem de Portugal até Salvador durou 54 dias em condições insalubres. No dia 22 de janeiro de 1808 a família real desembarcou e foi recebida com festas.

Eles ficaram na Bahia durante um mês. Nesse período, o Príncipe Regente assinou o Tratado de Abertura dos Portos às Nações Amigas e criou a Escola de Cirurgia da Bahia.

Posteriormente, no dia 26 de fevereiro, a corte partiu para o Rio de Janeiro, que seria declarada a capital do Império. Desse modo, a família real chegou ao Rio de Janeiro no dia 8 de março de 1808.

Como havia poucos alojamentos disponíveis para acomodar a comitiva, várias residências foram solicitadas para recebê-los. Além disso, quartéis e conventos foram usados para acomodar a corte.

Por fim, uma curiosidade é que as casas escolhidas pelos nobres recebiam em sua fachada a inscrição P.R., que significava “Príncipe Regente” e indicava a saída dos moradores para disponibilizar o imóvel.

Contudo, a população interpretou a sigla, ironicamente, como “Ponha-se na Rua”.

Quais foram as consequências da vinda da família real para o Brasil?

A vinda da família real para o Brasil teve várias consequências. Por exemplo, como o Rio de Janeiro virou capital do reino de Portugal, ocorreram vários melhoramentos na cidade.

Além disso, houve a abertura dos portos. Desse modo, todas as nações amigas de Portugal puderam comercializar com o Brasil.

O comércio também se diversificou e passou a oferecer vários serviços como, por exemplo, modistas, chapeleiros e cabeleireiros.

Houve ainda a abertura da Imprensa Régia, de teve origem a Gazeta do Rio de Janeiro. Por fim, ocorreu a criação de muitas instituições como, por exemplo:

  • Real Academia Militar (1810)

  • Jardim Botânico (1808)

  • Real Fábrica de Pólvora (1808)

  • Banco do Brasil (1808)

  • Laboratório Químico-Prático (1812)

Independência do Brasil

Com a vinda da família real para o Brasil, houve a aceleração do processo de independência do país.

Quando as guerras napoleônicas chegaram ao fim, em 1815, o Brasil foi declarado parte do Reino Unido de Portugal e Algarves, deixando de ser uma colônia.

Isso foi preciso, já que os dirigentes europeus reunidos no Congresso de Viena não reconheciam a autoridade de Dom João em uma simples possessão ultramarina.

Sendo assim, a permanência da família real foi muito importante para manter a unificação territorial do Brasil, já que reuniu parte da elite e da população em torno da figura do soberano.

Além disso, as medidas político-administrativas de Dom João fizeram com que a Inglaterra tivesse um interesse ainda maior no Brasil.

Desse modo, Portugal acabou perdendo o monopólio sobre o comércio com o Brasil e a elite agrária passou a desejar a Independência.

Por outro lado, o Brasil passou a ser para a Inglaterra um promissor mercado consumidor e fornecedor.

Posteriormente, quando D. João VI teve que voltar para Portugal, por causa da Revolução Liberal do Porto, o filho Dom Pedro se aproximou da elite agrária.

Por fim, a declaração da Independência do Brasil ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 por Dom Pedro I, que se tornou o primeiro imperador do Brasil.

Dessa maneira, o Brasil promulgou a primeira Constituição em 1824, que manteve o regime monárquico, a escravidão e reconheceu a religião católica como oficial.

Resumo da vinda da família real para o Brasil

Por fim, confira a linha do tempo da vinda da família real para o Brasil:

  • 21 de novembro de 1806; Bloqueio Continental

  • 29 novembro de 1807; Partida de Lisboa

  • 22 janeiro de 1808; Chegada à Bahia

  • 28 de janeiro de 1808; Abertura dos Portos para as Nações Amigas

  • 18 de fevereiro de 1808; Criação da Escola de Cirurgia da Bahia

  • 8 de março 1808; Chegada ao Rio de Janeiro

  • 13 de maio de 1808; Criação da Imprensa Régia

  • 5 de maio de 1808; Real Academia dos Guardas-Marinhas foi criada pela família real

  • 13 de junho de 1808; Estabelecimento do Real Horto (Jardim Botânico)

  • 12 de outubro de 1808; Fundação do Banco do Brasil

  • 19 de fevereiro de 1810; Tratados de Aliança e Amizade, de Comércio e Navegação

  • 29 outubro de 1810; Instituição da Real Biblioteca (atual Biblioteca Nacional)

  • 4 de dezembro de 1810; Real Academia Militar

  • 25 de janeiro de 1812; Laboratório Químico-Prático

  • 13 de outubro de 1813: Teatro São João

  • 1815; Criação da Missão Francesa

  • 12 de agosto de 1816; Escola Real de Artes, Ciências e Oficio

  • 26 de abril de 1821; Por fim, retorno para Portugal

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Fontes: História do mundo, Toda matéria e, por fim, Mundo educação.

Por que a família real foi para o Rio de Janeiro?

João era o regente de Portugal e ordenou a vinda da família real para o Brasil para evitar a sua captura pelas tropas francesas. A vinda da família real portuguesa para o Brasil foi um desdobramento da crise entre Portugal e França por conta da disputa desta com a Inglaterra.

Qual o motivo que a família real veio para o Brasil?

A vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, está ligada diretamente à Era Napoleônica. A ameaça do imperador francês de invadir o reino de Portugal e a dívida econômica com a Inglaterra fizeram com que o príncipe regente Dom João VI decidisse pela fuga para o Brasil.