Qual o principal objetivo do trabalho com o corpo na educação infantil e?

Um projeto integrado envolvendo o campo de experiências corpo, gestos e movimentos e o campo espaços, tempos quantidades, relações e transformações pode envolver a exploração de bolas de diferentes tamanhos e pesos, a construção de uma coleção de bolas. 

Durante o processo as crianças serão convidadas a comparar tamanhos, pesos, formas, tipo de material. Poderão pesquisar bolas criadas em diferentes culturas, construir esses materiais. Fazer medidas de peso, distância. Levantar hipóteses sobre porque uma bola quica mais que a outra, ou porque esportes diferentes exigem bolas diferentes. 

Tudo isso explorando os movimentos que cada tipo de bola convida a fazer, criando jogos e brincadeiras com a mediação dos professores. No final podem organizar uma exposição dos trabalhos para as famílias, convidá-las a explorar jogos e brincadeiras com bola. Esse é apenas um exemplo dentro de tantas outras possibilidades que a BNCC convida os professores a desenvolver.

Olhar atentamente para os campos de experiências e procurar conexões entre seus objetivos de aprendizagem para pensar projetos e atividades integradas é uma tarefa fundamental dos professores durante o planejamento escolar na Educação Infantil. 

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Jornalismo

O segundo Campo de Experiência da BNCC propõe a exploração dos espaços, das sensações e brincadeiras como forma de descobrir possibilidades e limites corporais

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06/05/2019

Qual o principal objetivo do trabalho com o corpo na educação infantil e?
Crédito: Getty Images

NOVA ESCOLA tem se dedicado a analisar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Infantil e trazer uma série de propostas sobre como traduzir o novo documento em boas práticas na escola. Um dos trechos mais relevantes da BNCC trata sobre os Campos de Experiência, cinco pontos que instigam a reflexão dos educadores sobre quais são as experiências fundamentais para que a criança aprenda e se desenvolva integralmente – e que você pode complementar com curso sobre o tema e planos de atividade produzidos pelo nosso Time de Autores..

Nesta série, iniciada com "O eu, o outro e o nós", trazemos exemplos de atividades que professores de todo o país estão desenvolvendo com bebês e crianças tendo como base os Campos de Experiência. Desta vez, vamos tratar sobre o campo “Corpo, gestos e movimentos”.

GUIA DA BASE   Baixe o PDF do livro digital da BNCC na Educação Infantil

É importante apontar que, como ressalta a própria BNCC e diversos especialistas em Educação, as atividades podem e devem abarcar mais de um Campo de Experiência ao mesmo tempo, a depender da criatividade e proposta dos educadores. Aqui, buscamos destacar nos relatos dos professores aqueles campos que são preponderantes, enfatizando os impactos e possibilidades de cada um deles.

Qual o principal objetivo do trabalho com o corpo na educação infantil e?
Crédito: Getty Images

CAMPO DE EXPERIÊNCIA: CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS

Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).

Trecho extraído do documento Base Nacional Comum Curricular

Embora a Educação remeta, em grande parte, ao desenvolvimento de competências psicológicas e habilidades cognitivas dos indivíduos, o corpo, suas sensações e todo o aspecto físico não podem ficar de fora do processo educacional das crianças e bebês. O segundo Campo de Experiência da BNCC foi fundamentado justamente nessas necessidades. “O corpo, na Educação Infantil, ganha centralidade por meio das diferentes linguagens, como a dança, a música, o teatro, as brincadeiras”, aponta Aline Castro, autora e coordenadora pedagógica. O campo coloca o foco na busca por descobertas sensoriais dos pequenos, com ênfase na interação da criança com o meio e com os outros. “Com gestos e movimentos, eles experimentam suas potencialidades e limites”, explica Aline. 

Neste campo, as atividades de caráter cultural podem render grandes experiências para educadores e alunos. “Tem a ver com conhecer e respeitar o próprio corpo e usar as diversas linguagens para se expressar”, destaca Andrea Ramal, consultora e doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Abaixo você pode conferir algumas atividades desenvolvidas por educadores com base no campo “Corpo, gestos e movimentos”. Inspire-se para reproduzir, adaptar ou criar uma nova proposta que coloque este campo em ação com as suas crianças. 

CURSOS   Grátis: Os campos de Experiência na Educação Infantil

RITMO LIVRE: PESQUISA SONORA COM OBJETOS DO COTIDIANO

IDADE: bebês (0 a 1 ano e 6 meses) e crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

As crianças pequenas demonstram grande interesse em manusear objetos, produzindo e pesquisando sons. Desenvolvemos esta proposta com pequenos grupos de 8 crianças. O espaço foi previamente planejado, contendo itens que emitem diferentes sons, como colheres de pau, tocos de madeira e objetos metálicos.

Acompanhei o grupo em suas explorações e interações, deixando que fizessem as suas descobertas livremente. Cada grupo produzia seu próprio som e ritmo, por vezes observando o colega e imitando suas ações. Eles percebiam que era possível produzir diferentes sons com o mesmo objeto, por exemplo, batucando em diferentes surpefícies, como na madeira ou no alumínio. Também percebiam a intensidade e altura dos sons produzidos, despertando mais ainda a pesquisa e envolvimento do grupo.

Glaucia Aparecida Malfi Stopa, EMI Candinha Massei Fedato, São Caetano do Sul (SP)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM TRABALHADOS

- Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras (EI02CG01);
- Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias (EI02TS03);
- Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc (EI02CG02).

APRENDIZADOS

Foi possível observar, por meio de alguns gestos e movimentos, que os bebês e as crianças reagiam aos sons produzidos. A proposta é de experimentação e ritmo livre, para que as crianças sintam e vivenciem os sons. Observamos que elas brincavam ao som da música, envolvendo seus corpos, gestos, descobertas, escuta, percepção, pesquisa sonora e interações.

BRINCANDO COM PAPEL HIGIÊNICO: UM CONVITE ESTÉTICO AO JOGO SIMBÓLICO E AOS MOVIMENTOS

IDADE: crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

A proposta aconteceu dentro da sala de referência da turma. Organizamos o espaço com diversos varais de barbante e pedaços de papel higiênico presos no varal. As mesas, cadeiras e o chão foram cobertos por papel higiênico. Convidei cada uma das crianças para uma roda em que pudessem falar a respeito do que sentiram ao ver o espaço organizado daquela forma, o que sabiam sobre o material utilizado e como gostariam de brincar com aqueles objetos. As crianças disseram que daquela maneira, a sala parecia muito divertida e interessante e que gostariam de jogar tudo para cima e brincar muito. Outras argumentaram que talvez houvesse monstros morando no papel higiênico. As crianças afirmaram que o papel higiênico era usado desde a limpeza do nariz até higiene de suas necessidades fisiológicas ( xixi e cocô). Após a conversa, as crianças iniciaram a brincadeira com o material.

Jefferson Cardoso Felix, EMEB Fernando Pessoa, São Bernardo do Campo (SP)

OBJETIVOS DE APRENDIZADO TRABALHADOS

- Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de diferentes naturezas (EI02CG02);
- Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações (EI02CG03);
- Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros (EI02CG05).

APRENDIZADOS

Desenvolver a atividade foi uma grande diversão. Houve exploração e representações simbólicas, as crianças rasgaram e jogaram papel para o alto, colocaram sobre o cabelo, dançaram com ele, correram de um lado para o outro com bolas de papel na mão. Algumas imaginaram estar nadando e que um grande monstro estava comendo o papel higiênico. Ao final da proposta, as crianças relataram as sensações que tiveram com essa experiência.

O professor deve pensar nas especificidades do seu grupo de crianças, considerar a quantidade do material, pensar em um espaço que propicie interações e exploração ampla de movimentos. Deve organizar o material de forma investigativa. Na nossa atividade, penduramos o papel em barbante para que as crianças pudessem puxar. Colocamos muito papel pelo chão, mesas, cadeiras e não limitamos a exploração e significação das crianças durante a brincadeira. A melhor forma de preparar as crianças é promovendo o diálogo e a escuta. E isso pode acontecer por meio de uma roda de conversa.

BRINCADEIRAS ANTIGAS E POPULARES AO AR LIVRE

IDADE: crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

A partir de um projeto sobre os quatro elementos da natureza, pude conectar os elementos água e terra com uma investigação sobre a cultura dos povos indígenas. Para contextualizar a temática e reforçar as evidências da importância e influência da cultura indígena para a construção da identidade brasileira, uma das atividades propostas foi a adaptação da brincadeira “Coelhinho sai da Toca” para “Indiozinho Sai da Oca“.

Convidamos mais uma turma, da professora Daiane Volkmer, para participar e ampliar a brincadeira. Dividi as crianças em grupos de três. De dois em dois, os jogadores davam as mãos formando uma oca com os braços. Outra criança ficava entre eles – dentro da "oca" – e era o indiozinho. Uma única criança ficou do lado de fora, que era o indiozinho "sem oca", portanto, sem moradia. Ao sinal de “Indiozinho sai da oca, um, dois, três”, as “ocas” levantavam os braços e os indiozinhos que estavam no centro trocavam de oca. E o indiozinho que estava de fora tinha que buscar uma oca para entrar. A criança que não conseguiam lugar em nenhuma oca ficavam de fora e a brincadeira recomeçava.

Jaqueline Allmer Quintão, Escola Municipal de Educação Infantil Olga Machado Ronchetti, Canoas (RS)

OBJETIVOS DE APRENDIZADO TRABALHADOS

- Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música (EI03CG01);
- Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras possibilidades (EI03CG02);
- Coordenar suas habilidades manuais no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas (EI03CG05).

APRENDIZADOS

Do início da brincadeira até o encerramento, percebi nitidamente que em pouco tempo as crianças conseguiram ampliar sua compreensão sobre o objetivo da brincadeira, descobriram e elaboraram possibilidades e estratégias, expandiram as noções de tempo e posicionamento espacial, atenção e equilíbrio.

A diversão e o entusiasmo foram tão grandes que a brincadeira só terminou por causa do cansaço, e não pelo fato de terem perdido o interesse. Fiquei orgulhosa em perceber que essa brincadeira evidenciou e potencializou o espírito de cooperação, deixando o instinto de competição em segundo plano. Colegas que estavam na vez de ser “oca” indicavam aos "indiozinhos" onde ainda estava vazio para que não “perdessem” o jogo.

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Qual é o principal objetivo do trabalho com o corpo na educação infantil?

Objetivo Geral: Possibilitar o desenvolvimento das diferentes funções do corpo humano, despertando na criança a consciência do seu próprio corpo e de suas partes. ... Ampliar a percepção da criança de sua autonomia em momentos de higiene para o bem-estar do nosso corpo e saúde.

Qual o objetivo de trabalhar as partes do corpo humano?

Objetivo.
Conhecer e identificar o corpo humano;.
Nomear partes do corpo humano;.
Desenvolver a observação, criatividade e linguagem oral;.
Desenvolver a coordenação motora ampla nas atividades promovendo atitudes de confiança nas próprias capacidades motoras;.
Ouvir e cantar canções, desenvolvendo memória musical..

O que trabalhar em corpo e movimento na educação infantil?

5 atividades práticas para fazer em sala de aula.
1 – Músicas com comando e ações. Existem diversas melodias que estimulam as crianças a fazerem movimentos simultâneos, como pular, agachar, rodopiar e entre outras ações. ... .
2 – Circuitos. ... .
3 – Brincadeiras de imitação. ... .
4 – Montagem com diferentes objetos. ... .
5 – Parquinho..

O que trabalhar na educação infantil sobre o corpo humano?

Os bebês e as crianças bem pequenas já começam a perceber seu próprio corpo e o corpo do outro, com brincadeiras, músicas e na interação com os colegas. Começam a reparar que usamos os pés para andar, dançar e correr. A boca pode comer, falar, gritar. Com as mãos pegamos objetos, acenamos e fazemos carinho.