Qual é a finalidade das pesquisas científicas desenvolvidas na base da Antártica?

Dentre os continentes do mundo, a Antártida figura como o último a ser descoberto e explorado pelos europeus. O inglês James Cook, entre os anos de 1768 e 1771, navegou ao redor desse continente gelado diversas vezes, entretanto, quem pisou no solo pela primeira vez foi o norte-americano Nathaniel Palmer.

Após essas expedições aconteceram muitas outras, o que proporcionou a constatação de jazidas minerais, como cobre, urânio, platina, carvão, manganês, prata, gás natural entre outros, tal descoberta despertou, entre 1823 e 1843, a cobiça de muitos países, o que provocou uma agressiva disputa pelo domínio da Antártida.

Mais tarde, no século XX, foi criado o Tratado da Antártida, o qual instituía regras para ocupação do continente, que passou a vigorar no ano de 1961. Originalmente, o tratado contou com a participação de doze países: Estados Unidos, União Soviética, Noruega, Nova Zelândia, Argentina, Austrália, África do Sul, Japão, Reino Unido, China, Chile e Bélgica, mais tarde foi integrado por vinte e cinco nações.

Os países que assinaram o documento assumiram o compromisso de usufruir o continente exclusivamente para a cooperação internacional e objetivos pacíficos, com ênfase para o desenvolvimento científico. Doravante ao acordo, um grande número de países implantou bases científicas na região.

Grande parte das informações atuais é resultado de acirradas pesquisas desenvolvidas por cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Noruega e Austrália.

A consolidação do Tratado foi de grande importância, primeiro pelas contribuições científicas desenvolvidas nas estações de pesquisas, segundo porque não permitiu que um único país tivesse o domínio pleno.

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Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

O Brasil foi um dos últimos países do mundo a aderir ao Tratado da Antártida, em vigor desde 1961. Esse tratado estabeleceu que a Antártida será usada somente para fins pacíficos, com liberdade de pesquisa científica e promoção da cooperação internacional, proibindo-se: (1) qualquer atividade de natureza militar, (2) reivindicações territoriais, (3) explosões nucleares e (4) deposição de resíduos radioativos.

Uma ratificação posterior do tratado, o chamado Protocolo de Madri, assinado em 1998, declara a Antártida reserva natural do mundo, consagrada à paz e à ciência, proibindo que nos 50 anos seguintes seus recursos minerais sejam explorados.

Somente em 1975 o Brasil passou a fazer parte do conjunto de países que pretende desbravar a Antártida - o continente gelado, que corresponde quase ao tamanho da América do Sul, com 14 milhões de km2, onde há trechos em que a espessura de gelo chega a 5 km (a espessura média é de 2,7 km) e cuja temperatura oscila, no litoral, de 0oC no verão a -15oC no inverno, e, no interior do continente, de -32oC no verão a -65oC no inverno.

Programa Antártico Brasileiro

Em 1982 foram iniciadas as atividades científicas brasileiras na Antártida, com a instalação do posto mais avançado de ciência e pesquisa extracontinente. Em 16 de fevereiro de 1984 foi inaugurada a Estação Antártida Comandante Ferraz, situada na Ilha Rei George, às margens da Baía do Almirantado, no arquipélago Shetland do Sul.

Houve também a implantação do Programa Antártico Brasileiro - o Proantar, dedicado a pesquisas nos campos de ciências da atmosfera, da terra e da vida. A partir de 2002, os cientistas brasileiros incrementaram suas pesquisas voltadas às mudanças ambientais no planeta e à presença humana e seus reflexos na Antártida, continente que exerce influência no equilíbrio meteorológico mundial.

O primeiro grupo de cientistas e técnicos brasileiros que se dirigiram à Antártida foi transportado por um velho quebra-gelo dinamarquês, com mais de 30 anos de idade na época, comprado pela Marinha e batizado com o nome de Barão de Teffé. A partir de 1994, a base brasileira passou a contar com o apoio do navio oceanográfico Ary Rongel, equipado com instrumentos avançados.

A base brasileira está localizada a cerca de 3.200 km de distância do Pólo Sul geográfico, e é composta por duas dezenas de pessoas, incluindo cientistas, técnicos e pessoal de apoio, todos instalados em cerca de cinco dezenas de contêineres dispostos como se fossem um navio, com um longo corredor ligando os camarotes às salas localizadas nas duas extremidades.

Nesses contêineres estão instalados: uma biblioteca, um salão de ginástica, três laboratórios, sala de estar, cozinha, garagem para os esquis-motocicletas, carpintaria, enfermaria, a sala dos geradores e um depósito para reciclagem de lixo.

Estudos meteorológicos e oceanográficos

Entre os diversos estudos que vêm sendo realizados pela missão brasileira, os que mais interessam aos pesquisadores são os voltados a fenômenos meteorológicos e oceanográficos. No que diz respeito à meteorologia, interessam aspectos relacionados com as análises da dinâmica atmosférica, como o funcionamento das massas de ar polar, que regularmente afetam os climas brasileiros.

Quanto à oceanografia, são analisadas questões ligadas à circulação das águas oceânicas na região e à influência na formação de correntes que atingem o litoral brasileiro.

Não podemos esquecer que no passado, há 150 ou 180 milhões de anos, a Antártida, a América do Sul, a Austrália e a África faziam parte do mesmo continente, denominado de supercontinente de Gondwana.

Vários departamentos e instituições governamentais garantem a presença e a permanência dos brasileiros na Antártida: o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas); o Ministério do Meio Ambiente; e também a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), da qual fazem parte representantes de vários ministérios: Defesa, Transporte, Educação, Relações Exteriores, Indústria, Comércio, Turismo, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Planejamento, além de representantes da Casa Civil e da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Qual a importância das pesquisas científicas desenvolvidas na Antártida?

A questão da ciência na Antártica é bem delicada, mas importantíssima. Mais do que simplesmente apresentar dados científicos, as pesquisas buscam compreender as relações do bioma e clima antártico com o restante do planeta, além de alertar as pessoas sobre a importância do continente gelado.

Qual é a finalidade da pesquisa científica?

A pesquisa científica proporciona a resolução de problemáticas relevantes para a sociedade. Ou seja, os resultados de um estudo, publicados em artigos ou apresentados em congressos, têm o mesmo objetivo: melhorar algum processo.

O que fazem as bases de pesquisa na Antártida?

As pesquisas na Antártica permitem uma melhor previsão meteorológica, otimizando a produção e evitando desastres. Por estar próxima ao continente sul-americano, a Antártica influencia diretamente o clima brasileiro. A maior parte das frentes frias que chegam ao Brasil, por exemplo, vem de lá.

Qual é a importância das pesquisas científicas feitas na Antártida para o Brasil ou para outros países que mantêm estações nesse continente?

Os ventos e as nuvens que atingem nosso País se originam da Antártida. As explicações para as secas ou inundações que o Brasil enfrenta podem estar lá”, afirma. “Além disso, é importante para o Brasil poder opinar sobre o continente que possui a maior reserva de água doce do planeta”.