Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?

A Revolução Haitiana foi um movimento de luta pela independência e libertação de escravizados negros

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Segundo Everaldo de Oliveira Andrade, "a maior das repercussões da revolução haitiana ocorreu no continente americano, ao destacar para os milhões de escravizados nas colônias (...) que mantinham a escravidão, que os negros eram capazes de lutar por sua liberdade e constituir o primeiro estado livre das Américas". (Arte: Renan Braz)

Em 22 de agosto de 1791, teve início a Revolução Haitiana, movimento de luta pela independência e libertação de escravizados negros ocorrido na colônia francesa de São Domingo. Doze anos depois, em 1º de janeiro de 1804, a independência do Haiti foi proclamada.
Conversamos com Everaldo de Oliveira Andrade, professor de História Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sobre as principais causas e repercussões desse movimento. Confira:

Serviço de Comunicação Social: O que foi a Revolução Haitiana, e quais as principais causas que motivaram esse movimento?

Everaldo de Oliveira Andrade: A revolução haitiana foi um movimento de ruptura com a colonização francesa e que se combinou com a luta pela libertação dos escravos negros. Tudo ocorreu em um contexto que se combinava com a revolução francesa iniciada em 1789. A revolução haitiana projetou a luta autônoma dos povos negros por liberdade e teve papel importante para demarcar uma pauta de direitos que sociais e políticos que mobilizou os próprios revolucionários na França e o pensamento ocidental.

As principais causas da revolução haitiana se relacionavam com a luta por liberdade dos escravos, que encontrou no momento da revolução francesa - quando as classes dominantes estavam divididas - uma oportunidade para tomar a iniciativa. O momento de radicalização do governo dos jacobinos levou a decretação do fim da escravidão nas colônias francesas, incluindo o Haiti, então a colônia mais rica da França.

Serviço de Comunicação Social: Qual era o contexto político no (atual) Haiti, e no mundo, quando a Revolução teve início? Quais as maiores repercussões e consequências desse movimento?

Everaldo de Oliveira Andrade: A revolução ocorreu no contexto de avanço do capitalismo e das lutas das burguesias para suplantar o poder das nobrezas e os entraves ao desenvolvimento do capitalismo. A maior das repercussões da revolução haitiana ocorreu no continente americano, ao destacar para os milhões de escravizados nas colônias portuguesas, espanholas, francesas e inglesas, além dos EUA que mantinham a escravidão, que os negros eram capazes de lutar por sua liberdade e constituir o primeiro estado livre das Américas. No Brasil, o temor do "haitianismo" levou os escravocratas a temerem e tentarem impedir que essa informação chegasse às massas escravizadas. Na América espanhola, o Haiti independente, através do presidente Alexandre Petion, apoiou Simon Bolívar com armas e recursos para que pudesse libertar as colônias espanholas, e esse se comprometeu a defender a libertação dos escravos das antigas colônias como compromisso.

O professor Everaldo de Oliveira Andrade é mestre e doutor em História Econômica pela FFLCH USP, e diretor do Centro de Apoio à Pesquisa Histórica Sérgio Buarque de Holanda (CAPH) da FFLCH. É professor de História Contemporânea no departamento de História da FFLCH, com credenciamento no programa de pós-graduação em História Econômica. Tem experiência docente e publicações na área de ensino e pesquisa de História, em História contemporânea, História da América e História econômica. Para quem se interessar sobre o tema, o professor Everaldo é autor do livro Haiti: dois séculos de história, pela editora Alameda.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Revolução Haitiana
Revoluções do Atlântico
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?

Batalha em San Domingo, pintado por January Suchodolski representando uma luta entre as tropas polonesas ao serviço francês e os rebeldes do Haiti
Data 22 de agosto de 1791 - 1 de janeiro de 1804
(12 anos, 4 meses, 1 semana e 4 dias)
Local Saint-Domingue
Desfecho Vitória Haitiana
  • Expulsão do governo colonial francês
  • Massacre dos Franceses
Mudanças territoriais Independência do Haiti estabelecida
Beligerantes
1791–1793
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Ex-escravos
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Monarquistas franceses
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Espanha (a partir de 1793)

1793–1798

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Monarquistas franceses
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
 
Grã-Bretanha
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Espanha (até 1796)


1798–1801

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Lealistas de Louverture


1802–1804
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Ex-escravos
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Reino Unido
1791–1793
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Donos de escravos
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Reino da França (até 1792)
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
República Francesa


Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Reino Unido[1]


1793–1798

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
França

  • Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
    Ex-escravos

1798–1801

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Lealistas de Rigaud
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Espanha


1802–1804

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
França

  • Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
    Legiões Polonesas
  • Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
    Confederação Suíça
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Espanha
Comandantes
1791–1793
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Dutty Boukman †
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Georges Biassou
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Vincent Ogé 
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
André Rigaud

1793–1798

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Paul-Louis Dubuc
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Thomas Maitland
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Joaquín Moreno


1798–1801

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Toussaint Louverture


1802–1804
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Toussaint
Louverture 
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Jean-Jacques Dessalines
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Henri Christophe
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Alexandre Pétion
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
François Capois
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
John Duckworth
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
John Loring
1791–1793
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Viscount de Blanchelande
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Léger-Félicité Sonthonax

1793–1798

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Toussaint Louverture
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
André Rigaud
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Alexandre Pétion


1798–1801

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
André Rigaud


1802–1804
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Napoleão Bonaparte
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Charles Leclerc †
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Visconde de Rochambeau 
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?

Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Villaret de Joyeuse
Quais foram as principais consequências da independência do Haiti?
Federico Gravina
Forças
Exército regular: 55 000
Voluntários: +100 000
Exército regular: 60 000
86 navios de guerras e fragatas
Baixas
Haitianos: 200 000 mortos
Britânicos:45 000 mortos
França: 75 000 mortos

A Revolução Haitiana (francês: révolution haïtienne; crioulo haitiano: revolisyon ayisyen) foi uma insurreição bem-sucedida de escravos auto-libertados contra o domínio colonial francês em Saint-Domingue, agora o estado soberano do Haiti. A revolta começou em 22 de agosto de 1791,[2] e terminou em 1804 com a independência da ex-colônia. Envolveu participantes negros, mestiços, franceses, espanhóis, britânicos e poloneses - com o ex-escravo Toussaint Louverture emergindo como o herói mais carismático do Haiti. Louverture teve um papel de grande importância na Revolução Haitiana, uma vez que foi o responsável por liderar e por mobilizar a grande revolta negra em prol da necessidade de instaurar a liberdade e a igualdade em Saint-Domingue.[3] A revolução foi a única revolta de escravos que levou à fundação de um estado que estava livre da escravidão (embora não do trabalho forçado)[4] e governado por não-brancos e ex-cativos.[5] É agora é visto como um momento decisivo na história do Novo Mundo.[6][7]

Os efeitos da revolução sobre a instituição da escravidão foram sentidos em todas as Américas. O fim do domínio francês e a abolição da escravidão na ex-colônia foram seguidos por uma defesa bem-sucedida das liberdades conquistadas pelos ex-escravos e, com a colaboração de pessoas de cor já livres, sua independência dos europeus brancos.[8][9][10] A revolução representou a maior revolta de escravos desde a revolta mal sucedida de Espártaco contra a República Romana quase 1 900 anos antes,[11] e desafiou crenças europeias de longa data sobre a suposta inferioridade negra e sobre a capacidade dos escravos de alcançar e manter sua própria liberdade. A capacidade organizacional e a tenacidade dos rebeldes sob pressão inspiraram histórias que chocaram e assustaram os proprietários de escravos no hemisfério.[12]

Desde a chegada dos primeiros escravizados ao ano da Revolução Haitiana, aqueles que acompanhavam, no Ocidente, as revoltas feitas pelos escravizados tratavam essas rebeliões de modo ambíguo: ao mesmo tempo que esses observadores não admitiam essas revoltas - caso contrário, seria conferida "humanidade" aos escravizados, conforme ontologia vigente -, eles também precisavam tomar ações diante dessas rebeliões, a fim de contê-las. Assim, na medida em que a existência dessas revoltas não era confessada, atitudes para suprimi-las também eram engendradas. Desse modo, aqueles que viviam no cotidiano a realidade das experiências escravistas, como os fazendeiros, deixaram diversos registros nos quais eles expõem suas opiniões ambíguas a respeito das revoltas escravas. Todavia esses escravocratas também se utilizavam de crenças fortemente enraizadas sobre as pessoas pretas escravizadas com o objetivo de diminuir e de não admitir a força da agência desses indivíduos.

[13]

Os acontecimentos revolucionários em Saint-Domingue geraram impactos gigantescos na Europa, mas em especial, na França. A própria França dispunha de uma forte dependência em relação à ilha de Saint-Domingue, uma vez que a ilha lhe proporcionava um vantajoso retorno econômico por meio da intensa produção de açúcar, de café e do tráfico de escravizados negros.[14]

Apesar de todas essas relações e conexões entre França e Saint-Domingue, grande parte da historiografia tradicional trata a Revolução Haitiana como um movimento completamente avulso e desagregado do contexto da Revolução Francesa. Com a vitória de Saint-Domingue, a França perdeu uma de suas colônias mais importantes e lucrativas, bem como, durante as batalhas travadas, contou com a perda de muitos soldados franceses.[15] Assim, a Revolução Haitiana foi um acontecimento de grande importância no cenário da Revolução Francesa: ambos os acontecimentos estiveram, de certa forma, intrincados.[16]

Referências

  1. Time to Stop Resisting Haiti’s Resistance
  2. Adam Hochschild (2005). Bury the Chains. [S.l.]: Houghton Mifflin. p. 257
  3. JAMES, C. L. R. Os jacobinos negros: Toussaint L'Ouverture e a revolução de São Domingos. Perdizes: Boitempo, 2000.
  4. Ghachem, Malick W.; Danforth, Susan. «The Other Revolution». John Carter Brown Library. Brown University. Consultado em 11 de março de 2022
  5. Franklin W. Knight (2000). «The Haitian Revolution». The American Historical Review. 105 (1): 103–15. JSTOR 2652438. doi:10.2307/2652438
  6. «Why Haiti should be at the centre of the Age of Revolution – Laurent Dubois». Aeon Essays (em inglês). Consultado em 4 de setembro de 2019
  7. Joseph, Celucien L. (2012). «'The Haitian Turn': An Appraisal of Recent Literary and Historiographical Works on the Haitian Revolution». Journal of Pan African Studies. 5 (6): 37–55
  8. Taber, Robert D. (2015). «Navigating Haiti's History: Saint-Domingue and the Haitian Revolution». History Compass. 13 (5): 235–50. doi:10.1111/hic3.12233
  9. Bongie, Chris (2008). Friends and Enemies: The Scribal Politics of Post/colonial Literature. Liverpool, UK: Liverpool University Press. 45 páginas. ISBN 978-1846311420
  10. Curtis Comstock, Sandra (2012). Incorporating Comparisons in the Rift: Making Use of Cross-Place Events and Histories in Moments of World Historical Change, a chapter in Anna Amelina, Beyond methodological nationalism: research methodologies for cross-border studies. [S.l.]: Taylor and Francis. pp. 183–85. ISBN 978-0-415-89962-8
  11. Vulliamy, Ed, ed. (28 de agosto de 2010). «The 10 best revolutionaries». The Guardian. Consultado em 15 de dezembro de 2015
  12. Philip James Kaisary (2008). The Literary Impact of the Haitian Revolution, PhD dissertation. [S.l.]: University of Warwick. pp. 8–10
  13. TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história, 1995, p. 140-141.
  14. TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história, 1995, p. 163-168.
  15. TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história, 1995, p. 163-168.
  16. TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história, 1995, p. 163-168.

Quais as causas e consequências da independência do Haiti?

Em 1803 após derrotar as tropas francesas e proclamar a independência, também foi declarado o fim da escravidão no país no Haiti. A independência do Haiti não foi tão benéfica como os escravos esperavam. O Haiti teve que pagar uma indenização exorbitante à França, que o levou a uma crise econômica imensurável.

Porque as consequências da independência do Haiti foram muito negativas?

Consequências Apesar da longa batalha, as consequências da independência do Haiti foram muito negativas. Livres da França, os países que mantinham relações comerciais com a ilha ficaram com medo de que esse ato de rebelião se expandisse para as colônias americanas e acabaram fechando todos os pactos comerciais selados.

Quais as principais características da independência do Haiti?

Somente no ano de 1806, quando Dessalines foi traído e assassinado por Alexandre Pétion e Henri Christophe, o Haiti passou a adotar o regime republicano. O reconhecimento da independência daquele país só aconteceria no ano de 1825, quando o governo francês recebeu uma indenização de 150 milhões de francos.

Quais foram as principais causas da Revolução Haitiana?

A Revolução Haitiana teve início a partir de uma grande rebelião de escravos africanos na antiga colônia francesa de São Domingos. A violência do sistema colonial escravista francês motivou os escravos a rebelaram-se contra os dominadores.