Qual a importância das organizações políticas para a sociedade?

A importância do diálogo entre o poder público e as instituições que representam setores participativos foi debatido na abertura do seminário “Estado, Organizações da Sociedade Civil e a Cooperação nas Políticas Públicas”, no auditório do Ipea (24/05). 

“As organizações da sociedade civil são fundamentais na formação de políticas públicas”, afirmou o chefe de gabinete da presidência do Ipea, acrescentando o papel no monitoramento e acompanhamento das mesmas, com capital político, intelectual e cultural.

Laís Lopes, assessora especial do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou que a participação social deve ser vista como direito institucionalizado cujos atores são a sociedade civil.

O secretário da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, lembrou que, nos últimos anos, aumentou a pressão entre essas parcerias devido aos maiores mecanismos de controle e à discussão do marco regulatório para melhorar transparência e a fiscalização. Ele também ressaltou a relevância social dessas parcerias. “O poder público e as organizações da sociedade civil são importantes para alcançar regiões distantes e a periferia das grandes cidades”, afirma.

O coordenador do Núcleo de Estudos Avançados do Terceiro Setor (NEATS-PUC/SP), Luciano Junqueira, ao falar sobre as relações entre poder público e privado, convênios e gestão social é preciso enfocar não apenas em processos, mas também em resultados.

Muito tem se discutido sobre o papel da pol�tica na sociedade moderna. Seria a pol�tica uma pr�tica necess�ria � administra��o das demandas populares?

Com o recrudescimento de a��es violentas como formas de se resolver conflitos, como o per�odo em que vivemos atualmente, torna-se evidente a import�ncia do uso da diplomacia e da pol�tica como armas eficazes de resolu��es dos problemas da sociedade. O uso da pol�tica, da conversa��o e da negocia��o s�o essenciais para que pend�ncias entre diversos interesses sejam, se n�o equacionadas, pelo menos equiparadas, tendo como objetivo benef�cios comuns e recuos necess�rios para o entendimento. Essa pr�tica, somente a pol�tica � capaz de levar a termo, haja visto que o di�logo � a chave para coibir conflitos e raz�o de ser indissoci�vel da pol�tica.

Entretanto, cabe perguntar como a popula��o, de um modo geral, pode participar ativamente da administra��o p�blica, contribuindo assim para o aprimoramento da democracia. � fato que as massas, excetuando o ato de votar, mant�m-se afastada das viv�ncias pol�ticas que afetam diretamente seu cotidiano. Isso se deve, em grande parte, ao conceito falho de cidadania, algo pouco percebido pela popula��o como pr�tica di�ria, e n�o espor�dica de exercer a democracia.

O cidad�o comum deve despertar para sua import�ncia no quadro pol�tico e engajar-se na luta por melhorias coletivas, seja por maior interesse pelo que acontece ao seu redor, informando-se e discutindo com familiares e amigos a situa��o mundial, seja pela participa��o direta em associa��es como amigos de bairro, organiza��es n�o governamentais e f�runs de discuss�o sobre temas sociais, pol�ticos e econ�micos, ou entidades similares onde seja exigida posi��o firme e atua��o contundente do cidad�o em prol da comunidade que representa.

Como dito anteriormente, o voto � a arma do cidad�o para a busca de solu��es de suas car�ncias. Contudo, seria o voto uma pr�tica consciente de valores de poder e liberdade, em busca do aprimoramento no campo democr�tico? No Brasil, em particular, h� v�cios que corrompem uma certa parcela do eleitorado, que liga seu voto a concess�es mesquinhas, como aquisi��o de bens e servi�os diretos, e n�o � comunidade como um todo.

A falta de ideologia, trocada pelo fisiologismo, leva � cria��o de "currais" eleitorais, onde um l�der pol�tico usa sua influ�ncia local para pressionar a popula��o a votar em candidatos que defendam seus interesses ap�s eleito. Como compensa��o, oferece ao povo produtos para sua sobreviv�ncia, aproveitando-se da brutal desigualdade social que assola o pa�s.

A concentra��o de renda beneficia as elites corruptas do pa�s, que n�o t�m interesse em difundir o conceito de cidadania, preferindo passar a imagem do pol�tico paternalista e dono dos destinos da popula��o, contrariando a vis�o desej�vel, do pol�tico como funcion�rio p�blico, intermediador dos cidad�os junto aos poderes constitu�dos.

A continuidade do processo pol�tico, com vota��es em seq��ncia, tende a aumentar o grau de conscientiza��o das massas e, mesmo com a resist�ncia de setores atrasados da na��o, a uma depura��o pol�tica, onde o candidato que mais prezar a valoriza��o do poder como instrumento de cidadania e de valoriza��o da liberdade de express�o ter� longevidade na vida p�blica. Em contrapartida, os postulantes da pol�tica olig�rquica e excludente, com o amadurecimento do processo democr�tico, t�m como destino o esvaziamento de sua influ�ncia e decl�nio irrevers�vel de seu poder autocr�tico.

Salvador Khuriyeh � deputado estadual pelo PSB

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