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O namoro programado, também conhecido como coito programado ou relação sexual programada (RSP) é a técnica mais simples da reprodução humana, considerada um tratamento de baixa complexidade. Muitas mulheres acreditam que o namoro programado pode ser realizado sem orientação médica, em casa, apenas acompanhando o ciclo ovulatório pela “tabelinha”, mas esse é um conceito totalmente errado, que pode mascarar possíveis problemas de infertilidade, além de atrasar o início do tratamento correto.

O coito programado é recomendado para casais mais jovens com causa aparente de infertilidade leve, como o fator ovulatório, por exemplo, ou quando não são identificadas alterações na qualidade do sêmen, tubas e cavidades uterinas. Podemos dizer que esse tratamento é a primeira alternativa para casais nesse perfil. Caso o tratamento não seja positivo, geralmente é aconselhável seguir para a Fertilização in Vitro (FIV). Essas decisões serão tomadas através do diagnóstico do médico especialista em reprodução humana.

Alguns exames devem ser realizados para verificar a fertilidade do casal e viabilidade do tratamento de baixa complexidade como:

• Sorologias do casal
• Avaliação da reserva ovariana da mulher
• Espermograma completo do homem
• Histerossalpinografia ou videolaparoscopia

Confira o passo a passo do namoro programado:

O namoro programado representa o melhor período do ciclo menstrual, indicado pelo médico especialista em reprodução humana, para o casal ter relações sexuais e obter a gestação.

1. Indução da ovulação: o primeiro passo é induzir a ovulação da mulher. Para isso, a paciente é submetida a medicamentos que estimulam o desenvolvimento dos folículos (local em que os óvulos amadurecem) para que haja ovulação no início do ciclo menstrual. Geralmente, utilizamos as gonadotrofinas exógenas nesse processo, que são indutores aplicados por meio de injeções subcutâneas, mas também existem medicamentos administrados via oral, como o citrato de clomifeno.
2. Acompanhamento ultrassonográfico: após as primeiras medicações, o desenvolvimento dos folículos é acompanhado por meio de ultrassonografia.
3. Injeção de HCG: assim que os folículos se mostram no tamanho ideal (aproximadamente 18 mm), a injeção de hormônio HCG é aplicada, fazendo com que haja ovulação entre 36 e 42 horas depois da aplicação.
4. Relação sexual: o casal deve ter relações sexuais programadas dentro do período de ovulação a fim de obter a gestação.
5. Teste de gravidez: após 15 dias, o casal pode realizar o teste para verificar se o resultado do procedimento foi positivo.

Durante a estimulação ovariana, a paciente pode sentir algumas reações, que são normais e esperadas por conta dos remédios. Os incômodos mais comuns são cólicas, inchaço, dor de cabeça, dor nos seios, desconforto abdominal e irritabilidade. Apesar disso, o procedimento é muito tranquilo e não oferece nenhum risco à paciente.

Tentar engravidar normalmente envolve uma energia emocional muito grande e, principalmente quando o teste positivo demora a acontecer, surgem a insegurança e as dúvidas sobre fertilidade. Hoje em dia, é muito fácil acessar informações na internet… Difícil mesmo é saber onde encontrar as de boa qualidade.

Tentar engravidar normalmente envolve uma energia emocional muito grande e, principalmente quando o teste positivo demora a acontecer, surgem a insegurança e as dúvidas sobre fertilidade natural. Hoje em dia, é muito fácil acessar informações na internet… Difícil mesmo é saber onde encontrar as de boa qualidade e muitas pessoas (mesmo profissionais de saúde) acabam por cair em mitos ou fazer interpretações equivocadas dos dados científicos disponíveis. Por isso, tentarei esclarecer neste texto algumas questões que se repetem no dia-a-dia do consultório.

1. O dia mais fértil não é o dia da ovulação

Instintivamente, somos levados a pensar que a mulher é mais fértil no dia da ovulação. Muita gente acredita que o período fértil comece dois dias antes do dia da ovulação e termine dois dias depois. Entretanto, não é isso que os melhores estudos apontam. Cálculos matemáticos já demonstraram que, para mulheres com ciclos menstruais regulares, o período fértil deve durar cerca de 6 dias e terminar no dia da ovulação. E dizem mais: a máxima fertilidade é esperada dois dias antes do dia de ela acontecer. Por esse motivo, quem deixa para namorar somente quando aparece a “carinha feliz” dos testes de ovulação acaba, muitas vezes, perdendo boa parte do período fértil. Veja mais detalhes sobre o cálculo do período fértil aqui.

2. Esqueçam a regra do ”dia sim, dia não”

A crença de que as chances de gravidez aumentam quando as relações sexuais acontecem ”dia sim, dia não” é muito comum. As pessoas acreditam que ejaculações em dias seguidos diminuiriam a quantidade de espermatozoides no esperma. Entretanto, sabemos que as chances de gravidez parecem ser um pouco maiores quando as relações sexuais acontecem todos os dias. Portanto, parece-me que o ideal seja namorar livremente, o maior número de vezes possível, dentro do período fértil (reveja o item 1).

3. Namore na posição que mais gostar

As posições adotadas para a relação sexual (ou como a mulher permanece depois dela) em nada se associam às chances de gravidez. Ou seja, não é preciso que a mulher permaneça deitada ou levante o bumbum depois das relações. Estudos sugerem que os espermatozoides já estarão no útero, em busca do óvulo, muito antes de você se lembrar de fazer malabarismos para ajudá-los. Então, curta o momento, ok?

4. Evite lubrificantes íntimos

O impacto verdadeiro do uso de lubrificantes íntimos sobre a fertilidade não está comprovado cientificamente, mas efeitos negativos sobre os espermatozoides foram observados em. Por isso, evite utilizá-los e, em casos de real necessidade, procure usar substitutos naturais, supostamente menos nocivos aos gametas masculinos, como óleo mineral (aquele usado em bebês), óleo de canola e óleo de mostarda.

5. Não é possível definir o sexo do bebê

A crença popular diz que a relação sexual mais próxima ao dia da ovulação favorece a gravidez de um menino. E que, logicamente, transar muito antes da ovulação favorece a vinda de uma menina. Mas não há nada na ciência que confirme essa ligação entre o dia da relação sexual, a ovulação e o sexo do bebê.

6. Os hábitos alimentares podem interferir na fertilidade

A verdade sobre a interferência dos hábitos alimentares na fertilidade são poucos. Para os homens, especificamente, o excesso de carnes vermelhas, carnes processadas, derivados da soja, batatas, laticínios integrais, cafeína, chás, refrigerantes e doces pode diminuir a qualidade do esperma. Ao contrário, o consumo regular de peixes e frutos do mar, aves, cereais, legumes e frutas, e laticínios com baixo teor de gordura parece favorecer a fertilidade. Enfim, o segredo, para homens e mulheres é ter hábitos alimentares saudáveis, mas isso independe do desejo de ter filhos.

7. Álcool e cigarro diminuem as chances de gravidez

O cigarro tem impacto negativo sobre vários aspectos da saúde de homens e mulheres, o que inclui a fertilidade. No caso das mulheres fumantes, estudos demonstram chances diminuídas de gravidez, aumento das chances de aborto espontâneo e antecipação da menopausa. Quanto aos homens, embora a ciência não demonstre relação clara entre tabagismo e fertilidade, pode haver diminuição do número de espermatozoides no ejaculado, aumento dos espermatozoides malformados e agressão ao seu material genético.

8. Não se devem fazer testes para medir a fertilidade em quem não tentou engravidar

Embora seja uma prática relativamente comum e defendida por alguns especialistas, não há base científica sólida para a realização de exames (como testes de reserva ovariana), com intenção de prever a fertilidade natural de mulheres jovens ou que não estejam tentando engravidar. Nem para aquelas que estejam tentando engravidar há menos de um ano (ou seis meses, para mulheres com 35 anos ou mais). Isso vale também para o homem. Exames laboratoriais e de imagem só devem ser usados de forma complementar, quando há diagnóstico de infertilidade ou de doença específica que a possa provocar, pensando no planejamento de um eventual tratamento.

9. A idade do homem interfere menos que a da mulher

Em comparação ao que se sabe para a idade da mulher, é pouco conhecida a relação entre a idade do homem e a fertilidade. Embora o potencial reprodutivo pareça se manter durante a maior parte da vida do homem, é razoável pensar que exista alguma diminuição da fertilidade natural ao longo do tempo, principalmente depois dos 50 anos.

10. A idade da mulher interfere muito

As chances de concepção diminuem significativamente com o aumento da idade da mulher. Isso é devido à diminuição da quantidade e, principalmente, da qualidade dos óvulos: partir dos 35 anos, perde-se mais aceleradamente a capacidade de o óvulo ser fecundado ou de gerar um bebê geneticamente normal. É importante repetir que a orientação não deve ser baseada em exames de laboratório ou ultrassonografia; para a fertilidade natural, a idade da mulher fala bem mais alto que qualquer outro aspecto.

Bruno Ramalho de Carvalho

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