Porque as commodities estão em alta?

CAMBRIDGE – Grandes movimentos nos preços do petróleo, minerais e commodities agrícolas estão entre os eventos econômicos mais relevantes dos últimos dois anos. O forte aumento dos preços das commodities durante grande parte desse período foi praticamente impossível de se ignorar. Um barril de petróleo Brent vendido por US$ 20 em abril de 2020, durante a primeira onda da pandemia do COVID-19, atingiu um pico de US$ 122 em março de 2022, logo após a Rússia invadir a Ucrânia.

O petróleo não foi a única commodity a experimentar uma escalada de preço. O preço do cobre dobrou; o do trigo mais que dobrou; e os índices globais de preços de commodities quase  triplicaram de abril de 2020 a março de 2022. E esses aumentos são em dólares; os preços em euros, ienes, won sul coreano, ou outras moedas subiram ainda mais.

Menos amplamente observado, no entanto, é que os preços de muitas commodities caíram neste verão. O preço do petróleo caiu cerca de 30% entre o início de junho e meados de agosto. O politicamente sensível preço da gasolina nos Estados Unidos caiu 20% no mesmo período, de US$ 5 por galão para US$ 4 por galão. O índice geral caiu 12%.

Será essa queda nos preços das commodities apenas temporária? Ou será um sinal de que os preços atingiram o pico e podem cair ainda mais?

Os preços das commodities estão altamente correlacionados. Uma das razões são as diretas ligações microeconômicas. Quando o preço do petróleo sobe, os custos dos produtores de trigo aumentam (porque os equipamentos de colheita são movidos a diesel e o fertilizante é feito de gás natural), o que pressiona para cima os preços dos grãos.

Há duas razões macroeconômicas para se considerar que os preços das commodities em geral cairão ainda mais. O nível de atividade econômica é um determinante evidentemente importante na demanda por commodities e, portanto, de seus preços. Menos obviamente, a taxa de juros real é outro fator chave. E as perspectivas atuais tanto para o crescimento global quanto para as taxas de juros reais sugerem uma trajetória de queda para os preços das commodities.

Nem todos os preços vão cair. Diferentes commodities contam histórias diferentes. Por exemplo, o preço de mercado do gás natural na Europa deverá aumentar ainda mais, à medida que o continente aprende a administrar o inverno sem suprimentos russos. Mas a tendência provavelmente será de queda em outros lugares.

O forte crescimento global , especialmente na China, pode explicar as maiores altas dos preços das commodities de 2004 a 2007, de 2010 a 2011 e 2021. Por outro lado, a queda do crescimento global pode explicar as quedas abruptas nos preços das commodities durante a Grande Recessão de meados de 2008 ao início de 2009 e durante a recessão pandêmica de janeiro a abril de 2020.

Atualmente, o crescimento global está desacelerando. A economia da China tem recuado dramaticamente. Na verdade, o crescimento ficou negativo no segundo trimestre, já que Xangai e algumas outras grandes cidades sofreram bloqueios de acordo com a fútil política de COVID zero do presidente Xi Jinping. A economia da Europa será duramente atingida pelos efeitos colaterais da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Até o crescimento dos EUA está mais lento em 2022 do que no ano passado, com muitos proclamando  o início de uma recessão. (Pessoalmente, ainda estou disposto a apostar que nenhuma recessão nos EUA começou no primeiro semestre do ano ou no primeiro trimestre ou que o PIB do segundo trimestre será revisado para cima até o final de setembro.)

Em sua mais recente  atualização, o Fundo Monetário Internacional projetou uma acentuada desaceleração do crescimento global, de 6,1% em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,9% em 2023. Crescimento mais lento significa menor demanda por commodities e, portanto, preços mais baixos.

Além disso, à medida que o Federal Reserve dos EUA e outros bancos centrais apertam a política monetária, é provável que as taxas de juros reais subam. Isso provavelmente derrubará os preços das commodities e não apenas porque as altas taxas de juros reais tornam mais provável uma recessão. O nível das taxas de juros reais afeta os preços das commodities independentemente do PIB, tanto em teoria quanto empiricamente.

A teoria da relação entre as taxas de juros reais  e os preços das commodities foi estabelecida há muito tempo. A intuição mais simples por trás da relação é que a taxa de juros é o “custo de manter” os estoques. Um aumento na taxa de juros reduz a demanda das empresas para a manutenção dos estoques e, portanto, reduz o preço das commodities. 

Outros três mecanismos operam, além dos estoques. Primeiro, para um recurso esgotável, um aumento na taxa de juros aumenta o incentivo para extrair na última hora e, assim, expandir a oferta disponível. Em segundo lugar, para commodities “financeirizadas”, um aumento na taxa de juros incentiva investidores institucionais a mudarem da classe de ativos de commodities para títulos do Tesouro. Por fim, para uma comodity que é negociada internacionalmente, um aumento na taxa de juros real interna causa uma valorização real da moeda. o que funciona para reduzir o preço da moeda doméstica da mercadoria.

Análises econométricas demonstraram a relação estatística entre taxas de juros reais e preços de commodities. Estas incluem correlações simples:  regressões que controlam outros determinantes importantes, como PIB e estoques em um modelo de “carrytrade”; e estudos de eventos de alta frequência que são muito menos sensíveis aos problemas econométricos das regressões.

Dois episódios ilustram que o efeito das taxas de juros reais sobre os preços das commodities opera independentemente do efeito do PIB. Nem a alta nos preços das commodities em dólar no primeiro semestre de 2008 ou a queda em 2014-15 podem ser explicadas por flutuações na atividade econômica. Em vez disso, eles podem ser interpretados como seu resultado, respectivamente, de uma política monetária frouxa dos EUA (flexibilização quantitativa) e um aperto da política monetária dos EUA com o fim da flexibilização quantitativa.

As taxas de juros reais parecem estar em uma firme tendência de alta, porque as taxas de juros nominais subirão e a inflação cairá. Juntamente com a desaceleração do crescimento global, isso pode significar que o recente declínio nos preços reais do petróleo, minerais e produtos agrícolas também persistirá.

Tradução de Anna Maria Dalle Luche, Brazil

Porque as commodities sobem?

Por que os investidores se voltam para as commodities quando a inflação sobe? Diante da subida da inflação, as commodities tornam-se alternativa de investimento para quem busca diversificar a carteira e se proteger do risco inflacionário.

Qual a tendência das commodities?

O pico de alta recente se deu em março de 2022, quando os preços estavam 59% acima do valor base do indicador (média de 2014 a 2016) e 72% superior ao de abril de 2020. Esse pico não representa apenas o maior valor dos últimos dois anos, mas também o maior da série, em termos de dólares nominais.

Quais são os fatores que influenciam os preços das commodities?

Por serem bastante comercializadas, as commodities minerais sofrem variações de preços como os seguintes fatores:.
Demanda e oferta..
Operação de lavra ou da mina..
Planta de beneficiamento..
Transporte..
Fatores políticos..
Percepção do consumidor..
Concorrência com outros minérios..
Desastres relacionados com o minério..

Por que investir em commodities?

Vantagens de investir em empresas de commodities Investir em ações de produtoras de commodities pode ser uma boa forma de diversificar a carteira e potencializar os ganhos, pois são empresas que ajudam a fortalecer a economia e o consumo nacional e internacional.