Quais são as 3 formas de relações com o ambiente e os outros seres vivos?

As interações biológicas podem ser didaticamente trabalhadas com ênfase aos componentes vivos e não-vivos de um ecossistema, sendo importante o professor explanar as influências intra e interespecíficas das populações envolvidas em eventos ecológicos que causam benefícios ou malefícios a um organismo ou ao grupo a que pertence, observando aspectos como:

- Reconhecer as principais relações entre os seres vivos;
- Desenvolver a observação crítica nos alunos no que se refere às interações que ocorrem entre os seres vivos na natureza;
- Salientar a importância das relações entre os seres vivos para a sobrevivência dos mesmos;
- E evidenciar a relação existente entre os organismos vivos e o meio através de exemplos.

RELAÇÕES HARMÔNICAS

Mutualismo: é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes, as duas espécies envolvidas são beneficiadas e a associação é necessária para a sobrevivência de ambas. Um bom exemplo dessa relação é a associação de algas e fungos formando os liquens. Neste caso os fungos abrigam as algas e as mesmas alimentam os fungos.

Protocooperação: é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes, elas podem viver de modo independente sem que isso possa prejudicá-las. Na natureza, um exemplo é o de mamíferos e búfalos que são aliviados de seus carrapatos por pássaros, que comem esses parasitas.

Colônias: são relações entre indivíduos da mesma espécie (isomorfas) ou de espécies diferentes (heteromorfas), ligados fisicamente entre si, ocorrendo ou não divisão de trabalho.

Com divisão de trabalho → caravela (celenterado);
Sem divisão de trabalho → agrupamento de bactérias.

Comensalismo: relação entre indivíduos de espécies diferentes, onde apenas uma delas se beneficia sem, no entanto, prejudicar ou beneficiar a outra. Nesse tipo de relação, o comensal se alimenta daquilo que é rejeitado pela outra espécie.
Trata-se de uma relação observada entre o urubu e o homem. O urubu alimenta-se dos restos deixados pelo homem em lixões e aterros.

Inquilinismo: nesta associação mantida por indivíduos de espécies diferentes, apenas uma se beneficia sem prejudicar a outra. O inquilino (espécie beneficiada) obtém abrigo ou ainda suporte no corpo da espécie não beneficiada (hospedeiro). Um exemplo desse tipo de relação é o das bromélias e orquídeas que se fixam no tronco das árvores.

Sociedade: é um tipo de relação entre indivíduos da mesma espécie, sem união física, porém caracterizada pela divisão de trabalho. As sociedades das abelhas, das formigas e dos cupins são bons exemplos deste tipo de relação.

RELAÇÕES DESARMÔNICAS

Competição: relação em que organismos da mesma espécie ou de espécies diferentes disputam por recursos do meio que não existem em quantidades suficientes para todos (alimento, território, reprodução, luminosidade).

Competição territorial → demarcação de área por alguns mamíferos: cães e lobos;
Competição por luminosidade → plantas de uma floresta densa para realização de fotossíntese;
Competição por alimento (nutrientes) → plantas cujas raízes atingem a mesma profundidade no solo.

Canibalismo: uma relação que envolve indivíduos da mesma espécie, onde um deles mata o outro para se alimentar.
Exemplos de canibalismo → a viúva-negra (aranha) e a fêmea do louva-a-deus, devoram o macho após a cópula (ato sexual).

Predatismo: relação mantida por indivíduos de espécies diferentes, na qual um organismo captura e mata outro para se alimentar.

Carnívoros → gavião, cascavel e onça;
Herbívoros → gafanhoto, boi e cavalo.

Parasitismo: relação ecológica entre indivíduos de espécies diferentes, onde uma espécie é beneficiada (o parasita) e a outra é prejudicada (o hospedeiro). Os parasitas podem viver sobre (ectoparasita) ou dentro (endoparasita) do corpo do hospedeiro.

Ectoparasita → piolho e o homem;
Endoparasita → lombriga e o homem.

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As relações ecológicas são interações que ocorrem entre os seres vivos em determinado ambiente. Uma vez que o meio natural é interconectado, esses mecanismos auxiliam no equilíbrio e manutenção ecológica.

Quais os tipos de relações ecológicas?

Podemos classificar as relações entre os seres vivos inicialmente em dois grupos:

  • As intraespecíficas, que ocorrem entre seres da mesma espécie;
  • As interespecíficas, entre seres de espécies diferentes.

É comum também, diferenciar as relações em harmônicas e desarmônicas. Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma das partes associadas, e nas desarmônicas há.

Relações Intraespecíficas Harmônicas

Colônias
  • Características: Agrupamento de indivíduos da mesma espécie que revelam um grau de interdependência e se mostram ligados uns aos outros, sendo impossível a vida quando isolados do conjunto, podendo ou não ocorrer divisão do trabalho.
  • Exemplos: As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em colônias.
Sociedades
  • Características: São agrupamentos de indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade de vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os indivíduos de uma sociedade têm independência física uns dos outros. Pode ocorrer um certo grau de diferenciação de formas entre eles e de divisão de trabalho, com alguns insetos denominados sociais (que formam sociedade). A comunicação é feita através dos feromônios – substâncias químicas que servem para essa função. Os feromônios são usados na demarcação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localização de alimento e organização social.
  • Exemplos: As formigas, as abelhas e os cupins.
Quais são as 3 formas de relações com o ambiente e os outros seres vivos?
Exemplo de relações ecológicas em sociedade entre as formigas.

Relações Intraespecíficas Desarmônicas

Canibalismo
  • Características: Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.
  • Exemplos: Ocorre com escorpiões, aranhas, peixes, planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando existe, recebe o nome de antropofagia (do grego anthropos, homem; phagein, comer).

Relações Interespecíficas Harmônicas

Comensalismo
  • Características: Este tipo de relação ecológica é uma associação em que uma das espécies – a comensal – é beneficiada, sem causar benefício ou prejuízo ao outro (não-comensal).
  • Exemplos: A rêmora é um peixe dotado de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões, aproveita os restos alimentares que caem na boca do seu grande “anfitrião”. A Entamoeba coli é um protozoário comensal que vive no intestino humano, onde se nutre dos restos da digestão.
Inquilinismo
  • Características: É a associação em que apenas uma espécie (inquilino) se beneficia, procurando abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo. Trata-se de uma associação semelhante ao comensalismo, não envolvendo alimento.
  • Exemplos: Peixe-agulha e holotúria, o peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado e se protege contra a ação de predadores abrigando-se no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem prejudicá-los. As epífitas (epi, em cima) são plantas que crescem sobre outras plantas sem parasitá-las, usando-as apenas como suporte. Ex.: as orquídeas e as bromélias.
Quais são as 3 formas de relações com o ambiente e os outros seres vivos?
Exemplo de relações ecológicas de inquilinismo entre as bromélias e outras plantas.
Mutualismo

Existem tipos diferentes de mutualismo, de acordo com o grau de dependência e objetivo da interação entre as espécies que utilizam este tipo de relação ecológica:

Mutualismo facultativo

  • Características: Também denominado de protocooperação, é uma associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas pela relação ecológica, porém não são dependentes uma da outra, podendo sair desta interação a qualquer momento.
  • Exemplos: Os pássaros que se alimentam de carrapatos em rinocerontes, girafas e cavalos, aliviando o desconforto destes animais e simultaneamente se alimentando.

Mutualismo obrigatório

artigos relacionados:

  • Características: Associação harmônica entres duas espécies diferentes, que dependem da interação para sobreviverem.
  • Exemplos: Relação dos cupins com protozoários, no qual os protozoários vivem no intestino do cupim e digerem a celulose que de outra forma não seria possível.

Mutualismo trófico

  • Características: Relação em que as espécies fornecem determinados nutrientes uns aos outros.
  • Exemplos: As bactérias do gênero Rhizobium com raízes de plantas leguminosas, estas bactérias conseguem disponibilizar o nitrogênio do solo para nutrição das plantas, e em troca as plantas fornecem nutrientes obtidos na fotossíntese para as bactérias.

Mutualismo defensivo

  • Características: Interação em que uma espécie promove a defesa e em troca a outra recebe alimento.
  • Exemplos: A relação entre as formigas e as plantas acácias, no qual a planta fornece alimento e possui espinho que protege as formigas de predadores e em troca as formigas protegem as acácias livrando-as de fungos e possíveis herbívoros.

Mutualismo dispersivo

  • Características: Relação ecológica no qual as aves buscam alimento em plantas e em troca dispersam seu pólen.
  • Exemplos: As abelhas que se alimentam do néctar das flores e em troca levam o pólen para outras plantas, aumentando a capacidade de dispersão desta plantas em áreas maiores.
Esclavagismo ou sinfilia
  • Características: É uma associação em que uma das espécies se beneficia com as atividades de outra espécie.
  • Exemplos: Os pulgões do gênero Aphis, habitam formigueiros e são beneficiados pela facilidade de encontrar alimentos e até mesmo pelos bons tratos a eles dispensados pelas formigas (transporte, proteção, etc). Essa associação é considerada harmônica e um caso especial de protocooperação por muitos autores, pois a união não é obrigatória à sobrevivência.

Relações Interespecíficas Desarmônicas

Amensalismo ou Antibiose
  • Características: Relação na qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra espécie, denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. É a relação em que um dos seres é prejudicado sem que disso resulte benefícios para o outro.
  • Exemplos: Os fungos Penicillium notatum eliminam a penicilina, antibiótico que impede que as bactérias se reproduzam. Desta forma, as substâncias secretadas por dinoflagelados Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno “maré vermelha”, podem determinar a morte da fauna marinha. A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pelas raízes de certas plantas impede o crescimento de outras espécies no local.
Parasitismo
  • Características: O parasitismo é caracterizado pela espécie que se instala no corpo de outra, retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em consequência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado. É uma associação obrigatória para o parasita. De um modo geral, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasita, mas muitas vezes ela ocorre.
  • Exemplos: Algumas plantas, como as ervas-de-passarinho, cipó-chumbo.
Predatismo
  • Características: O predatismo é o ato de um animal capturar outro para alimentar-se. O predador e a presa pertencem a espécies diferentes. Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas presas, sendo exemplificados pelos animais carnívoros. As duas populações – de predadores e presas – geralmente não se extinguem e nem entram em superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a espécie humana, o predatismo, como fator limitante do crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.
  • Exemplos: Leões caçando zebras para sua alimentação.
Quais são as 3 formas de relações com o ambiente e os outros seres vivos?
Exemplo de relações ecológicas de predatismo entre os leões e gnus.

Algumas espécies desenvolveram adaptações para se defenderem do predatismo:

Mimetismo
  • Características: É uma forma de adaptação que muitas espécies se tornam semelhantes a outras, obtendo algumas vantagens.
  • Exemplos: A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a isso, não é importunada pela maioria das outras espécies.
Camuflagem
  • Características: É uma forma de adaptação morfológica pela qual uma espécie procura confundir suas vítimas ou seus agressores revelando cor(es) e/ou forma(s) semelhante(s) a coisas do ambiente.
  • Exemplos: O louva-a-deus, que é um poderoso predador, se assemelha a folhas; o bicho-pau assemelha-se a galhos, confundindo seus predadores.
Aposematismo
  • Características: Trata-se de espécies que exibem cores de advertência, cores vivas e marcantes para afastar seus possíveis predadores, que já a reconhecem pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possui.
  • Exemplos: Muitas rãs apresentam cores vivas que indicam veneno ou gosto ruim.

Qual a importância das relações ecológicas que ocorrem entre os seres vivos para o ecossistema?

As relações ecológicas são um conjunto de interações entre espécies e entre o próprio ecossistema, que estabelecem condições dos seres vivos obterem alimento, água, abrigo, reprodução e luz. Sendo assim, elas permitem a manutenção do equilíbrio do meio e a troca de energia entre as espécies.

Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil

Quais as relações dos seres vivos com o ambiente?

Relações ecológicas são as interações que acontecem entre os seres vivos, as quais podem ocorrer entre indivíduos de uma mesma espécies (relações intraespecíficas) ou indivíduos de espécies diferentes (relações interespecíficas). Elas também podem ser harmônicas ou desarmônicas.

Quais os tipos de relações entre os seres vivos?

As relações interespecíficas ocorrem entre organismos de espécies diferentes. Mutualismo e comensalismo são exemplos de relações interespecíficas harmônicas, enquanto predação, parasitismo, amensalismo e competição interespecífica exemplificam relações desarmônicas.