Qual e o objetivo das atividades adaptadas?

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Introdu��o

Contextualiza��o inicial

    O per�odo acad�mico � aquele destinado � constru��o do conhecimento, troca de informa��es, aprendizado intenso. Neste per�odo, quando falamos da �rea da Educa��o F�sica, nos deparamos com in�meros caminhos a seguir, como por exemplo, biomec�nica, fisiologia, desenvolvimento humano.

    Inicialmente, � dif�cil manter tra�ada uma linha que indique apenas uma dire��o. Nosso desejo � buscar subs�dios que orientem nossa pr�tica constante e que atentem a todas as necessidades. Procuramos mesclar algumas �reas, para ter como base informa��es diversas.

    Ao contr�rio disso, existem pessoas que logo ao ingressar no ensino superior, procuram se enquadrar em tem�ticas de interesse. Neste caso, os acad�micos buscam aprofundamento em �reas especificas e/ou para popula��es espec�ficas, como por exemplo, atividade motora adaptada, aprendizagem motora, terceira idade.

    Neste sentido, a preocupa��o � outra. O interesse � buscar contribui��es para a constru��o de um conhecimento particular, e desta forma, o acad�mico se delimita exclusivamente ao estudo direcionado.

    Um desses direcionamentos � a sub-�rea da Educa��o F�sica - a Educa��o F�sica Adaptada, que

� uma �rea do conhecimento em educa��o f�sica e esportes que tem por objetivo privilegiar uma popula��o caracterizada como portadora de defici�ncia ou de necessidades especiais, e desenvolve-se atrav�s de atividades psicomotoras, esporte pedag�gico, recrea��o e lazer especial, e t�cnicas de orienta��o e locomo��o. (Rosadas 1994).

    Esta �rea trabalha, ou direciona estudos �s pessoas com necessidades educacionais especiais. Estas s�o chamadas desta forma pelo fato de apresentarem caracter�sticas f�sicas, ps�quicas, de natureza gen�tica, auditivas, visuais e m�ltiplas diferentes das pessoas ditas "normais". S�o pessoas que fogem do padr�o de normalidade imposto pela sociedade.

    Dentre as pessoas com necessidades educacionais especiais est�o

os deficientes mentais, visuais, auditivos, f�sicos, com m�ltiplas defici�ncias, al�m dos superdotados ou pessoas com altas habilidades, as que apresentam s�ndromes t�picas neurol�gicas, psiqui�tricas, psicol�gicas e as pessoas com dificuldades de aprendizagem. (Carvalho 1998).

    A oferta de atividades para esta popula��o pode ser feita em atividades f�sicas terrestres e atividades f�sicas desenvolvidas no meio l�quido, como forma de promo��o de sa�de e qualidade de vida, bem como na orienta��o para uma pr�tica eficaz.

    Por isso, uma das atua��es do profissional de Educa��o F�sica � estimular as necessidades, as possibilidades e as potencialidades destas pessoas quando elas se tornam alunos.

    Para Silva (1998) atrav�s de atividades l�dicas e de jogos esportivos adaptados �s condi��es espec�ficas de cada grupo, durante a realiza��o das atividades de lazer, de recrea��o e de esporte com estas pessoas, sejam estas aqu�ticas ou terrestres, "� importante explorar as possibilidades que estas apresentam, trabalhar suas potencialidades, trabalhar na sua autovaloriza��o e auto-estima e reconhecer suas limita��es".

    Desta forma, com rela��o �s atividades desenvolvidas em terra, ressalta-se que sua import�ncia esteve em proporcionar viv�ncias, e contribui��es atrav�s de atividades l�dicas e brincadeiras, atrav�s da psicomotricidade inicialmente. Posteriormente as atividades foram sofrendo modifica��es conforme a necessidade de cada grupo de trabalho, sendo assim, pode-se ser implantado jogos adaptados, com o passar do tempo.

    Acredita-se que atrav�s de atividades deste cunho, os alunos tiveram a oportunidade de organizarem-se em grupos, estabelecer regras de conviv�ncia, v�nculos sociais e afetivos, propiciam o contato f�sico possibilitando o manuseio de diferentes materiais e o desenvolvimento de habilidades (motoras, de percep��o, de aten��o e musicalidade). Assim, conforme Marquezine (1998) "as atividades l�dicas e psicomotoras, sendo espont�neas, livre de tens�o, trazem sempre o prazer e, conseq�entemente, o aprendizado".

    Ainda, destaca-se que enquanto jogos, estes proporcionam "o aprender fazendo". As pessoas com necessidades educacionais especiais se desenvolvem atrav�s de sua intera��o com o ambiente que as rodeia e o n�vel dessa rela��o depende do potencial intelectual que possuem.

    Portanto, a recrea��o, o jogo, o brinquedo e as atividades psicomotoras, s�o meios de explora��o e de desenvolvimento global, visando tamb�m, uma intera��o e integra��o social efetiva destas pessoas.

    Por isso, a pr�tica pedag�gica da Educa��o F�sica aliada �s atividades psicomotoras recreativas, vem comprovar a necessidade de sua aplica��o junto as pessoas com necessidades educacionais especiais, pois � uma possibilidade de desenvolvimento e integra��o com diferentes grupos e colaborando para a supera��o das dificuldades, pr�-conceitos e das rotula��es impostas � defici�ncia.

    Em se tratando de atividades desenvolvidas no meio l�quido, � importante destacar que estas podem auxiliar e contribuir no desenvolvimento global dos alunos envolvidos, pelo fato de apresentarem um fator diferenciado - a �gua, justamente por serem desenvolvidas atividades em um ambiente diferenciado do habitual - o terrestre.

    Sendo assim, as atividades aqu�ticas proporcionam a estas pessoas viv�ncias e experi�ncias diferenciadas das realizadas em terra, pois o meio l�quido oferece alguns benef�cios.

as atividades f�sicas em piscinas s�o utilizadas na melhora de muitos dist�rbios neurol�gicos. A tepidez e a sustenta��o da �gua ajudam a aliviar alguns dos sintomas desses indiv�duos, oferecendo maior possibilidade de flutua��o e mobilidade articular e uma progress�o graduada dos exerc�cios � valiosa para os alunos cujos m�sculos est�o fracos ou paralisados. (Skinner e Thomson, 1985).

    A temperatura da �gua tamb�m � um fator relevante, pois as atividades se tornam mais prazerosas e a musculatura fica mais relaxada, proporcionando maior mobilidade do aluno e professor, facilitando desta forma a execu��o das atividades.

    Segundo Skinner e Thomson (1985), "a �gua quente faz com que o professor mova o aluno mais facilmente do que em terra. Como em outras condi��es, esses fatores melhoram ao mesmo tempo a confian�a e a moral do mesmo".

    Durante as atividades em meio l�quido o aluno tem algumas vantagens que de certa forma n�o podem ser aproveitadas em terra, pois o relaxamento e alongamento se tornam mais amplos na �gua, contribuindo para o seu desenvolvimento.

    As atividades aqu�ticas adaptadas t�m por objetivo proporcionar �s pessoas com necessidades educacionais especiais algumas habilidades na �gua para ajud�-los nas atividades de vida di�ria.

    Neste sentido, concorda-se com Gomez, Miguel e Fern�ndez (2000) que falam sobre os benef�cios das atividades aqu�ticas para pessoas com necessidades educacionais especiais, da seguinte forma:

la nataci�n es una de las mejores formas para mejorar la movilidad y la capacidad f�sica del minusv�lido. Las propiedades del agua de hacer que un cuerpo "pierda" peso y que flote, reduce la deficiencia y da la posibilidad de moverse m�s o menos en el agua. Adem�s, la pr�ctica de la nataci�n incrementa la capacidad f�sica, lo que a su vez da mayor estabilidad ps�quica. Com una mejor condici�n f�sica y ps�quica, crece nuestra confianza teniendo mayores posibilidades de afrontar el trabajo cotidiano. Y si adem�s el agua est� a una temperatura agradable el ba�o se convierte en b�lsamo para cuerpo y alma. (Gomez, Miguel e Fern�ndez 2000).

    Por isso, a oportunidade de movimento que as atividades aqu�ticas propiciam �s pessoas com necessidades educacionais especiais, � extremamente auxiliadora e ben�fica em seu desenvolvimento, sua aprendizagem e em sua educa��o. Sabe-se que todo movimento resulta em uma experi�ncia fundamental na vida do ser humano, sendo assim, as atividades aqu�ticas proporcionam o desenvolvimento da percep��o espacial, a capacidade de coordena��o, o sentido de equil�brio, a capacidade de observa��o, o desenvolvimento da criatividade e do autocontrole, estimulando assim, pelas experi�ncias e viv�ncias, o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social, bem como o seu desenvolvimento motor.

    Desta maneira, fica clara a responsabilidade de trabalhar com esta popula��o, intensificando assim a import�ncia de profissionais de Educa��o F�sica capacitados para oferecer atividades que melhorem a qualidade de vida das pessoas com necessidades educacionais especiais, pois assim, estar�o intervindo e influenciando no desenvolvimento de seus alunos.

    Sendo assim, pretende-se com esta explana��o, descrever a experi�ncia acad�mica ap�s cinco anos de atua��o, desenvolvendo estudos e propostas de trabalho em Educa��o F�sica Adaptada, ou seja, para pessoas com necessidades educacionais especiais, em atividades f�sicas no meio l�quido e terrestre.


Considera��es finais

    Durante cinco anos de produ��o acad�mica, considerando o per�odo de gradua��o e o de p�s-gradua��o, foram desenvolvidos estudos e propostas de trabalho em meio l�quido e terrestre com pessoas com necessidades educacionais especiais que pertenciam a Institui��es Especiais de Ensino da cidade de Santa Maria/RS.

    Neste sentido, foi constru�do um conhecimento espec�fico neste per�odo com grande consist�ncia te�rico e pr�tica acerca de como proceder com uma popula��o especial.

    Ressalta-se a import�ncia deste tempo dedicado a buscar informa��es referentes nesta sub-�rea da Educa��o F�sica - a Educa��o F�sica Adaptada, visto que as pessoas com defici�ncia em algumas vezes n�o encontram espa�o para a oportunidade de atividade f�sica regular e orientada na sociedade em que vivemos.

    Sabemos que hoje em dia, esta pr�tica est� sendo cada vez mais valorizada e oportunizada, por�m ainda anda em passos lentos. O importante � que n�s profissionais desta sub-�rea estamos adquirindo espa�o e respeito, o que significa que essas pessoas tamb�m est�o obtendo respostas.

    Desta forma, destaca-se que durante a etapa acad�mica foram oportunizadas atividades f�sicas de diversas caracter�sticas e para diversas popula��es espec�ficas. As atividades realizadas e desenvolvidas durante os estudos e propostas de trabalho tiveram o objetivo de proporcionar as pessoas com necessidades educacionais especiais a viv�ncia de atividades no meio l�quido, bem como no meio em que vivemos - o terrestre.

    Infere-se que estas contribu�ram de forma geral na melhora das habilidades relacionadas � coordena��o, agilidade e equil�brio dos alunos envolvidos e ainda, no que se refere � sociabilidade entre alunos e entre alunos e professores/monitores que atuavam nas atividades. Houve tamb�m apresenta��es de dan�a, o que proporcionou uma viv�ncia a mais no que diz respeito � express�o corporal e a representa��o diante do p�blico. Frente a isso, destaca-se a import�ncia da Educa��o F�sica no processo de forma��o e inclus�o social destes alunos.

    � importante ressaltar tamb�m que antes de se iniciar as aulas nas Institui��es Especiais de Ensino, fazia-se uma apresenta��o dos objetivos das propostas de trabalho a dire��o e funcion�rio, bem como aos pais dos alunos, quando se fazia necess�rio.

    Outro ponto relevante esteve nas avalia��es. Fazia-se uma avalia��o com os alunos atrav�s de uma ficha anamn�tica contendo alguns testes como: habilidades e padr�es (sentar, levantar, andar, subir escadas, pendurar-se, agarrar, receber, arremessar, ficar na posi��o em p�), reflexos (preens�o palmar e plantar), postura (cabe�a flexionada para frente ou para tr�s ou para um dos lados, tronco flexionado para frente ou para tr�s, joelhos semi-flexionados ou hiper-estendidos, pernas cruzadas na linha m�dia, bra�os hiper-estendidos ou em flex�o, punho ca�do, m�o fechada, dedos hiper-estendidos), esquema corporal (rela��o m�o-boca e m�o-olho), percep��o visual (fixa objetos com os olhos e move a cabe�a para observar) e percep��o auditiva.

    Esta avalia��o visava constatar quais eram as limita��es de cada aluno, dentro e fora do meio l�quido, quais eram as suas potencialidades, o que realmente necessitavam, evitando compara��es entre os alunos, somente visando obter conhecimentos individuais de cada um em rela��o as suas habilidades e qualidades motoras, para posterior embasamento do trabalho pr�tico.

    Sempre se iniciava com um breve aquecimento (com caminhadas, corridas, batidas de pernas - na piscina - e bra�os,...), ap�s faz�amos algumas atividades espec�ficas, envolvendo o objetivo espec�fico de cada aula e cada grupo ou aluno (como adapta��o ao ambiente, aos materiais, trabalhos respirat�rios, fortalecimento muscular, percep��o - visual, t�til, cognitiva, estimula��o motora -, fortalecimento muscular e alongamentos), e no final da aula um relaxamento ou atividades de sociabiliza��o, quando poss�vel.

    Realizavam-se atividades onde os alunos eram estimulados pelos sons de instrumentos musicais, pelas cores, pelas letras e n�meros, esp�cies de frutas, legumes e animais, dessa forma, trabalhando a �rea cognitiva, bem como, a fala, a estimula��o para a marcha e a preens�o palmar no momento de ir buscar e/ou pegar o objeto solicitado, e a respira��o, quando tinham de soprar determinado instrumento musical.

    Ressalta-se que no decorrer deste per�odo os alunos apresentaram de forma geral melhorias, especialmente com rela��o ao equil�brio est�tico e din�mico, coordena��o, orienta��o espacial, melhora na criatividade, perderam alguns medos (altura), obtiveram melhoras na rela��o entre colegas e na participa��o das aulas.

    � importante ressaltar, as dificuldades enfrentadas com alguns alunos, os quais n�o vinham com roupas adequadas para a pr�tica da Educa��o F�sica, por exemplo. Outro obst�culo enfrentado foi � quest�o da higiene pessoal de alguns alunos que algumas vezes impedia o andamento normal da aula, pois se tornava dif�cil o contato entre os alunos e o comprometimento com o espa�o que disp�nhamos para aulas, pois o local destinado �s aulas �s vezes era pequeno e n�o se depunha de uma independ�ncia maior dentro da institui��o. Por outro lado, os profissionais das Institui��es demonstraram interesse pelas atividades que se desenvolvia, cujo apoio e orienta��o serviram de est�mulo e de aperfei�oamento profissional e pessoal.

    Sendo assim, conviveu-se durante um longo per�odo de tempo em Institui��es com caracter�sticas pr�prias, profissionais diferentes e alunos com diferentes defici�ncias e comprometimentos, mas tamb�m com algumas semelhan�as b�sicas. Houve sempre um �timo tratamento com rela��o ao trabalho desenvolvido, o que aumentava ainda mais a vontade de aprender, seja por erros ou acertos, e a satisfa��o e carinho demonstrados pelos alunos a cada aula, s�o certamente maiores que as dificuldades enfrentadas e representam a verdadeira recompensa.

    Diante dos resultados apresentados pelo trabalho, julga-se importante a continuidade de atividades deste cunho, devido ao reconhecimento dado pelas Institui��es, bem como, as dimens�es alcan�adas pelos estudos e propostas de trabalho.

    O que ficou claro � que atividades f�sicas regulares e orientadas realizadas durante este per�odo acad�mico contribu�ram para o desenvolvimento global de cada aluno envolvido, bem como para a sa�de e qualidade de vida dos mesmos e ainda para a amplia��o do conhecimento pessoal e profissional e ainda pela troca de informa��es e amadurecimento proporcionados, o que aumenta cada vez mais o interesse e a vontade e a necessidade de continuar os estudos nesta sub-�rea da Educa��o F�sica.


Refer�ncias bibliogr�ficas

  • CARVALHO, R. A nova LDB e a Educa��o Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998.

  • GOMEZ, J.M.; MIGUEL, R.P.; FERN�NDEZ, J. - La Nataci�n Adaptada como medio de integraci�n para una persona com movilidad reducida. Revista Digital - http://www.efedeportes.com/ - Buenos Aires. Ano 5, n� 28. 2000.

  • MARQUEZINE, Maria Cristina [ETAL]; - Perspectivas Multidisciplinares em Educa��o Especial. - Londrina - Ed. UEL, 1998

  • ROSADAS, Sidney de Carvalho. 1948- Educa��o F�sica e pr�tica pedag�gica: portadores de defici�ncia mental/ Sidney de Carvalho Rosadas. Vit�ria: UFES. Centro de Educa��o F�sica e Desportos, 1994. 144 p�ginas.

  • SILVA, Silvana Maria Moura da. Avalia��o e interven��o s�cio-neuromotora de crian�as com marasmo na primeira inf�ncia. Campinas, SP: [s. n.], 1998.

  • SKINNER, A. T. e THOMSON, A M. Duffield: Exerc�cios na �gua. Editora Manole, 1985.

Qual é o objetivo das atividades adaptadas?

As atividades adaptadas para indivíduos portadores de DV têm como objetivo desenvolver as capacidades motoras ligadas, preferencialmente, à postura, equilíbrio, locomoção e mobilidade, orientação no espaço, e imagem corporal.

Qual é o principal objetivo da educação física Adaptada?

A educação física adaptada tem como objetivo o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor dos estudantes com deficiência. No início, essa modalidade baseava-se na prática dos esportes adaptados, cuja origem são os esportes convencionais.

Qual a importância das atividades adaptadas para o indivíduo que pratica?

Segundo o Guia, os principais benefícios da prática de atividade física para pessoas com deficiência são: aumento da força muscular, da resistência, da coordenação motora, do equilíbrio, da flexibilidade e da agilidade.

O que é uma atividade adaptada?

Resumo – Atividades adaptadas são desenvolvidas especificamente para as pessoas com deficiência e servem como forma de inclusão. O objetivo dessa revisão foi de evidenciar como a inclusão de pessoas com deficiência pode ser promovida através de atividades adaptadas na Educação Física Escolar.