Show Legenda: A indígena, Mukani Shanenawa, líder espiritual e docente, faz parte da aldeia Shanekaya Foto: © Àwúre Na celebração do Dia da Amazônia, em 5 de setembro, o projeto Àwúre chama atenção para o debate sobre a importância dos povos originários na conservação da maior floresta tropical do mundo. Realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a iniciativa mantém 8 frentes de ação na divisão do Àwúre Indígena, todos na Amazônia. “Para nós indígenas é importante preservar a floresta Amazônica, porque é da floresta que os indígenas se alimentam de alimentos naturais e também respiramos o ar puro sem prejudicar a nossa saúde”, diz o cacique Yawa Kumã, da Aldeia Shanekaya, na Terra Katukina Kaxinawa, em Feijó, no Acre. Descobrindo a Amazônia - Na Amazônia brasileira vivem 24 milhões de pessoas, dentre elas, 170 povos indígenas. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são cerca de 440 mil indígenas na região amazônica. Apesar de ter uma biodiversidade muito rica, a floresta tem um ecossistema frágil e qualquer dano pode ser irreversível. Além de ser o maior bioma do Brasil, a biodiversidade da Amazônia supera a de qualquer outra floresta tropical do mundo. São 5 milhões de km² de área que se estendem por nove países e em nove estados brasileiros. Na floresta, crescem mais de 2.500 espécies de árvores e 30 mil espécies de plantas, além de milhares de animais, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. As áreas mais conservadas da floresta são onde estão as terras indígenas, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Apenas 1,6% da perda de florestas e vegetação nativa no Brasil entre 1985 e 2020 ocorreu nos territórios ocupados por povos tradicionais. O dado provém da análise de imagens de satélite desse período desenvolvida pela equipe de pesquisadores do MapBiomas, utilizando recursos de inteligência artificial. Durante os 36 anos de monitoramento por satélite, os territórios indígenas já demarcados ou aguardando demarcação foram os que mais preservaram suas características originais, comprovando o valioso serviço que essas comunidades prestam ao Brasil. Isso se deve principalmente ao modo de vida dos indígenas, que têm a cultura de plantar, colher e cultivar, preservando a floresta como um bem maior. Projetos - O Àwúre apoia as comunidades tradicionais e os povos indígenas no manejo de seus recursos de maneira sustentável e para que mantenham, usem e fortaleçam seus conhecimentos. Assim, reconhece a importância dos direitos aos recursos e aos conhecimentos indígenas para preservação dessas áreas no presente e para o futuro. Um dos projetos mantidos pela iniciativa funciona na aldeia Shanekaya, que na língua do tronco linguístico Pano, significa "povo verdadeiro". A comunidade fica localizada no município de Feijó, distante 364 quilômetros da capital do Acre, Rio Branco. Na aldeia, há 22 famílias, cerca de 100 pessoas, que geram renda por meio da produção de artesanato. O Àwúre Shanekaya, que tem como parceiro a Rede Tear Iniciativas Femininas, criou uma articulação de compra de produtos agroecológicos, possibilitando ao povo da aldeia o acesso a esses alimentos e fortalecer a economia local do pequeno comércio da região do município de Feijó. A indígena, Mukani Shanenawa, líder espiritual e docente, que faz parte da aldeia Shanekaya, comenta a importância dos povos originários na conservação da Amazônia:
Também de Shanekaya, o indígena Tuim Shane fala sobre o esforço de preservar a floresta:
O Projeto Soberania Alimentar, feito em parceria com a Associação GAP EY, atua na Aldeia Gãpgir, na terra indígena Sete de Setembro, em Cacoal- RO. Lá vivem cerca de 70 pessoas de 15 famílias. O principal objetivo do Àwúre no local é fomentar a produtividade das cadeias de produção já praticadas na aldeia. Entre elas, constam mel orgânico, castanha, criação de galinhas de corte e poedeiras, café, banana, batata doce e cará, entre outros. O projeto também auxilia na comercialização dos produtos no âmbito da economia solidária e, assim, promove alternativas de geração de renda para a comunidade. Após a primeira fase do projeto, a comunidade teve a produção potencializada em 20% e a renda também. Somente com a castanha o ganho foi do dobro, sendo que a unidade da oleaginosa passou de R$ 2,50 para R$ 5,00. Perspectiva - Robson Yabnoyãam Surui, Joaton Pagater Surui, Luiz Weymilawa Surui e Flávia Surui, são quatro indígenas da Aldeia Gãpgir. Juntos, eles falaram sobre os impactos do projeto Soberania Alimentar, do Àwúre, na aldeia:
O grupo de indígenas mandou uma mensagem final:
Qual a importância da floresta para os indígenas e os povos tradicionais?“Os povos indígenas e comunidades tradicionais, e as florestas em seus territórios, desempenham um papel vital na ação climática global e regional e na luta contra a pobreza, a fome e a desnutrição.
Qual a importância das florestas para os povos indígenas que nelas vivem?Conseguimos dados mais locais, que demonstraram a importância dessas grandes áreas de florestas protegidas pelos povos indígenas, para a manutenção da temperatura e do regime pluviométrico”, ou seja, os resultados dos estudos demonstraram como as áreas de floresta amazônica contribuem para o equilíbrio do clima.
Qual é a importância da natureza para os povos indígenas?Culturalmente, a natureza representa para os indígenas muito mais do que um meio de subsistência. Representa o suporte da vida social e está diretamente ligada aos sistemas de crenças e conhecimentos, além de uma relação histórica.
Qual a importância da floresta amazônica para os povos indígenas?“Para nós indígenas é importante preservar a floresta Amazônica, porque é da floresta que os indígenas se alimentam de alimentos naturais e também respiramos o ar puro sem prejudicar a nossa saúde”, diz o cacique Yawa Kumã, da Aldeia Shanekaya, na Terra Katukina Kaxinawa, em Feijó, no Acre.
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