Quais foram as mudanças na divisão social do trabalho provocado pela Revolução Industrial?

24/06/2011 07h00 - Atualizado em 24/06/2011 07h00

Nova noção de tempo é uma das alterações mais importantes.Veja outras transformações na aula em vídeo.

O professor de história, Lucas Kodama Seco, fala sobre a revolução industrial.

O processo de industrialização, iniciado no século 18, causou grandes transformações no mundo.

As principais delas são a urbanização, o crescimento demográfico e o surgimento do operariado, com a exploração do trabalho. Além disso, ocorreu uma mudança da noção de tempo.

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Divis�o Social do Trabalho

Denise Elvira Pires

O termo divis�o do trabalho � encontrado em estudos oriundos de diversas �reas do conhecimento, como a economia, a sociologia, a antropologia, a hist�ria, a sa�de, a educa��o, dentre outras, e tem sido utilizado com diversas varia��es. Em termos gen�ricos refere-se �s diferentes formas que os seres humanos, ao viverem em sociedades hist�ricas, produzem e reproduzem a vida. As varia��es encontradas no termo divis�o do trabalho podem ser organizadas em quatro grupos, cada uma referindo-se a diferentes fen�menos sociais relativos �s formas de produzir bens e servi�os necess�rios � vida: 1) �divis�o social do trabalho ou divis�o do trabalho social�; 2) �divis�o capitalista do trabalho, ou divis�o parcelar ou pormenorizada do trabalho, ou divis�o manufatureira do trabalho, ou divis�o t�cnica do trabalho�; 3) �divis�o sexual do trabalho�; 4) �divis�o internacional do trabalho�.

Divis�o social do trabalho

A express�o �divis�o social do trabalho� tem sido usada no sentido cunhado por Karl Marx (1818-1883) e tamb�m referendada por autores como Braverman (1981) e Marglin (1980) para designar a especializa��o das atividades presentes em todas as sociedades complexas, independente dos produtos do trabalho circularem como mercadoria ou n�o. Designa a divis�o do trabalho social em atividades produtivas, ou ramos de atividades necess�rias para a reprodu��o da vida. Marx, em O Capital (1982), diz que a �divis�o social do trabalho� diz respeito ao car�ter espec�fico do trabalho humano. Um animal faz coisas de acordo com o padr�o e necessidade da esp�cie a que pertence, enquanto a aranha � capaz de tecer e o urso de pescar, um indiv�duo da esp�cie humana pode ser, �simultaneamente, te cel�o, pescador, construtor e mil outras coisas combinadas� (Braverman, 1981, p. 71). Essa capacidade de produzir diferentes coisas e at� de inventar padr�es diferentes dos animais n�o � poss�vel ser exercida individualmente, mas a esp�cie como um todo acha poss�vel fazer isso, em parte pela divis�o do trabalho.

�A divis�o social do trabalho � aparentemente inerente caracter�stica do trabalho humano t�o logo ele se converte em trabalho social, isto �, trabalho executado na sociedade e atrav�s dela� (Braverman, 1981, p. 71-72). A produ��o da vida material e o aumento da popula��o geram rela��o entre os homens e divis�o do trabalho. Os v�rios est�gios da divis�o do trabalho correspondem �s formas de propriedade da mat�ria, dos instrumentos e dos produtos do trabalho verificados em cada sociedade, nos diversos momentos hist�ricos (Marx, 1982).

A divis�o do trabalho sempre existiu. Inicialmente, dava-se ao acaso, pela divis�o sexual, de acordo com a idade e vigor corporal. Com a complexidade da vida em sociedade e o aprofundamento do sistema de trocas entre diferentes grupos e sociedades, identifica-se a divis�o do trabalho em especialidades produtivas, designada pela express�o �divis�o social do trabalho� ou divis�o do trabalho social. Esta forma de divis�o do trabalho ficou bem caracterizada na estrutura dos of�cios da Idade M�dia. Os artes�os organizados nas guildas, ou corpora��es de art�fices, constitu�am uma unidade de produ��o, de capacita��o para o of�cio e de comercializa��o dos produtos. Apesar de existir, entre mestres-companheiros-aprendizes, divis�o do trabalho, hierarquia e tamb�m atividades de coordena��o e gerenciamento do processo de produ��o, estas eram diferentes da divis�o parcelar do trabalho e da hierarquia verificada na emerg�ncia das f�bricas e do modo de produ��o capitalista. No artesanato, os produtores eram donos dos instrumentos necess�rios ao seu trabalho, tinham dom�nio sobre o processo de produ��o, sobre o ritmo do trabalho e sobre o produto, e tamb�m, quase certamente, havia ascens�o a companheiro e muito provavelmente a mestre (Marglin, 1980).

Divis�o parcelar ou pormenorizada do trabalho, divis�o manufatureira do trabalho ou divis�o t�cnica do trabalho

A �divis�o parcelar ou pormenorizada do trabalho, divis�o manufatureira do trabalho ou divis�o t�cnica do trabalho� � t�pica do modo de produ��o capitalista. Refere-se � fragmenta��o de uma especialidade produtiva em numerosas opera��es limitadas, de modo que o produto resulta de uma grande quantidade de opera��es executadas por trabalhadores especializados em cada tarefa. Surge em meados do s�culo XVIII com a manufatura e caracteriza o sistema de f�bricas. O capitalismo industrial come�a quando um grande n�mero de trabalhadores � empregado por um capitalista (Braverman, 1981). Inicialmente, o processo de trabalho era igual ao executado na produ��o feudal, no artesanato nas guildas (vidreiros, padeiros, ferreiros, marceneiros, botic�rios, cirurgi�es). O dom�nio do processo estava com os trabalhadores. Ao reuni-los, seja nas guildas seja na oficina capitalista, seja no hospital, surge o problema da ger�ncia. Para o pr�prio trabalho cooperativo j� era necess�rio: ordenar as opera��es, centralizar o suprimento de materiais, registro de custos, folha de pagamentos etc. No capitalismo industrial manufatureiro, os trabalhadores ficam especializados em parcelas (tarefas/atividades espec�ficas) do processo de produ��o dentro de uma mesma especialidade produtiva, e o controle do processo passa para a ger�ncia.

Essa mudan�a tem como conseq��ncia para os trabalhadores a aliena��o e para o capitalista constitui-se em um problema gerencial. Esse fen�meno � qualitativamente diferente da �divis�o social do trabalho� na sociedade que foi explicada, inicialmente, pela cl�ssica an�lise de Adam Smith (1723-1790), no An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations (A Riqueza das Na��es) a respeito do processo de produ��o em uma f�brica de alfinetes. A an�lise deste fen�meno de fragmenta��o do processo de produ��o foi mais bem qualificada com os estudos de Charles Babbage (em On the Economy of Machinery, de 1832) ao acrescentar que essa forma de divis�o do trabalho n�o apenas fragmenta o processo permitindo um aumento da produtividade como tamb�m hierarquiza as atividades, atribuindo valores diferentes a cada tarefa executada por diferentes trabalhadores ou grupo de trabalhadores espec�ficos. Assim, aumenta a produtividade n�o s� pelo aumento num�rico dos produtos em uma determinada unidade de tempo como tamb�m aumenta a produtividade diminuindo o custo da for�a de trabalho comprada pelo capitalista.

A emerg�ncia da �divis�o parcelar do trabalho� que muitos autores denominam �divis�o t�cnica do trabalho� (Abercrombie, Hill & Turner, 2000) ocorre no bojo de um processo mais amplo de mudan�as, no qual se destacam: a apropria��o capitalista dos meios de produ��o (for�a de trabalho, objetos de trabalho e instrumentos); a associa��o de diversos trabalhadores em um mesmo espa�o f�sico, onde cada um desenvolve uma tarefa espec�fica, e o produto s� � obtido como resultado do trabalho coletivo, ou, nas palavras de Marx (1980), o produto resulta de um trabalhador coletivo; a modifica��o do papel da ger�ncia para o de controle do processo e da for�a de trabalho; e a expropria��o do trabalhador do produto do seu trabalho. Opera-se uma divis�o entre trabalho manual (que transforma o objeto) e intelectual (a consci�ncia que o trabalhador tem sobre o trabalho), separa-se concep��o e execu��o.

O gerente controla o trabalho dos outros organizando o processo de trabalho com vistas a tirar o maior resultado poss�vel. Ger�ncia, como organiza��o racional do trabalho no modo capitalista de produ��o, envolve o controle do processo de trabalho e do trabalho alienado, isto �, da for�a de trabalho comprada e vendida. A fun��o da ger�ncia, que no in�cio do capitalismo � desenvolvida pelo propriet�rio do capital, passa a ser exercida por trabalhadores contratados, que, ao mesmo tempo, s�o empregados e empregadores de trabalho alheio, recebem melhor remunera��o que os demais, representam e se articulam com os propriet�rios do capital, controlam o trabalho dos outros e organizam o processo de trabalho visando ao lucro (Braverman, 1981). O principal te�rico da ger�ncia aplicada ao modo de produ��o capitalista � Frederick Winslow Taylor (1856-1915) que formula o que chamou de �princ�pios da ger�ncia cient�fica�, incluindo a separa��o entre concep��o e execu��o do trabalho; a separa��o das tarefas entre diferentes trabalhadores; e o detalhamento da atividade de modo que a ger�ncia possa controlar cada fase do processo e seu m�todo de execu��o, buscando obter maior produtividade do trabalho.

Divis�o sexual do trabalho

A express�o �divis�o sexual do trabalho� tem sido utilizada mais recentemente, especialmente no contexto dos estudos de g�nero, para expressar os diferentes pap�is atribu�dos a homens e mulheres na sociedade e no processo produtivo. As diferen�as entre homens e mulheres s�o freq�entemente abordadas com o olhar biol�gico destacando as diferen�as no papel reprodutivo. No entanto, este debate ganha nova qualifica��o com as cr�ticas introduzidas pelas feministas � separa��o das esferas p�blicas e privadas na sociedade capitalista, na qual tem cabido �s mulheres a esfera privada e de cuidado dos filhos e aos homens a esfera p�blica, incluindo o trabalho remunerado e as atividades de maior prest�gio social (Abercrombie, Hill & Turner, 2000). Com a urbaniza��o, a amplia��o do acesso � educa��o e as conquistas dos movimentos de mulheres, houve uma amplia��o do ingresso das mulheres no mercado de trabalho, no entanto ainda � significativa a desigualdade em termos de valoriza��o do trabalho feminino em rela��o ao masculino. At� hoje, in�cio do terceiro mil�nio, mesmo considerando as diferen�as entre os diversos pa�ses e culturas, muitas mulheres rercebem menor remunera��o do que os homens mesmo desenvolvendo trabalhos iguais; determinadas atividades s�o atribu�das ao feminino, pior remuneradas e menos valorizadas socialmente do que as que s�o atribu�das aos homens.

Divis�o internacional do Trabalho

A express�o �divis�o internacional� do trabalho diz respeito � posi��o dos pa�ses no mercado e no processo produtivo global, bem como � din�mica dos padr�es de acumula��o de capital no contexto planet�rio. No atual contexto de globaliza��o, a express�o �nova divis�o internacional do trabalho� tem sido usada para designar as mudan�as no mercado, na distribui��o de capital e das empresas, bem como no fluxo da for�a de trabalho entre os pa�ses, especialmente a rela��o �centro-periferia�. Ou seja, a rela��o pa�ses capitalistas desenvolvidos, pa�ses emergentes e pa�ses pobres ou com pouco potencial competitivo na economia global (Henk, 1988).

Quais foram as mudanças nas relações de trabalho com a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial alterou as formas de produção e as relações de trabalho. A manufatura deu lugar à maquinofatura. A fábrica substituiu a oficina. Os desenvolvimentos técnicos na indústria têxtil e metalúrgica aumentaram a capacidade produtiva e os trabalhadores começaram a ter outras funções e estatuto.

Quais são as consequências da divisão do trabalho durante a Revolução Industrial?

Apesar de esse processo organizacional produzir um aumento na produtividade, ocasiona também o surgimento de trabalhadores alienados quanto ao processo produtivo, isso quer dizer que o trabalhador conhece somente uma única etapa da produção, tornando-se muito limitado.

Como ficou a divisão social do trabalho na Revolução Industrial?

O capitalismo industrial começa quando um grande número de trabalhadores é empregado por um capitalista (Braverman, 1981). Inicialmente, o processo de trabalho era igual ao executado na produção feudal, no artesanato nas guildas (vidreiros, padeiros, ferreiros, marceneiros, boticários, cirurgiões).

Quais foram as principais mudanças provocadas pela Revolução Industrial?

As mudanças causadas pela Revolução Industrial na sua primeira fase foram:.
Formação da indústria têxtil,.
Uso da máquina a vapor;.
Êxodo rural;.
aumento da produtividade;.
surgimento do telégrafo e da locomotiva;.
surgimento de classes sociais..