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Luiz Carlos Baldicero Molion (São Paulo, 1947) é um meteorologista brasileiro. professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). É um dos principais representantes do negacionismo climático no Brasil, alegando que o homem e suas emissões de gases estufa na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global.[1][2][3] É considerado um grande aliado do agronegócio brasileiro, sendo remunerado por palestras em que nega o aquecimento global.[4] Em um artigo intitulado "Perspectivas Climáticas Para Os Próximos 20 Anos", de 2008, Molion previu o início de uma fase de resfriamento global que duraria entre 2008-2028.[5] Carreira[editar | editar código-fonte]Possui graduação em Física pela Universidade de São Paulo (1969), PhD em Meteorologia, University of Wisconsin, Madison (1975), pós-doutorado em Hidrologia de Florestas, Institute of Hydrology, Wallingford, UK (1982) e foi fellow do Wissenschaftskolleg zu Berlin, Alemanha (1989-1990).[6] Foi por muitos anos pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais[7][8] diretor da área de ciências espaciais e atmosféricas em 1985[9] e diretor associado em 1986,[10] ano em que co-coordenou um projeto de pesquisa sobre a Amazônia em parceria com cientistas da NASA.[11] Foi diretor da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido em Manaus,[12] professor palestrante convidado da Western Michigan University de 15 a 30 de janeiro de 2001,[13] e delegado do Brasil na 15ª reunião da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial em 2010.[14] É Professor Associado da Universidade Federal de Alagoas. Críticas[editar | editar código-fonte]As principais críticas que o pesquisador recebe são derivadas de suas opiniões negacionistas a respeito da realidade e gravidade do aquecimento global, das quais é um dos principais defensores no Brasil.[15][16][17] Tem contestado a exatidão das medições, a fidelidade dos modelos climáticos, a gravidade das projeções para o futuro, que a temperatura média da Terra tenha se elevado em quase um grau Celsius desde o fim do século XIX, e que o homem tenha alguma participação importante neste processo, entre outros aspectos.[16][17][15] Como porta-voz de um grupo de outros negacionistas, disse que "a conservação ambiental não tem nada a ver com o aquecimento global, esta é a nossa principal mensagem".[18] Contudo, para o esmagador consenso da comunidade científica internacional e nacional, o aquecimento global é real, a causa é humana, está intimamente ligado ao desequilíbrio ecológico, já provoca múltiplos efeitos negativos, e deve piorar dramaticamente se não for combatido com vigor e rapidez. As opiniões negacionistas carecem de fundamento científico, pois não correspondem à realidade observacional consolidada em múltiplas medições e tampouco concordam com a base teórica do aquecimento.[19][20][21] Um dos cientistas mais respeitados mundialmente na área do aquecimento global, Philip Fearnside, considera que é necessário expor os erros de Molion e mas afirmou que "vários dos principais cientistas da área climática no Brasil se recusam a debater com céticos como Molion. Este autor [Fearnside] acredita que isto seja um erro crítico".[17] Essa chamada aos cientistas nacionais para que se posicionem claramente contra o pequeno mas barulhento e influente grupo de céticos brasileiros se explica porque nos últimos anos o negacionismo climático vem se organizando muito forte e livremente no Brasil, criando confusão na mente do público leigo, provocando retrocessos nas políticas e programas ambientais, dificultando o avanço do país em direção à sustentabilidade e ameaçando o cumprimento dos compromissos assumidos pelo país de redução de emissões de gases estufa.[22][23][17] Molion tem sido visto como um importante aliado do agronegócio e dos ruralistas em suas tentativas de isentar o setor rural de culpas na origem do aquecimento global, é um convidado frequente em encontros de ruralistas,[15] e foi chamado de "um dos nomes mais importantes do cenário agro brasileiro".[24][25] Em entrevista dada em 2021 Molion disse dar 50 palestras por ano, a grande maioria promovida por empresas ou entidades ligadas ao agronegócio. "Procuro usar minhas palestras para o agronegócio, que não são poucas, para no terceiro bloco falar sobre as mudanças climáticas e a farsa do CO2 como controlador do clima global". Nesses encontros ele alega, contrariando o consenso científico, que o aquecimento global é uma fraude e que a tendência do clima para os próximos anos é esfriar.[26] O conhecimento de ponta sobre o assunto, por outro lado, mostra este setor como um dos principais responsáveis pelo aumento na emissão de gases estufa, como o dióxido de carbono e o metano.[20] No Brasil, que em 2011 era o 6º maior emissor mundial de gases,[27] a questão rural tem uma importância superlativa, já que o agronegócio tem sido um importante motor da economia nacional, mas segundo estudos realizados pelo próprio Governo, o país tem no desmatamento para expansão da agricultura e da pecuária a principal fonte dos gases estufa que emite.[28][29] Em 2010 o setor rural respondia por quase 80% das emissões nacionais.[29] Para Alexandre Costa, pesquisador do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, "afinal, se a pecuária não contribui com emissões de metano e se as emissões de dióxido de carbono (e também de metano) associadas ao desmatamento não são um problema, o discurso de Molion representa um tipo de armadura e escudo pseudocientíficos que o agronegócio precisa".[15] Para o professor da Unifesp Jean Miguel, que estuda o fenômeno do negacionismo climático, palestras negacionistas como as de Molion e de Ricardo Felício estimulam as pessoas a duvidar da ciência, além de fazerem uma "massagem no ego do produtor rural", criando a mentalidade de que o agronegócio está sendo injustiçado enquanto contribui para o PIB nacional.[26] Algumas publicações[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
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