Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Para MATARAZZO (1998.pág.17) “A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões”
Ainda segundo MATARAZZO (1998.pág.17):
As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir.
Reis (1993.pág.104) nos fala que a análise das demonstrações financeiras permite ao usuário, obter informações sobre o passado (se a empresa foi bem administrada, etc), sobre a situação atual desta (se tem disponibilidades, etc) e fazer projeções e correções na administração para o futuro (distribuição de lucros,  etc).
Uma pessoa que deseja colocar seu dinheiro em uma empresa em troca de lucros, ou seja, pretende se tornar um investidor, um agente financeiro que estuda a possibilidade de conceder um empréstimo a uma azienda em troca de juros, ou e principalmente um gestor que deseja e precisa fazer com que a célula social seja próspera, precisam conhecer a situação patrimonial da empresa em questão. Pois não é possível alguém emprestar, investir dinheiro ou gerir uma organização sem ter o conhecimento adequado sobre ela, em alguns casos uns aspectos serão mais importantes do que outros, sendo por exemplo para uma organização financeira mais importante saber a liquidez, do que a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, (não que esta informação seja desprezada na análise). Já para um investidor a informação sobre a liquidez não é tão importante quanto saber qual a rentabilidade que se tem sobre o investimento (não que o primeiro seja desprezado na análise).
Vê-se desta forma que é imprescindível para o usuário das demonstrações contábeis saber interpretá-las corretamente extraindo informações que farão com que este conheça intimamente sua situação presente e possibilite fazer projeções para o futuro da célula social, ou seja, saiba analisá-las eficazmente.

Preparação

Para se efetuar o trabalho com estes métodos é usual e muito útil tomar algumas medidas antes de se iniciar as tarefas de fato. Medidas estas que serão abordadas de forma sintética e superficial neste trabalho pelo motivo de não ser este o foco ou objetivo que pretende-se alcançar.
Há em primeiro lugar que ter toda a documentação necessária que contenham as informações suficientes para a realização do trabalho, sendo esta constituída pelas demonstrações contábeis (balanço, DRE, notas explicativas, DMPL, DOAR, Fluxo de Caixa, etc), fatos relevantes divulgados sobre a empresa e outros documentos e dados que venham trazer informações úteis e relevantes ao trabalho do analista.
            Corroborando com tal idéia, vê-se REIS (1993 pág. 109) dizer que:
Antes de iniciar uma análise é imprescindível obter-se certas informações e elementos que possibilitarão a elaboração do estudo, o qual será tanto mais perfeito quanto melhores e mais completos os dados de que se disponnha.
            Algumas classificações variam de empresa para empresa, além de se ter algumas outras classificações feitas de forma inadequada à análise, por imposições legais ou gerenciais.
            Como por exemplo há a questão das duplicatas descontas que em geral aparecem no ativo como conta retificadora da conta clientes, que seria melhor classificada no grupo do passivo circulante pois trata-se de uma obrigação da empresa para com o banco, lastreada em vendas que tem recebimentos futuros, a conta resultado de exercícios futuros do passivo e o grupo diferido do ativo que seriam melhor classificadas nas contas de resultado, pois são contas que expressam valores que pertencem a resultados de outros exercícios, tendo que ser levadas desta forma para o patrimônio líquido e, várias outras inúmeras situações que podem ser vistas em vários casos e que tem que ser tratadas caso a caso, utilizando sempre o bom senso em conformidade com sistemática da ciência contábil.
            De mesmo modo pode-se encontrar no balanço certas contas que não expressam a realidade, como na conta de estoques que pode ter tido parte deste deteriorado ou vencido e, tal situação não ter sido expressada nas demonstrações financeiras, até por que tal fato pode ter ocorrido após a feitura destas demonstrações. Cabendo ao analista efetuar o ajuste necessário para que se tenha expressado a realidade nestas demonstrações.
            Deste modo ASSAF NETO (1998 pág. 113) relata que o balanço apresenta uma certa complexidade devido entre outras coisas a determinação legal, e que também existem grupos de contas que se relacionam bem uns com os outros como patrimônio líquido e resultado de exercícios futuros e que também certos itens do balanço podem não refletir exatamente os itens lançados sendo necessários alguns ajustes no balanço para atender as exigências da análise.
            Assim há que se efetuar a adequação e simplificação das demonstrações contábeis e correções de distorções através de ajustes, possibilitando assim analisar de forma mais precisa e tranqüila o patrimônio da azienda.

Demonstrações Contábeis

Diz MARION (1984 pág. 35) que “os dados coletados pela contabilidade são apresentados periodicamente aos interessados de maneira resumida e ordenada, formando, assim, os relatórios contábeis”.
                        Diz ainda que a complexidade e periodicidade destes relatórios, são elaborados conforme as necessidades dos usuários. E que dos inúmeros relatórios existentes, destacam-se aqueles que são obrigatórios pela legislação brasileira, que são chamados também como demonstrações financeiras.
O patrimônio de uma empresa, azienda ou célula social é algo dinâmico que está sempre em movimento, recebendo influências endógenas e exógenas a todo o momento. As demonstrações contábeis são uma representação ordenada sobre um aspecto geral ou um aspecto específico do patrimônio.

  Balanço Patrimonial

Segundo ASSAF NETO (1998 pág. 58):
O balanço apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento. No entanto, pelas relevantes informações de tendências que podem ser extraídas de seus diversos grupos de contas, o balanço servirá como elemento de partida indispensável para o conhecimento da situação econômica e financeira da empresa.
O balanço é composto por ativo e passivo, representando de forma ordenada e clara os bens e direitos, obrigações com terceiros e com os sócios ou acionistas da empresa (este último chamado também de patrimônio líquido).
O ativo é sub-dividido em circulante, realizável a longo prazo e imobilizado. O circulante registra os bens e direitos que tenham liquidez imediata, ou conversibilidade em moeda no curto prazo, ou seja, demonstra-se neste sub-grupo o que a empresa pode contar para por exemplo honrar seus compromissos imediatos. O realizável a longo prazo, demonstra o que a empresa tem de bens e direitos que viram a convergir em dinheiro num prazo superior ao término do exercício seguinte, ou a longo prazo. O permanente mostra-nos o quanto de recursos da empresa está sob a forma de bens que servirão para a sustentar a operação da empresa ou seja aquilo que a empresa tem de máquinas, equipamentos, etc.
O passivo é sub-dividido em passivo circulante, exigível a longo prazo, resultado de exercícios futuros e patrimônio líquido. O passivo circulante, registra as obrigações com terceiros com exigibilidade de curto prazo. O passivo exigível a longo prazo, representa as obrigações com exigibilidade de longo prazo. O resultado de exercícios futuros, representa as operações já recebidas que já tiveram seus custos apurados mas que pertencem a exercícios futuros.
O patrimônio líquido é um sub-grupo do passivo que registra a obrigação da empresa com seus sócios ou acionistas e, dentro destes estão contas como capital social, reservas, prejuízos, etc. Este sub-grupo é merecedor de uma atenção especial, pois ao verificar um balanço, quase que instintivamente se dirige os olhos para lá, pois é onde se encontra os dados que nos dão a informação se  a empresa é lucrativa ou não.
Este demonstrativo abriga inúmeros dados organizados que geram um outro grande número de informações que podem gerar interpretações de vários tipos, satisfazendo um outro grande número de necessidades dos usuários da ciência contábil.

Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 03 – Modelo de Balanço Patrimonial
Adaptação do Autor

Demonstração de Resultado do Exercício

Esta demonstração visa fornecer de forma clara e organizada, informações sobre receitas, custos e despesas chegando assim ao resultado em um dado período.
Conforme nos fala IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995. pág. 503) “A Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período”.

Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 04 – Demonstração de Resultado do Exercício
Adaptação do Autor
DOAR – Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos

Visando demonstrar o Capital Circulante Líquido, ou seja, o quanto de recursos de curto prazo a empresa tem confrontando-o com as obrigações de curto prazo, mostrando também se houve acréscimo ou decréscimo de tais e como se deu esta variação.
Esta demonstração é, ao contrario do que parece, efetuada através dos itens não circulantes, pois estes variam muito menos que os circulantes que tem uma movimentação intensa e como a equação patrimonial pode ser lida como total dos itens circulantes (ativo circulante e passivo circulante) e não circulantes (ativo realizável a longo prazo, ativo permanente, passivo exigível a longo prazo, resultado de exercícios futuros e patrimônio líquido), viabilizou-se uma sistemática matemática para se efetuar este cálculo utilizando os itens não circulantes, tornando assim o trabalho de sua elaboração mais fácil.
Encontra-se em IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995. Pág. 579) discorrendo sobre o assunto dizendo que a DOAR tem objetivo de apresentar de forma sumarizada e ordenada as informações relativas as operações de financiamento que são as origens de recursos e as operações de investimento que são as aplicações de recursos, entendendo-se como recursos não somente dinheiro, mas sim capital de giro líquido que inclui entre outras contas estoques, impostos a pagar, etc ou seja todas as contas que encontram-se nas contas do ativo circulante e passivo circulante. As origens são dividias em subgrupos para caracterizar de onde vieram os recursos, assim as origens são divididas em das operações e dos acionistas.

Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 05 – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
Adaptação do Autor.

Demonstração de Fluxo de Caixa

A demonstração de Fluxo de Caixa guarda uma certa semelhança com a DOAR, principalmente no que tange ao objetivo. Tem-se o objetivo da DOAR como sendo o de demonstrar as origens e aplicações do Capital Circulante Líquido, ou seja, a movimentação das contas do ativo e passivo circulante. Já a demonstração do Fluxo de Caixa tem o objetivo de demonstrar as origens e aplicações dos recursos estritamente financeiros da empresa, ou seja, as contas de caixa e bancos. Podendo ainda ser elaborada de duas maneiras a Direta e a Indireta.
A Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método Direto pega de fato as entradas e saídas das contas de caixa e bancos, apresentando assim um histórico destas movimentações, indicando de forma mais elucidativa e mais clara esta movimentação financeira.
Pelo método indireto, utiliza-se a mesma lógica da DOAR, ou seja chegar a movimentação financeira, pelos itens não financeiros, utilizando a estrutura do balanço e uma metodologia que permite chegar a este resultado. Parte-se então do lucro liquido, incluindo as saídas não financeiras e excluindo as entradas não financeiras, apurando assim o saldo final dos itens financeiros ou seja saldo final de caixa e bancos.
Vê-se um movimento em vários países, de estar substituindo a DOAR pela Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método Indireto, tendo como motivação esta substituição o fato de a última ser de mais fácil entendimento do que a primeira. IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995. pág. 603).

Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 06 – Demonstração de Fluxo de Caixa Pelo Método Indireto
Fonte  IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995 pág. 604) - Adaptação do Autor
Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 07 – Demonstração de Fluxo de Caixa Pelo Método Indireto
Fonte  IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995 pág. 607) - Adaptação do Autor

DMPL – Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido

Demonstra quanto e como o patrimônio líquido variou, se foram constituídas ou revertidas as reservas, se houve lucro ou prejuízo, se houve aumento ou diminuição do capital social, se houve e de quanto foi a distribuição de lucros para os acionistas, etc. Ou seja esta demonstração é de grande valor para o investidor, pois, mostra como o lucro que foi gerado nas operações foi empregado ou distribuído.
IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995 pág. 569) fala ainda que tal demonstração apesar de não ser obrigatória, é de extrema utilidade para aquelas empresas que mantém uma movimentação grandiosa nas contas do PL e, também que a feitura desta dispensa a feitura de outra demonstração que é a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, obrigatória por várias leis e resoluções.

Qual a demonstração contábil tem como objetivo apresentar a situação patrimonial da empresa numa certa data incluindo o capital investido pelos sócios?

Figura 08 – Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido
Fonte  IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBECK (1995 pág. 573) - Adaptação do Autor

Notas Explicativas

Apesar de não serem demonstrações, as notas explicativas são informações que auxiliarão no entendimento de algumas situações encontradas no balanço, onde somente os números não são suficientes para o perfeito entendimento da conta contábil ou quando existirem várias formas de se fazer algo, a escolha também virá demonstrada nesta parte dos relatórios.
A seguir será demonstrado, de forma sintética, quais informações são obrigatórias contar nas notas explicativas, conforme IUDÍCIBUS (1998 pág. 65)
Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais investimentos em outras sociedades (quando relevantes) [...] o aumento de valor de elementos do Ativo que resultam de novas avaliações [...] os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes [...] a taxa de juros, as datas de vencimentos e as garantias das obrigações a longo prazo [...] o número, as espécies e as classes das ações do Capital Social [...] as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício [...] os ajustes de exercícios anteriores [...] os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e sobre os resultados futuros da companhia”.
Iudícibus (1998 pág. 69) nos diz ainda que outras informações relevantes à demonstrações contábeis podem ser incluídas nas notas explicativas, como por exemplo os bens em poder da empresa e adquiridos através de leasing, etc.
Métodos Tradicionais de Análise

Serão abordados neste trabalho, os métodos mais usuais de análise de balanço, que são o vertical e horizontal e o por índices, apesar de existirem outros, estes dois são os que representam alternativas para o usuário mediano da contabilidade.

Análise Vertical e Horizontal

Este método consiste em comparar percentualmente um número ou dado com outro que, indicará um valor do todo (no caso da análise vertical) ou um crescimento de um período para outro (no caso da análise horizontal).

a) Análise Vertical

Conforme MATARAZZO (1998 pág. 249) diz que na análise vertical “o percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto” por isso tal ferramenta se torna um importante aliado na administração da empresa, no que tange aos controles da relevância de cada conta em um período. Por exemplo podemos citar uma empresa que está com endividamento grande, podemos identificar qual é o credor com maior relevância dentro do contexto.
Esta análise apesar de útil é bastante limitada, pois nada mais do que descrito acima pode ser extraído.
Esta análise é feita no ativo, passivo e na demonstração de resultado do exercício, sendo que ela toma como base ou ponto de partida no caso do ativo e passivo o total do ativo, portanto quando há em uma análise vertical um percentual de 56%, indica que esta conta corresponde a 56% do ativo / passivo total. No caso da DRE o ponto de partida é a receita líquida de vendas, portanto quando há um percentual de 10% em uma conta x, significa que ela corresponde a 10% das receitas líquidas daquele período.

b) Análise Horizontal

A análise horizontal nos traz a evolução de uma conta em comparação a um ou mais períodos, podendo assim nos trazer como seria o comportamento da conta lucros, por exemplo, de um período para outro, quanto cresceu ou decresceu.
Existe também uma limitação que nos mostra que apesar de útil, somente esta informação (a evolução de uma conta em comparação com outro período) podemos extrair desta análise horizontal. Corroborando com esta idéia MATARAZZO (1998 pág. 251) nos diz que “A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências”.
Esta análise é feita no ativo, passivo e na demonstração de resultado do exercício, sendo que ela toma como base sempre a última demonstração ou demonstração mais antiga. Portanto se em uma análise vertical tivermos três anos 2001, 2002, 2003 e, encontrarmos um percentual de 145% entre os anos de 2002 e 2003, significa que aquela conta aumentou 45% em 2003 se comparado com 2001.
É plausível dizer que as análises vertical e horizontal se completam, sendo que se pode começar o trabalho pela análise vertical, verificando quais as contas se destacaram no período em referência, como por exemplo podemos citar a análise de custo do produto vendido, sendo que neste contexto existe uma conta de custo com pessoal que está correspondendo a 70% do valor total desta rubrica. Após se verificar esta relevância toda, partiria-se para a análise horizontal para ver se houve alguma evolução brusca nos outros períodos analisados.
Tal análise apesar de muito útil, mostra-nos que somente dados como a representatividade de tal conta no contexto que ela está inserida e a evolução que a conta teve em comparação com outros períodos é possível fazer.
Informações como se a empresa está com liquidez adequada ou lucratividade adequada, não é possível verificar.

Índices

Conforme MATARAZZO (1998. pág.153) “Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa.”
A análise através de índices tem por finalidade evidenciar a situação patrimonial de forma mais clara, deixando informações como lucratividade e capacidade de pagamento, para o analista destas demonstrações. Existem inúmeros índices onde cada um mostra um aspecto específico do patrimônio, alguns autores usam agrupamentos para estes índices em algumas divisões, trataremos neste trabalho de quatro divisões que são: Estrutura, Liquidez, Rentabilidade e Retorno Para o Acionista.
Assim, vê-se que os índices de estrutura nos revelam como está o endividamento da empresa, ou como é financiada a atividade, com que percentual de capital próprio e de terceiros. Dentre os vários índices podemos citar: Participação de Capitais de Terceiros (PCT = CT/PL x 100), Composição do Endividamento (CE = PC/CT x 100), Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL = AP/PL x 100).
Os índices de liquidez, como nos fala MATARAZZO (1998 pág. 170) “não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa”. Assim o entendimento da citação acima se faz muito necessário para evitar confusões e não encarar liquidez como disponibilidade.
A análise de rentabilidade então pode ser entendida como sendo as informações que são conseguidas, são aquelas que indicam se a empresa está dando lucro ou não, se está remunerando os capitais próprios e de terceiros adequadamente e também para se facilitar a comparação da lucratividade do capital investido no ramo de atividade da empresa, em outras atividades ou em outras localidades ou países.
Desta forma tal grupamento de índices é utilizado para o auxílio na formulação de interpretação de investimento em ações, se é interessante investir, se é interessante vender, se é interessante permanecer com os papeis. Tendo assim uma idéia de grande utilidade para uma grande parcela dos usuários da contabilidade que são os investidores.

Utilização

MATARAZZO (1998 pág. 29) discorre sobre a utilização destas análises dizendo: “Saber analisar balanços está-se tornando uma necessidade para grande número de pessoas”.
Hoje é vasta a utilização destes métodos tradicionais de análise pelos usuários das demonstrações contábeis, devido a praticidade da feitura da análise e da grande aceitação e divulgação de tal método no mercado.
Assim, conforme tais reflexões citadas acima, verifica-se que a análise de balanço é sem dúvida um importantíssimo instrumento para fins de gerência, análise de crédito etc, porém o modelo que está sendo utilizado no mercado, é um modelo que precisa de ajustes ou modificações para acompanhar as novas exigências de mercado e, as novas tendências da ciência que, tem evoluído de forma vigorosa nestes últimos tempos.
Tem-se como exemplo o caso da análise da capacidade de pagamento que hoje é muito usual ser feita com índices e, mais especificamente pode ser verificado tal situação no índice de liquidez, onde tem-se um ativo circulante de 200 e um passivo circulante de 100, temos um índice de liquidez de 2, ou seja, para um analista tradicional é um índice ótimo, porém se tais componentes do ativo circulante tem disponibilidades imediatas de 50 e, os outros 150 são bens com conversibilidade programada em 350 dias e o passivo circulante tem sua exigibilidade imediata, tem-se na verdade uma situação de insolvência mascarada por uma análise cujo resultado não atende mais as necessidades dos usuários das demonstrações contábeis.
É sabido que por conta disso, surgiram e surgem na mídia inúmeras matérias e comentários que tentam frisar que a Contabilidade, fazendo referencia a ciência, não tem valor.  Porém, pelas críticas citadas, fica claro que existe um problema sim, pois as necessidades não estão sendo satisfeitas e isso para o leigo faz com que o valor de todo o trabalho que se faz por traz do resultado ineficiente ou da necessidade não satisfeita perca o valor, mas o foco do problema não é a ciência e sim a tecnologia que está sendo utilizada, que deixou de satisfazer, por motivos de evolução do mercado, a necessidade a qual ela foi criada para satisfazer modificou-se.

     Vantagens

Como os métodos tradicionais já estão muito difundidos nos meios acadêmicos e  no mercado em geral, tem-se tal característica como uma grande vantagem deste tipo de análise e que se mostra mais ou menos como uma linguagem universal ou inteligível para uma imensa maioria de usuários.
Desde os primeiros contatos dos usuários das demonstrações com a análise destas, seja em cursos livres, faculdades, etc, até o mercado de trabalho em si há a utilização maciça tanto das análises vertical e horizontal quanto  das análises por índices. Chegando em alguns casos a evoluir tal sistemática deixando de utilizar cálculos matemáticos, mas utilizando os mesmos conceitos e técnicas para se fazer entender a situação das demonstrações hora estudadas.  
Por usar conceitos e uma lógica mais matemática, tal aprendizagem se torna mais fácil e ajuda a massificar estes métodos, pois grande parte do trabalho pode ser feito até por computadores, já que estas informações após a definição de parâmetros, podem ser tratadas mecanicamente.

Desvantagens

Nas demonstrações contábeis, mais especificamente no balanço patrimonial, existem alguns aspectos que tem que ser observado com mais critério do que nos sugere a análise tradicional. Como citado no início deste trabalho, a contabilidade é uma ciência que tem tecnologias que são desenvolvidas para atender as necessidades de seus usuários. Nestas tecnologia aspectos como a temporalidade são mutáveis de tempos em tempos, não seus conceitos mas o grau de exigência que tem-se deste aspecto.
Desta forma o grau de exigência do aspecto temporalidade tem nos dias de hoje uma conotação diferente de por exemplo dos anos 50 do século XX. Naquela época a rotação do patrimônio era algo que ocorria com uma velocidade muito menor que nos dias atuais, sendo que por isso o conceito de curto prazo que são as obrigação, disponibilidades e bens e direitos conversíveis com prazo menor que 360 dias, era suficiente para uma análise da disponibilidade da empresa. Mas nos dias atuais com as novas ferramentas que as empresas tem a disposição como internet, a rotação do patrimônio se dá em uma velocidade espantosa, tanto que uma empresa pode em questão de dias quebrar ou se tornar uma expoente do seu setor, fazendo assim com que o conceito de curto e longo prazos, fiquem obsoletos para fins de análise de disponibilidades.
Outro aspecto negativo que pode ser  visto é o nível de conhecimento necessário para se fazer e para se entender a análise das demonstrações com os métodos tradicionais. Quando se pega um relatório de análise pelo método tradicional para verificar a viabilidade de um investimento por exemplo, a dificuldade de entendimento de tal trabalho é imensa, tendo em vista o grau de complexidade empregado. Se o objetivo de uma análise é extrair informações a partir de dados das demonstrações, é papel do analista fazer com que seu trabalho seja de fato informações e não um novo grupo de dados para a grande maioria dos usuários. E o método tradicional, com suas nomenclaturas e análises tem pontos que confundem os usuários que não tem um conhecimento profundo do assunto. Como exemplo pode-se citar o caso dos índices de liquidez que, indica-nos como está a base financeira da empresa, dando nos indicações de a empresa apresentará ou não condições de honrar seus compromissos no presente e no futuro, sendo por tanto confundido com disponibilidades que o que a empresa dispõe de fato para honrar os compromissos assumidos.

Público Alvo

IUDÍCIBUS (1998 pág. 19) diz:”Mas se uma boa análise de balanços é importante para os credores, investidores em geral, agências governamentais e até acionistas, ela não é menos necessária para a gerência”.
O público alvo das análise das demonstrações é bem vasto, mas como está delimitado neste trabalho, iremos apresentar aspectos somente do público creditício, investidor e administrador.
A concessão de crédito é uma atividade de alto risco tanto no Brasil quanto em todos os outros países do mundo. O fato de um investidor se dispor em colocar seu dinheiro em uma empresa e esperar em troca a remuneração do seu capital através de juros que são menores que os da atividade da empresa e, correr de certa forma os mesmos riscos daqueles que injetaram quantias que as vezes é até menor e que tem remunerações maiores que a sua, tem que ser cercada dos mais variados tipos de garantias de que seu capital estará seguro e também do risco que ele estará correndo, fazendo assim que este tipo de público sejam  grandes usuários das demonstrações contábeis e principalmente de suas análises.
Não há como prever com segurança qual será o futuro da empresa, pois tal situação está condicionada a fatores que nem sempre podem ser previstos como, por exemplo, solavancos na economia ou desastres naturais. Porém tirando alguns fatores que são de impossível previsibilidade, pode-se sim ter uma situação presente e futura bem desenhada através das demonstrações contábeis e suas análises. Deste modo quando há uma solicitação de crédito para um agente financeiro há invariavelmente a análise das demonstrações contábeis do solicitante para verificação da capacidade de pagamento do montante ora concedido.
Analogamente à situação creditícia é a situação de investimentos, pois quem investiria em uma empresa em dificuldades? Para um leigo, ninguém! Mas para quem tem visão holística, responderia esta pergunta com outra pergunta: Qual dificuldade, em que área e em que dimensão está esta dificuldade.
Desta forma investidores são grandes consumidores das demonstrações contábeis e suas análises. Seja a empresa micro, pequena, média ou grande, a situação patrimonial, juntamente com outros fatores secundários definirão a viabilidade ou não do investimento.
Exemplos nesta área não faltam, um dos mais clássicos é o caso das empresas de capital aberto que, são obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis anualmente, sendo que um dos motivos é para que os investidores atuais e potenciais investidores tomem ciência da situação patrimonial destas empresas e tenham condições de analisar e tomar decisões de investir ou retirar seus investimentos destas empresas.
Assim o investimento, que é um importantíssimo fator impulsionador da economia, depende e muito das demonstrações contábeis e suas análises para se viabilizar.
Tem-se na administração ou gestão de empresas o principal cliente destas demonstrações e suas análises. Esta necessidade tem nos últimos tempos se intensificado e ampliado seus horizontes, pois a velocidade que o patrimônio de uma empresa se modifica nos tempos atuais é extraordinária e o acompanhamento destas mudanças é vital não só para o sucesso mas também para a sobrevivência da empresa. E o melhor instrumento para se refletir a situação de uma empresa são as demonstrações contábeis e, por isso sua análise se faz tão necessária quanto a própria feitura destas.
Nos dias atuais os gestores de micro e pequenas empresas também estão descobrindo a importância de se ter a situação do patrimônio de suas aziendas em tempo real. Tanto que hoje pode-se dizer que é inconcebível um gestor de uma micro ou pequena empresa, não ter um sistema de informação que lhe dê condições de saber a posição atual de estoques, contas a receber, contas a pagar, etc, ou seja, mesmo que de forma mais simplificada as demonstrações contábeis são a melhor alternativa para se demonstrar a situação patrimonial até de empresas pequenas.

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