Quais os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem determinar uma lesão?

INTRODU��O

A estrutura dental pode ser perdida ap�s sua forma��o por v�rios fatores al�m dos casos mais comuns relacionados � doen�a c�rie ou fraturas traum�ticas. A destrui��o do esmalte coron�rio pode ser iniciada por meio de abras�o, atri��o, eros�o ou abfra��o podendo come�ar nas superf�cies da dentina, ou do cemento por reabsor��o interna ou externa. A maioria dos pesquisadores acredita que a preval�ncia do desgaste dent�rio est� aumentando e isso pode ser em parte explicado por uma maior conscientiza��o dos cl�nicos, manuten��o dos dentes naturais por mais tempo al�m de uma dieta com maior quantidade de �cidos (1,2,3,4)

O objetivo deste trabalho �, atrav�s de uma revis�o da literatura e an�lise cr�tica dos autores, conscientizarem profissionais ligados a �rea de sa�de sobre a import�ncia de reconhecerem sinais na cavidade oral que podem ser de grande aux�lio para o diagn�stico diferencial de diversas patologias sist�micas, altera��es do comportamento e dist�rbios g�stricos permitindo o controle multidisciplinar dos fatores etiol�gicos das les�es n�o cariosas e seu efetivo tratamento.

REVIS�O DA LITERATURA

Qualquer pessoa que possua dentes naturais pode desenvolver sinais de desgaste dental, mas muitos pacientes desconhecem suas consequ�ncias at� que se atinja uma fase avan�ada. A preval�ncia das les�es de abras�o aumenta com a idade e afeta em sua maioria os indiv�duos do sexo masculino. A maioria dos estudos de preval�ncia do desgaste do esmalte envolve mais crian�as que adultos e indica que ele � comum, afetando mais de 60% dos envolvidos enquanto a preval�ncia de exposi��o da dentina varia entre 2 a 10%. � um processo fisiol�gico que ocorre com o decorrer do envelhecimento, mas pode ser considerado patol�gico quando o grau de destrui��o cria problemas funcionais, est�ticos ou de sensibilidade dental (1,3,5,6,7).

Conceito e caracter�sticas cl�nicas das les�es n�o cariosas: Abras�o, atri��o, eros�o e abfra��o

O conceito cl�ssico de Abras�o � um processo de desmineraliza��o ou perda patol�gica da estrutura dent�ria ou restaura��o, livre de placa bacteriana que ocorre de maneira lenta, gradual e progressiva devido a h�bitos nocivos. As zonas cervicais as mais afetadas, atingindo os tecidos duros dos dentes e promovendo muitas vezes sensibilidade dentin�ria, exposi��o e necrose pulpar (3,4).

Atri��o � definida como o desgaste fisiol�gico da superf�cie do dente ou restaura��o causada pelo contato de um dente com outro durante o processo de mastiga��o ou para fun��o podendo ocorrer tanto na denti��o dec�dua como na permanente. Mais frequentemente encontramos as superf�cies oclusais, incisais e linguais dos dentes anteriores superiores e as vestibulares dos dentes inferiores (1,3) (Figura 3).

Eros�o tem sido descrita como a perda patol�gica, progressiva da estrutura dent�ria causada por processo qu�mico sem envolvimento de a��o bacteriana. Caracteristicamente a eros�o � causada por exposi��o aos �cidos provenientes de bebidas, sucos de fruta, vinhos, bebidas desportivas, todos os refrigerantes, vinagre, �cidos org�nicos, principalmente o l�tico, c�trico e m�lico utilizados na ind�stria aliment�cia e pode ser exemplificado pela foto cl�nica, Figura 4 (1,2,3,4,8). O efeito tamp�o da saliva pode ser subjugado pela hipossaliva��o ou excesso de �cido. A hipofun��o de gl�ndulas salivares deve ser investigada, assim como bulimia, diabetes, uso de medicamentos, regurgita��o volunt�ria ou involunt�ria, azia, h�rnia de hiato. A eros�o proveniente da exposi��o dent�ria a secre��es g�stricas � chamada perim�lise (2,3,4). A abfra��o � a perda da superf�cie dent�ria nas �reas cervicais dos dentes por for�as tencionais e compressivas secund�ria � flex�o do dente por excesso de carga oclusal que quando aplicada excentricamente ao dente, a tens�o se concentra no fulcro cervical, levando � inclina��o que pode produzir rompimento nas liga��es qu�micas dos cristais do esmalte nas zonas cervicais. A abfra��o pode afetar apenas um dente e clinicamente apresentam-se em forma de cunha geralmente profundas e com margem definida. Esse tipo de les�o possui maior incid�ncia nos dentes inferiores devido ao seu menor di�metro coron�rio na regi�o cervical. A abfra��o � um exemplo de les�o n�o cariosa que afeta a regi�o cervical e que n�o ocorre �nica e exclusivamente em decorr�ncia da dissolu��o �cida e da a��o mec�nica de agentes abrasivos (Figuras 1 e 2). Este fen�meno pode ser agravado pela abras�o provocada por uma escova��o agressiva quando o esmalte uma vez danificado pode ser mais facilmente removido por eros�o ou abras�o (1,3,7,9).

Fatores etiol�gicos das les�es n�o cariosas

A etiologia das les�es n�o cariosas pode ser multifatorial influenciada por fatores extr�nsecos (dieta, medica��o), fatores intr�nsecos (reflexo gastroesof�gico, v�mito frequente t�pico da bulimia), desgaste mec�nico dental decorrente de uma associa��o de escova��o traum�tica associada com dentifr�cios abrasivos e consumo de subst�ncias �cidas, uso de drogas l�citas ou il�citas, al�m de processos mec�nicos resultantes de h�bitos nocivos tais como o uso frequente de subst�ncias abrasivas, clareamento dent�rio sem supervis�o profissional, h�bitos de colocar l�pis entre os dentes, palitos, cabos de cachimbo, grampos de cabelo, roer unha, cortar linha, uso impr�prio da escova de dente e fio dental (1,4,5,7,9,10,11,12,13, 14).

Os fatores extr�nsecos mais comuns s�o encontrados em nossa dieta. A maior parte das frutas, sucos, refrigerantes e outras bebidas carbonatadas - incluindo as variantes sem a��car e algumas bebidas l�cteas t�m um pH baixo. Um pH de at� 5.5, aproximadamente � suficiente para enfraquecer e desmineralizar a superf�cie do esmalte, enquanto que para a dentina, um pH de 6.5 ou menor, tem o mesmo efeito nocivo, dependendo de outros fatores como a acidez titulada, e o conte�do de c�lcio, fosfato e fluoreto dos produtos consumidos (1,5,8,9,12). Nas �ltimas d�cadas, tem havido um aumento significativo no consumo de �cido presente em bebidas como refrigerantes e frutas prontas para uso sucos. � necess�rio alertar para o fato dessas subst�ncias serem ofertadas cada vez mais cedo na alimenta��o infantil atrav�s do seu uso em mamadeiras (4,9).

O processo de enfraquecimento dos dentes devido � a��o do �cido normalmente � atenuado pela a��o da saliva, devido � presen�a do c�lcio, mas o contato frequente e prolongado com subst�ncias �cidas deixa pouco tempo para a remineraliza��o. Neste estado enfraquecido, o esmalte est� propenso ao desgaste da a��o abrasiva de cremes dentais e da escova��o (4,5,8). Uma diminui��o do pH dos l�quidos que banham os elementos dentais pode ser causada diretamente pelo consumo de frutas �cidas e bebidas ou indiretamente pela ingest�o de carboidratos ferment�veis que permitem uma produ��o de �cidos pelas bact�rias da placa bacteriana. Com a queda do pH, a solubilidade da apatita do esmalte aumenta drasticamente. C�lculos simples revelam que uma queda do pH de uma unidade dentro da faixa de pH de sete a quatro d� origem a um aumento de sete vezes na solubilidade da hidroxiapatita. A fotografia cl�nica em anexo (fig. 4) � um bom exemplo das consequ�ncias de um consumo abusivo de refrigerante a base de cola (4,9).

A solubilidade das apatitas � afetada pelo pH por que: a concentra��o de hidroxila � inversamente proporcional � concentra��o de hidrog�nio e a concentra��o dos complexos fosfatados i�nicos depende do pH da solu��o. Estudos sugerem que o pH cr�tico varia entre 5,2 e 5,5, contudo esse valor depende das concentra��es de c�lcio e fosfato na saliva (6, 8, 9, 14).

Quando a saliva est� subsaturada de hidroxiapatita ainda pode permanecer supersaturada de fluorapatita. Em pH=4 a saliva est� subsaturada de ambas as apatitas e, portanto, perde a capacidade mineralizante. Podemos deduzir que o valor do pH � um dos mais importantes fatores a serem considerados na dieta l�quida. Outros fatores que devem ser considerados s�o o tipo de �cido presente e grau de dissocia��o i�nica do �cido (9,12).

Dos fatores intr�nsecos, a causa mais comum de eros�o est� relacionada ao refluxo gastresofagiano e regurgita��o, e afeta mais de 60% das pessoas em algum momento de suas vidas. Associado ao baixo pH e o suco g�strico, a destrui��o do esmalte e da dentina � frequentemente mais severa do que a causada por fatores extr�nsecos (1,9).

Abusos de subst�ncias t�picas como clareadores para dentes vitais sem supervis�o profissional, medicamentos (antidepressivos, Anti-hipertensivos, anticonvul�sivantes) vitaminas de uso cont�nuo, e drogas il�citas podem estar associados ao quadro de desgaste dent�rio patol�gico. Diversos medicamentos s�o respons�veis pela hipossaliva��o e apenas para citar um exemplo, comprimidos de vitamina C mastig�veis possuem pH baixo. A aplica��o de pasta de coca�na no ter�o cervical dos dentes anteriores e o consumo de Metanfetamina e �cido lis�rgico tamb�m devem ser investigados (2,13,15).

De que forma a escova��o e o uso de dentifr�cios podem influenciar o processo de les�es n�o cariosas?

Segundo alguns pesquisadores a t�cnica de escova��o n�o � importante para o aparecimento das les�es abrasivas. Uma investiga��o laboratorial afirmou que levariam 2.500 anos usando uma escova de dente sozinha para remover 1 mil�metro de esmalte do dente e levariam 100 anos usando a combina��o de pasta e escova para remover 1 mil�metro de esmalte. A combina��o de pasta com �cidos produzidos na mesma quantidade provocaria um desgaste em 2 anos (1,7, 9, 11).

A abras�o provocada pela escova��o al�m de poder ser influenciada por uma dieta rica em alimentos com pH �cido pode estar relacionada ao m�todo, for�a e frequ�ncia de escova��o, dureza dos filamentos da escova e forma das termina��es dos filamentos. O trauma da escova��o pode n�o causar retra��o gengival direta mas pode desgastar o dente e a Jun��o Amelo-Cement�ria, o que origina diminui��o de cemento, diminui��o da ader�ncia epitelial e perda de osso alveolar e a perda de osso alveolar induz mais retra��o gengival, al�m disso foi verificado que a abras�o � significativamente maior na escova��o linear quando comparada com a rotativa e o aumento de sua frequ�ncia resultar� em um aumento do n�mero de desgastes patol�gico. Apesar das escovas macias serem menos abrasivas que as duras elas podem causar desgastes patol�gicos quando utilizadas com um dentifr�cio �cido n�o fluoretado, j� que ret�m mais pasta e durante mais tempo (1,7,9).

Por defini��o, os dentifr�cios cont�m agentes abrasivos com o prop�sito de remover manchas e outros dep�sitos da superf�cie dent�ria. F�rmulas diferentes possuem agentes abrasivos diferentes, alguns mais do que outros. A abrasividade do dentifr�cio depende no tamanho, forma e quantidade de part�culas abrasivas presentes na pasta dent�ria, sendo que a abrasividade das pastas � comumente descrita como REA (relative enamel abrasivity) e RDA (relative dentine abrasivity) (7,11). A Abrasividade Dentin�ria Relativa (ADR) � uma escala num�rica, que indica o grau de abrasividade e � �til para a compara��o entre pastas distintas. Um valor de ADR mais elevado indica uma f�rmula mais abrasiva. A varia��o de pH permitida para as pastas dentifr�cias (pH 4-10) pode constituir uma causa de preocupa��o quanto ao desgaste dent�rio devido � eros�o qu�mica, embora virtualmente todos os produtos a n�vel mundial possuam coeficientes de pH acima do n�vel que pode provocar a desmineraliza��o (pH 5,5 para o esmalte, pH 6,5 para a dentina) ou, em alternativa, o teor de fluoreto equilibra o efeito de pH baixo. Os elevados valores ADR dos dentifr�cios originam um aumento da abras�o da dentina. Nos dentifr�cios com valores ADR semelhantes, a abras�o � maior nos dentifr�cios com menor concentra��o de fluoretos. As pastas fluoretadas d�o maior prote��o no desgaste dent�rio e uma intera��o entre pastas fluoretadas e escova��o, duas vezes por dia, implica uma diminui��o de 30% na eros�o (7,11).

A hipersensibilidade dentin�ria pode estar diretamente ligada ao processo de les�es n�o cariosas?

A hipersensibilidade dentin�ria � caracterizada por uma dor breve e aguda, causada pela exposi��o da dentina, em resposta a est�mulos t�rmicos, evaporativos, t�cteis, osm�ticos ou qu�micos, n�o podendo ser atribu�da a qualquer outro tipo de defeito ou patologia. As provas obtidas a partir de dentes extra�dos indicam que para que a hipersensibilidade ocorra, a dentina tem de estar exposta e a rede dos t�bulos dentin�rios aberta de modo a permitir o movimento do fluido face � estimula��o recebida, de fato, � este o caso (6,10,11).

Se a escova��o utilizando pasta dentifr�cia abrasiva pode ou n�o dar in�cio � hipersensibilidade dentin�ria � uma quest�o que pode ser sustentada por algumas provas cient�ficas, embora com origem sobretudo em estudos laboratoriais e, em menor grau, em estudos em humanos. Muitos dentifr�cios aparentam remover de imediato a camada de lama dentin�ria da dentina de modo a expor os t�bulos ao longo de um per�odo relativamente curto, equivalente a dias de escova��o (7,10,11).

Estudos in vitro sugerem que este efeito decorre dos sistemas de abras�o e de deterg�ncia contidos no produto. Poder-se-ia dizer que esta discuss�o indica que todos os dentifr�cios s�o fatores etiol�gicos na hipersensibilidade dentin�ria, mas n�o � necessariamente assim. Certas f�rmulas, embora removam a camada de lama dentin�ria, provocam depois o estreitamento dos t�bulos dentin�rios presumivelmente atrav�s de um processo de lama abrasivas. Algumas pastas dentifr�cias removem a camada de lama dentin�ria fechando, de seguida, os t�bulos com as part�culas abrasivas inertes. Os produtos que cont�m s�lica artificial com um detergente n�o i�nico parecem ser os mais eficazes neste processo de desgaste patol�gico: o uso frequente de lauril sulfato de s�dio, um detergente ani�nico, parece prevenir a ades�o da s�lica artificial � dentina, provavelmente por competi��o i�nica (10).

Curiosamente, pelo menos quanto ao esmalte, um estudo in vitro demonstrou que a eros�o, combinada com o atrito, abrandava de modo significativo o desgaste dent�rio. A explica��o dos autores era de que a superf�cie de contato do esmalte se tornava muito irregular em condi��es de pH neutro, mas muito lisa com um pH erosivo: as for�as friccionais seriam portanto acentuadamente reduzidas. � �bvio que, se a dentina ficar exposta apenas pelo atrito ou pelo atrito combinado com a eros�o, poder� verificar-se a hipersensibilidade dentin�ria. Mas, mais uma vez, isso implicaria que o desgaste abrisse o sistema tubular. A abertura dos t�bulos ocorreria quase de certeza e seria consistente com a apresenta��o relativamente pouco frequente de indiv�duos com hipersensibilidade dentin�ria nas superf�cies oclusais que indicam o h�bito de ranger os dentes e a ingest�o de grandes quantidades de frutas c�tricas fibrosas (7,10,11).

Para o ponto mais comum para a hipersensibilidade dentin�ria, a zona cervicobucal, existem provas, obtidas sobretudo em estudos in vitro e in situ, que indicam que a eros�o qu�mica tem potencial para localizar e iniciar les�es. Neste sentido, estudos in situ demonstraram que, em alguns indiv�duos, beber um litro de refrigerante por dia, o que � comum em muitos pa�ses, poderia levar � remo��o de um mil�metro de esmalte no per�odo de alguns anos. Na regi�o cervicobucal dos dentes, isto significaria mais do que a espessura do esmalte nesse ponto. Al�m disso, como j� foi referida, a velocidade da perda de esmalte seria acelerada pela escova��o regular. A investiga��o laboratorial e in situ demonstra que, uma vez exposta � dentina, bebidas �cidas podem remover a camada de lama dentin�ria, expondo os t�bulos ap�s a ingest�o do equivalente cl�nico a pequenas doses de uma bebida �cida (6,9,10,12).

Exposi��es ocupacionais e a eros�o dental

Datam do in�cio do s�culo as primeiras publica��es focalizando a associa��o entre exposi��es ocupacionais e manifesta��es do sistema Estomatogn�tico. O estudo da associa��o entre a exposi��o a n�voas �cidas e a eros�o dental tem predominado na pesquisa odontol�gica, relativamente a outros efeitos potenciais. Relatos da literatura especializada indicam que exposi��o ocupacional a subst�ncias �cidas, nas suas variadas formas f�sicas (gases, vapores ou n�voas), constitui importante fator de risco para patologias bucais, observando-se resultados consistentes em rela��o � eros�o dental (5,17,18). Em revis�o feita por iniciativa da British Dental Association (1959), sobre eros�o dental em trabalhadores da ind�stria, identificaram-se 11 refer�ncias, entre artigos e teses, publicados no per�odo de 1915 a 1955. Os achados apontam para a exist�ncia de associa��o positiva entre exposi��o a processos industriais que utilizam produtos �cidos e a eros�o dental, com alguns casos apresentando destrui��o dent�ria severa e desfigurante (17,18). Diversos autores que avaliaram essa patologia, caracterizada pela desmineraliza��o da estrutura dent�ria devido ao contato com subst�ncias qu�micas, encontraram uma elevada ocorr�ncia dela em trabalhadores expostos a �cidos inorg�nicos empregados em alguns ramos da ind�stria, como na metalurgia, siderurgia, em f�bricas de baterias, etc (2,5,9,16,17,18).

J� foi relatada que a ocupa��o dos provadores de vinho constituiu fator de risco para a eros�o dental e que a sua severidade estava relacionada ao tempo de servi�o e tamb�m o fluxo salivar e a capacidade tamp�o de cada indiv�duo. A associa��o entre um fluxo salivar e capacidade tamp�o diminu�dos acentuaram a gravidade das les�es erosivas de forma significativa (2,5,17,16).

Quais os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem determinar uma lesão?

Figura 1. Abras�o - Notar a exposi��o dentin�ria e radicular.

Quais os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem determinar uma lesão?

Figura 2. Abfra��o com um certo grau de abras�o - Presen�a de m�-oclus�o.Contatos prematuros dos pr� molares superiores com os inferiores.

Quais os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem determinar uma lesão?

Figura 3. Atri��o e Eros�o - Presen�a de ilhotas de am�lgama. Perda do brilho do esmalte na regi�o oclusal e incisal.

Quais os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem determinar uma lesão?

Figura 4. Abras�o por bebida carbonada e atri��o por bruxismo - Desgaste provocado por consumo excessivo de refrigerante � base de cola. Paciente com bruxismo.

DISCUSS�O

Todas as pessoas apresentam certo desgaste dent�rio ao longo da vida, contudo, em determinados indiv�duos, esse desgaste pode atingir n�veis patol�gicos como resultado da perda de esmalte, exposi��o da dentina e consequentemente uma situa��o de hipersensibilidade dentin�ria (9,10).

Enquanto a escova��o, com ou sem pasta dentifr�cia, parece causar um desgaste m�nimo do esmalte (na aus�ncia de �cidos), provas circunstanciais relacionam a escova��o com a recess�o gengival e a exposi��o da dentina (9,10).

A possibilidade de eros�o �cida dent�ria nos povos de na��es desenvolvidas � elevada, devido ao n�vel de consumo de bebidas e alimentos �cidos, adicionado a problemas intr�nsecos que aumentam o contato de �cidos com o tecido dent�rio (9,10,12,14,17,18).

Enquanto uma boa higiene oral previne a doen�a periodontal e a c�rie, uma escova��o dent�ria frequente e agressiva, especialmente se realizada imediatamente ap�s as refei��es ricas em subst�ncias �cidas, pode desencadear abras�o dent�ria, que se traduz na perda irrevers�vel da camada mais externa de esmalte ocasionando a abras�o/ retra��o gengival, perda de esmalte e exposi��o da dentina cervical, provocando muitas vezes hipersensibilidade dentin�ria (4,6,9,11).

Outros processos de desgaste dent�rio, nomeadamente o atrito e a eros�o qu�mica, provocam perda de esmalte e eventual exposi��o da dentina, daqui podendo resultar uma situa��o de sensibilidade dentin�ria. Abras�o causada por certas pastas dentifr�cias e a eros�o provocada pela a��o dos �cidos contidos nos alimentos s�o suscept�veis de abrir o sistema tubular (7,9).

A t�cnica de escova��o n�o � importante para o aparecimento das les�es por�m diversos autores concordam que a escova��o ap�s as refei��es deve ser retardada talvez por v�rias horas a fim de permitir a remineraliza��o do tecido dent�rio. As provas dispon�veis relacionam a escova��o com o desgaste dent�rio para al�m da limpeza abusiva; tal desgaste s� atingir� propor��es patol�gicas quando combinado com o processo de desgaste predominante, a eros�o qu�mica (1,10,14,18).

Dados dispon�veis na literatura revisada indicam que a abras�o e a eros�o atuam de forma aditiva e sin�rgica no processo de desgaste tanto de esmalte quanto de dentina, levantando a import�ncia de um correto diagn�stico e controle dos fatores etiol�gicos para s� ent�o poder ser iniciado o tratamento mais adequado (1,7,9,14,18).

Com rela��o � hipersensibilidade dentin�ria, a natureza da maioria dos dados dispon�veis aqui utilizados n�o permite fazer uma afirma��o absoluta, mas sim em termos de probabilidade, respeitando � associa��o entre os diversos fatores envolvidos no processo. Parecem existir, no entanto, provas no sentido de que a escova��o e o desgaste dent�rio constituem fatores etiol�gicos na localiza��o e na inicia��o da hipersensibilidade dentin�ria (6,10). Como resultado, estes processos precisam ser levados em considera��o ao definir uma estrat�gia de controle da hipersensibilidade dentin�ria.

Torna-se, por isso, importante entender a origem multifatorial das les�es n�o cariosas para assim poder iniciar o processo de investiga��o dos h�bitos relacionados � les�o e iniciar medidas preventivas da eros�o e da abras�o passando a valorizar n�o s� as mudan�as na higiene oral mas tamb�m na dieta e nos comportamentos relacionados � les�o (9,10,14,18).

CONCLUS�O

Diagnosticar e determinar o fator etiol�gico das les�es n�o cariosas � essencial para prevenir seus danos e � t�o importante quanto � decis�o de restaurar ou n�o os dentes atingidos.

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1) Estomatologia. Mestranda em cl�nica Odontol�gica.
2) Professor de Endodontia e Trauma Dent�rio. Professor de Gradua��o, Mestrado e Doutorado da Universidade Est�cio de S�.
3) Doutora em Odontologia Social. Professora de Sa�de Bucal e coletiva - Universidade Est�cio de S�, Rio de Janeiro, Brasil.
4) Doutor em Cl�nica Odontol�gica. Professor da disciplina de Sa�de Bucal e Coletiva. Universidade Est�cio de S�.
5) Mestrado em Odontologia. Odontopediatria. Professora de Sa�de Bucal e Coletiva da Universidade Est�cio de S�.
6) Doutora em Dent�stica. Professora de Dent�stica e Sa�de Bucal e Coletiva da Universidade Est�cio de S�.

Institui��o: Universidade Est�cio de S�, Rio de Janeiro, Brasil - Campus Barra World. Rio de Janeiro / RJ - Brasil. Endere�o para correspond�ncia: Simone de Macedo Amaral - Mestranda em Odontologia, Universidade Est�cio de S� - Avenida Alfredo Baltazar da Silveira, 580 cobertura - Recreio dos Bandeirantes - Rio de Janeiro / RJ - Brasil - CEP: 22790-701 - Telefone: (+55 21) 2497-8988 / 2493-8894 - Fax: (+55 21) 2497-8950 - Cel: (+55 21) 9956- 8576 - E-mail:

Artigo recebido em 15 de Abril de 2010. Artigo aprovado em 19 de Setembro de 2011.

Quais são os fatores intrínsecos e extrínsecos do mecanismo de lesão?

A pesquisa considerou alguns dos principais fatores intrínsecos descritos pela literatura, sendo estes, gênero, idade, peso e estatura, lesão pregressa e alguns fatores extrínsecos: modalidade esportiva, tempo de prática, frequência e duração de treinos e utilização de material de proteção.

Quais são os fatores extrínsecos?

Os fatores extrínsecos são os fatores que o produto final encontra a medida que ele se move através da cadeia alimentar, incluindo:.
perfil de tempo-temperatura durante o processamento; variabilidade espacial de pressão;.
controle de temperatura durante;.
o armazenamento e distribuição;.

Quais são os fatores de risco extrínsecos?

Os fatores de risco extrínsecos são aqueles relacionados ao ambiente no qual o idoso se encontra, e incluem superfícies irregulares, pisos escorregadios, iluminação inadequada, tapetes soltos e escadas sem corrimão.

Quais são os fatores que influenciam nas lesões?

Ou seja, pode ser uma pancada, uma batida ou uma lesão por um movimento brusco ou por desaceleração do movimento. As lesões podem ser divididas, ainda, em dois grandes grupos: traumáticas ou por sobrecarga. “As lesões traumáticas ocorrem devido a um acidente, como quedas, torções ou pancadas (trauma direto).