PROCESSO PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS DADOS E INDICADORES DE SAÚDEConteúdoCritérios, processos, participação de atores envolvidos e estratégias práticas para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde. Show
ObjetivoAnalisar estratégias para avaliação de indicadores de saúde de boa qualidade. AO FIM DESTE CAPÍTULO, O LEITOR SABERÁ DEFINIR:
Voltar ao menu principal 4.1 INTRODUÇÃONo Capítulo 1 foram detalhados os atributos de um bom indicador. Recordando, um indicador deve ser mensurável, factível, válido, oportuno, reprodutível e sustentável, relevante e compreensível. Além disso, é preferível que os indicadores estejam estratificados por indivíduo, espaço e tempo. Neste capítulo são examinadas as estratégias práticas para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde. Convém ressaltar que dispor de fontes de dados de boa qualidade ajudar a criar indicadores de boa qualidade. Também deve ser mencionado que, além da qualidade das fontes e dados, o desempenho do indicador deve medir o que se supõe que deva medir. 4.2 DEFINIÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO INDICADOR DE SAÚDE A SER AVALIADOPara poder avaliar um indicador, seu propósito e atributos precisam ser bem definidos. Ter uma definição clara do indicador vai além de conhecer e descrever adequadamente o numerador e o denominador (se assim for construído). Algumas publicações (RIPSA, UNAIDS e a Lista de Referência Global da OMS de 100 Indicadores Essenciais) são referências úteis para esta análise (1-3).
Exemplos: Model of a technical file for defining and characterizing health indicators from the PAHO Strategic Plan (Anexo) e indicadores selecionados da Lista Global de Referência de 100 Indicadores Básicos (Planilha Excel). 4.3 PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SAÚDEA avaliação dos indicadores de saúde deve envolver, se possível, os responsáveis pela produção, análise e interpretação dos dados e informação. Estes responsáveis devem conhecer os processos a serem realizados para monitorar as tendências e os contextos locais, regionais e nacionais. Convém lembrar que a maioria dos dados e informação em saúde é produzida ao nível local por pessoal de saúde local que conhece melhor as características, pontos fortes e as limitações desses dados e a informação derivada. Sempre possível, o pessoal local deve participar da primeira fase do processo. Os geradores, gerenciadores e usuários dos dados devem estimular uma cultura que valorize a informação e incentive a coleta e gerenciamento de dados. As iniciativas de capacitação em andamento sobre coleta, gerenciamento, avaliação e análise de dados são muito importantes para melhorar a capacidade nacional, sobretudo ao nível local. Como salientado anteriormente, a qualidade dos indicadores depende da qualidade dos dados e de suas fontes. Deve-se incentivar todos os principais atores envolvidos, inclusive os que geram os dados e os administradores dos sistemas de informação, tanto usuários como avaliadores, a conhecer os pontos fortes e fragilidades do sistema. Os sistemas de informação em saúde que não conseguem proporcionar as bases para tomada de decisão em saúde contribuem para o desperdício dos escassos recursos e falta de informação confiável. Um sistema de informação em saúde eficiente gera produtos que têm valor cada vez maior para gerar melhorias na atenção de saúde. A necessidade de dispor de informação em saúde de qualidade de forma contínua é um forte motivo para fortalecer e usar sistemas nacionais de informação em saúde e fazer recomendações sobre as limitações inerentes destes sistemas de informação. Como o setor de saúde é influenciado por uma ampla variedade de fatores, muitos dos quais não estão vinculados à prestação de serviços de saúde, é importante colaborar com outros setores (como outras agências governamentais, universidades e os centros de pesquisa). Parte dos principais interesses desses setores requer definir, elaborar, analisar e usar indicadores de saúde. Portanto, a colaboração intersetorial melhora e otimiza a qualidade e a relevância dos indicadores de saúde e incentiva a tomada de decisão baseada em evidências em todos os setores. 4.4 ETAPAS PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS INDICADORES DE SAÚDEAlguns autores formularam diretrizes para a avaliação dos dados e indicadores de saúde (3-4). Contudo, existem alguns aspectos fundamentais que podem ser aplicados na avaliação de indicadores de saúde, descritos nas etapas a seguir. Passo 1. Examinar a integridade dos dados completos e válidos que compõem o indicador
Do passo 2 a 5 são avaliados os valores observados e esperados para o indicador em diferentes situações, segundo as características do indivíduo, espaço e tempo. Com esta avaliação, serão respondidas as três perguntas a seguir:
Passo 2. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de indivíduo O indicador é consistente com as características do indivíduo? Analisar a consistência considerando do indicador, considerando as variáveis do indivíduo (sexo, idade etc.) provenientes da fonte de dados, por categorias relevantes para o indicador considerado. Observar os valores do indicador segundo essas variáveis e analisar se fazem sentido. Os resultados são consistentes com o que se espera obter para esses subgrupos da população? Por exemplo, se o indicador for a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, a distribuição observada desse indicador segundo sexo e idade deve, no mínimo, refletir maior risco em certos grupos (por exemplo, indivíduos do sexo masculino com idade mais avançada). A verificação de que a magnitude mais alta destes indicadores é consistente com os grupos esperados de ter maior risco de doença reforça a credibilidade na qualidade do indicador. Passo 3. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de espaço O indicador é consistente no espaço? Realizar uma análise, se possível, da distribuição espacial do indicador (por municípios, estados, área de residência urbana versus rural). A maioria dos indicadores tem um padrão espacial esperado segundo a distribuição conhecida dos principais fatores de risco (por exemplo, pobreza, população jovem ou idosa, áreas mais ou menos urbanizadas). Examinar se o padrão do indicador considerado condiz com o que seria esperado ou relevante para suspeitar da qualidade. A Tabela 4 apresenta a média de indicadores selecionados para as sub-regiões da Região das Américas. Estes valores podem ser usados como referência para avaliar a consistência dos indicadores nos países. Ao fim deste capítulo há um link para a lista dos indicadores básicos publicados pela OPAS e suas tendências. Tabela 4. Indicadores selecionados da Região das Américas e sub-regiões
* UAD = último ano disponível Passo 4. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de tempo O indicador é consistente no tempo? Realizar uma análise, sempre que possível, das tendências do indicador no tempo (anos, meses, semanas, entre outros). Vários indicadores têm um caráter cíclico conhecido, ou seja, apresentam variação cíclica ou tendências históricas esperadas que podem servir como referência para a análise da uniformidade. A maioria dos indicadores também apresenta flutuações lentas nas tendências temporais, com aumento ou declínio discreto sem variação brusca, exceto em situações especiais. Grandes flutuações temporárias dos indicadores no tempo podem indicar:
Passo 5. Examinar a plausibilidade da magnitude do indicador estimado segundo outras fontes de dados Comparar a magnitude obtida para o indicador com as informações existentes e as evidências obtidas de outras fontes de dados. O resultado da mensuração do indicador é plausível considerando o que se sabe a respeito? A magnitude é plausível considerando as estimativas feitas com outros métodos (métodos indiretos, pesquisas ou outras fontes de dados)? A magnitude é plausível considerando o contexto atual da população em que foi estimado o indicador? A magnitude é plausível considerando os fatores de risco presentes nesta população? E considerando os valores para o mesmo indicador estimados em outros países, estados ou municípios em condições melhores ou piores? Por exemplo, a observação de baixa razão de mortalidade materna em países com atendimento precário de saúde da mulher na gravidez, parto e puerpério e qualidade limitada dos sistemas de vigilância nacionais limitados levantam dúvidas sobre a qualidade do indicador. A comparação deste indicador com o de outros países com um nível de atenção de saúde mais alto ajuda a esclarecer a disparidade percebida. 4.5. AVALIAÇÃO DOS DADOS DE MORTALIDADEUm dos trabalhos mais recentes é o de AbouZahr et al. (4), que propõe 10 passos para avaliar os dados de mortalidade, a saber:
LINKS DE INTERESSE
REFERÊNCIAS1. Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA). Indicadores básicos para a saúde no Brasil. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf 2. Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Indicator Standards: operational guidelines for selecting indicators for the HIV response. Disponível em inglês em: http://www.unaids.org/sites/default/files/sub_landing/files/4_3_MERG_Indicator_Standards.pdf 3. Organização Mundial da Saúde (OMS). Global Reference List of 100 Core Health Indicators, 2014. Disponível em inglês em: https://www.who.int/healthinfo/indicators/2015/en/ [consultado em março de 2017]. 4. AbouZahr, C. et al. Mortality statistics: a tool to enhance understanding and improve quality. Pacific Health Dialog. 2012;18(1):247-70. Disponível em inglês em: http://www.getinthepicture.org/sites/default/files/resources/Mortality%20statistics%20a%20tool%20to%20improve%20understanding%20and%20quality.pdf [consultado em março de 2017] Voltar ao menu principal Porque a taxa de mortalidade é um importante indicador das condições de vida de uma população?O estudo da taxa de mortalidade é importante devido à sua interrelação com a taxa de fecundidade, que por sua vez demonstra o crescimento do volume populacional e as transformações na composição etária da população.
Porque a taxa de mortalidade é importante?Sendo um assunto muito comum nas questões de Geografia, a taxa de mortalidade representa o número de mortes em um período de um ano em determinada localidade. Ela é de extrema importância para a análise de índices de violência, de acesso à saúde, de crescimento populacional, entre outros.
Porque a taxa de mortalidade infantil é um bom indicador das condições de vida da população?A taxa de mortalidade infantil expressa o número de crianças de um determinado local que morre antes de completar 1 ano de vida a cada mil nascidas vivas. Esse dado é um indicador da qualidade dos serviços de saúde, saneamento básico e educação.
Qual o bom indicador das condições de vida de uma população?Conclui-se que o IDH reflete a expectativa de vida de uma população, através da "longevidade" ; a educação ,pelo "conhecimento"; e o poder de compra, através do "padrão de vida".
|