Qual um dos maiores desafios no Brasil nos dias atuais no contexto da agricultura familiar?

Quem n�o � do meio rural desconhece a import�ncia do segmento familiar de produ��o agr�cola, e especialistas apontam desafios que ainda precisam ser vencidos, como a distribui��o de renda no campo e fixa��o do pequeno agricultor, a universaliza��o do cr�dito e a transfer�ncia de tecnologia �s propriedades familiares.

Dentre as pol�ticas p�blicas priorizadas pelo Minist�rio do Desenvolvimento Agr�rio (MDA) nos �ltimos anos, certamente o incentivo � agricultura familiar ganha destaque. Dentro dessa linha, em junho de 2009, o governo federal sancionou uma lei que estabelece que um m�nimo de 30% dos recursos dispon�veis para compra de alimentos da merenda escolar seja proveniente da agricultura familiar, priorizando assentamentos de reforma agr�ria e comunidades ind�genas e quilombolas. Apesar disso, quem n�o � do meio rural desconhece a import�ncia desse segmento, e especialistas apontam desafios que ainda precisam ser vencidos, como a distribui��o de renda no campo e fixa��o do pequeno agricultor, a universaliza��o do cr�dito e a transfer�ncia de tecnologia �s propriedades familiares.

De uma forma geral, a parcela da popula��o urbana � pouco informada sobre o papel da agricultura familiar em suas vidas, quais nichos ela vem ocupando, principalmente no abastecimento interno, e qual a sua import�ncia social. Entretanto, dados do MDA indicam que 70% de alimentos consumidos no Brasil s�o provenientes da agricultura familiar, que participa de 9% do produto interno bruto (PIB) do pa�s, ou seja, um ter�o do agroneg�cio brasileiro. Mesmo assim, especialistas acreditam que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados para a preserva��o da agricultura familiar pelo pa�s.

Para o professor Manoel Baltasar Baptista da Costa, da Universidade Federal de S�o Carlos (UFSCar), a agricultura familiar assume a import�ncia fundamental de empregadora de uma consider�vel parcela da popula��o rural. “A quest�o mais s�ria � a de gera��o e distribui��o de ocupa��o e renda”, explica Baltasar. Al�m disso, segundo ele, em alguns pa�ses da Europa, a agricultura familiar � preservada inclusive na perspectiva cultural, e sua import�ncia transcende fatores puramente econ�micos. “Eu acho que n�o podemos ficar nesse reducionismo do lucro e da escala, mesmo porque essa agricultura do agroneg�cio est� nos levando ao suic�dio pelo processo de devasta��o”, opina.

Outra quest�o em jogo � o �xodo rural, que mudou a configura��o demogr�fica do pa�s em d�cadas passadas e ainda hoje � preocupante. Por quest�es econ�micas, muitos jovens agricultores acabam por abandonar as propriedades e migram para as cidades. “O jovem n�o est� ficando. Ele est� evadindo, e voc� v� isso, inclusive, em processos de reforma agr�ria”, afirma Baltasar. Para o professor da UFSCar, atualmente, a maior causa de evas�o de jovens do campo � a baixa renda da produ��o familiar. “Eu, particularmente, acho que com a baixa qualidade de vida urbana, se na agricultura a renda fosse um pouco maior, existiriam condi��es de fixar muita gente no campo”, completa.

Para o professor Jalcione Pereira de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), � necess�rio pol�tica p�blica consequente, de longa dura��o e que beneficie esse segmento. "Sem isso, � muito pouco prov�vel que a gente v� conter o �xodo, o abandono e a degrada��o dessa agricultura”, acredita. Almeida aponta como um dos problemas do setor o fato de que, muitas vezes, mesmo os recursos dispon�veis n�o chegam aos pequenos produtores. “Muitos desses agricultores nunca chegaram na porta de um banco. Ent�o, nesse caso, o banco tem que chegar, a pol�tica tem que chegar ao agricultor”, completa.

Segundo Almeida, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), principal linha de cr�dito oferecida pelo governo federal ao agricultor familiar, muitas vezes n�o consegue chegar aos agricultores mais isolados no interior do Rio Grande do Sul, que n�o t�m acesso a telefone ou internet. “Eu acho que tem como pensar pol�ticas baseadas no cr�dito que possam alavancar a produtividade dessa agricultura familiar e viabiliz�-la”, conclui.

Al�m do Pronaf, que disponibiliza at� R$ 40 mil por agricultor, existem outras formas de financiamento via governo federal: Microcr�dito Rural; Pronaf Mulher, que atende �s mulheres agricultoras; Pronaf Floresta nas regi�es Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para lavouras que planejam desenvolver projetos de sistemas agroflorestais; e aux�lio �s cooperativas de produ��o com base na agricultura familiar. O MDA tamb�m disponibiliza aos agricultores familiares financiamentos para ve�culos utilit�rios e uma pol�tica de seguros, atrav�s do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) e do Programa de Garantia de Pre�os da Agricultura Familiar (PGPAF).

Alinhados com os programas de cr�dito rural do governo, o Banco do Brasil e a Nossa Caixa tamb�m oferecem financiamento atrav�s do Pronaf, com juros de 1% a 5% ao ano, dependendo da renda e da destina��o do recurso, e prazo de pagamento de at� 2 anos, al�m dos financiamentos rurais tradicionais, que oferecem juros de 6,75% ao ano e prazo de pagamento de at� 5 anos.

Mas como conciliar a produ��o com o aumento da demanda mundial por alimentos? Nos �ltimos anos, o aumento da popula��o mundial e o consequente aumento da demanda por alimentos colocaram a agricultura como uma quest�o estrat�gica que vem ganhado ainda mais import�ncia. Para Almeida, da UFRGS, essa quest�o � enganosa, pois � um problema essencialmente de distribui��o do alimento e n�o de sua produ��o. “O que adianta aumentar a produtividade na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, se esse aumento de produ��o vai continuar concentrado? Ou seja, se n�o houver uma desconcentra��o, se n�o houver capacidade competitiva maior entre os diferentes continentes, pol�ticas p�blicas adequadas e condi��es para esses pa�ses onde tem pobreza e necessidade de implementar a produ��o, eu acho que dificilmente n�s vamos resolver o problema da fome”, pondera. “Ou n�s descobrimos formas de produzir alimento vi�vel, compat�vel ambientalmente, socialmente e economicamente, nessas regi�es que t�m mais car�ncia de fome e via agricultura familiar, fundamentalmente, ou nada feito”, completa. A quest�o da tecnologia rural para a agricultura familiar � outro ponto chave. Para Almeida, o cerne da quest�o � preservar a diversidade da agricultura familiar e evitar a padroniza��o que ocorreu com a agricultura patronal nos �ltimos 40 anos, ap�s a revolu��o verde. “� poss�vel pensar em tecnologia, em avan�o tecnol�gico e inova��o no sentido de adequ�-las �s necessidades, �s demandas dos diferentes tipos de agriculturas familiares ou de agriculturas de um modo geral, que existem no mundo. E da� n�s vamos ter um quadro diverso de demandas que vai promover o desenvolvimento de diferentes agriculturas, que certamente ser�o muito melhor adaptadas a contextos espec�ficos”, diz.

O professor da UFRGS ainda pondera que apenas recentemente se pensa em moderniza��o, em avan�o, em inova��o tecnol�gica, pesquisa e extens�o mais voltados para esse segmento espec�fico de agricultura, no mundo inteiro. Segundo ele, a agricultura familiar � potencialmente capaz de alavancar a produ��o alimentar em escala local e pode fazer frente a essas exig�ncias de alimento para combater a fome e a mis�ria no mundo.

Baltasar, da UFSCar, acredita que as tecnologias devem ser pensadas cuidadosamente para que sejam fact�veis e n�o se perca de vista o grupo alvo. “Uma tecnologia capital intensiva para um segmento que n�o tem capital, uma tecnologia estandartizadora do ambiente numa regi�o que a gente trabalha com a biodiversidade", explica. "Ent�o, eu acho que seria muito importante um esfor�o maior da �rea de ensino, de pesquisa e do poder p�blico, na perspectiva de tratar a agricultura familiar de uma forma diferenciada”, continua.

Al�m disso, o professor da UFSCar acredita que � preciso levar em conta o custo ambiental da atividade agr�cola para se medir os ganhos. “Eu acho que se fazendo mais investimentos de pesquisa, em pouco tempo, a agricultura familiar vai se mostrar mais eficiente que a convencional, se a gente calcular todos os custos e benef�cios. A gente pensa produtividade, mas quanto de recurso est� se degradando a longo prazo, quantas �reas j� foram agr�colas e n�o s�o mais por degrada��o? Tem temb�m a quest�o de polui��o de �gua, de ar, uma s�rie de inconvenientes. Ent�o, � preciso pensar como trabalhar nessa perspectiva”, completa.

No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa) � respons�vel por um grande n�mero de estudos e pesquisas voltados para a agricultura familiar e visando o desenvolvimento e a transfer�ncia tecnol�gica e de inova��o. Um dos projetos da Embrapa voltados para a agricultura familiar � parte do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa), cujo objetivo � “gerar e disponibilizar tecnologias para assegurar a competitividade e sustentabilidade econ�mica, social e ambiental � agricultura familiar”.

A degrada��o do meio ambiente tamb�m � um aspecto em evid�ncia nos dias de hoje, e a agricultura � certamente um fator importante para o desmatamento. Para Almeida, da UFRGS, embora n�o existam ainda respostas definitivas para essas quest�es ambientais, a conscientiza��o ambiental em uma escala menor, como a da agricultura familiar, � mais f�cil de ser realizada. “Eu n�o estou dizendo que naturalmente a agricultura familiar � mais conservadora que a outra, at� porque eu n�o acredito nisso. Mas eu acho que a quest�o da conserva��o ambiental � muito mais fact�vel, � muito mais aplic�vel no caso da agricultura familiar”, finaliza.

Qual um dos maiores desafios no Brasil nos dias atuais na agricultura familiar?

Falta de informação O acesso limitado à informação é o principal desafio que a maioria dos agricultores de pequena e grande escala enfrentam hoje em dia, com a maioria dos agricultores perdendo novos e melhores métodos de cultivo, o que limita enormemente sua produção.

Quais são os maiores problemas enfrentados pela agricultura familiar?

Selecionamos cinco que constatamos nas nossas pesquisas e conversas com produtores:.
1 – Clima e degradação ambiental. ... .
2 – Poucas informações. ... .
3 – Metodo ineficaz. ... .
4 – O que não é medido não é gerenciado. ... .
5 – Desperdicio de Recursos..

Quais os impactos da agricultura familiar no Brasil?

A agricultura familiar contribui para o crescimento econômico dos pequenos centros urbanos e para a geração de empregos no campo, influenciando diretamente o enfraquecimento do êxodo rural e contribuindo para a melhor distribuição de renda do país.

Quais são as características e os problemas enfrentados pela agricultura familiar?

Apesar dos benefícios deste modelo agrícola, ainda existem algumas dificuldades. Não é sempre que os pequenos produtores, por exemplo, têm condições de mecanizar o cultivo. Além disso, a baixa renda, o pouco ou quase nenhum crédito e, muitas vezes, o baixíssimo índice de educação são alguns dos impeditivos.