(Enem/2020) A Divisão Internacional do Trabalho significa que alguns países se especializam em ganhar e outros, em perder. Nossa comarca no mundo, que hoje chamamos América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se aventuraram pelos mares e lhe cravaram os dentes na garganta. Passaram-se os séculos e a América Latina aprimorou suas funções. GALEANO, E. As velas
abertas da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1978. Escrito na décadas de 1970, o texto considera a participação da América Latina na Divisão Internacional do Trabalho marcada pela RESOLUÇÃO: VEJA TAMBÉM: Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é o conceito utilizado para descrever a forma pela qual se dão os diferentes processos de produção nos países e áreas econômicas. Cada território possui uma forma específica de produção e desenvolvimento, criando divisões e hierarquia entre os diferentes países. Esse contexto cria uma separação entre os países desenvolvidos que compõem os centros econômicos e os países subdesenvolvidos, periféricos. Com base na DIT, cada país desempenha um papel específico, possui uma especialização, que o torna mais, ou menos, dependente economicamente no cenário global. Tabela sobre a DIT ao longo da história:
A nova DITA partir da segunda metade do século XX, ocorre um processo de industrialização em muitas partes do globo, a chamada "industrialização tardia" e surgem os chamados países "em desenvolvimento". Dentre os países que se industrializaram tardiamente, encontra-se o Brasil. A nova DIT possui maior complexidade, há uma certa descentralização, alguns países assumem uma posição intermediária entre os desenvolvidos que formam os grandes centros tradicionais e os países periféricos. Entretanto, há a manutenção das desigualdades entre os países produtores e consumidores de tecnologia. Isso se dá a partir do desenvolvimento de novas tecnologias nos países industrializados. A partir do advento da globalização, os avanços técnicos nas comunicações e nos transportes permitiu uma grande mudança nos modos de produção. Os países desenvolvidos investem em pesquisa, em mão-de-obra altamente qualificada e terceirizam a produção para os países subdesenvolvidos. Nesses locais, os altos índices de desemprego e os baixos salários diminuem os custos do processo produtivo. Assim, surge um novo modo de produção que se difere da DIT tradicional. Com a expansão das empresas multinacionais, muitos países subdesenvolvidos passam também a fornecer produtos industrializados, mas sem o domínio das tecnologias necessárias para esse tipo de produção, que continuam sendo controladas pelos países dos centros econômicos. A DIT tradicionalA forma tradicional da DIT se desenvolveu a partir do século XVI, no período das grandes navegações e da colonização. Assim, assume uma forte divisão entre a produção das metrópoles e a extração de produtos nos territórios colonizados. Nas metrópoles (centro), era desenvolvida a manufatura e o comércio a partir da atividade de trabalhadores livres ou independentes. Já nas colônias (periferias), eram desenvolvidas atividades de exploração e extração de matéria-prima com o uso do trabalho escravo. A partir do século XVIII, dá-se início ao processo de industrialização da Europa, cresce a proporção de trabalhadores assalariados com o objetivo de preenchimento dos postos de trabalho nas fábricas. Enquanto nas colônias, mantém-se o trabalho de mão-de-obra escravizada, voltada para a produção de bens primários, sobretudo agrícolas, destinada ao mercado externo. A primeira metade do século XX marca a DIT entre os países desenvolvidos (industrializados): Estados Unidos, Japão e os países da Europa. O restante dos países (periféricos), ainda destinados à produção de bens primários, são marcados por uma ligeira mudança com surgimento do trabalho assalariado. Marca-se assim a DIT, a partir da especialização da produção em diferentes países, sua atuação e relevância para a economia global. Assim, como os países desenvolvidos ocupam lugares distintos no contexto econômico, os países periféricos, a partir da década de 1950, passam por um processo de industrialização também desigual, chamado de "nova DIT". Outros textos que podem ajudar a entender melhor:
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP). Qual a função de cada país na Divisão Internacional do Trabalho?Países não-industrializados: matéria-prima e bens primários. Países desenvolvidos: investimentos, empréstimos e produtos de alta complexidade tecnológica. Países subdesenvolvidos: produtos primários, produtos industrializados de baixa complexidade e mão-de-obra a baixos custos.
Qual o papel dos países europeus na Divisão Internacional do Trabalho?Com isso, aqueles locais colonizados pelos países europeus exerciam a função de produzir, a partir da exploração de seus recursos naturais, os metais preciosos e as matérias-primas utilizados pelas metrópoles. Um exemplo é o do Brasil, em que Portugal extraía o Pau-Brasil para a produção de vários tipos de produtos.
Qual é o papel da DIT na América?Trata-se de uma espécie de acordo que estabelece a divisão de atividades e serviços entre os países do mundo. Pode ser considerada uma especialização produtiva que atua por meio de trocas. O objetivo é promover o progresso para todos os envolvidos. O método foi adotado depois do surgimento do capitalismo moderno.
Qual a função dos países emergentes na nova Divisão Internacional do Trabalho?Características da DIT
países emergentes ou em desenvolvimento são responsáveis por garantir a exportação de produtos de base, como matérias-primas.
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